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terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Star Spangled to Death (Star Spangled to Death) 2004

Se em "Tom, Tom, the Piper’s Son" Ken Jacobs desconstruiu um velho filme mudo para a frente e para trás, separando e recontextualizando de todas as formas possíveis, em "Star Spangled to Death" vamos encontrá-lo de novo a trabalhar com "found footage", apresentando uma variedade de fontes que ofuscam a verdade, destacando a hipocrisia e distraindo-nos dos nossos verdadeiros problemas. Desenhos animados, discursos de Nixon, bobines "educativas" mostrando filmes... tudo junto para criar uma enorme carga de ruído. Por vezes contém interjeições cómicas, com som ou legendadas, ou um breve clip para criar um contraste ou alegoria. Outras vezes estes pedaços são-nos mostrados intactos, e tendem a ser mais problemáticos. Para um filme não-narrativo com uma duração tão prolongada (mais de 6 horas), é surpreendentemente atraente, mas alguns dos componentes testam a paciência do espectador, indo parar a meia hora, ou mais com poucas interrupções. Aqui, o filme funciona mais como uma colagem do que uma montagem, mas para ser justo, estes segmentos tornam o material mais interessante, por vezes repugnante, por vezes divertido, por vezes ambos. 
Os alvos de Jacobs são muitos: racismo, exploração, capitalismo, ganância, Nixon, Rockefeller, Islão, Israel, religião, a Guerra do Iraque, e, principalmente, a administração de Bush. Por vezes as suas abordagens são complexas, as suas promessas sobre Israel reconhecem os verdadeiros problemas que estavam a tentar resolver, e os verdadeiros problemas que a administração de Bush criou. Na luta contra o racismo são incluídos uns desenhos animados extremamente horríveis: “Uncle Tom and Little Eva,” mas também inclui clips de Oscar Micheaux e Al Jolson. Jacobs está ciente de que Micheaux foi um dos primeiros cineastas negros, e de que Jolson estava longe de ser um racista.
Não é um filme para toda a gente. O seu conteúdo enfurece contra a passividade e a complacência entre o público, mas é indispensável para os amantes do cinema vanguardista, e para quem quiser compreender os ensaios audiovisuais.

Parte 1
Parte 2
Parte 3
Parte 4
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Tom, Tom, the Piper's Son (Tom, Tom, the Piper's Son) 1969

"Tom, Tom, the Piper’s Son" de Ken Jacobs, é uma remontagem seminal de uma curta de 1905, com o mesmo título, que transforma o que era essencialmente uma cena de perseguição prolongada apresentando uma multidão cómica de aldeões numa meditação sobre a forma como vemos os filmes. Certamente que o filme reforça a noção tão profetizada de que um dos objectivos do cinema de vanguarda é treinar o espectador para ver ver cinema, e o próprio mundo, com outros olhos. Depois de nos fornecer a curta no seu formato original Jacobs re-expõe o filme ao público continuamente, mostrando uma miríade de detalhes que seriam impossíveis de se notar em apenas uma visualização, andando para trás e para a frente, fazendo zooms, para chamar a atenção do espectador. A partir destes close-ups vai-se criando uma perspectiva alternativa sobre os eventos da curta, mostrando que a linguagem cinematográfica não é tão linear como parece.
A abordagem de Jacobs tem o curioso efeito de simultaneamente abstrair e detalhar o conteúdo do filme que assistimos. Como espectadores, ficamos  a par dos detalhes que nos escaparam na nossa visão inicial, cuja memória coloca um número surpreendente de elementos no contexto. 
Ken Jacobs é um pintor expressionista abstracto de Nova Iorque, que se arriscou pelo mundo do cinema experimental, com uma carreira que já dura desde os anos cinquenta até aos dias de hoje.

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