Bette Davis é Charlotte Hollis, uma solteirona reclusa ainda obcecada pelo brutal assassinato do seu amante, ocorrido há mais de 37 anos. Quando a sua propriedade está para ser desapropriada para a construção de uma nova estrada, Charlotte pede a ajuda à sua prima Miriam (Olivia De Havilland), ao velho amigo Drew (Joseph Cotten) e à empregada Velma Cruther (Agnes Moorehead). É então que os rumores que rondaram o crime acontecido décadas antes começam a se tornar realidade...
Já existia muita tensão sobre este filme, mesmo antes das câmeras começarem a filmar. Em primeiro lugar, era para ser uma sequela ao filme de 1962 "Whatever Happened to Baby Jane?", e era intenção voltar a juntar Bette Davis à sua co-star do primeiro filme, Joan Crawford. Mas a rivalidade de longa data entre as duas actrizes entrou em erupção, enviado Crawford para o hospital com uma suposta doença, e obrigando os produtores a encontrar uma substituta. A escolhida acabaria por ser Olivia de Havilland, que já tinha contracenado com Davis em três filmes, todos da Warner Bros.
A escolha foi perfeita. A personagem de Havilland era o contraponto perfeito para a de Davis, e era impossível imaginar Crawford no papel de Miriam. Manipula as nossas expectativas, dando um desempenho por camadas que tem o enorme poder de surpreender. A princípio o seu papel é de falas mansas e agradáveis, uma reminiscência do seu papel mais famoso, como uma senhora sulista: a gentil Melanie de "Gone With the Wind". No entanto, a personagem de Miriam tem muito mais a mostrar, como vamos vendo ao longo do filme. As interacções entre as duas mulheres são cruciais ao longo do filme, e o realizador Robert Aldrich brinca com a nossa simpatia, obrigando-nos a inclinar para uma personagem, e depois para outra. Sem o desempenho de Havilland o filme não teria este equilíbrio.
"Hush…Hush, Sweet Charlotte" é muitas vezes citado como exemplo do Grand Guignol, um estilo de terror dado a um teatro francês especialista em entretenimento sangrento. O prólogo sangrento mostra desde logo que o filme vai caminhar perto da fronteira do terror. Nos filmes mainstream da altura estávamos habituados a que as sequências fossem cortadas antes dos desmembramentos, não colocando as partes cortadas em exposição. A fotografia a preto e branco silencia o gore, e as partes dos corpos embora não sejam demais para os padrões modernos, ainda é um choque vê-las. Aldrich e o seu director de fotografia habitual, Joseph Biroc, também fazem um brilhante uso das sombras, ângulos de câmera extremos e composições forçadas para enaltecer a sensação do mal-estar e do grotesco. A qualidade da paisagem barroca também contribui para toda esta diversão.
Foi nomeado para sete Óscares, mas não venceu nenhum.
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