sábado, 24 de maio de 2014

O Cinema Político Italiano

Excluindo o cinema revolucionário soviético, nenhuma outra cinematografia abordou o tema da política de uma forma tão constante e variada como a Italia da segunda metade do século XX. Este movimento tem raízes no neo-realismo de De Sica e Rossellini e forte influência no jornalismo e no documentário, e floresceu particularmente nos anos 60 e 70.
O movimento estudantil do final da década de 60, e os que na década seguinte teriam uma forte influência no cinema italiano, geraram um género político e social. A violência política nunca deteu os realizadores italianos deste período, que em todas as suas variantes pode ser considerado dos mais prolíficos do cinema italiano - tanto em qualidade como quantidade.
Um tema tão interessante como este, era digno de um abordagem bem mais profunda, já que o próprio cinema político italiano divide-se em vários sub-sub-géneros, que vão desde filmes anarquistas, a obras sobre terrorismo. Nesta semana vamos ver os mais importantes, os filmes francamente militantes que chegaram quase a configurar uma fórmula: o tema cadente, o tom documental, estrutura de investigação policial, e...Gian Maria Volonté.
Não consegui deixar de fora "La Battaglia di Algeri", de Gillo Pontecorvo, que apesar de se debruçar sobre um tema exterior ao país, a guerra civil argelina, é um filme completamente italiano, e que se debruça sobre um tema político muito profundo.
Vamos ver também dois filmes de Elio Petri, o maior de todos os realizadores políticos, com dois dos mais interessantes filmes italianos dos anos 70, e também com dois dos mais compridos títulos do cinema italiano: "Investigação Sobre Um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita", e "A Classe Operária Vai Para o Paraíso".
Dos muitos realizadores políticos de Itália não poderíamos deixar de fora Francesco Rossi, de quem já tinha feito um ciclo no outro blog chamado, exactamente: "O Cinema Político de Francesco Rossi". Escolhi apenas um filme seu, desta vez. O ciclo completa-se com uma obra de Damiano Damiani, que eu nunca tinha partilhado até agora.
Outros realizadores que não vão ser aqui abordados, mas que também têm muito de política no seu cinema: Bernardo Bertolucci, Marco Bellocchio, Dino Risi, Ettore Scola, Giuliano Montaldo, Mario Monicelli, ou o próprio Pasolini.

Aqui fica a programação para esta semana:

Segunda: A Batalha de Argel (1967), de Gillo Pontecorvo

Terça: Investigação Sobre Um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita (1970), de Elio Petri

Quarta: A Classe Operária Vai Para o Paraíso (1971), de Elio Petri

Quinta: Confissões de um Comissário da Polícia ao Procurador da Républica (1971), de Damiano Damiani

Sexta: O Caso Mattei (1972), de Francesco Rossi

Todos os filmes serão legendados em português. Boa semana a todos.


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