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quinta-feira, 7 de março de 2019

O Estripador de Nova Iorque (The New York Ripper) 1982

Um assassino em série assassinando e mutilando jovens mulheres, geralmente prostitutas, anda a aterrorizar Nova Iorque nos anos 80, tal como Jack, o Estripador o tinha feito algumas décadas anteriormente, em Londres. O tenente da polícia Fred Williams está a seguir o caso e recebe ajuda do psiquiatra e professor universitário Paul Davis. Quando uma estudante sobrevive a um ataque do estripador as entrevistas com ela levam a um suspeito, uma figura sombria com a mão direita deformada. Mas será que é mesmo ele o assassino?
Tal como a maioria dos giallos desta era, testemunhamos os crimes do ponto de vista do assassino, sabendo muito pouco sobre a sua identidade, além de uma certa particularidade - o assassino gosta de falar como um pato. Também gosta de fazer telefonemas ameaçadores e fazer grasnidos como o Pato Donald enquanto faz o seu trabalho. É um dos aspectos mais estranhos do filme. 
"O Estripador de Nova Iorque" funciona com qualquer típico filme de crime e mistério, mas com Lúcio Fulci ao leme já sabemos que podemos contar um estilo único e uma estética visual. Há uma mistura fascinante de terror clássico italiano dos anos 70, com algumas cenas absolutamente cheias de cor, e uns exteriores sujos de Nova Iorque que nos remetem a "Taxi Driver" ou aos primeiros filmes de Abel Ferrara. São dois estilos muito diferentes, cuja mistura satisfaz bastante o espectador.
O nível de violência, especificamente a violência sexualizada, causou uma grande agitação entre os censores, principalmente no Reino Unido, que provocou que o filme fosse banido em muitas salas e dificultou o seu lançamento em VHS. Também seria dos últimos grandes lançamentos de Fulci, que a partir daqui dedicar-se-ia sobretudo a filmes de baixo orçamento.

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terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

O Estranho Segredo da Floresta dos Sonhos (Non si Sevizia un Paperino) 1972


Uma série de assassinatos de crianças ocorreram numa vila rural de Itália, levando o medo e a culpa às pessoas da localidade. Como de costume, a polícia chegou ao fim das suas pistas sem resultados em concreto, e avança o repórter Andrea Martelli (Thomas Milian) que decide fazer a sua própria investigação. Patrizia (Barbara Bouchet), uma mulher rica, junta-se a Martelli na busca pelo assassino, enquanto que o Padre Don Alberto (Marc Porel) e Aurelia (Irene Papas) tentam ajudar todos que na vila perderam filhos. Os suspeitos e as crianças começam a amontoar-se, levando a um assassino cujos motivações são ainda mais chocantes do que os crimes cometidos.
O giallo foi um dos géneros em que Lúcio Fulci alcançaria maior sucesso como artista, fazendo alguns dos melhores filmes da sua carreira, como é aqui o caso. Mas a história de "Non si Sevizia un Paperino" não seria nada fácil, já que o filme quando foi estreado originalmente em 1972 foi listado na lista negra, por causa da sua história polémica que levou a que tivesse um lançamento reduzido na Europa, e nos Estados Unidos tivesse apenas um lançamento em DVD muitos anos mais tarde. 
Os assassinatos eram o tema principal em quase todos os giallos, mas a trama sinistra deste filme centrava-se no assassinato de crianças, algo visto muito poucas vezes no cinema, e no cinema mais popular já não era visto desde "M", de Fritz Lang, em 1931. Mão seria assim de estranhar a controvérsia que cercou este filme na altura da estreia, e também seja um tema que ainda é tabu nos dias que correm.
A banda sonora de Riz Ortolani é uma das mais inesquecíveis da sua carreira, dando ao filme uma sensação melancólica que contrasta com a perda de inocência aqui vivida. E apesar do filme não ser tão sangrento como alguns outros do realizador, há alguns momentos sádicos bem pesados, como aquele em que Maciara é chicoteada pela população por ser confundida com o assassino. Esta sequência é uma das mais brutais e assombrosas de toda a carreira de Fulci, mas no resto do filme ele mantém a violência mais para segundo plano, enquanto se concentra na história e nas personagens. 

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domingo, 24 de fevereiro de 2019

Serpente com Pele de Mulher (Una Lucertola con la pelle di Donna) 1971

Carol Hammond (Florinda Bolkan) tem tido sonhos bizarramente eróticos e devastadoramente violentos com a sua sedutora vizinha Júlia. Quando Júlia é encontrada esfaqueada até à morte Carol torna-se suspeita. Ela tenta resolver o mistério da morte da vizinha enquanto é perseguida por um misterioso stalker, aparentemente com a intenção de mantê-la longe do crime que aconteceu…
Em 1971 Lúcio Fulci e Carlo Rambaldi estavam longe de ser as figuras reconhecidas que são hoje em dia. Fulci é um dos mestres do cinema de terror italiano, Rambaldi é um especialista em efeitos especiais que ganhou Óscares em filmes como "ET - O Extraterrestre" ou "Alien - O Oitavo Passaseiro", mas nesta altura ainda eram ilustres desconhecidos fora do país.
No centro do filme está a ambiguidade psicológica em torno de Carol. "A Lizard in a Woman’s Skin"  é frequentemente considerado um giallo, mas como muitos exemplares deste período não se encaixa perfeitamente nos moldes. Na verdade, é mais uma reminiscência dos thrillers paranoicos de Roman Polanski, até o cenário do apartamento. Alguns resíduos de "Repulsion" na forma como Fulci paira com o trabalho de câmara invasivo que por vezes sufoca os personagens. Também usa imagens surrealistas que acabariam por torna-lo famoso mais tarde, sempre que explorava a parte psicológica de Carol, quer em sonhos, fantasias ou pesadelos. 
O filme ganhou uma certa fama de infame por causa de algumas cenas mais grotescas. Como a sequência dos cães que nem vou falar, mas também há algumas sequências memoráveis, como a excursão de 11 minutos através das catacumbas de uma igreja, que inclui um ataque de morcegos e culmina num sangrento duelo na cobertura. Razões mais do que suficientes para verem um dos melhores giallos. 

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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Uma História Preversa (Una Sull'altra) 1969

Os irmãos George e Henry Dumurrier (Sorel e De Martino) administram uma clinica particular onde o primeiro faz declarações falsas sobre a prática para gerar publicidade. Longe da clínica, George deixa a sua esposa doente, Susan (Mell) entregue aos cuidados da sua irmã (Domergu), enquanto tem um caso com Martha (Martinelli), a esposa de um contacto comercial. Quando George recebe um telefonema informando-o que a sua esposa  morreu, o seu choque é acompanhado pela descoberta subsequente de uma apólice de seguros que fará dele 2 milhões de dólares mais rico. Será que ele teve alguma coisa a ver com a morte da esposa?
Lucio Fulci dirigiu 5 giallos que são todos originais no que diz respeito a este género popular, ao contrário dos seus conterrâneos que faziam os seus filmes quase sempre "by the book", ou imitavam os outros que eram mais bem sucedidos no género. O que também é surpreendente sobre os quatro primeiros giallos de Fulci é como a violência era contida, em muitos casos encontrava-se fora da tela. "Uma História Preversa" apresentava-se mais como um thriller de Alfred Hitchcock e distanciava-se do estilo e dos clichés que prevaleciam na maior parte dos filmes dos anos 70. Não esquecer também que ainda faltava aparecer Argento com o seu mega-sucesso, para dar o exemplo.
"Uma História Preversa" tem lugar em vários exteriores memoráveis como Reno, San Francisco ou San Quentin, e o realizador faz um bom proveito dos exteriores à sua disposição. Fulci, nesta altura da sua carreira era mais conhecido pelas suas comédia, e seria a sua primeira incursão no thriller.  
Nos últimos 30 minutos haverá um grande número de voltas e reviravoltas e uma tensão crescente, um bom indicador da qualidade dos filmes do realizador na década seguinte. 

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sexta-feira, 15 de março de 2013

Os Quatro do Apocalipse (I Quattro Dell'Apocalisse) 1975



Os Quatro do Apocalipse (I Quattro dell'apocalisse), de Lucio Fulci, é uma das melhores obras da fase tardia dos spaghetti westerns. Claro que isto pode não dizer muito, considerando o quão más eram algums dos últimos filmes do género, mas, mesmo fora deste quadro comparativo, Os Quatro do Apocalipse mantém-se bem porque é uma obra visualmente evocativa e resiste a respostas fáceis, em vez de tornar-se um estudo de personagens enigmático contra a desolação física, diminuindo o potencial da esperança na decência humana (que também inclui elementos sensacionalistas, como um homem a ser esfolado vivo, canibalismo, e o massacre a espingarda de uma cidade inteira). Se isto soa a sombrio, ainda há um fio emocional convincente ao longo do filme que o mantém no bom rumo, mesmo quando tudo parece que está perdido.
Os personagens principais formam um quarteto estranho. Por acaso, são atirados juntos para uma cela de prisão numa cidade infestada de crime, de Salt Flat, Utah: Stubby Preston (Fabio Testi), um tubarão das cartas profissional; Bunny (Lynne Frederick), uma prostituta de 19 anos de idade, grávida, Clem (Michael J. Pollard), o bêbado local e Bud (Harry Baird), um homem calmo, mas ao mesmo tempo louco, que escapou da escravatura e que acredita que pode ver fantasmas. O apocalipse do título refere-se à solução do xerife de Salt Flat (Donald O'Brien) para o problema do crime local: trazer um gang de vigilantes com máscaras brancas, que passa a atirar, enforcar, e abater, acima de todos na cidade. Através de subornar o xerife, Stubby consegue salvar-se, e aos seus companheiros de cela, e partem através do deserto em busca da Sand City, onde acreditam que vão encontrar a felicidade. 
A felicidade não está destinada a ser deles, no entanto, como o quarteto a meter-se em problemas repetidos, começando com a adição de um quinto membro ao grupo, um caçador de aparência selvagem chamado Chaco (Tomas Milian). As motivações de Chaco são suspeitas desde o início, mas ninguém podia adivinhar quanto perturbado ele de facto é. O quarteto luta pela sobrevivência, e a forma como se unem, apesar das suas diferenças, forma o núcleo emocional do filme. Gradualmente começamos a admirar este grupo díspar e a sua tenacidade, e quando o romance floresce entre Stubby e Bunny, temos um desenvolvimento verdadeiramente comovente.
Lucio Fulci trabalhou em vários géneros, desde os anos 60, até aos anos 80, mas é mais conhecido pelo trabalho no terror graficamente violento do final dos anos 70 e início dos anos 80, particularmente, filmes como Zombie (aka zombi 2) (1979) e o genuinamente horrorizante The Beyond (1980). Fulci nunca foi conhecido pela sua sutileza - é muito melhor na orquestração de um close-up de um globo ocular a ser espetado, do que a criar uma relação entre dois personagens humanos. No entanto, de alguma forma, ele aqui consegue fazer as duas coisas, chocando-nos com um close-up gráfico de Chaco alegremente a cortar a pele do tórax de um homem cativo, mas também nos aquece com as emoções que Stubby sente por Bunny. Também é muito facilitado pela fotografia de Sergio Salvati (que colaborou em nove outros filmes de Fulci, incluindo os mais famosos filmes de terror), que capta tão bem a beleza selvagem da paisagem desolada como a sua ameaça. 

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