Portugal oferecia nesse tempo um estranho espectáculo à Europa. D. Afonso, filho do feliz D. João de Bragança, reinava, era louco e imbecil. A mulher, filha do Duque de Nemours, prima de Luís XIV, ousou conceber o projecto de destronar o marido. A estupidez do rei justificou a audácia da rainha. Apesar de ser senhor de uma força muito além do normal, de ter dormido durante muito tempo com a mulher, foi por ela acusado de impotência, e tendo Marie Françoise adquirido no reino, pela habilidade, o que Afonso tinha perdido pelo furor, fê-lo aprisionar (Novembro 1667) e depressa obteve de Roma uma bula que lhe confirmou a virgindade e lhe abençoou o casamento com o cunhado, Pedro.
Terceira obra de João Mário Grilo, oito anos depois de "A Estrangeira", um filme que foi selecionado para Veneza. Desde os anos oitenta que é um dos realizadores mais certeiros, filmando quase sempre com algum tempo de intervalo, e quase sempre certeiramente. "O Processo do Rei" era sobre um tema que ele viria a debruçar-se novamente em "Os Olhos da Ásia", a ficção história onde o cinema encontra umas verdades na dobras do tempo, de outras formas de quotidiano. Nestes dois filmes há um forte sentido de tragédia, como se o mundo contivesse, em si, a capacidade de ser feliz.
Vamos estar de olho neste realizador durante este ciclo, e podem esperar dele mais quatro filmes.
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