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sexta-feira, 28 de agosto de 2020

El Sopar (El Sopar) 1974

 2 de Março de 1974, foi uma data chocante na história de Espanha. Nesse dia foi executado Salvador Puig Antic, um anarquista militante. Nesse mesmo dia, Pere Portabella reuniu cinco homens que tinham sido presos políticos, num jantar, e na mais absoluta clandestinidade, arriscando a sua pele apenas para filmá-los a falarem sobre as suas experiências na prisão, a greve de fome e a sua luta. 
A proposta deste filme é a abordagem à problemática do preso político em longos períodos de reclusão. Por motivos de segurança as filmagens ocorreram numa casa de campo distante de Barcelona, onde os prisioneiros Lola Ferreira, Narcís Julian, António Marin, Jordi Cunil e Ángel Abadque, que cumpriram condenações, partilharam as suas experiências com a imprensa. O jantar começa  a tratar criticamente a greve de fome, como uma forma extrema de luta, e termina quando a última intervenção de Lola Ferreira deixa os restantes intervenientes sem palavras. 
A resistência anti-Franco num documento fascinante e excepcional (anto no conteúdo como na forma de vanguarda) sobre o fim da ditadura e os acontecimentos anteriores à transição.
Legendas em inglês.

quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Cuadecuc, Vampir (Cuadecuc, Vampir) 1971

Uma combinação onírica de estilos como: documental, narrativo, experimental e ensaio, é um dos principais filmes do cinema espanhol contemporâneo. Filmado durante o set do filme de terror de Jesus Franco, "Conde Drácula" (1970), e com a estrela desse filme Christopher Lee, é uma astuta alegoria política sobre o General Franco e uma gentil homenagem aos primeiros filmes do mítico vampiro, particularmente aos de Dreyer e Murnau, além de ser uma obra de subtil beleza e grande riqueza. 
 Foi feito à volta das filmagens do filme de Jesus Franco. Um making-off vanguardista é talvez a melhor descrição, porque Pere Portabella utiliza material de dentro e em volta de outra produção, com o objectivo de recontar a história no seu estilo inimitável. Portabella pode ser descrito como um realizador experimental, esteve fora do mainstream durante a ditadura por necessidade política, e pode parecer estranho ele ter pegado num trabalho mais comercial, como este de Jesus Franco (que também teve os seus problemas com os censores, mas eu optei por deixar o cinema de terror de fora deste ciclo), mas a redefinição de objectivos e a reimaginação de Portabella cria algo, genuinamente, do outro mundo. 
Portabella elimina com eficácia qualquer indício do excesso característico de Franco. Em vez das cores ele filma a preto e branco e em 16 mm, por vezes com um contraste tão pronunciado que as imagens parecem esculturas em relevo, e nenhum som diegético é usado até à sequencia final, quando Christopher Lee lê a morte do conde Drácula do próprio livro de Bram Stoker. A banda sonora, de Carles Santos, um colaborador habitual de Portabella, é criada com sons e ruídos dispares.

domingo, 2 de agosto de 2020

Nocturno 29 (Nocturno 29) 1968

O filme começa onde "No contéis con los dedos", a curta anterior de Pere Portabella nos deixou. De frente para uma tela em branco. Aprofunda-se na futura estrutura dos filmes do realizador, que não avança através de uma estrutura linear, mas por uma sucessão de quadros panorâmicos e semi-autónomos, quase sempre inesperados. Uma série de situações, embora aparentemente não relacionadas, giram em torno de um desenvolvimento temático que dá corpo e unidade à história. Evocações a Antonioni, Buñuel ou Bergman podem ser encontrados no filme, cruelmente anti-burguesia. 
 Primeira longa-metragem de Portabella, co-escrita pelo poeta Joan Brossa, tornou-se numa das mais influentes obras da chamada "Escola de Barcelona", uma vaga de cinema vanguardista que teve lugar naquela cidade, e tal como os restantes filmes deste movimento, circulou apenas num circuito underground. Evitando ao máximo o diálogo, o realizador constrói uma não narrativa, em fragmentos que revelam a vida quotidiana de um casal adúltero, intercalado com um fluxo enigmático de imagens independentes. 
 O título do filme, "Nocturno 29", refere-se aos 29 anos negros da ditadura de Franco, 29 anos negros durava a ditadura até esta data.

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domingo, 22 de novembro de 2015

Nocturno 29 (Nocturno 29) 1968

O filme começa onde "No contéis con los dedos", a curta anterior de Pere Portabella nos deixou. De frente para uma tela em branco. Aprofunda-se na futura estrutura dos filmes do realizador, que não avança através de uma estrutura linear, mas por uma sucessão de quadros panorâmicos e semi-autónomos, quase sempre inesperados. Uma série de situações, embora aparentemente não relacionadas, giram em torno de um desenvolvimento temático que dá corpo e unidade à história. Evocações a Antonioni, Buñuel ou Bergman podem ser encontrados no filme, cruelmente anti-burguesia.   
Primeira longa-metragem de Portabella, co-escrita pelo poeta Joan Brossa, tornou-se numa das mais influentes obras da chamada "Escola de Barcelona", uma vaga de cinema vanguardista que teve lugar naquela cidade, e tal como os restantes filmes deste movimento, circulou apenas num circuito underground. Evitando ao máximo o diálogo, o realizador constrói uma não narrativa, em fragmentos que revelam a vida quotidiana de um casal adúltero, intercalado com um fluxo enigmático de imagens independentes. 
O título do filme, "Nocturno 29", refere-se aos 29 anos negros da ditadura de Franco, 29 anos negros durava a ditadura até esta data.

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