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quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Clayton, o Cavaleiro da Noite (Amore, Piombo e Furore) 1978

A um pistoleiro condenado, Clayton Drumm (Fabio Testi), é dada uma hipótese de liberdade e salvação, se ele aceitar uma proposta apresentada pela companhia ferroviária. Matar um fazendeiro chamado Matthew Sebanek (Warren Oates), que se recusa vender as suas terras para a companhia. Clayton aceita a missão, mas a sua vitima parece ser uma pessoa agradável e os dois acabam por se tornar amigos. As coisas complicam-se quando a jovem noiva de Matthew se apaixona por Clayton.
"China 9, Liberty 37" (o titulo refere-se a um poste de sinalização que é mostrado no inicio do filme) é uma produção italo-espanhola com a excepção do realizador e um par de actores, com o resto da equipa de produção a ser europeia, principalmente italiana. A história de fundo, sobre as companhias de caminhos de ferro a retirarem pessoas das suas terras é sem dúvida uma homenagem ao filme de Sérgio Leone, "Aconteceu no Oeste", mas, por outro lado, esta obra parece mais um western revisionista americano, não fosse ele realizado por um dos realizadores de culto daquele país, Monte Hellman, que já tinha dado cartas em dois outros grandes westerns, "The Shooting" e "Ride in the Whirlwind", ambos de 1966.
Sam Peckinpah tem um pequeno papel (como escritor de "pulp fictions"), e há algumas semelhanças com o seu "Ride the High Country" (a noiva em fuga, os irmãos instáveis, e Warren Oates), apesar de Hellman ter declarado querer fazer um western mais tradicional, mas também há muitas semelhanças com os seus westerns mais experimentais, a atmosfera é muitas vezes opressiva, os diálogos são escassos, e embora os dois protagonistas serem pistoleiros esta é uma história que se foca mais nas relações entre pessoas isoladas da sociedade.   
Realizado numa altura em que os spaghetti já tinham praticamente desaparecido, não é uma obra para quem gostasse do filme mais tradicional deste género, mas ainda assim é um autêntico filme de culto.

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terça-feira, 20 de setembro de 2016

Keoma (Keoma) 1976

Franco Nero interpreta Keoma, um meio-indío que regressa a casa da Guerra Civil, e encontra-a sob o comando de Caldwell, um ex-confederado e o seu bando de bandidos. Para fazer as coisas piores, os três meio-irmãos de Keoma juntaram forças com Caldwell, e deixam dolorosamente claro que o seu regresso não é bem vindo. Determinado a derrotar Caldwell e os seus irmãos do controlo da cidade, Keoma junta-se ao antigo capataz da quinta do seu pai, para derrotar os adversários. 
Alternando entre a epatia e o brilhantismo, entre o monstruosamente kitsch e o mais profundo significado alegórico, "Keoma" foi o último grande spaghetti numa altura em que o género já estava morto. Com as suas imagens crepusculares e os seus temas apocalípticos, "Keoma" tornou-se o epónimo desses chamados "twilight westerns" (não confundir com os westerns americanos sobre a morte do Oeste), que marcaram a última desesperante tentativa de revitalizar um género que nesta altura apenas sobrevivia da auto paródia e da comédia. Mesmo o sucesso de "Keoma" não conseguiu recuperar o interesse do público por mais do que este filme em particular. Em parte fascinante, "Keoma" foi o mais ambicioso e melhor dos westerns de Enzo G. Castellari, ganhando um fenómeno de culto que vingaria até aos dias de hoje.
É um filme místico, simbólico e referencial. Com tocas a iluminarem a cidade à noite, cidade que mais parece uma cidade medieval do que uma cidade do oeste tradicional. Existem algumas semelhanças com "O Sétimo Selo" de Ingmar Bergman (a praga, a atmosfera de decadência) e as idéias cristãs sobre a morte e ressurreição são fundidas com o ciclo da destruição e renascimento da religião natural. Quando uma velha mulher lhe pergunta porque ele voltou, Keoma diz que o mundo continua a girar, e o homem acaba sempre no mesmo lugar. Originalmente esta mulher era para simbolizar a morte, mas a idéia acabou por ser alterada, e ela é agora uma deusa com o poder de decidir entre a vida e a morte. 

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segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Gigantes em Duelo (I Giorni Dell'ira) 1967

Lee Van Cleef é um pistoleiro envelhecido que num esforço para recuperar a sua reputação de temível abate um xerife local. Descobre então que tem de lidar com o seu jovem protegido, interpretado por Giuliano Gemma, que também é o melhor amigo do xerife. No confronto final vão enfrentar-se os dois, que conhecem muito bem cada movimento do outro.
Comparações foram feitas no passado, entre o argumento deste filme e de "Star Wars", e é fácil perceber porquê. Os velhos temas do aluno e do seu mentor, de um jovem a aprender a usar as suas habilidades naturais, a fim de entrar na idade adulta, são semelhanças com o filme de Lucas. As semelhanças ainda são mais impressionantes se lhe adicionarmos a dimensão do jovem herói a ser tentado pelo lado negro, e o poder que lhe pode ser adicionado, juntamente com o confronto final onde ele tem de derrotar a sua figura de pai, a fim de se libertar de toda a tentação. É possível que Lucas tenha sido influenciado por "Day of Anger" na construção de "Star Wars" (Lucas declarou ser fã do spaghetti western), mas é mais provável que ambos os filmes partilhem uma origem em comum.
E pode ser este tema universal que faz deste filme tão satisfatório. Não é excessivamente complicado, não é especialmente inovador em qualquer uma das áreas, mas funciona a praticamente todos os níveis. O realizador é Tonino Valerii, que era conhecido como um dos argumentistas não creditados de "Por um Punhado de Dólares" (outros são Fernando di Leo e Duccio Tessari), e que faria uma carreira muito interessante no território do spaghetti. Este seria o seu spaghetti mais conhecido, a par de "O Meu Nome é Ninguém".

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domingo, 18 de setembro de 2016

Corre Homem Corre (Corri Uomo Corri) 1968

Cuchillo um ladrão e excelente atirador de facas, é perseguido por um gang até à fronteira do Texas por saber onde está escondida uma grande fortuna. Fazem parte desta gang mercenários franceses que trabalham para o Governo Mexicano e Nathaniel Cassidy um pistoleiro americano que apesar de interessado no dinheiro, ainda conserva alguns ideais. Agora Cuchillo terá que enfrentar duas grandes forças, a namorada, sensual e extremamente ciumenta e o gang de Cassidy.
 Terceiro e último Western de Sérgio Sollima, uma sequela do mais conhecido "The Big Gundown", considerado um pouco inferior pela maioria dos criticos e fãs do spaghetti western, e sem o protagonista do filme anterior, Le Van Cleef. O único elo de ligação entre os dois filmes é Tomas Milian, repetindo o papel de Cuchillo Sanchez, o peão mexicano armado com facas. É um filme episódico, um pouco mais leve que o filme anterior, muito sério para ser considerado uma comédia (como os da série Trinitá), mas também muito cómico para ser considerado um spaghetti normal. Mas, há aqui mais para descobrir, do que aparenta...
Apesar de ser menos complexo do que os outros dois westerns de Sollima, é um perfeito exemplo dos estudos de personagens que Sollima costuma utilizar nos seus filmes. São muitas vezes sobre pessoas que mudam, descobrem a sua própria natureza, em circunstâncias difíceis."The Big Gundown" tinha mostrado a transformação de Cuchillo Sanchez, de um peão mexicano para um bandido social, que força o agente da lei interpretado por Cleef a fazer uma "escolha de classes". É obrigado a escolher entre poupar a vida a um homem inocente, ou fazer a vontade ao homem que poderia ajudar na sua carreira política. Em "Run Man Run" é Cuchillo Sanchez, o homem do título que muda para melhor por força das circunstâncias e das pessoas que encontra. Ao longo do filme, Cuchillo muda de um pequeno criminoso e vagabundo para um herói revolucionário. 
Existe uma enorme discussão sobre quem escreveu a banda sonora. Sollima referiu que esta é da autoria de Ennio Morricone, mas muita gente creditou-a a Bruno Nicolai. Seja ela de quem for, é das melhores dentro deste género.

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quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Um Dólar Entre Os Dentes (Un dollaro tra i denti) 1967

Um estranho chega a uma cidade fronteiriça onde testemunha como um regimento do exército mexicano é aniquilado por bandidos, que tomam o lugar dos soldados num negócio lucrativo com o exército americano. O estranho é contratado pelos bandidos para os identificarem como federais, mas depois de fazer o seu trabalho o líder dos bandidos tenta eliminá-lo. 
O primeiro (e melhor) de uma série de filmes onde o actor Tony Anthony interpreta um personagem conhecido como "The Stranger". Embora o filme tenha sido co-produzido por Allan Klein, foi feito com muito pouco dinheiro. Foram utilizados apenas um punhado de cenários e tem muito poucas falas, sendo por vezes considerado uma versão pobre de "Por um Punhado de Dólares", mas o realizador Luigi Vanzi usa uma versão simplificada do argumento do filme de Leone para fazer um filme que, definitivamente, tem o seu cunho pessoal. Na verdade este é um excelente western spaghetti minimalista, atmosférico e violento. 
Um estranho vestindo um poncho não foi a única idéia directamente "emprestada" de "Por um Punhado de Dólares", o que levou os críticos a classificarem-no como a versão mais impertinente de todos os filmes derivados dos westerns de Leone. O que os críticos muitas vezes se esqueciam é que o personagem de Tony Anthony tinha o seu próprio charme, e o realizador Luigi Vanzi era auto-suficiente o bastante para trazer para a história o seu próprio sentido. Um filme malvado, taciturno, violento, decorado com um grande vilão interpretado por Frank Wolff, actor que veriamos em inúmeros westerns. 

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quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Uma Pistola para Ringo (Una pistola per Ringo) 1965

Numa cidade fronteiriça o famoso pistoleiro Ringo mata quatro pessoas em auto defesa, mas acaba por ser preso. Enquanto isso, um grupo de mexicanos atravessa a fronteira para assaltar o banco local. O seu líder é ferido na fuga quando tentam escapar, o que leva os bandidos a refugiarem-se numa quinta nas proximidades, fazendo dos seus ocupantes reféns. O xerife está relutante em tomar medidas, porque a sua noiva está entre os reféns. A única pessoa que agora os pode ajudar é Ringo, que é colocado em liberdade com o intuito de se infiltrar entre os reféns. 
O primeiro de dois filmes sobre a personagem de Ringo foi um dos westerns italianos de maior sucesso, feitos no rasto de "Por um Punhado de Dólares". Conta uma história semelhante, a de um estranho que intervém num conflito, mas a abordagem de Duccio Tessari é mais superficial que a personagem do homem sem nome de Eastwood. Ringo é um herói barbeado, bem vestido, e muito bem parecido, mas no bom estilo do western spaghetti, ele é letal com a arma. O seu lema é "Deus criou os homens todos iguais, mas o Colt fê-los diferentes". Este filme fez de uma estrela o actor Giuliano Gemma, um antigo duplo, assim como de Fernando Sancho, um dos actores espanhóis mais prolíficos de todos os tempos.  
Foi um filme muito importante para a indústria italiana ao demonstrar que os seus filmes podiam fazer sucesso sem uma estrela ameiricana de importação. Tessari queria Fernando Rey para o papel do aristocrata, mas quando este actor recusou, os co-produtores espanhois avançaram com o nome de Antonio Casas, um ex-jogador de futebol do Atlético Madrid. Não é um filme muito violento, mas a contagem de corpos é bastante elevada, e há pelo menos uma cena muito escandalosa com Sancho a executar peões mexicanos, que inspiraria Corbucci a fazer uma semelhante em Django.
O sucesso do filme levaria a uma sequela, "O Regresso de Ringo", feito pelo mesmo realizador, com praticamente os mesmos actores e filmado nos mesmos locais, mas com uma história bem diferente.

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segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Sabata (Ehi Amico... c'è Sabata. Hai Chiuso!) 1969

O banco de Daugherty é assaltado na mesma noite em que Sabata (Lee Van Cleef) chega à cidade. Ao seguir os ladrões consegue matá-los e recuperar o dinheiro. Mas Sabata não fica satisfeito e com uma investigação mais profunda descobre que os três poderosos de Daugherty, o Coronel Stengel (Ressel), o Juiz O’Hara (Rizzo) e o banqueiro Fergusson (Antonio Gradoli) estão por trás do roubo. Com a ajuda de dois vagabundos da cidade, Carrincha (Sanchez) e Alley Cat (Nick Jordan) começa a chantagear os vilões. Mas tudo se complica com a intromissão de Banjo (Berger).
Uma das personagens preferidas do spaghetti western, que tem a sua estreia neste filme, é Sabata, interpretada também por um dos actores preferidos no género, que contava já com um número considerável de westerns filmados em Itália, Lee Van Cleef. Cleef foi a escolha ideal para um papel com uma certa ironia cómica, que repetiria numa sequela bem sucedida, "O Regresso de Sabata" (com Yul Brynner a ser escalado para um filme intermédio, não oficial). Embora a procura de westerns italianos estivesse a desacelerar entre o final dos anos sessenta, e inicio dos anos setenta, a United Artists conseguiu transformar este filme num sucesso, mantendo a fama de Cleef por mais alguns anos.
O tom gótico e peculiar do filme é estabelecido logo de inicio, numa tentativa de assalto a uma carruagem. O filme está cheio de estranhos toques, como vilões acrobatas, e sidekicks coloridos, e fica uma nota de destaque para o austriaco William Berger, aqui no papel de co-estrela, mas prestes a destacar-se no giallo de Mario Bava, "5 bambole per la Luna D'agosto." Aqui é um pistoleiro ruivo cujas verdadeiras motivações só serão descobertas na cena final do filme. 
Gianfranco Parolini, nome forte do cinema de género, que já tinha realizado anteriormente vários peplum, é o realizador e argumentista.

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sábado, 10 de setembro de 2016

A Morte Vem a Cavalo (Da Uomo a Uomo) 1967

Numa noite chuvosa, um grupo de cinco homens invade uma casa de campo e violam e matam a mãe, e matam o pai, deixando o jovem filho vivo. O jovem (John Phillip Law) cresce cego pela raiva, sedento por vingança num periodo de 15 anos. Também durante estes 15 anos, Ryan (Lee Van Cleef) é libertado da cadeia, também com fome de vingança, pelos homens que o puseram lá. Ryan mata um homem e passa a usar as mesmas esporas que um dos homens que matou os pais do jovem. Quando ele se apercebe persegue Ryan, na esperança de chegar aos outros assassinos dos seus pais, mas pelos vistos ambos querem vingança dos mesmos homens...
A interacção entre os dois personagens principais é maravilhosa. Ambos começam a ter desprezo pelo outro, mas acabam a salvar a vida um ao outro por várias ocasiões. Não são apenas os personagens que são grandes, mas também a realização de Giulio Petroni, que garante ao filme uma óptima atmosfera, com os seus grandes movimentos de câmara.
 Depois do sucesso dos dois primeiros  da trilogia de Leone, o western viria a tomar conta da indústria cinematográfica italiana, e surgiram inúmeros imitadores que levaram à saturação este género. Petroni apenas realizou duas mãos de filmes em toda a sua carreira, e foi um dos melhores neste periodo de ouro do western, realizando três westerns muito relevantes. Para além deste, destacavam-se "Tepepa" e "E per Tetto un Cielo di Stelle". "Da Uomo a Uomo" contava com outro trunfo muito importante, o argumento de Luciano Vincenzoni, que co-escreveu também scripts de filmes como "Por Alguns Dólares Mais", "O Bom, o Mau, e o Vilão", "Il Mercenario" e "Giù la Testa", o último western de Leone.

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quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Cara a Cara (Faccia a Faccia) 1967

Depois do grande sucesso comercial de "The Big Gundown", o primeiro western de Sollima, o mesmo voltou ao género logo de seguida, voltando a reunir-se com Tomas Milian, para "Faccia a Faccia". Ao lado de Tomas Milian, como o fora-da-lei Solomon Beauregard Bennet, encontrávamos outra grande estrela do género, que vinha dos filmes de Leone, Gian Maria Volonté como Brad Fletcher, um professor a morrer de uma doença nos pulmões.
O filme começa com o rapto de Fletcher por Beauregard, que originalmente leva Fletcher como refém, mas os dois começam a formar uma amizade depois de o raptado ajudar o raptor, acabando também por se tornar num fora-da-lei. Beauregard ensina-o a disparar uma arma, introduzindo-o a um mundo violento do qual ele não estava familiarizado, assim como também o introduz ao seu bando. 
A progressão da narrativa é dominada por estas duas personagens, nas mudanças dos seus comportamentos e atitudes. Enquanto ocorrem eventos importantes dentro da história, assaltos a bancos, e planos para capturar esta dupla pelos agentes policiais, é a relação entre os dois, e o seu gradual desenvolvimento que faz deste filme uma obra tão fascinante. Há um interruptor fundamental no comportamento dos dois personagens. Fletcher começa o filme como um intelectual, incapaz de disparar uma arma, muito distante do mundo fora da lei de Beauregard, que começa o filme do lado oposto. Os dois personagens vão inverter os papéis, mas não é uma simples mudança directa, porque Beauregard começa a perceber que existe muito mais vida para além daquela que ele conhece, enquanto Fletcher se vai tornando em algo ainda mais desprezível e destrutivo do que o seu mentor. 
Com uma banda sonora de Sérgio Morricone, e um argumento de Sergio Donati, que escreveu todos os westerns de Sollima, além de "Aconteceu no Oeste", "Faccia a Faccia" é um dos mais importantes spaghettis de todos os tempos. 

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terça-feira, 6 de setembro de 2016

O Grande Pistoleiro (La Resa dei Conti) 1966

Jonathan Corbett (Lee Van Cleef) é um famoso caçador de recompensas que costuma apanhar sempre o seu homem. Numa festa é alarmado por um grupo de jovens que diz ter visto um mexicano violar e matar uma jovem de 12 anos de idade. Corbett resolve ajudar, e parte em busca daquele assassino. Depressa descobre que o mexicano parece ser Cuchillo Sanchez (Tomas Milian), e dirige-se para a fronteira mexicana. Corbett pretende apanhá-lo e trazer à justiça, mas será que ele é realmente o culpado?
Dirigido com grande estilo e perspicácia por Sergio Sollima, "The Big Gundown" tirou vantagem do novo status de estrela de Lee Van Cleef, depois do sucesso de "Por Alguns Dólares Mais", e do grande argumento de Sergio Donati (a partir de uma história de Franco Solinas), que conseguiu filtrar a natural tendência esquerdista de Sollima do ponto de vista educativo, anulando as criticas sobre ganância, supressão e corrupção, embora a sua posição política seja bem visível ainda hoje em dia, tornado o filme mais acessível que os seus homólogos de Hollywood.
Tendo sido feito antes de "O Bom, o Mau, e o Vilão" (também de 1966), este filme está cheio não só de reviravoltas dramáticas, mas também de um orçamento elevado, que faz dele um filme tão sofisticado como os melhores westerns de Hollywood. Estava também muito à frente da maioria dos westerns spaghetti que o seguiriam, onde cineastas reciclavam o reusavam cenários construidos de raíz por Leone e Sollima, respectivamente.
Sendo este o primeiro western de Sollima, foi um sucesso em Itália tornando Milian numa estrela de primeira grandeza e provando que Van Cleef podia brilhar fora dos filmes de Leone. foi lançado nos Estados Unidos dois anos depois, conseguindo um resultado nas bilheteira acima dos dois milhões de dólares, e obtendo criticas bastante favoráveis em publicações como o New York Times.

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segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Django Mata (Se sei Vivo Spara) 1967

Um bandido mexicano e o seu grupo são traídos e executados por um gang de ladrões americanos, que ajudaram a assaltar uma carruagem de transporte de ouro. Depois da poeira assentar, o bandido mexicano simplesmente conhecido como "The Stranger" consegue escapar com vida, e persegue os americanos que mataram os seus amigos.
Um spaghetti muito pouco convencional e bizarro, que tem muito pouco a ver com o "Django" (1966), de Sergio Corbucci, apesar do título internacional ser "Django Kills...If you Live, Shoot!", que levou o filme a ser promovido na américa como fazendo parte da série. Este acaba por ser um filme completamente sozinho, apesar de partilhar com o de Corbucci uma grande quantidade de cinismo e uma visão amarga do mundo que era pouco comum, mesmo nos westerns italianos. Esta espécie de desolação explorada em "Se Sei Vivo Spara", viria a tornar-se um esteio para todos os westerns da década de 70 (ver, por exemplo, "High Plains Drifter"), mas para 1967 era incrivelmente ousado e audacioso, e poucos filmes do género conseguiram alcançar uma atmosfera tão alienada. Giulio Questi, o realizador e argumentista do filme, não estava satisfeito com o nome que ele levou (e ainda menos com os diversos cortes que o filme sofreu nas mãos de diversos censores), preferindo apenas " If You Live…Shoot! ", que era uma representação muito mais precisa dos eventos do filme. Se bem quem, sem o prefixo "Django", o mais certo era ele desaparecer na obscuridade, no meio de tantos western spaghettis.
Superficialmente pode parecer um tradicional western de vingança, mas logo avança para uma mistura de terror gótico e filme de arte. Tomas Milian interpreta o arquétipo "stranger",  ou o "homem sem nome", traído e deixado para morrer pelo vilão de serviço. Trazido de volta para a vida por dois misteriosos índios que lhe dão um saco de balas de ouro de presente, ele vai partir para a vingança, acabando numa bizarra cidade, conhecida como “The Unhappy Place”. É aqui que o tom do filme muda drasticamente, quando Milian percebe que a cidade e os seus habitantes são loucos desviados sexualmente, com um desejo de violência sadomasoquista. 
Injustamente esquecido durante muitos anos, tomado como um rip-off de "Django", "Se Sei Vivo Spara" tem tanto em comum com o filmes de Luis Buñuel como com os de Leone. um dos spaghettis mais alternativos, sem qualquer dúvida.

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domingo, 4 de setembro de 2016

O Mercenário (Quién sabe?) 1966

Gringo Bill Tate (Lou Castel) viaja de comboio para Durango, no México da década de 1910, uma época de revolução de bandos de bandoleros errantes. Depois do comboio ser emboscado pelo gang de El Chucho (Gian Maria Volonté), Tate tira o melhor partido da situação, e depois de ser baptizado por El Niño, junta-se aos bandidos que estão a colecionar armas para o revolucionário General Elias. Mas na realidade, Gringo tem um plano secreto, que já está a ser posto em prática...
Muito violento para a sua época, é um filme cheio de acção e com um grande sentido de humor, fortemente politizado. O argumento é escrito pelo criador do argumento de "A Batalha de Argel", de Gillo Pontecorvo,  Franco Solinas, (que também escreveu o argumento de outros filmes politizados, como "Salvatore Giuliano", "Tepepa", "Queimada", "La Resa Dei Conti", "État de Siège", ou "Le Soldatese", que vimos recentemente no ciclo de Zurlini), e é um filme solidário com os revolucionários de esquerda. A sequência final não faz mistério sobre a tendência política deste filme de Damiano Damiani, mas, no entanto as coisas não são tão simples assim, os bandoleros também participam em invasões de casas particulares, que expôe o lado obscuro do movimento para a redistribuição de terras mostrando a ganância que não é menor do que a dos ricos proprietários das terras. 
.Este filme é muitas vezes interpretado como uma alegoria sobre o envolvimento dos Estados Unidos nas políticas sul americanas. Em 1966 não havia qualquer evidência de actividades ilegais da CIA, mas havia muitos rumores, e na altura que o filme foi lançado era difícil não interpretá-lo doutra forma, a não ser do envolvimento externo dos americanos. Tal como a maioria dos argumentistas "comprometidos" dos anos sessenta, Solinas era marxista. Era um teórico bem versado em teorias marxistas, e isso reflecte-se inevitavelmente nas suas narrativas e caracterizações. Este filme acabaria por dar inicio a um novo sub-género dentro do "spaghetti", chamado Zapata. Não teria muitos seguidores na tela, mas os poucos que teve seriam de inegável importância. 
Nota: não confundir o título em português com o filme de Sérgio Corbucci com o mesmo nome. Também ele um western Zapata, e que em Portugal ficou com o título de "Pistoleiro Profissional".

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sábado, 5 de julho de 2014

O Bom, O Mau, e o Vilão (Il Buono, il Brutto, il Cattivo) 1966



Blondie (o Bom), é um pistoleiro profissional a tentar ganhar uns cobres. Angel Eyes (o Mau), é um assassino que sempre que se compromete com uma tarefa, leva-a até ao fim. E Tuco (o Vilão), é um bandido com a cabeça a prémio, que tenta fazer pela vida. Tuco e Blondie fazem uma parceria para receber o dinheiro da recompensa de Tuco, mas quando Blondie acaba com a parceria, Tuco vai atrás dele. Quando Tuco e Blondie cruzam com uma carruagem cheia de cadáveres, ficam a saber, pelo único sobrevivente, que outros homens enterraram um carregamento de ouro numa campa no interior de um cemitério. Infelizmente o homem morre, e Tuco fica a saber apenas o nome do cemitério, enquanto Blondie sabe o nome da campa. Os dois têm de se manter vivos para chegar ao Ouro, mas Angel Eyes segue no seu encalce, e sabe que os dois procuram o ouro.
Introduções não são necessárias para este grande épico de Sérgio Leone, o maior de todos os western spaghetti. Apesar dos dois filmes anteriores da trilogia dos dólares serem bastante bons, seria com "O Bom, o Mau, e o Vilão" que Leone atingia a perfeição, desde a realização, a fotografia de Tonino Delli Colli, o casting impecável, e uma das mais memoráveis bandas sonoras de todos os tempos.

Antes dos westerns de Leone, o cinema tinha a velha fórmula dos bons contra os maus, com um duelo no final. Enquanto Leone tinha uma admiração por realizadores como Hawks, Mann ou Ford, ele também tinha uma certa aversão pela ideologia de Hollywood, onde aparecia alguém como John Wayne para salvar o dia, com uma certa moral irrealista. Na mente de Leone, não havia bons nem maus, era cada um por si até ao duelo final. Este ponto de vista era muito interessante, e fazia muito mais sentido, sendo mais realista. Mas para além de apreciar estes grandes realizadores americanos, Leone também gostava de cinema japonês, mais propriamente Kurosawa. O resultado do trabalho de Leone, misturando estas duas culturas, foi ter dado ao western uma sensação operática.
Na altura do seu lançamento o filme foi um pouco criticado, em grande parte por causa da violência, mas também por causa da atitude desrespeitosa que os realizadores italianos tinham perante o western, mas depois acabaria por revitalizar o género, e continua a ser, mesmo perante muitos que não gostam do western, como um dos seus filmes preferidos. Eastwood é claramente a estrela do filme, mas a sua personagem é limitada pela falta de um fundo próprio, e também por já ter sido (e muito bem) explorada nos dois filmes anteriores. É na realidade o personagem de Eli Wallach, Tuco, que carrega o filme, e que nos guia perante os acontecimentos. Se Wallach mereceu alguma nomeação aos Óscar, deveria ter sido aqui.

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sexta-feira, 11 de abril de 2014

Comapanheiros (Vamos a Matar, Compañeros) 1970



Durante a revolução mexicana, um traficante de armas sueco chamado Yodlaf Peterson (Franco Nero) procura o general Mongo Alvarez. O general é um oportunista e traiçoeiro, interessado apenas no conteúdo de um cofre, que contém "a riqueza da revolução". O único que pode abrir o cofre é o professor Xanthos, um pacifista aprisionado no Forte Yuma. O sueco oferece-se para libertar o professor, mas como o general não confia nele envia o tenente El Vasco (Tomas Milian) para o acompanhar. Juntos conseguem libertar Xanthos, mas entra em cena um velho conhecido do sueco, John (Jack Palance, outra vez), que está pago para matar o pacificador.

O último dos grandes westerns de Corbucci, é por vezes considerado uma sequela ou remake de (Il Mercenario). Também é um "Zapata Western", usa a mesma estrutura, e até partilha o mesmo protagonista e o mesmo vilão. A única alteração, e aqui o filme ficou a ganhar, foi da substituição do revolucionário mexicano, de Tony Musante por Tomas Milian. Nascido em Cuba, mas já emigrado em Itália há alguns anos, Milian já tinha algum historial nos Zapata Westerns. Já o tínhamos visto em "The Big Gundown", "Se sei vivo Spara", "Tepepa", ou nos filmes de Sérgio Sollima, e preparava-se para se dedicar ao Poliziotteschi, mas Milian foi um habitual no cinema de género italiano nos anos 70. A sua presença em palco era electrizante, e roubava o protagonismo a qualquer outro actor. Dizia-se que ele era tão hiperactivo na rodagem dos filmes, que era muito difícil controlá-lo, o que por vezes obrigava a mudanças no argumento. 
Por causa de Milian, este acaba por ser o western mais bem-humurado de Corbucci, mas não o melhor, embora apareça constantemente em listas dos 10 mais deste sub-género. É talvez um pouco superior a "Il Mercenario". "Companeros" era também um dos últimos grandes spaghetti, que a partir dos anos 70 começaram a ficar saturados, e repetitivos. Aos poucos, actores e realizadores mudavam-se para os famosos policiais, que continuavam a ser westerns, mas urbanos. Começavam a aparecer os filmes de Trinitá, que era uma última tentativa de recuperar o género, mas era tarde demais.
"Companheiros" é, sobretudo, uma aventura de acção, e apesar de fazer transparecer os ideias do professor, tem uma contagem de corpos impressionante, mas é um filme muito mais leve do que "Django" ou "O Grande Silêncio". Destaque-se, uma vez mais, a banda sonora de Ennio Morricone, que insistia em fazer bandas sonoras bem diferentes das que fazia para Sérgio Leone. E ainda bem.

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quinta-feira, 10 de abril de 2014

O Grande Silêncio (Il Grande Silenzio) 1968



Silencio (Jean-Louis Trintignant) é um pistoleiro mudo com um grande senso de justiça. É contratado por uma viúva cujo marido foi assassinado, para se vingar do pistoleiro Loco (Klaus Kinski), um dos caçadores de recompensas que foi contratado para caçar os sem abrigo nos arredores de Snow Hill. Um novo sherife (Frank Wolff), e o juiz local, vão tornar as coisas um pouco complicadas.
Existe um grande culto à volta deste filme, que vai muito para lá de um normal spaghetti western. Apesar de "Django" ser o mais conhecido dos westerns de Corbucci, este é o mais bem cotado entre os críticos, aparecendo em muitas listas bem no meio dos filmes de Leone. Provavelmente é mesmo o melhor spaghetti para lá dos de Leone.
A intenção de Corbucci era ter novamente Nero no papel principal, mas diz-se que como alguns dos produtores eram franceses, foi imposto o actor Jean-Louis Trintignant para ficar com o papel principal. Trintignant não sabia uma única palavra de italiano, então acabou por surgir a idéia de ter um protagonista mudo. O nome de Grande Silencio vem assim da incapacidade do protagonista de conseguir falar, para além de também ser um grande pistoleiro.
Por vezes chamado de "o western da neve", a acção passa-se no Utah, perto do final do século 19. Foras da lei encontraram um sitio para se esconder nas montanhas, mas têm de descer à cidade para conseguir alimentos. Snow Hill tornou-se num antro para caçadores de recompensas, que assassinam os foragidos a sangue frio, sem misericórdia, para apenas conseguirem a recompensa. Tal como a maioria dos westerns que Corbucci fez, este era um filme político, um filme sobre os ricos a pagarem à escumalha para matar os pobres. Os foras da lei são homens que têm de roubar para comer, e apenas são procurados porque o rico banqueiro local paga uma fortuna pelas suas cabeças. Corbucci já se tinha debruçado no tema da inutilidade de um homem para mudar o mundo, que era normalmente personificado na figura de um anti-cristão. Essa idéia está bem presente neste filme, mas para se aperceberem disso terão de ver o final, um dos mais duros e revoltantes de sempre, não estou a exagerar considerando toda a história do cinema.
Alguns pontos altos do filme, a enorme interpretação de Klaus Kinski, completamente lunático como vilão, superior até ao protagonista, e, claro, a grande banda sonora de Ennio Morricone. Um dos maiores spaghetti de sempre.

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quarta-feira, 9 de abril de 2014

Pistoleiro Profissional (Il Mercenario) 1968



Durante a revolução mexicana, Sergei Kowalsky (o polaco) é contratado para transportar um carregamento de prata para uma mina no Texas, onde descobre que Paco Roman e os seus trabalhadores tomaram o controle da situação. Depois de trocar de lado, o pistoleiro vê-se a ajudar o líder mexicano a meter as suas idéias revolucionárias em prática, mas o seu fervor idealista é colocado à prova quando ele se vê na situação de meter as mãos numa fortuna.
"Il Mercenário" é um dos mais importantes de uma família de sub-spaghetti que se chamava "Westens Zapata". Estes westerns tinham diversos pontos em comum: eram filmes passados durante a revolução mexicana, normalmente tínhamos um líder rebelde que teria de ser ensinado pelo protagonista. Um vilão ocidental ruim como as cobras. Eram filmes muito mais políticos do que os restantes westerns do período, e por vezes afastavam-se bastante dos spaghetti normais. Sergio Corbucci ficaria como um dos mais importantes realizadores deste sub-género, não só por causa deste, mas também por causa de "Companheiros", dois dos mais importantes "zapatas", ao lado de "A Bullet for the General", e "Giù la Testa", o último western de Sergio Leone. Os westerns de Sergio Sollima também são muitas vezes comparados ao Zapata, como é o caso de "Faccia a Faccia", "La Resa dei Conti" ou "Run, Man Run".
Corbucci voltava a reunir-se com Franco Nero, que havia imortalizado em "Django", e os dois ainda voltariam a trabalhar juntos em "Companheiros". Dois filmes muito parecidos em conteúdo, com a única variante de que "Companheiros" é um filme com muito maior sentido de humor.
Com Franco Nero a brilhar no papel de mercenário, o filme destacava-se também pela presença de Tony Musante, no papel de revolucionário mexicano. Infelizmente foi o seu único spaghetti, enquanto que os vilões de serviço eram desempenhados por Eduardo Fajardo e Jack Palance, cada vez mais habituado a este tipo de papel (quem se lembra dele em "Shane"?).
 Mas, apesar do cenário da revolução, o contexto político era apenas uma pequena parte do filme como um todo. Em primeiro lugar, é um filme de acção, e é aqui que Corbucci é muito bom. Dentro do movimento do spaghetti western, ninguém fazia filmes de acção como ele, das guerras nos campos de batalha aos combates homem a homem (como o derradeiro duelo entre Musante e Palance). Ao contrário de outros filmes, Corbucci também se conteve bastante na violência, o que torna este filme bastante acessível. Inesquecível era a banda sonora de Ennio Morricone.


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terça-feira, 8 de abril de 2014

Navajo Joe (Navajo Joe) 1966



Um gang de bandidos impiedosos liderados por Duncan (Aldo Sambrell), massacra índios pacíficos para lhes retirar e vender os seus escalpos. Uma das mulheres que eles assassinam é companheira de um índio Navajo chamado Joe (Burt Reynolds), que rapidamente se mete a caminho para obter a vingança. Quando é dito a Duncan e ao seu pequeno exército que os escalpos já não valem nada, ele faz um pacto com o sinistro Dr. Chester Lynne (Pierre Cressoy) para roubar uma larga quantia em dinheiro que está a ser transportada por comboio. Mas Joe persegue este bando.
Burt Reynolds era um jovem desconhecido no mundo do cinema, protagonista da série "Gunsmoke", quando participou neste filme. Diz a lenda que ele pensava que vinha para a Europa para participar num Western de Sergio Leone, e lhe seriam dadas as mesmas possibilidades que foram dadas a Clint Eastwood, poucos anos antes. As coisas não correram conforme ele esperava, e foi parar nas mãos de outro Sérgio, Corbucci. Reynolds viria mais tarde a considerar este filme o pior da sua carreira, o que é um exagero, e mostra que ele não tem a noção dos filmes que fez.
"Navajo Joe" era o filme que sucedia ao grande êxito de "Django". "Django" vira a luz do dia em Abril, e "Navajo Joe" sucedera-o em Novembro. Longe de ser dos melhores filmes do realizador, ainda assim era uma obra interessante, onde mais uma vez se nota o uso de uma violência excessiva. O tema do western centrado no índio era bastante popular nos westerns europeus na fase pré-spaghetti, como acontecia com a série de filmes alemães "Winnetou" e a maioria dos westerns italianos produzidos antes de 1963. Mas "Navajo Joe" era um filme diferente destes, era uma obra centrada no tema da vingança, ao contrário dos outros filmes com índios deste período.
Produzido por Dino de Laurentiis, que tinha fixado a idéia num índio herói em quem Corbucci não estava interessado, o filme tem pouco a dizer sobre os nativos americanos. Era a primeira colaboração entre Corbucci e Morricone, que se iria repetir diversas vezes neste território, com o seu ponto alto em "O Grande Silêncio". Morricone teve o cuidado de trabalhar de maneira diferente nos filmes de Leone e Corbucci, para que os filmes fossem bem diferenciados. A música-título seria um grande êxito neste ano de 1966.

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segunda-feira, 7 de abril de 2014

Django (Django) 1966



Django (Franco Nero) chega a uma cidade controlada por duas facções rivais: um gang de racistas do estilo KKK que usam capuzes vermelhos, e um gang de Mexicanos famintos por dinheiro. Tal como acontece em "Por um Punhado de Dólares", de Sergio Leone, Django vai tentar colocar os dois lados da barricada contra o outro, para tentar tirar o máximo de dinheiro possível para si, e executar uma vingança omissa. As motivações de Django são vagamente mostradas ao longo do filme, embora diversas possibilidades sejam colocadas em aberto.
Desde as primeiras imagens de "Django" que sabemos que estamos perante um western diferente. Um homem arrastando um caixão perante um terreno acidentado e lamacento. Uma abertura sombria, quase gótica, e uma música maravilhosamente kitsch, que mais parece um lamento. Apesar de ter a mesma história, o filme aqui afasta-se decididamente do primeiro da trilogia dos dólares. Os simbolismos parecem claros. Django leva a morte atrás de si, onde quer que vá. Como se ele e a Morte se tivessem fundido numa espécie de espectro caminhante. 
Se Leone introduzira uma nova espécie de anti-herói, Corbucci consegue ir mais longe, introduzindo uma nova espécie de violência, excessiva tanto na quantidade como na natureza violenta e sádica que é uma constante neste filme. Logo o cenário da cidade onde se passa a acção é um dos mais deprimentes já vistos na história dos westerns: o de cidade coberta de lama. E este homem a puxar um caixão atrás de si, é uma figura mais enigmática do que o homem sem nome de Leone, que chega a uma cidade Mexicana montado numa mula.
Ao contrário do que era habitual nos spaghetti da altura, Corbucci utilizou um protagonista italiano, Franco Nero, e mostrou que era possível fazer estrelas dos actores da "casa". Franco Nero ficou famoso a partir daqui, e o nome da personagem Django foi utilizado em dezenas de filmes por essa Europa fora, para atraír público, mas Franco Nero só voltaria a este papel muitos anos depois, já nos anos 80.



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sexta-feira, 15 de março de 2013

Os Quatro do Apocalipse (I Quattro Dell'Apocalisse) 1975



Os Quatro do Apocalipse (I Quattro dell'apocalisse), de Lucio Fulci, é uma das melhores obras da fase tardia dos spaghetti westerns. Claro que isto pode não dizer muito, considerando o quão más eram algums dos últimos filmes do género, mas, mesmo fora deste quadro comparativo, Os Quatro do Apocalipse mantém-se bem porque é uma obra visualmente evocativa e resiste a respostas fáceis, em vez de tornar-se um estudo de personagens enigmático contra a desolação física, diminuindo o potencial da esperança na decência humana (que também inclui elementos sensacionalistas, como um homem a ser esfolado vivo, canibalismo, e o massacre a espingarda de uma cidade inteira). Se isto soa a sombrio, ainda há um fio emocional convincente ao longo do filme que o mantém no bom rumo, mesmo quando tudo parece que está perdido.
Os personagens principais formam um quarteto estranho. Por acaso, são atirados juntos para uma cela de prisão numa cidade infestada de crime, de Salt Flat, Utah: Stubby Preston (Fabio Testi), um tubarão das cartas profissional; Bunny (Lynne Frederick), uma prostituta de 19 anos de idade, grávida, Clem (Michael J. Pollard), o bêbado local e Bud (Harry Baird), um homem calmo, mas ao mesmo tempo louco, que escapou da escravatura e que acredita que pode ver fantasmas. O apocalipse do título refere-se à solução do xerife de Salt Flat (Donald O'Brien) para o problema do crime local: trazer um gang de vigilantes com máscaras brancas, que passa a atirar, enforcar, e abater, acima de todos na cidade. Através de subornar o xerife, Stubby consegue salvar-se, e aos seus companheiros de cela, e partem através do deserto em busca da Sand City, onde acreditam que vão encontrar a felicidade. 
A felicidade não está destinada a ser deles, no entanto, como o quarteto a meter-se em problemas repetidos, começando com a adição de um quinto membro ao grupo, um caçador de aparência selvagem chamado Chaco (Tomas Milian). As motivações de Chaco são suspeitas desde o início, mas ninguém podia adivinhar quanto perturbado ele de facto é. O quarteto luta pela sobrevivência, e a forma como se unem, apesar das suas diferenças, forma o núcleo emocional do filme. Gradualmente começamos a admirar este grupo díspar e a sua tenacidade, e quando o romance floresce entre Stubby e Bunny, temos um desenvolvimento verdadeiramente comovente.
Lucio Fulci trabalhou em vários géneros, desde os anos 60, até aos anos 80, mas é mais conhecido pelo trabalho no terror graficamente violento do final dos anos 70 e início dos anos 80, particularmente, filmes como Zombie (aka zombi 2) (1979) e o genuinamente horrorizante The Beyond (1980). Fulci nunca foi conhecido pela sua sutileza - é muito melhor na orquestração de um close-up de um globo ocular a ser espetado, do que a criar uma relação entre dois personagens humanos. No entanto, de alguma forma, ele aqui consegue fazer as duas coisas, chocando-nos com um close-up gráfico de Chaco alegremente a cortar a pele do tórax de um homem cativo, mas também nos aquece com as emoções que Stubby sente por Bunny. Também é muito facilitado pela fotografia de Sergio Salvati (que colaborou em nove outros filmes de Fulci, incluindo os mais famosos filmes de terror), que capta tão bem a beleza selvagem da paisagem desolada como a sua ameaça. 

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Condenados a Viver (Condenados a Vivir) 1972



Desde o frame inicial que sabemos que vamos ter um dos mais sombrios de todos os spaghettis, quando somos introduzidos a um gang de prisioneiros a ser transportado de uma profunda mina de ouro no meio das Montanhas Rochosas com o início do inverno no horizonte. A meio da viagem, a caravana onde seguem é atacada por bandidos que pretendem o ouro, que por sua vez matam a maioria dos guardas. Com o transporte destruído resta apenas um soldado solitário com a sua filha mais nova para liderar o bando acorrentado para um acampamento militar ... mas com apenas seis balas, e um rígido inverno como pano de fundo, a tarefa não vai ser fácil. "Condenados a Vivir" vive da sua reputação de ser violento e sangrento ao ponto de ser considerado o mais violento de todos os spaghettis. O realizador Joaquín Luis Romero Marchent não poupa despesas para mostrar às audiências close-ups de crânios esmagados e cadáveres queimados. Lucio Fulci por certo que gostaria de ter feito este filme. O que torna o gore e a violência muito mais perturbadora é o tom sombrio da fotografia. Marchent vai ainda mais longe não permitindo que quaisqueres cores vivas e alegres nos sejam mostradas. Imaginem um filme com o tom de "The Great Silence", com Fulci a dirigir e o resultado está à vista. Na sua versão original no cinema o filme foi promovido com uma espécie de "máscaras de terror", P para os espectadores Grind House protegerem os olhos durante os momentos mais violentos. "Condenados a Vivir" goza de uma enorme reputação de filme de culto, especialmente entre os devotos do filme de terror. A produção é espanhola, e a realização, a cargo de Joaquín Luis Romero Marchent, que não é um nome imediatamente reconhecível (embora tenha feito um ou dois outros notáveis westerns e um giallo) Merchant parece incerto de para onde levar as suas personagens predominantemente de passado obscuro. Posteriormente, após o grande início do estilo "Sierre Madre" a abrir o filme, rapidamente torna-se bastante lento e episódico - como atolar no terreno dos seus protagonistas. O elenco, formado por actores de segundo plano, mas com alguma experiência no género, também não ajudou muito.

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