domingo, 2 de março de 2014

Paris Nous Appartient (Paris Nous Appartient) 1961



Anne Goupil é uma estudante de literatura na Paris de 1957. O irmão mais velho, Pierre, leva-a para a festa de um amigo, onde entre os convidados encontramos Philip Kaufman, um americano expatriado em fuga do Macarthismo, e Gerard Lenz, o director de um teatro que chega com uma mulher misteriosa, Terry. A conversa na festa é sobre o aparente suicídio do amigo Juan, um activista espanhol que tinha acabado recentemente uma relação com Terry. Philip avisa Anne de que as forças que acabaram com Juan em breve farão o mesmo com Gerard, que está a tentar ensaiar uma peça de Shakespeare, "Péricles", e onde Anne irá entrar...
O filme de estreia de Jacques Rivette, o voluntariamente mais excêntrico dos primeiros realizadores da Nouvelle Vague poderia muito bem ser descrito como a exégese desse tema. Rivette era conhecido por ser um realizador sem pressa (o seu filme de 1971, "Out 1", tem 13 horas), e apenas ocasionalmente se dedicava ao trabalho de montar um filme, e a prova é que ele começou a trabalhar neste em 1957, terminando em 1960. Apesar de ser mais amador do que outras célebres primeiras obras da Nouvelle Vague, é um dos mais maduros intelectualmente e filosoficamente filmes deste período inicial do movimento. O espectro de uma conspiração mundial e apocalipse iminente assombram as personagens centrais, por causa do falecimento de um emigrante espanhol. Poucos filmes têm sido tão efecticos a evocar um período na história, e com um orçamento tão pequeno. 
As ruas de Paris são as mesmas vistas em "À bout de Soufflé" de Godard, e por volta da mesma altura, mas na verdade, também poderia ser a Berlin de Dr. Mabuse. Rivette vincula explicitamente a sua paranoia no filme por Lang, ao mostrar um pedaço de "Metropolis" num clube de cinéfilos. Apesar de não ser muito popular entre as primeiras obras dos seus compatriotas, e muito esquemático ao lado de variações posteriores de Rivette sobre o mesmo tema, este filme é um marco no lançamento da Nouvelle Vague (Truffaut ajudou a financiá-lo, Godard, Chabrol e Demy aparecem por breves instantes)

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