terça-feira, 9 de agosto de 2016

Gata em Telhado de Zinco Quente (Cat on a Hot Tin Roof) 1958

Harvey Pollitt (Burl Ives) é um rico proprietário de terras, além de possuir uma fortuna de US$ 10 milhões. Harvey festeja o aniversário e é visitado pelos dois filhos, mas ignora que tem um cancro inoperável, pois o médico tinha lhe dito que estava recuperado. Gooper (Jack Carson), um dos filhos, e a sua esposa (Madeleine Sherwood) tiveram algumas crianças e cobiçam poder herdar os milhões do "Velho". Por outro lado Brick (Paul Newman), o seu filho preferido, é um alcoólatra e ex-estrela de futebol americano, que vive um casamento infeliz. Esta situação deixa Maggie (Elizabeth Taylor), a sua esposa, muito frustrada, porque ama o marido apesar de ser desprezada por ele. 
A peça "Cat on a hot Tin Roof" foi um êxito da Broadway na primavera de 1955, e não demorou muito para que a MGM comprasse os direitos para a sua adaptação ao cinema, com James Dean e Grace Kelly apontados para os papéis principais, de Brick e Maggie. A peça de Tennessee Williams vencedora de um prémio Pulitzer, revelou-se ser mais complicada do que parecia, e foram precisos três anos para que a MGM conseguisse uma adaptação do do argumento que conseguisse satisfazer os standards do Código Hays, e quando o argumento ficou pronto já Dean tinha morrido e Kelly era uma princesa na vida real. O argumento ficou sem qualquer referências à homossexualidade do protagonista, e foi-lhe retirado bastante narrativa para tornar o filme fluído para um público mainstream. Tennessee Williams não ficou muito satisfeito com todas estas alterações, e chegou a desencorajar as pessoas a verem o filme, mas apesar disso foi um dos grandes sucessos de bilheteira do ano, para além de ter conseguido seis nomeações para o Óscar (incluindo Filme, Realizador, Actor, Actriz e Argumento), acabando por perder tudo. 
Apesar de toda a inépcia da MGM em lidar com críticas a valores da sociedade americana (homofobia, mentira, avareza, são apenas três dos pontos que o autor aponta o dedo nesta peça), o filme é compensado pela electrificante presença de Paul Newman e Elizabeth Taylor. É incrível pensar que poucas semanas depois de iniciar a rodagem deste filme, Taylor tinha perdido o marido num acidente de avião. Poucas foram as vezes que a actriz tinha conseguido uma prestação tão arrepiante. Taylor e Newman representavam duas escolas de interpretação muito diferentes, ela era muito instintiva, ele era muito devoto ao "método", com o confronto entre os dois a ser brilhante.
O filme era originalmente para ter sido dirigido por George Cuckor, mas este acabou por ser substituído por um muito menos experiente Richard Brooks quando se apercebeu nos problemas que seriam levantados pelos censores. Brooks já era um dos autores do argumento, e a sua decisão de ensaiar o filme como se fosse uma peça de teatro assegurou-lhe a intensidade claustrofóbica da fonte original, e ainda amplificava o poder das interpretações, como não havia mise-en-scéne ou trabalho de câmera para nos distrair. 

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