Ah-Ching e os seus amigos acabaram de terminar a escola no sitio onde vivem, uma ilha de pescadores, e passam a maior parte do tempo a beber e a brigar. Decidem partir para a cidade grande em busca de
trabalho, mudam-se para um apartamento e todos têm que encarar as
dificuldades de se viver numa realidade diferente da que cresceram.
Para introduzir-mos Hou Hsiao-Hsien neste ciclo, nada melhor do que o filme que o introduziu como "auteur". "The Boys from Fengkuei", também conhecido em várias partes do mundo como "All the Youthful Days", é um filme notável, um raro clássico que também era uma declaração de intenção artística por um cineasta que até então só fazia filmes de género, de estúdio. Sendo a fonte principal desta Nova Vaga do cinema tailandês, Hou chama a atenção por um estilo e estética que estão associados ao realismo natural, com shots longos e amplos, uso de filmagens em exteriores e a utilização de actores não profissionais, além de algumas referencias a Ozu para interpretar o modo de vida em Taiwan.
Há uma vibração juvenil que atravessa o filme, uma sensação de despreocupação que no entanto está afectada pela realidade de Taiwan, que se moderniza gradualmente. A realidade de que a vida está cheia de incertezas, e de que é preciso trabalhar para sobreviver, tanto no sentido físico como psicológico, que é tratado com bastante positividade por Hou, que nos envolve com histórias humanas que não são diferentes de grandes obras neorelistas de obras de realizadores como Roberto Rosellini ou Vittorio de Sica.
A acção desenrola-se entre dois cenários, a aldeia portuária de Fengkuei, de onde os jovens são originários, e a urbanização de Kaohsiung, para onde eles vão viver. É uma experiência nova para eles, e através dos seus olhos testemunhamos não só a beleza (e feiura) de viver na Taiwan dos anos oitenta, mas também nos trás a evocação de tempos que nunca mais voltarão atrás.
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