domingo, 17 de abril de 2016

Tale in the Darkness (Skazka pro Temnotu) 2009

Angelina vive numa grande cidade na costa, onde homens e mulheres bonitas caminham pelas ruas com um único propósito: divertir-se. Mas Angelina, sendo uma mulher bonita, inteligente e agradável, sente-se uma mulher solitária. Ela é polícia, e o seu trabalho é ajudar crianças abandonadas, órfãos e jovens problemáticos. Um dia um desses jovens explica a Angelina o quanto solitária, aborrecida e inútil ela é, palavras que a deixam incomodada  e a fazem mudar. Começa aqui a sua grande travessia ao reino da escuridão.
Segundo filme de Nikolai Khomeriki, depois da sua primeira obra, chamada "977", ter sido mostrada no Festival de Cannes, na secção "Certain Regard". Graduado na Universidade Estatal de Moscovo, Khomeriki estudou depois na "La Femis", em França, tendo depois trabalhado como assistente de Philippe Garrel, em "Les Amants Réguliers", e Leos Carax em "Scars". Talvez tenha sido esta ligação a França que o tenha levado, de novo, a ser selecionado para a secção "Certain Regard", com o seu segundo filme.
"Tale in the Darkness" inova tanto no campo teórico como visualmente. Não é todos os dias que podemos conhecer o dia a dia de uma mulher policia russa, e raros são os filmes passados na cidade isolada de Vladivostok. Nikolai Khomeriki chama-se a si próprio de neformatnye (inconsistente com o formato de género tradicional), e este filme é um bom exemplo disso. Como o próprio título sugere, baseia-se em elementos e características de contos de fadas, ainda que na forma desolada e pós-soviética. O segundo filme de Khomeriki era uma resposta optimista à tradição de chernukha, com a qual é muitas vezes comparado. Apesar da desolação visual do filme, a acção gira em torno dos eixos do amor, esperança e linguagem. Estes elementos aparecem em forma distorcida ou disfarçada, contudo, complicando uma busca de outra forma simples, do amor e da família.
A escolha dos exteriores criam uma impressão paradoxal de aprisionamento, revelando muito sobre a interioridade de Angelina. Vladivostok ocupa um limite geográfico e imaginário: delimitado por um mar que é, ao mesmo tempo, porta de entrada da Rússia para o Pacífico, e a margem que o habitantes não podem alcançar. A fotografia de Alisher Khamidkhodzhaev captura esse limiar.
Legendado em Inglês.

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