quinta-feira, 10 de julho de 2014

Como Era Gostoso o Meu Francês (Como Era Gostoso o Meu Francês) 1971



No Brasil, em 1594, um aventureiro francês fica prisioneiro dos Tupinambás, e escapa da morte graças aos seus conhecimentos de artilharia. Segundo a cultura Tupinambás, é preciso devorar o inimigo para adquirir todos os seus poderes, no caso saber utilizar a pólvora e os canhões. Enquanto aguarda ser executado, o francês aprende os hábitos dos Tupinambás e une-se a uma índia e através dela toma conhecimento de um tesouro enterrado, e decide fugir...
Uma perspectiva insider/outsider semelhante ao trabalho de muitos antropologistas e realizadores de documentários - este era um dos muitos métodos utilizados por Dos Santos, para minar e interrogar constantemente a narrativa. Nenhum personagem em particular, sexo, ou cultura emerge mais "selvagem", nenhum ponto de vista dirige a acção, e nenhum herói, ou similar, tenta arrecadar a simpatia do público. Usando uma câmara "verité" naturalista, intecalando com textos históricos reais, o realizador desenvolve uma reavaliação completamente subversiva de histórias "oficiais" e mitologias. Perante assuntos que desafiam completamente a objectivação ou total compreensão,a audiência é obrigada a envolver-se activamente no que desejam consumir.
O filme é uma sátira, e não poupa farpas a nenhuma das partes envolvidas.Os portugueses são palhaços, vestidos com trajes medievais de cores berrantes, e as suas acções têm tanto de hipócrita como de repressivo. Tanto os portugueses como os franceses envolvem-se com as duas tribos nativas, que combatem entre si. Os Tupinambás fazem o ritual do canibalismo. O filme também pode ser uma sátira do "canibalismo cultural" do Brasil, uma dieta de cultura europeia e africana, que supostamente revitalizaram a cultura brasileira, produzindo samba e bossa nova. Mas o filme aponta que as tribos tupinambás e tupiniquins ficaram extintas logo depois destes acontecimentos fictícios terem lugar.

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