quinta-feira, 25 de maio de 2017

Alex Cox - O Último Maverick

Nasceu em Liverpool e estudou em Oxford, antes de se mudar para Los Angeles no final dos anos setenta, para frequentar a escola de cinema na UCLA. A carreira de Alex Cox desenrola-se em paralelo com a do cinema independente americano dos últimos 30 anos. Durante este tempo Cox fez a transição de wonderkid dos estúdios financiados, para um realizador indie transnacional, trabalhando no que ele chama de "microcinemema", filmes feitos com muito pouco dinheiro, filmados digitalmente, e distribuídos por distribuidoras pequenas e aventureiras. Esta trajectória coloca-o em rota com muitos dos realizadores que o inspiraram, como Samuel Fuller ou Monte Hellman.
De certa forma, o cinema de Cox representava o último suspiro do que sobrava do "studio system" dos anos 70. "Repo Man" foi produzido pela Universal, assim como "Walker". Este último era filmado na Nicarágua, e criticava a política externa dos Estados Unidos em relação ao governo Sandinista liderado por esse país, marcando assim a última vez que Cox trabalhava para Hollywood. Desde então, Cox foi construindo uma carreira minimalista, procurando ele mesmo os cenários para os seus filmes, e financiamento em países como México, Grã-Bretanha, Holanda e Japão. Uma das suas maiores descobertas foi o Oeste, do México e dos Estados Unidos, local onde passaria mais tempo, vindo posteriormente a dar aulas na Faculdade do Colorado, Boulder, e cenário de numerosos filmes, de "Straight to Hell", a "Searchers 2.0".
O seu trabalho posterior a "Walker", do ultra realista "El Patrullero" aos prazeres surreais de "Revengers Tragedy", todos contêm o mesmo entusiasmo pela anarquia descontrolada que os filmes anteriores, só que o fazem de forma mais moderada e calculada. Ao contrário de "Walker", estes elementos não parecem querer voltar-se contra si próprio, enquanto que Cox em "Walker" parecia deleitar-se com a sua auto-destruição.
O amor de Cox pelo cinema é evidente em numerosos artigos e livros, assim como a sua passagem pelo programa da BBC "Moviedrome",  centrado-se principalmente nos cineastas que revigoraram o seu trabalho com a vitalidade e o impulso do cinema de género, tais como Ford, Kurosawa, Leone, Peckinpah e Roeg. Inspiração e homenagem a estes autores ocorrem frequentemente nos filmes de Cox, mas ele está longe de ser um Tarantino "à letra", evita o pastiche cínico por causa de uma crença apaixonada no cinema como crítica - do consumismo, da guerra como política externa, da fúsão e da política dos mídia - e como uma forma de arte.
Durante este ciclo vamos fazer uma análise profunda à sua carreira. Para além dos filmes, este será um ciclo quase integral (contém algumas grandes raridades, que por isso terão de ser publicadas sem legendas, mas faladas em inglês), também terá livros, ensaios, e pedaços de introduções de filmes, dos seus tempos do Moviedrome. Também podem passar pelo seu site, onde tem muitos artigos sobre os seus filmes.
Os filmes começam amanhã. Bom ciclo. 


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