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quinta-feira, 16 de janeiro de 2014
À Aventura (À l'Aventure) 2008
Sandrine está aborrecida com a sua confortável existência de classe média numa cidade da provincia. Finalmente, cansada dos rituais diários e compromissos intermináveis que limitam a sua liberdade, deixa a casa e o namorado e sai em busca de aventura. Ela começa por conhecer um jovem psiquiatra que acontece partilhar da sua sede de paixão e auto-realização através das mais intensas experiências sensuais...
Os três filmes que compõem a trilogia da exploração da sexualidade feminina e o tabu, de Jean-Claude Brisseau, tem sido marcados por uma controvérsia extraordinária que acabou por prejudicar o seu propósito e lançado dúvidas sobre os seus métodos. Acusado de assédio sexual por duas actrizes depois do primeiro filme (Choses Secrètes), o segundo filme da trilogia acabaria por ficar comprometido pelo realizador sentir a necessidade de se explicar e os seus métodos, sugerindo ainda que a sua grave exploração de um assunto tão proibido e esotérico como a sexualidade feminina tinha desencadeado forças místicas negativas contra ele para provocar a sua queda. Destemido, Brisseau completa a trilogia com "À l'Aventure", e embora ainda fixado em misticismo sexual e, finalmente, um tanto mais simplicista no seu argumento, o filme, no entanto, recupera um pouco da intenção séria da sua obra.
No contexto da trilogia, então, o título "À l'Aventure" sugere claramente a crença na força libertadora da exploração sexual, ou pelo menos a ambição de lutar pela sua realização. Para os personagens do filme, há uma série de fatores inibidores de condicionamento social e modernos estilos de vida burguesa que os impedem de alcançar esse aspecto vital das suas vidas, mas o principal obstáculo para as mulheres, o que está em causa é claramente a instituição do casamento. É uma armadilha que Sandrine (Carole Brana), observando a insatisfação dos casamentos dos seus amigos e a sua própria relação de rotina com o namorado, deseja escapar. Incapaz até mesmo de dar prazer a si mesma, sem incorrer à ira do seu namorado inseguro, ela acaba por trocá-lo por um homem que encontra num café.
O casting foi o aspecto mais problemático de l'Aventure, o assunto polémico não conseguir atrair actores de qualidade que se encaixassem nos papéis e fizessem justiça ao material. E num filme cujo objetivo era inspirar toda a exploração de outras vias sexuais, é uma grande falha pois há pouco sentido de qualquer verdadeira liberdade, alegria ou libertação aqui expressa.
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quarta-feira, 15 de janeiro de 2014
Os Anjos Exterminadores (Les Anges Exterminateurs) 2006
"Les Anges Exterminateurs",de Jean-Claude Brisseau, começa em San Francisco no Roxie Cinema, e é baseado em eventos que supostamente ocorreram durante e depois do seu filme de 2002, Coisas Secretas (aka Choses Secrètes), onde o realizador foi acusado de assediar sexualmente jovens atrizes, obrigando-as a masturbarem-se durante as audições. Foi multado, mas nunca chegou a ser preso. Aqui, ele conta a história de um realizador de cinema, François (Frédéric Van Den Driessche), que tem intenção de fazer um filme sobre a sexualidade feminina. Infelizmente, a sua ideia de sexualidade feminina joga muito com as lúgubres fantasias lésbicas de um homem. François entrevista várias jovens mulheres. Muitas recusam os seus pedidos de se exibirem para ele, mas acaba com três actrizes aventureiras, Charlotte (Maroussia Dubreuil), Julie (Lise Bellynck) e Stéphanie (Marie Allan), e cada uma delas começa a agir se uma forma obsessiva, cruel e depravada, enquanto François observa. (aparentemente ele não tem autoridade como realizador sobre elas.) Dormem juntos para a audição, decidem que gostam e continuam a dormir juntos, tocam-se, e muito mais.
Como acontece em Coisas Secretas, Brisseau recusa-se a deixar o filme caír em exploitation. Continua a insistir que está a fazer algo artístico e/ou verdadeiro, levando o filme para terrenos perigosos: o pretensionismo. O olhar da câmera de Brisseau é análogo ao voyeurismo de François, interligando o processo com um tom autobiográfico, e a presença de anjos/demónios que assistem e comentam sobre (e manipulam?) François e as suas actividades, a principal preocupação é a dinâmica compartilhada entre o observador e o observado. É uma relação multifacetada sobre a qual Brisseau não está interessado em dar respostas concretas, mas sim, com este, um filme quase pornográfico, e estranhamente metafísico, criando uma mistura de confusão, medo, e emoções.
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domingo, 12 de janeiro de 2014
Coisas Secretas (Choses Secrètes) 2002
Nathalie é uma dançarina de um clube noturno consciente do seu poder de sedução e Sandrine trabalha no bar. Ambas são despedidas e como Sandrine não pode pagar as suas despesas Nathalie convida-a para morar com ela. Tornam-se mais do que amigas e decidem conquistar as suas vidas profissionais, numa empresa tradicional, através do poder da sedução.
O que se segue é um aumento de tensão sexual carregado por duas femme fatales, o erotismo, ocasionalmente interrompido pela traição do costume, conivente com os jogos de poder da empresa. No entanto, quando elas finalmente têm o seu principal alvo Christophe (Fabrice Deville), o herdeiro playboy da empresa que têm em mira, este revela-se ser um adversário mais perigoso do que qualquer uma delas esperava.
Há um grande olhar sobre este filme, embora não tão exuberante como a de Kubrick em "Eyes Wide Shut". Há também um elemento subjacente na fantasia, todo o filme é narrado do ponto de vista de Sandrine, e ela conta a história para o público de um modo muito real. O realizador Jean-Claude Brisseau apresenta uma visão moderna intransigente e profundamente cínica do amor e do romance neste drama erótico bizarro que irá, sem dúvida, perturbar algumas pessoas. "Choses Secrètes" é ousado tanto na escolha do tema - a representação explícita de mulheres jovens e atraentes impiedosamente usando a sua sexualidade para destruir egos masculinos - como no seu conteúdo explícito (o que inclui orgasmos femininos simulados em grande quantidade e uma cena de orgia que parece ter sido inspirada por uma pintura de Hieronymous Bosch). Quando o filme cai, é na falta de realismo e na caracterização fraca das personagens, que roubam à história alguma credibilidade. Mesmo assim, Coisas Secretas é um filme absolutamente coeso, sendo a estrutura muito detalhada e bem calculada.
Este filme de Brisseau é o primeiro de uma trilogia estranhamente ligada, cada segmento filmado como um género diferente, desde o art house soft core, aos jogos de poder psicológicos. Como filme esquizofrénico não se coíbe de mostrar a sexualidade feminina. No festival de Cannes de 2003, ganhou o prémio de French Cineaste of the Year, e foi escolhido para melhor filme do ano pela revista Cahiers du Cinema, empatado com "Ten", de Abbas Kiarostami.
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