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sábado, 5 de novembro de 2016

Capítulo 3 - Comédia

A prateleira das comédias era sempre das mais concorridas nos clubes de vídeo.Quem procurava uma comédia era sempre pelo sentimento de se divertir, optando por um passatempo inofensivo, por uma diversão que permitia descarregar os maus humores acumulados. Principalmente os anos 80, foram ricos em comédias marcantes, desde os filmes da equipa conhecida por ZAZ, ás comédias românticas que tiveram o seu ponto mais alto em "When Harry Meet Sally".  Vamos lá então conhecer algumas comédias do tempo do VHS.

Os Amigos da Onça (Buddy, Buddy) 1981
Num quarto de hotel Victor Clooney (Jack Lemmon), um homem desajeitado, tenta suicidar-se por ter sido abandonado pela mulher e acaba por perturbar Trabucco (Walter Matthau), um assassino profissional que tem um "contrato" com a Máfia para eliminar uma testemunha.
O derradeiro filme de Billy Wilder é uma comédia negra baseada numa peça de Francis Weber, que já tinha sido adaptada para o cinema francês em 1973, por Edouard Molinaro, num filme chamado "L'Emmerdeur", com o argumento a ser escrito em conjunto pelo próprio Wilder e o seu colaborador habitual, I.A.L. Diamond.
Infelizmente não teve a melhor recepção possível, tanto a nível crítico como comercial, mas no final da década acabaria por ser considerado das melhores comédias dos anos 80. Era a quinta colaboração entre Walter Matthau e Jack Lemmon, uma das duplas de maior sucesso no território da comédia. Só voltariam a colaborar juntos em 1993, com "Grumpy Old Men".
O elenco conta ainda com Paula Prentiss e Klaus Kinski.

Os Dias da Rádio (Radio Days) 1987
As décadas de 30 e 40 foram os momentos áureos do rádio nos Estados Unidos. Inspirado por esse período, Woody Allen escreveu e dirigiu "Radio Days", que conta as lembranças de um jovem e a sua família judia em Nova Iorque, durante a Segunda Guerra Mundial. Woody Allen narra alguns episódios fictícios do tempo de ouro do rádio norte-americana, e também conta histórias, como se fosse o protagonista, Seth Green, relembrando a sua infância preenchida pelos programas de rádio da época.
O período entre finais dos anos setenta e final dos anos oitenta, foi também o período de ouro de Woody Allen. Os êxitos sucediam-se, filme após filme, "Annie Hall", "Manhattan", "Stardust Memories", "Zelig", "Broadway Danny Rose", "The Purple Rose of Cairo", "Hannah and Her Sisters", "September", "Another Woman", "Crimes and Misdemeanors", grande parte deles com lançamento no nosso mercado em VHS.
A partir de certa altura Allen começou a reflectir sobre o espectáculo em geral, e o cinema em particular. Allen parece indetificar-se, simultaneamente, com os estilos de um escritor como um Tchekov e de um realizador como como Ingmar Bergman, escolhendo espaços interiores e retratos, em grande plano, de pessoas.

Porky´s (Porky´s) 1982
No sul da Flórida, em 1954, Pee Wee (Dan Monahan), Billy (Mark Herrier), Tommy (Wyatt Knight) e Mickey (Roger Wilson) têm de enfrentar quatro dolorosos anos na Angel Beach High School. Mas as actividades escolares e desportivas estão em segundo plano, porque o principal interesse deles é o sexo. Assim, a vida deles consiste principalmente em observar as raparigas no chuveiro e transformar num inferno a vida dos seus professores, mas são sempre perseguidos por Beulah Balbricker (Nancy Parsons), a professora de ginástica. Acabam por ir parar ao Porky’s, um misto de cabaret e bordel onde o dono (Chuck Mitchell) arranjará uma prostituta por um preço razoável. Mas nem tudo vai acontecer conforme previsto.
Um clássico campy dos anos 80, um dos maiores, dos mais vistos, pelo menos no território da comédia. Alguns anos depois do sucesso de "National Lampoon's Animal House" (1978), Bob Clark introduz-nos a um novo nível de piadas baixas, dando força a um sub-género dentro da comédia, que estava em clara expansão. Bob Clark era um realizador de filmes de terror, que fez por exemplo o clássico "Black Christmas".

Travões Avariados, Carros Estampados (Used Cars) 1980
Rudy Russo (Kurt Russell), um vendedor de carros usados, necessita de dinheiro para concorrer a senador. Assim fala com Luke Fuchs (Jack Warden), o seu chefe, que concorda em emprestar-lhe os 10 mil dólares de que ele precisa. Entretanto, um “acidente” elaborado por Roy Fuchs (Jack Warden), o irmão gémeo de Luke e ferrenho rival nos negócios, mata Luke. Roy também tem uma loja de carros usados do outro lado da rua e espera o momento para reivindicar a propriedade para si. 
Uma hilariante alusão àqueles tipos de vendedores que usam das mais variadas técnicas de persuasão com os seus clientes e conseguem transformar verdadeiras velharias no carro em segunda mão dos seus sonhos. Era o segundo filme de Robert Zemeckis, realizado dois anos depois de "I Want to Hold Your Hand", e a cinco de fazer o primeiro "Regresso ao Futuro". 

domingo, 19 de junho de 2016

Desaparecido (Missing) 1982

Um jovem escritor idealista desaparece no Chile dias depois do golpe de estado que depôs o presidente Salvador Allende, em 1973. Para tentar encontrá-lo, o seu pai americano vai até o país, que então vivia sob regime ditatorial, com a esposa viúva do rapaz desaparecido. Só que para encontrar o escritor, eles vão ter que lidar com polícia, prisão, cenas de violência e toda a má vontade da máquina pública.
Na década de setenta, o grego Costa-Gavras construiu com o sucesso de "Z" (1969), vencedor de um Óscar, uma série de thrillers políticos muito aclamados, incluindo "L'Aveu" (1970) e "Estado de Sítio" (1973). "Missing" continuava esta tendência, e era o primeiro filme feito em lingua inglesa, para além do primeiro feito na América. Tal como os filmes anteriores do realizador, este também foi muito bem recebido pela crítica, um tremendo sucesso comercial e um grande êxito de bilheteira, depois de ter ganho um Óscar de melhor argumento.  
"Missing" é mais acessível e mais fiel ao convencional thriller político americano, e mais intransigente, intenso e perturbador que os seus filmes anteriores. Algumas das imagens do filme são chocantes, e deixam uma impressão duradoura, particularmente o toque de recolher angustiante, e a sequência horrível na morgue. Estas imagens têm uma ressonância aterradora, suprimida de quaisqueres artifícios teatrais, que se torna mais eficazes por incluirem as duas personagens principais, Ed e Beth, brilhantemente interpretadas por Jack Lemmon e Sissy Spacek.
O filme é baseado no livro controverso de Thomas Hauser, que contava a vida real de Charles Horman, que foi alegadamente vitima da intervenção americana no golpe militar no Chile, que teve lugar em 1973. Tal foi o interesse público no filme, que o secretário de estado da altura foi obrigado a fazer um comunicado desmentindo algumas acusações feitas pelo filme.
Participou na seleção oficial de Cannes.

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terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Short Cuts - Os Americanos (Short Cuts) 1993



Helicópteros trovam pelo ar de Los Angeles. Cá por baixo, em cada casa, em cada apartamento, está a ser vivido um drama individual. Como em qualquer outro sitio, ou outro tempo da história, há alegria, tristeza, ciúmes, medo, reconciliações, dor e morte. Com "Short Cuts", um filme de Robert Altman baseado em nove curtas histórias e um poema do falecido Raymond Carver, à audiência é dada uma pequena parte de todas essas histórias.
A infidelidade assombra dois casamentos, enquanto que um acidente com o filho de outro casal traz às suas vidas uma viragem abrupta. Três pescadores amigos encontram o corpo de uma menina a flutuar perto do seu acampamento de pesca. Outro casamento, em que o marido vive preocupado sobre a escolha de carreira da esposa, que gere uma empresa de sexo pelo telefone. E ainda temos um homem que decide ensinar a sua ex-mulher o conceito de dividir as coisas, e uma mãe e uma filha que descobrem a dor que pode vir de não comunicarem. Vinte e duas personagens e dez histórias - seria preciso um mestre para entrelaça-las todas num filme harmonioso. Robert Altman não só aceitou esta difícil tarefa, como saíu vitorioso.  
Altman revisitando o território de Nashville, um conjunto de histórias amargas em redor de um festival de música, onde ordenadamente reuniu todas as personagens num único acontecimento trágico. Mas em "Short Cuts" ele tentou algo mais corajoso, e mais evasivo, ao alcançar uma busca vã por algo mais significativo. Desta vez, a cena final foi muito menos conclusiva, mas até lá ele vai sacudindo os personagens. Cada uma das histórias apresentadas em Short Cuts (excepto, talvez, uma) dariam o seu próprio filme. Há facetas em cada personagem que são deixadas por explorar (não por acaso), e de certa forma, ainda esperamos mais quando os créditos finais começam a correr. Isto apesar das três horas de duração do filme.
Ao contrário de Nashville, Short Cuts não tem um objectivo final ou uma mensagem fácil. É um grande filme sobre um pequeno mundo, onde as pessoas se levantam todas as manhãs, em busca de coisas que as façam felizes, tentando evitar as coisas más. Por vezes esta busca corre mal, e acaba por se tornar em algo mau. É a vida.
Tal como no filme anterior (O Jogador), Altman reuniu um elenco grandioso à sua volta. Não vou falar em nomes, a não ser que Tom Waits faz parte do elenco, como Earl Piggot. Tentem descobri-lo.

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