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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Wristcutters: A Love Story (Wristcutters: A Love Story) 2006



Os distribuidores ficaram longe de "Wristcutters: A Love Story" durante mais de um ano, aparentemente aterrorizados com o conteúdo do filme. Mas, depois da cena inicial de suicídio, o filme transforma-se numa fábula, uma comédia romântica on-the-road, reminiscente de  It Happened One Night. Aparentemente, depois de se matar, um homem acaba por ir parar a um sitio não muito diferente da terra, apenas um pouco mais sombrio e mais deprimente. As pessoas não podem sorrir, e a luz é um pouco mais brilhante, e com um maior contraste neste mundo.
Somos apresentados a Zia (Patrick Fugit), que apanha um colega de quarto chato, e um emprego numa pizzaria que parece a garagem de alguém. Ele conhece  Eugene (Shea Whigham), que curiosamente vive com toda a sua família. Juntos passam muito tempo a beber, até Zia se aperceber que a sua ex-namorada acaba de chegar. Partem então os dois para procurá-la e pelo caminho encontram uma bela mulher a pedir boleia, Mikal (Shannyn Sossamon), e não é preciso muito para Zia perceber que está ali o seu verdadeiro amor. Até lá Wristcutters tem um tipo de liberdade único, é um mundo onde a mortalidade significa pouco, e, talvez porque tudo é tão deprimente obriga as pessoas a procurarem uma vida melhor. Assim, Zia pode deixar o seu emprego na pizzaria, sem problemas. Afinal...quem se importa?
Mas o filme começa a desenvolver regras. Os nossos viajantes chegam a um acampamento onde peregrinos se reúnem para realizar milagres menores, tais como levitar ou fazer um fósforo acesso voar. Também encontram um auto-intitulado messias (Will Arnett), que pretende separar a sua alma do corpo e voltar para contar.
Primeira longa metragem do croata Goran Dukic, que adaptou o argumento de uma curta de Etgar Keret, mantém as coisas simples e engraçadas. É sempre o mesmo tom que prevade por todo o filme, que felizmente não presta muita atenção ás regras. Tom Waits tem um pequeno papel, na personagem de Kneller.

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O Tigre e a Neve (La Tigre e la Neve) 2005



Amor e lesões em tempo de guerra. Attilio de Giovanni (Roberto Benigni) ensina poesia em Itália. Ele tem uma mente romântica e as mulheres amam-no, mas está apaixonado por Vittoria (Nicolleta (Braschi) e não é correspondido. Todas as noites sonha casar com ela, de boxers e t-shirt com Tom Waits a cantar. Vittoria viaja para o Iraque ter com o amigo  Fuad (Jean Reno), um poeta, e é lá que eles estão quando a Guerra do Golfo rebenta. Vittoria fica ferida. Attilio deve chegar a ela, e dar-lhe a assistência médica que ela precisa. Em tempo de guerra, será que o amor conquista tudo?
O Tigre e a Neve é um filme romântico, abrindo com a balada "You Can Never Hold Back Spring", cantada pelo Tom Waits em pessoa. Escrito e realizado por  Roberto Benigni (o autor de A Vida é Bela), que também tem o papel principal como Attilio de Giovanni. Benigni, acostumado a interpretar o mesmo tipo de personagem em quase todos os filmes, transpõe a sua personagem de "A Vida é Bela" da Segunda Guerra Mundial para a Guerra do Iraque. Aqui, Benigni encarna um outsider, a deixar o seu frágil senso de coragem a desmoronar-se, tal como os edifícios da cidade de Bagdad.
Foi um filme bastante massacrado pela crítica na altura da estreia, tendo sido considerado dos piores filmes do ano por uma boa parte dos críticos, e mesmo pelo público foi um filme que passou ao lado de uma boa carreira. A sequência de abertura, com Tom Waits, é das melhores do filme. 

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Enron: The Smartest Guys in the Room (Enron: The Smartest Guys in the Room) 2005



A má fé que levou à destruição da enorme empresa Enron Corporation foi impressionante, não apenas por causa da irrealidade que cercava a empresa já há alguns anos. As coisas em Enron: The Smartest Guys in the Room  não começam particularmente bem, com cortes rápidos e a encenação do suicídio de um executivo da Enron.
Felizmente as coisas acalmam-se, e o que temos então é um retrato fascinante, embora limitado do seu ponto de vista. Fiel ao seu nome, Enron: The Smartest Guys in the Room foca-se nos responsáveis pela queda da Enron - especificamente o CEO Kenneth Lay, o COO Jeff Skilling, e o CFO Andrew Fastow - e o que eles fizeram para levar a empresa ao fundo. O filme documenta tudo isto através das notícias da televisão, videos de sessões privilegiadas da Enron, e entrevistas a ex-funcionários e aos autores do livro no qual o filme é baseado, Bethany McLean e Peter Elkind, ambos jornalistas da revista Fortune.
Quem acompanhou ao longe a falência da Enron pode encontrar neste documentário um bom passo-a-passo do caso. Quem já conhece todos os pormenores das fraudes, da valorização da companhia na Bolsa, dos enganos da distribuição de energia, ainda assim pode se estarrecer com o filme de Alex Gibney.
Já com uma carreira bem regada no campo do documentarismo, Gibney conseguiria aqui a sua primeira nomeação para o Óscar, que viria a ganhar em 2007, com Taxi to the Dark Side.
Tom Waits foi convidado para a banda-sonora, com a qual colaborou em 4 temas: "What's He Building in There?", "Straight to the Top (Vegas)", "Temptation" e "God's Away on Business"

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domingo, 16 de fevereiro de 2014

Domino (Domino) 2005



A filha de um actor e uma socialite, Domino Harvey, aborrecida com a vida que leva, decida juntar-se à equipa de Ed Moseby como caçadora de recompensas. Mas ela fica em apuros quando o dinheiro da máfia é roubado de um camião blindado, enquanto Moseby e a sua equipa participam num reality show produzido por Mark Heiss. A situação fica fora de controle quando os filhos de um mafioso rival são raptados enquanto o FBI monitoriza os dois gangs.
"Domino" é uma história vagamente baseada na vida de Domino Harvey, uma super modelo que se tornou caçadora de recompensas, e que também era filha do famoso actor Lawrence Harvey, nomeado a um Óscar pelo filme britânico "Room at the Top". Desde o início nota-se que o filme não está interessado em contar a história de uma pessoa, mas sim as aventuras de um grupo de pesonagens pulp, que só podiam existir na ficção.
Enquanto o realizador Tony Scott não fez um filme que permitisse à audiência compreender a verdadeira Domino Harvey como pessoa (ela nunca seria entendida na vida real - a verdadeira Domino morreu na pós produção deste filme, aos 35 anos, com uma overdose de cocaína), ele pegou no enigma da sua vida, e criou um retrato violento, semi-psicótico, a rebeldia da personagem. "Domino" homenageia a Domino da vida real por nunca deixar a realidade ficar no caminho de quem conta uma boa mentira.
Keira Knightley é a protagonista, num elenco que conta ainda com Mickey Rourke, Delroy Lindo, Mena Suvari, Jacqueline Bisset, e Tom Waits, que também forneceu duas canções para o filme.

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Café e Cigarros (Coffee and Cigarettes) 2003



Uma série de vinhetas no formato de curtas-metragens, construidas para criar o efeito cumulativo, já que os seus personagens discutem coisas tão diversas como a cafeina, Paris nos anos 20, o uso de nicotina e insecticida - as personagens passam todo o tempo sentadas a tomar café e a fumar. Jim Jarmusch investiga o ritmo normal do nosso mundo a partir de um ângulo extraordinário, e mostra o quão absorvente são as emoções, vicios e alegrias da vida, se forem bem observados.
"Coffee and Cigarettes" demorou mais de 17 anos em produção, filmado aos poucos, curta a curta, e é basicamente um conjunto de pequenas conversas entre celebridades, muitas delas interpretando-se a si próprias, enquanto se dedicam a tomar café e fumar cigarros. A maior parte das conversas são destinadas a ser divertidas, embora um toque de seriedade também seja adicionado, assim como algumas verdades sobre a amizade a fama e a família.
Grande parte do filme parece improvisado, mas outras são claramente escritas previamente, e nota-se algum amadorismo, difícil de decifrar por vezes. Alguns dos destaques incluem um Bill Murray em conversa sobre a nicotina e a cafeína, com dois membros dos Wu-tang Clan, RZA e GZA, ou então Steve Buscemi com uma louca teoria sobre um irmão de Elvis, em conversa com Joie e Cinque Lee (irmãos de Spike Lee). Depois temos o segmento que nos interessa, "Somewhere in California", com uma conversa entre Tom Waits e Iggy Pop.Waits e Pop partilham uma vinheta com um constrangimento agressivo/passivo com dois grandes músicos a desafiarem-se para encontrarem território em comum. Esta sequência foi filmada em 1995.
"Coffee and Cigarettes" acaba por ser um filme cativante, embora não chegue tão longe como outros filmes do realizador, como "Mystery Train" e "Night on Earth".

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sábado, 15 de fevereiro de 2014

Homens Misteriosos (Mystery Men) 1999



"Mystery Men" é sobre um grupo de pessoas normais que cultivam as suas melhores habilidades em "super poderes" para se tornarem super-heróis, e combaterem o crime na cidade. Embora tentem o seu melhor - Shoveler (William H. Macy) bate nas pessoas com uma pá,  Blue Rahja (Hank Azaria), o mestre dos talheres que atira garfos contra as pessoas, e  Mr. Furious (Ben Stiller) que apenas fica furioso e bate nas coisas (sim, eu disse coisas) - são mais propensos a se magoarem do que magoarem os inimigos. Ninguém quer saber deles porque a cidade já tem um herói, Captain Amazing (Greg Kinnear), que praticamente dizima o crime, e acaba sempre por salvar o dia. Amazing tenta capturar o super-vilão Casanova-Frankenstein (Geoffrey Rush), e acaba por ficar seu prisioneiro, e isto irá deixar o futuro da cidade nas mãos dos nossos "super-heros wannabe". A este grupo irá juntar-se mais alguns pretendentes a super-heróis.
 Única realização de Kinka Usher, foi um fracasso tanto nas bilheteiras como na critica. Um filme sobre super-heróis novatos que nunca chegou a ter a fanbase que realmente merecia. Até recentemente foi atirado para segundo plano, dado como exemplo de como não se fazer um filme de super-heróis. 
Existe aqui uma clara sátira. Desde os cenários amplos, ao estilo de Terry Gilliam inspirado nos prédios de Champion City. O objectivo é criticar tudo de mau que se fez nas transposições de bandas desenhadas para o cinema, e neste ponto "Mistery Men" consegue parodiar estes filmes muito bem. "Mystery Men" é uma comédia, e uma paródia. O que acontece quando as pessoas tentam ser o que não são, o que é irónico, porque é assim que as pessoas vêm o filme. Talvez tenha sido por isso que tenha passado tão ao lado na altura em que saíu, embora tenha tudo para se tornar num filme de culto.
Com muitos nomes famosos no elenco, marcava o regresso de Tom Waits às longas metragens, depois de um intervalo de seis anos, em que só participou numa curta metragem. Mesmo assim é um papel secundário.

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Basquiat (Basquiat) 1996



Basquiat conta a história da ascenção meteórica do jovem artista Jean-Michel Basquiat, começando como artista de rua. A viver numa caixa de cartão em Thompkins Square Park, Basquiat é descoberto pelo mundo da arte de Andy Warhol (aqui interpretado por David Bowie), e torna-se uma estrela. Mas o sucesso tem um preço alto, e Basquiat paga-o com a amizade, o amor, e, eventualmente, a sua vida.
"Basquiat" é um biopic realizado por Julian Schnabel, que conheceu o verdadeiro Jean-Michel Basquiat, e que iniciava aqui a sua carreira atrás das câmeras. Nascido nos anos 50, em Brooklyn, ficaria famoso nos anos oitenta como pintor neo-expressionista. No cinema, ficaria mais conhecido pela co-produção franco-americana "Le scaphandre et le Papillon", com a qual foi nomeada para o Óscar de Melhor Argumento.
O filme não podia ter sido feito sem Jeffrey Wright, numa brilhante interpretação. Mudando desde um punk sem-tecto a um artista ousado capaz de agradar à elite. Jean-Michel Basquiat era viciado em drogas, e tornou-se num fenómeno da arte antes de uma overdose de heroína dar cabo da sua vida. Infelizmente o filme acaba por não ter muito sucesso na transposição da vida emocional do pintor. A frustração do filme vem na tentativa de recriar a criança dentro do pintor, e estudar o homem por de trás da máscara. Wright interpreta-o como um homem sem medo. Num minuto ele é um anjo ferido em desacordo com o mundo, no outro ele é um malandro que parece nunca se preocupar com as pessoas. Vai buscar influências na mitologia de Rimbaud, Charlie Parker, Jimi Hendrix, e Jim Morrison, acabando por se aniquilar com drogas, juntando-se aos seus heróis no final. 
Um elenco muito interessante, com muitas caras conhecidas em papéis secundários: Michael Wincott, Benicio Del Toro, Claire Forlani, Dennis Hopper, Gary Oldman, Christopher Walken, Willem Dafoe e Courtney Love. Tom Waits colaborou na banda-sonora, com duas músicas: "Who Are You This Time" e "Tom Traubert's Blues (Four Sheets to the Wind in Copenhagen)".

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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Georgia (Georgia) 1995



Sadie (Jennifer Jason-Leigh) procura desesperadamente pela sua irmã mais velha, Georgia (Mare Winningham), que é uma cantora de sucesso. Sadie quer ser uma artista famosa como a irmã, mas corre-lhe sempre tudo mal. A sua necessidade de ser aceite pela irmã acaba por ser complicada, por causa do seu envolvimento no álcool e nas drogas. Georgia vive uma vida muito organizada, com o marido, filhos e casa, e Sadie faz o que pode para ser aceita por ela.
O realizador Ulu Grosbard consegue retirar um excelente desempenho das duas actrizes principais, em especial de Jennifer Jason-Leigh. O seu retrato de Sadie reflete muito bem toda a dor que se pode colocar numa simples personagem. No momento mais marcante do filme, ela sobe ao palco para cantar oito minutos e meio de uma versão de Van Morrison: "Take Me Back". A crueza emocional da interpretação de Jennifer Jason-Leigh tornam esta cena uma das mais marcantes de qualquer filme de 1995.
A chave para dissecar a complicada relação entre as duas irmãs é o dom infalível para o realismo intensamente focado, uma familiaridade profunda entre personagem e ambiente, raramente vista em filmes que não de Mike Leigh, e com uma abordagem mais rica e sofisticada do que nos filmes de Leigh. Grosbard é um sólido director de actores, usa as canções engenhosamente, e sem fazer um filme para quebrar todas as regras consegue fazer uma obra muito interessante. Das sete vezes que Grosbard dirigiu, três dos seus filmes valeram nomeações a Óscares de interpretações, uma delas aqui, para Mare Winningham, embora uma nomeação a Jason-Leigh também fosse justa.
Tom Waits colaborou com uma música da banda-sonora: "The Piano Has Been Drinking".

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Legenda em espanhol
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terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Fumo (Smoke) 1995



Personagens e subtramas são habilmente tecidas numa tapeçaria de histórias que só lentamente emergem à nossa vista..."Smoke" tenta convencer-nos de que a realidade não importa tanto como a satisfação estética. Na tabacaria de Auggie (Harvey Keitel), em Nova Iorque, o dia a dia passa aparentemente imutável, até que eles nos ensina a notar nos pequenos detalhes da vida.  Paul Benjamin (William Hurt), um escritor desmotivado e falido, tem um encontro com a morte, que vai gerar uma série improvável de acontecimentos que lhe vão dar luz para um novo livro, nesta rua da tabacaria de Auggie.
A essência de "Smoke" é que providencia um elemento pretendido por tantos outros filmes: personagens fortes, complexas, interessantes e difíceis. Toda a gente no filme tem algo a dizer, o que implica que o seu discurso seja sempre articulado, e que revele um pouco de si em cada sentença. A loja de cigarros da esquina é fundamental para estas interligações, uma janela para as vidas diárias de Brooklyn, e uma âncora que se estende muito no passado. A lenta libertação de cada personagem dá-nos tempo para crescer com eles, e apreciar as suas boas e más qualidades em vez de nos inundar com a habitual informação do início dos filmes. No entanto, esta abordagem leva-nos a um ritmo contido que ocasionalmente se torna pesado e difícil. O argumento não flui continuamente por causa do corte, do filme, deliberado, em secções, que servem para juntar as histórias.
"Smoke" foi rodado em conjunto por Wayne Wang e o novelista Paul Auster, que voltariam a trabalhar juntos em "Blue in the Face". Além de Keitel e Hurt, o elenco contava ainda com Giancarlo Esposito, Harold Perrineau, Forest Whitaker e Stockard Channing. Tom Waits colaborava na banda sonora, com 2 temas: "Downtown Train" e "Innocent when you dream".

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Short Cuts - Os Americanos (Short Cuts) 1993



Helicópteros trovam pelo ar de Los Angeles. Cá por baixo, em cada casa, em cada apartamento, está a ser vivido um drama individual. Como em qualquer outro sitio, ou outro tempo da história, há alegria, tristeza, ciúmes, medo, reconciliações, dor e morte. Com "Short Cuts", um filme de Robert Altman baseado em nove curtas histórias e um poema do falecido Raymond Carver, à audiência é dada uma pequena parte de todas essas histórias.
A infidelidade assombra dois casamentos, enquanto que um acidente com o filho de outro casal traz às suas vidas uma viragem abrupta. Três pescadores amigos encontram o corpo de uma menina a flutuar perto do seu acampamento de pesca. Outro casamento, em que o marido vive preocupado sobre a escolha de carreira da esposa, que gere uma empresa de sexo pelo telefone. E ainda temos um homem que decide ensinar a sua ex-mulher o conceito de dividir as coisas, e uma mãe e uma filha que descobrem a dor que pode vir de não comunicarem. Vinte e duas personagens e dez histórias - seria preciso um mestre para entrelaça-las todas num filme harmonioso. Robert Altman não só aceitou esta difícil tarefa, como saíu vitorioso.  
Altman revisitando o território de Nashville, um conjunto de histórias amargas em redor de um festival de música, onde ordenadamente reuniu todas as personagens num único acontecimento trágico. Mas em "Short Cuts" ele tentou algo mais corajoso, e mais evasivo, ao alcançar uma busca vã por algo mais significativo. Desta vez, a cena final foi muito menos conclusiva, mas até lá ele vai sacudindo os personagens. Cada uma das histórias apresentadas em Short Cuts (excepto, talvez, uma) dariam o seu próprio filme. Há facetas em cada personagem que são deixadas por explorar (não por acaso), e de certa forma, ainda esperamos mais quando os créditos finais começam a correr. Isto apesar das três horas de duração do filme.
Ao contrário de Nashville, Short Cuts não tem um objectivo final ou uma mensagem fácil. É um grande filme sobre um pequeno mundo, onde as pessoas se levantam todas as manhãs, em busca de coisas que as façam felizes, tentando evitar as coisas más. Por vezes esta busca corre mal, e acaba por se tornar em algo mau. É a vida.
Tal como no filme anterior (O Jogador), Altman reuniu um elenco grandioso à sua volta. Não vou falar em nomes, a não ser que Tom Waits faz parte do elenco, como Earl Piggot. Tentem descobri-lo.

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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Drácula de Bram Stoker (Bram Stoker's Dracula) 1992



Esta versão de Drácula é vagamente baseada na história de Bram Stoker do mesmo nome. A Jonathan Arker (Keanu Reeves), um jovem advogado, é atribuída a tarefa de de deslocar a uma distante e sombria aldeia, nas brumas do leste europeu. É capturado e aprisionado pelo morto-vivo vampiro Drácula (Gary Oldman), que viaja para Londres, inspirado pela fotografia da noiva de Harker, Mina Murray (Winona Ryder). Em Inglaterra, Drácula começa um reino de sedução e terror, drenando a vida da melhor amiga de Mina, Lucy Westenra. Os amigos de Lucy juntam-se para tentar destruír Drácula.
É difícil ignorar o apelo universal dos vampiros. Ostensivamente, o terror gótico nasceu em 1816, nas férias de verão compartilhadas por Mary e Percy Shelley, Lord Byron, e o Dr. John Polidori no Lago de Genebra, na Suíça. Foi aqui que Mary Shelley escreveu Frankenstein, e as sementes foram semeadas para a actualização de Polidori dos vampiros do folclore, na versão moderna chamada The Vampyre. Em 1897, Bram Stoker publicou o seu quinto romance, Drácula, e influenciou, e de que maneira, toda a cultura pop até aos dias de hoje.
A história de um aristocrata, um conde, que bebe sangue para sustentar a imortalidade, é um monstro que agora é um clássico, mas Coppola pegou nessa personagem e mudou-o para um reino de um herói trágico. Como Gary Oldman descreve a sua abordagem ao personagem principal do filme: "O sangue é a vida", e Oldman tentou interpretar o personagem-título como um anjo caído. Brincando com a sua própria forma, defraudando a mais liberal de todas as artes, confundindo a sua cronologia e por vezes confundindo o seu próprio enredo, e quase cruelmente disposto a pôr a nu as limitações e vulnerabilidades de um elenco improvável de apoio. Drácula de Bram Stoker é feito em partes iguais de loucura e terror, e a sua própria definição de amor equivale a uma fusão destes dois elementos, cada uma bebendo livremente da outra.
Mas este é um filme de Coppola. Um mestre saboreando claramente a oportunidade de colocar a sua marca num produto mais mainstream, e pinta um quadro com uma paleta de cores vivas e preenche as suas perfomances com interpretações de classe. Os aspectos técnicos são todos de primeira linha, com menção especial a Roman Coppola (filho de Francis), que foi encarregado de criar os efeitos visuais, o Designer de Produção, Thomas E. Sanders, e o Diretor de Arte, Andrew Precht. Uma menção também deve ser feita para Eiko Ishioka, que, junto com toda a sua equipa de make-up, e trouxe a estes personagens uma grande vibração.
Um grande destaque para o elenco. Gary Oldman, Winona Ryder, Anthony Hopkins, Keanu Reeves, Richard E. Grant, Cary Elwes, Monica Bellucci, e Tom Waits. Habituado já a trabalhar com Coppola, Waits tem aqui o papel de Renfield, um servo de Drácula.

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Coração Americano (American Heart) 1992



Jack (Jeff Bridges) está de saída da cadeia, e conhece o seu filho adolescente: Nick (Edward Furlong). A relação entre os dois vai ser complicada, porque Jack tem um problema com o álcool, mas o seu amor pelo filho vai ajudá-lo a ultrapassar o passado, e alcançar os seus sonhos.
Martin Bell tinha sido responsável por "Streetwise", o corajoso documentário sobre as crianças da rua, um dos melhores sobre este assunto. A sua experiência ajudou-o nesta sua primeira, e única, longa-metragem para o cinema, embora o argumento estivesse um pouco ligado às convenções de Hollywood. Outro ponto em comum entre "Streetwise" e este "American Heart" é exactamente a banda sonora. Uma vez mais Bell convidou Tom Waits para a banda sonora, colaborando aqui em 5 temas: "I'll Never Let Go of Your Hand", "Jack's Flashback Theme", "Additional Music", "I'm Crazy 'bout My Baby" e "Jersey Girl".
Quando Martin Bell fez "Streetwise" ele conjurou um mundo de golpes inteligentes e estratégicas de sobrevivência que pareciam boas demais para ser verdade. "American Heart" desenvolve-se num cenário semelhantemente colorido, com grandes semelhanças com o seu filme anterior, e o mesmo espírito corajoso.
Vale sobretudo pelo brilhantismo dos dois actores principais do filme, pai e filho na tela. Jeff Bridges, que demonstrava ser um dos actores principais da sua geração, e um muito jovem Edward Furlong, que havia brilhado (e estreado) no ano anterior, em "O Exterminador Implacável 2 - O Dia do Julgamento". O resto do elenco era formado, na sua maioria, por actores estreantes, que acabaram por trazer uma grande dose de realismo ao filme. As canções que são ouvidas no filme são de Tom Waits, cuja voz grave e desolada são a aura equivalente  ao que se passa na tela.
Filme sem legendas. 

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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Leolo (Leolo) 1992



O jovem Leo Lauzon vive dividido entre dois mundos, a esquálida Montreal onde ele habita com a sua família disfuncional, e o mundo imaginário que ele constrói para si próprio através da sua escrita, onde é Leolo Lozone, filho de um camponês siciliano (concebido num acto bizarro envolvendo um tomate). E a sua experiência de crescimento (especialmente o seu desenvolvimento sexual), afecta a sua resposta a estes dois mundos...
Enquanto testemunha a decadência da família ao seu redor, Leolo retrai-se para si próprio e para o mundo à sua volta. Em resposta à estranheza da sua vida diária, Leolo cria uma enorme confusão mental, que Lauzon transforma numa série incrível de imagens surreais. Eventualmente, este equilíbrio precário entre realidade e fantasia quebra, e Leolo é hospitalizado depois de tentar matar o seu avô.
Semi-autobiografia do canadiano Jean-Claude Lauzon, o último filme que fez antes da sua morte prematura, num acidente de avião, em 1995. É uma obra poderosa e única, que provavelmente nunca irá envelhecer. Dramatizando a ténue linha entre a arte e a loucura, é um dos filmes mais originais do seu tempo, audacioso, imaginativo, perturbador, ainda que extremamente compassivo.
A banda sonora de Tom Waits ressalta o arco narrativa do colapso de Leolo. O filme ganhou vários prémios, depois de passar por vários festivais.

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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Noite na Terra (Night on Earth) 1991



Uma antologia de cinco histórias envolvendo taxistas em cinco cidades. Los Angeles - Um agente talentoso do mundo do cinema descobre que o seu taxista poderia dar um excelente actor, mas este está relutante em deixar a sua profissão segura. NewYork - um taxista imigrante vê-se continuamente perdido numa cidade e numa cultura que não entende. Paris - uma jovem cega vai de boleia com taxista da Costa do Marfim, e pelo caminho falam sobre a vida e a cegueira. Roma - um taxista apanha um homem doente, e fala-lhe sobre a morte. Helsinquia - um trabalhador industrial e os seus compatriotas discutem a desolação, o amor e a morte numa viagem de taxi.
O humor perspicaz de Jim Jarmusch, com as suas simplistas observações da vida humana dão corpo a esta co-produção internacional, uma ambiciosa antologia em cinco partes, com as histórias de cinco taxistas em cinco cidades diferentes, numa única noite de inverno. Jarmusch já tinha experimentado este sistema de várias histórias em várias linguas diferentes no seu filme anterior, Night on Earth, mas aqui estende a sua lógica negando qualquer ligação entre as histórias. Se há alguma coisa em comum entre estes cinco contos diferentes, é porque reconhecemos a humanidade partilhada entre os vários personagens, apesar das suas grandes diferenças. 
A câmera parece confinada ao interior de cada táxi, com apenas alguns shots estáticos de cada cidade, apenas para definir os exteriores onde o filme está a ser filmado. Jarmusch balanceia o filme habilmente ente o humor e a emoção, mas aqui ele tem mais espaço para espalhar a sua magia. Como qualquer boa colecção de curtas, Night on Earth funciona bem nos campos macro e micro, dando-nos breves instantes de humanidade, e de seguida monta-as numa colagem que dá um ambiente diferente a cada história, engraçada ou triste, num contexto humano partilhado.
Um elenco internacional de luxo, do qual fazem parte Gena Rowlands, Winona Ryder, Armin Mueller-Stahl, Giancarlo Esposito, Rosie Perez, Béatrice Dalle e Roberto Benigni. Tom Waits não participou no filme, mas ajudou na banda sonora, com duas canções: "Back in the Good Old World" e "Good Old World".

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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

A Brincar nos Campos do Senhor (At Play in the Fields of the Lord) 1991



Martin e Hazel Quarrier são missionários fundamentalistas enviados para a selva da América do Sul para converter os índios. Esta difícil missão foi tentada antes pelos católicos, que acabaram por ser assassinados pelos nativos. Eles são enviados por Leslie Huben, que dirige as missões na área, mas que parece mais preocupado em competir com os rivais católicos do que converter os nativos. Hazel fica com pavor dos indíos, enquanto Martin fica fascinado. Entretanto, o piloto americano Lewis Moon junta-se à tribo, e fica atraído pela jovem esposa de Leslie. Pode a interacção destas personagens e culturas, e o avanço da civilização evitar o desastre?
"At Play in the Fields of the Lord" é um filme provocativo sobre o conflito cultural, o poder, o progresso, e as terríveis consequências do pensamento messiânico. Foi levado ao cinema pelo produtor Saul Zaentz, também responsável pelas versões de "One Flew Over the Cuckoo's Nest", "Amadeus", e "The Unbearable Lightness of Being". Ele vê este drama como um estudo sobre o poder, a ganância e o pensamento do homem que pode mudar o mundo, mas também é o resultado do preço que os povos indígenas pagam para ser ajudados. Também é sobre a compaixão como um recurso espiritual como um longo caminho para abrir os nossos corações e mentes a outras pessoas e lugares.
Realizado por Hector Babenco, contava com um elenco de luxo: Tom Berenger, John Lithgow, Daryl Hannah, Aidan Quinn, Tom Waits, Kathy Bates, e alguns actores brasileiros, como Nélson Xavier, Stênio Garcia e José Dumont. 

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O Rei Pescador (The Fisher King) 1991



Jack Lucas (Jeff Bridges) é um DJ de rádio e o homem da cidade, prestes a tornar-se a estrela da sua própria sitcom. Tudo lhe corre bem e a sua influência no ar é tão grande como o seu ego. O seu mundo desmorona quando um homem influenciado por uma resposta sua no ar comete um monstruoso acto e consegue colocar as culpas em Lucas. Três anos depois vamos encontrá-lo como um bêbado suicida e depressivo, vivendo o que poderia ter sido a sua vida se não tivesse estragado tudo. Conhece Perry (Robin Williams) um estranho que parece quase tão louco como ele, e de certa forma parecem estar ligados.
Os dois tentam ajudar-se um ao outro, para se verem livre das suas misérias.
O ex-Monthy Phyton Terry Gilliam realiza um filme que é mais humanista e menos fantasiasta do que a sua obra prima, Brazil. Mesmo tendo em conta que a luta de Perry é da grandeza de um Rei Artur, os cenários de Nova Iorque do inicio da década de noventa, e o drama que representa, parecem ser temas dificeis de se ver em Gilliam. Apenas o parece porque a abordagem pessoal de todo o filme pode parecer um pouco Felliniana ou perturbadora, mas o uso de ângulos de câmara invulgares e as transições entre a fantasia e a realidade são assuntos muito bem tratados aqui. Assim como os melhores filmes de Fellini foram uma grande influência em Gilliam.
As palavras têm um poder potencialmente devastador,  e é esse fenómeno que desencadeia o filme de Terry Gilliam, uma mistura pecualiar de drama e comédia que explora as dificuldades da culpa e do poder da cicatrização. É acompanhado por grandes interpretações, que valeram um Óscar de Melhor Actriz Secundária a Mercedes Ruel, e as grandes interpretações do duo Bridges/Williams. Por fim, temos Tom Waits, num papel muito secundário, como veterano da guerra. 

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terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Uma Ponte em Nova Iorque (Queens Logic) 1991



Al, Dennis e Elliot são três amigos de infância que se juntam para o casamento de um quarto, Ray, que pode ou não pode acontecer, e acabam numa viagem através no tempo através da realidade. Durante um fim de semana tumultuoso, e louco, enfrentam a idade adulta e a eles próprios com uma nova maturidade e descobrem o que é a "Queens Logic".
É impossível ver este filme sem o dissociar de "Os Amigos de Alex", de Lawrence Kasdan. Tal como neste filme, o argumento dá aos personagens, na maioria na casa dos 30, uma hipótese de avaliar como vão as suas vidas, e como gostariam que fossem. Partilhamos a curiosidade deles, mas pelo menos nos primeiros 30 minutos, queremos saber quem são estas pessoas, e o que significam uns para os outros. O argumento de Tony Spiridakis introduz-nos um grande número de personagens, sem ordem aparente, que se movem casualmente entre as histórias. Gradualmente vamos ficando a conhecer quem eles são, e de que forma estão relacionados. Até ao final do filme, onde realmente nos vamos preocupar com eles.
Realizado por Steve Rash, e tal como "Os Amigos de Alex", tinha uma série de estrelas no elenco, de uma geração mais recente do que do filme de Lawrence Kasdan. Kevin Bacon, Linda Fiorentino, John Malkovich, Joe Mantegna, Tom Waits, Chloe Webb, e Jamie Lee Curtis.
Filme sem legendas. 

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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Big Time (Big Time) 1988



Trazendo o seu sentido de humor único, para esta esta bizarra e original peça de cinema, Tom Waits leva o público através de uma viagem musical com as suas melodias.
Algumas obras de não-ficção tentam ensinar às pessoas coisas novas, enquanto outras tentam apenas pregar aos convertidos. "Big Time" é um documentário-concerto que cai claramente no segundo grupo. Mais uma indulgência do que um concerto, "Big Time" foi filmado durante a tournée de 1987, contendo partes ou inteiras, de 22 canções que fazem parte do repertório do artista. Algumas destas músicas são muito boas, mas nem sempre são audíveis, uma vez que Waits deixou atrás de si um retrato de uma persona difícil. Começou com uma promissora carreira como compositor/cantor, mas depressa descobriu que o seu público preferia-o como um narrador obcecado e cansado do mundo.
"Big Time" abrange um período da carreira de Waits que muitos fãs consideram seminal, o período cobrindo os albuns clássicos "Swordfishtrombones" (1983), "Rain Dogs" (1985), e "Franks Wild Years" (1987). Enquanto que os albuns anteriores eram muito mais poéticos, aqui teríamos uma grande viragem, e seria quando a sua voz rouca passaria a ser conhecida. "Big Time" não é um mero filme-concerto. Dirigido por Chris Blum, tenta colocar Waits em muitas outras frentes para além de performer.
Gravado no San Francisco's Warfield Theater, não tem legendas.

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Na Pele do Urso (Bearskin: An Urban Fairytale) 1989


Johnny Fortune (Damon Lowry) não é bom para ninguém, e não está preocupado com isso. Deixou para trás a namorada porque um gang de um Casino anda atrás dele por roubar dinheiro. Em fuga, arranja trabalho num pequeno teatro de marionetes, onde o seu trabalho é fazer publicidade ao espectáculo com um fato de urso. Para ele este trabalho é óptimo, já que a fantasia de urso ajuda-o a manter-se escondido, mas os mafiosos do casino em breve vão conseguir apanhar-lhe o rasto. É uma sorte para ele que o casal proprietário do pequeno ser uma dupla bastante engenhosa: Tom Waits e Julia Britton.
Realizado a quatro mãos, por um realizador português, Eduardo Guedes, e a sua esposa, inglesa, Ann Guedes, Bearskin não é, no entanto, um filme português. O realizador pertence à primeira geração do chamado "cinema novo" português, tendo partido para Londres para estudar cinema como fizeram nomes tão díspares como César Monteiro, Seixas Santos ou Fernando Matos Silva, mas fixou-se depois em Inglaterra, ao contrário dos seus companheiros, que fizeram a viagem de regresso. Em Inglaterra casou com  a co-realizadora deste filme, e ao longo de mais de 20 anos trabalharam, sobretudo, na área do documentarismo, e foi ao cinema britânico que se ligou. Se olharmos para "Bearskin - An Urban Fairytale" poderemos verificar largos pontos de contacto com a sua contade de testemunho da realidade social britânica, aqui transviada por um sopro fantástico, é certo, mas de cujos parâmetros está muito mais próximo dos caminhos recentes do mais moderno cinema português.
Tom Waits tem um dos papéis centrais do filme,  e do elenco faz ainda parte outra lenda do cinema português, Isabel Ruth.
Filme muito raro, sem legendas.

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Comboio Mistério (Mystery Train) 1989



Em "Mistery Train" temos três história que se cruzam na mesma noite. A primeira vai encontrar dois turistas japoneses, Jun (Masatoshi Nagase) e a namorada Mitzuko (Youki Kudoh), que saem de um comboio para visitar os famosos Sun Studios, onde Elvis, entre outros, gravaram os seus primeiros singles. Sentados no hotel, eles discutem quem inventou o rock'n'roll, ou Elvis ou Carl Perkins, e conversam sobre a noite aberta do Tennessee. Na segunda história vamos encontrar Luisa (Nicoletta Braschi), uma jovem viúva que fica em Memphis durante uma noite para levar o corpo do seu marido de volta para Itália. Forçada a dividir o quarto com  DeeDee (Elizabeth Bracco), acorda para encontrar o fantasma de Elvis, no seu quarto. Finalmente, o ex-namorado de DeeDee, Johnny (Joe Strummer), assalta uma loja de bebidas com os dois cúmplices Will (Rick Aviles) e Charlie (Steve Buscemi). Em fuga, escondem-se no mesmo hotel, até as coisas acalmarem. Cada uma destas histórias está interligada pelos personagens de Cinque Lee e  Screamin' Jay Hawkins, dois funcionários do hotel que verificam os hóspedes de noite, e de manhã.
Tal como nos primeiros filmes de Jim Jarmusch (Stranger than Paradise e Down by Law), o seu quarto é mais uma obra que emprega uma história por segmentos em vez de uma narrativa continuada e fluída, que levou alguns detractores a insinuarem que Jarmusch não seria capaz de contar uma história. Mas na verdade, Jarmusch estava à procura de mais do que uma história, e o seu filme sustenta um clima de desencanto e desilusão, vistos através de diversos pontos de vista. Se existe alguma falha é porque o ambiente depressivo acaba por sobrecarregar o humor pouco expressivo do realizador.
Jarmusch conta-nos uma história da América que tem tanto de lendária como é povoada por lendas. É um pouco do que Ford fazia com o seu actor preferido (John Wayne) e o deserto do Arizona, Jarmusch tem uma américa moderna,  de restaurantes, motéis, e bares de música jazz. Retrata-nos o lendário Elvis como um homem decente e trabalhador, brilhando ao luar como um fantasma, mas, acima de tudo, fala-nos sobre as pessoas que acreditam nessa lenda, e num hotel que mantém essa lenda viva.
A participação de Tom Waits foi menor. Apenas ouvimos a sua voz, como o DJ da rádio.

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