Enquanto que o "Ocidente" rejubilou com a queda do sistema sócio-político Comunista da União Soviética, em 1991, para o cidadão russo da classe média da década de 90, era um período bastante traumático. Para alguns era a época da caça ás fortunas. Indústrias do estado eram privatizadas, e compradas por comparsas do presidente Boris Yeltsin, ao desbarato. Nasciam fortunas da noite para o dia, criando uma série de milionários de uma riqueza inimaginável. Para estes a "terra da oportunidade" parecia ter-se mudado dos Estados Unidos para o paraíso ex-soviético.
A Rússia tornou-se no sitio onde as pessoas podiam deixar para trás o idealismo marxista e subir na vida com o apoio das massas. Para os mais jovens abria-se uma porta para a cultura. Cresciam as bandas de rock russas, o consumo de drogas e a moda. Deixava de haver longas filas só para aqueles que tinham dinheiro, e as prateleiras das lojas passavam a estar cheias, em vez de vazias. No entanto, os idosos já não tinham a almofada de segurança da habitação da era soviética, e dos cuidados de saúde e das pensões, e as infraestruturas desmoronavam com a chegada do McDonald’s à Praça Vermelha.
As mentes criminosas viram uma grande oportunidade neste caos. Nascia internamente a Máfia Russa, para depois se espalhar para os outros continentes, e a mentalidade russa, tantos anos fixa nas mentalidades de Stalin e Brezhnev, tornou-se subitamente flexível, e isso foi maravilhoso para alguns e terrível para outros.
Todo este ambiente quase deu cabo da indústria cinematográfica russa, mas passados cinco anos do colapso inicial novos cinemas abriram, e uma nova geração de realizadores surgiram, para mostrar os seus filmes, não só internamente, como também pelo mundo fora, nas dezenas de festivais realizados por esse mundo fora.
Neste ciclo iremos acompanhar o "boom" deste cinema, desde o falado colapso até bem perto dos dias de hoje. A "teoria" da nova vaga é uma coisa bastante recente, e não é muito falada nos circuitos académicos, mas a partir de uma lista que um amigo meu me mostrou sobre esta "nova vaga", resolvi criar um ciclo. Serão 13 filmes, alguns deles nem tiveram estreia em Portugal e no Brasil, mas espero que apreciem as minhas escolhas, e que, pelo menos, fiquem a conhecer um pouco mais do cinema russo. Até amanhã.
- "Brat" (1997), de Aleksey Balabanov
- "Koktebel" (2003), de Boris Khlebnikov e Aleksey Popogrebskiy
- "Vozvrashchenie - The Return" (2003), de Andrey Zvyagintsev
- "Cargo 200" (2007), de Aleksey Balabanov
- "Izgnanie" (2007), de Andrey Zvyagintsev
- "Morfiy" (2008), de Aleksey Balabanov
- "Everybody Dies But Me" (2008), de Valeriya Gay Germanika
- "Volchok" (2009), de
Vasiliy Sigarev
- "Skazka Pro Temnotu" (2009), de Nikolay Khomeriki
- "Ovsyanki" (2010), de Aleksey Fedorchenko
- "How i Ended This Summer" (2010), de
Aleksey Popogrebskiy
- "Elena" (2011), de Andrey Zvyagintsev
- "Zhit" (2012), de Vasiliy Sigarev
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