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terça-feira, 22 de julho de 2014
Jigoku (Jigoku) 1960
Jigoku conta a história do jovem Shiro, e do seu melhor amigo Tamura, que vão passear à noite de carro, e acidentalmente atropelam um bêbado. Secretamente eles deixam o corpo no local e fogem. Um gesto que vai levar Shiro e a namorada até às profundezas do inferno.
Os trabalhos de H.G. Lewis e do brasileiro Zé do Caixão são muitas vezes citados como os primeiros filmes Gore. A sua influência no género é inegável, mas Jigoku ainda precede, no tempo, filmes como "Bood Feast", o primeiro marco no género. A tradução de Jigoku é "inferno", e é exactamente aí que o realizador Nobuo Nakagawa nos leva, neste jogo de moralidade ilusória. Seguimos um homem através de vários infernos. O primeiro é vivido acima do subsolo, enquanto o outro é mais tradicional, um mundo cheiro de fogo e enxofre.
Muitos artistas tentaram visualizar o que o inferno seria. As pinturas de Hieronymus Bosch e Francis Bacon são talvez as visões mais conhecidas, e mais respeitadas, e nota-se a influência destes pintores no filme de Nakagawa. Também podemos encontrar algumas imagens clássicas do folclore japonês, e o estílo ímpar das suas histórias de fantasmas, assim como os tradicionais trajes dos senhores feudais. O inferno em "Jigoku" é uma paisagem de pesadelo, muito dos efeitos especiais que Nakagawa emprega preveem a estética psicadélica que apareceria no final da década de sessenta. No início do filme, o pai de Yukiko faz um discurso sobre as diversas versões do Inferno que existe no mundo religioso, mas foca-se mais na visão budista. O inferno aqui é como um sonho do qual não podemos saír. Qual mais viajamos menor é realmente a distância que precorremos. Não há nenhum lugar para ir, mas a compulsão de encontrar uma saída é irresistível.
Os últimos quarenta minutos do filme são verdadeiramente notáveis. Parece que pertencem a um filme diferente. A visão de Nakagawa do inferno é um deleite visual. A iluminação é de arregalar os olhos (com abundância das cores verdes e vermelha), os demónios japoneses são assustadores e a violência é extrema. Na altura em que saíu foi um filme chocante.
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segunda-feira, 21 de julho de 2014
The Ghost of Yotsuya (Tôkaidô Yotsuya Kaidan) 1959
Em "The Ghost of Yotsuya", do realizador Nobuo Nakagawa, temos uma das melhores adaptações do conto de folclore japonês, "Yotsuya Kaiden". O filme é feito como o teatro kabuki, lidando com paixão, infidelidade e vingança, e tal como nas grandes tragédias de Shakespeare há sempre uma tentação nos calcanhares do protagonista, levando-o para um caminho de auto-destruição; e há sempre o traído, um inocente que só tem carinho para dar.
Iemon é um samurai egoísta que não tem problemas em assassinar o pai de Oiwa (a mulher que deseja), para assegurar o casamento. Naosuke, um empregado do assassinado, assiste ao crime, mas faz uma aliança com o criminoso para que possa tirar algum benefício. Depressa Iemon se farta de Oiwa, e começa a deitar os olhos em Oume, a herdeira de um nobre influente. Tenta então matá-la, inventando uma história de que ela tem um caso com o seu massagista, Takuetsu.
Histórias de fantasmas (kaidan) são muito populares na cultura japonesa, e esta é uma das suas mais famosas. Tal como é habitual nos filmes kaidan, perde-se muito tempo na construção do ambiente. Na verdade, neste caso, não é tempo perdido, porque os actos diabólicos de Iemon são suficientes para manter o filme interessante. O climax vai-se construindo até ao terceiro capítulo, e o que vamos testemunhar não vai ser de todo agradável para o protagonista, e nem a sua mente diabólica lhe vai servir para fugir a uma vingança atroz.
A iluminação do filme é impecavelmente feita, e mostra a sensibilidade e a capacidade de Nakagawa de construir um clima de medo. Acima de tudo é um filme sobre atmosfera, imagine-se como seria um filme da Hammer realizado por Hitchcock. A grande opulência da fotografia e da cenografia são muito bem conseguidas, e Nakagawa é um realizador que sabe muito bem quando deve envolver a extravagância, e que sabe quando o ambiente deve passar a ter o papel principal.
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