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domingo, 9 de maio de 2021

Parada (Parade) 1974

O público reúne-se num grande salão de circo (apesar do cenário ainda estar a ser montado na altura que eles chegam), e são recebidos por Tati, o Mestre de Cerimónias). Com as performances a sucederem-se uma após outra, a linha entre público e performer começa a quebrar... 
No seu último filme, Jacques Tati leva a câmera para o circo, onde o próprio realizador serve como mestre de cerimónias. Embora inclua muitos espectáculos, incluindo palhaços, malabaristas, acrobatas, contorcionistas, e muito mais, "Parade" também incide sobre os espectadores, tornando este trabalho despojado um testemunho para a comunhão entre as audiências e o entretimento. Criado para a televisão sueca, com o lendário director de fotografia de Ingmar Bergman, Gunnar Fischer, na fotografia do filme, "Parade" marca um tocante final de uma carreira brilhante, que lembra as origens do realizador, como mímico e actor de teatro.
"Parade" foi exibido no Festival de Cannes de 1974, fora de competição.

sábado, 16 de maio de 2015

Parada (Parade) 1974



O público reúne-se num grande salão de circo (apesar do cenário ainda estar a ser montado na altura que eles chegam), e são recebidos por Tati, o Mestre de Cerimónias). Com as performances a sucederem-se uma após outra, a linha entre público e performer começa a quebrar...
No seu último filme, Jacques Tati leva a câmera para o circo, onde o próprio realizador serve como mestre de cerimónias. Embora inclua muitos espectáculos, incluindo palhaços, malabaristas, acrobatas, contorcionistas, e muito mais, "Parade" também incide sobre os espectadores, tornando este trabalho despojado um testemunho para a comunhão entre as audiências e o entretimento. Criado para a televisão sueca, com o lendário director de fotografia de Ingmar Bergman, Gunnar Fischer, na fotografia do filme, "Parade" marca um tocante final de uma carreira brilhante, que lembra as origens do realizador, como mímico e actor de teatro.
 
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sexta-feira, 15 de maio de 2015

Sim, Sr. Hulot (Trafic) 1971



Monsieur Hulot é um designer de carros da pequena e modesta fábrica Altra, que quer apresentar seu novo modelo em uma feira de automóveis em Amsterdam. Pega a estrada com o novíssimo carro e, certamente, incidentes dos mais malucos aparecerão para desespero dele e alegria da gente.
Jacques Tati ainda entrou num quarto filme com a mítica personagem Monsieur Hulot, que mesmo os fãs mais fervorosos do actor/realizador são obrigados a admitir que é um filme claramente menor do que aqueles que o precederam, e por isso mesmo raramente é falado ou discutido. O estatuto menor de "Trafic" deve-se em parte aos compromissos artísticos forçados em "Playtime", obra em que Tati tinha investido muito, e perdeu quase todo o seu dinheiro. "Playtime" não fora imediatamente apreciado pelo público, ou respeitado pela crítica, e o fracasso nas bilheteiras forçou a que este novo filme acabasse por não ser feito segundo os seus próprios termos. Curiosamente, "Trafic" era suposto ter sido a feito a quatro mãos, entre Tati e o realizador holandês Bert Haanstra, mas este acabaria por saír cedo do projecto, por o francês ser uma pessoa difícil de lidar.
"Trafic", tal como o próprio nome sugere, é sobre a obsessão da sociedade moderna pelos carros. Desde há muito que os carros são objecto de fascínio nos filmes de Tati, basta lembrar de como a personagem do Monsieur Hulot nos é introduzida pela primeira vez, em "As Férias do Sr. Hulot", a bordo do seu velho calhambeque, a caír aos bocados, e "Playtime" termina com um bonito ballet de carros a circularem em torno de círculo de tráfico. Assim, o objecto de "Trafic" encaixa-se como a progressão natural dos três primeiros filmes de Hulot. Mais uma vez a personagem de Tati aparece no centro da acção, aparecendo em mais cenas do que em todos os filmes anteriores, e falando mais do que em todos os três filmes combinados (embora raramente se entenda o que ele está a falar).
Embora "Trafic" tenha sido uma decepção, tendo em conta os filmes anteriores do realizador, tem momentos suficientes de inspiração e de boa vontade, que fazem com que merecesse mais do que a fraca recepção que teve na altura do seu lançamento, e, sobretudo, a ignorância que lhe deram.

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quinta-feira, 14 de maio de 2015

Play Time - Vida Moderna (Playtime) 1967



Monsieur Hulot tem de se encontrar com um oficial americano em Paris, mas perde-se no labirinto de arquitectura moderna que é preenchida com os mais recentes aparelhos técnicos. Preso entre a invasão de turistas, Hulot deambula por Paris com um grupo de turistas norte-americanos, causando a confusão habitual por onde passa.
Uma década em produção, até à altura o filme francês mais caro de sempre, e, por conseguinte, uma obra-prima cinematográfica, que acabaria por arruinar Tati por ter sido um fracasso nas bilheteiras, tanto em França como no exterior, além de ter desapontado os críticos (da altura). Tati viria a realizar mais dois filmes, Trafic (1971) e Parade (1974), mas nenhum deles chegaria perto das simples mas profundas observações da vida humana do mundo moderno cada vez mais alienado, que está presente em "Playtime".
Claro que é impossível ver-se "Playtime" sem se ter visto os dois filmes anteriores de Tati, "As Férias do Senhor Hulot", que introduzia ao público o quase silencioso palhaço Monsieur Hulot, e "O Meu Tio", que usava Hulot como uma personagem periférica no estudo de dois mundos concorrentes, o velho e o novo. Tati e o seu alter ego cinematográfico foram-se firmemente enraizando no velho mundo, simbolizado pela classe trabalhadora da vizinhança de Hulot.
"Playtime" é um herdeiro directo de "Mon Oncle", com a diferença de que não há mais uma competição directa entre os dois mundos. O velho perdeu, e o espectro da modernização prevaleceu. Os únicos vislumbres do velho mundo que podemos encontrar aqui, são, literalmente, reflexões sombrias em portas de vidro e janelas. O resto da cidade foi englobado pelo progresso, e desenvolveu-se para algo diferente, mas surpreendentemente reconhecível.
Claro que a Paris deste filme nunca existiu realmente. Construída quase inteiramente em cenários de estúdio bastante caros, a Paris que vemos é uma projecção, imaginação de Tati do pior resultado possível da modernização. Para Tati, isto significou a eliminação de tudo o que era maravilhoso sobre a humanidade, e isso estava bem presente no filme, na transposição das pessoas que não fazem nada mais do que ocupar espaço.

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O Meu Tio (Mon Oncle) 1958



Jacques Tati , o realizador, encarna neste filme a figura de Monsieur Hulot , numa figura terna e cómica que em vários momentos nos recorda Charlot , embora com características ligeiramente diferentes. Monsieur Hulot é um homem simples, sem grandes pretenções , que vive a sua vida, é amigo do seu amigo e de quem encontrar, mas é extremamente trapalhão, e num modo quase infantil, foge das tentativas de "socialização" da sua irmã e do cunhado Monsieur e Madame Arpel ) que procuram torná-lo "responsável" através de uma casamento e de um emprego nas empresas de "tubagem" onde o Monsieur Arpel é responsável.
No meio deles, existe Gerald Arpel , filho de Monsieur e Madame Arpel , um miúdo regila e brincalhão, que contrasta com o ambiente moderno e de design que vê em sua casa, preferindo a companhia simples do seu tio, e a cumplice com os amigos que criou no bairro tradicional de Monsieur Halot .
"Mon Oncle " é um filme de 1958, mas que permanece tremendamente actual nos dias de hoje. Representando um período pós-guerra em França, fala-nos da orientação para ambientes "futuristas", retratando a evolução do design em contraste com os ambientes tradicionais vividos num bairro normal francês. Para além disso, mostra-nos a valorização exacerbada pelas classes média-alta a esses valores, em detrimento de valores de maior proximidade com o outro.
O maior fascínio da obra de Jacques Tati é a linguagem simples sobre assuntos bastantes complexos. Num argumento onde os diálogos são quase inexistentes (aliás, Monsieur Hulot só diz uma única frase durante todo o filme), Tati consegue retratar um ambiente de cinema mudo, onde o riso surge expontaneamente em resposta às acções das personagens, mas consegue também concentrar a nossa atenção para todos os aspectos não verbais, que acabam por servir como metáforas das questões que Tati levanta. Como se costuma referir em alguns livros de guionismo, "se puderes retratar uma ideia, uma emoção ou conceito através das acções das personagens fá-lo, não utilizando diálogos para isso". Tati consegue fazer isso de forma magistral, criando-me curiosidade para descobrir a sua restante obra.
Vencedor do Óscar de Melhor Filme Estrangeiro e do Prémio Especial do Júri em Cannes em 1958, "Mon Oncle" é um filme terno, consciente e extramente inteligente que temos a oportunidade ver (ou rever) novamente na grande tela. Para quem tiver a oportunidade, é uma aposta de que não se arrepende, ideal para quem quer sentir novamente o gosto de uma comédia honesta e actual. Por Nuno Cargaleiro.

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terça-feira, 12 de maio de 2015

As Férias do Sr. Hulot (Les vacances de Monsieur Hulot) 1953



Monsieur Hulot vai de férias para um resort à beira-mar, mas os acidentes e os mal-entendidos seguem-no onde quer que ele vá. A paz e tranquilidade dos hóspedes do hotel não duram muito tempo com Hulot por perto, e embora as suas intenções sejam sempre boas, acabam sempre catastróficamente.
"Les vacances de Monsieur Hulot" pertence a uma classe rara de filmes. É um desses filmes que evocam um humor tão quente, vibrante, que há algo de mágico imbuído nas suas quase duas horas de duração. É um filme sobre as férias, que partilha um ritmo descontraído, idílico com o público, sem nunca chegar a exagerado. Até mesmo nos momentos em que o filme deveria ser angustiante, há uma calma que nos obriga a aliviar o stress ou a ansiedade. Uma das melhores sequências do filme é-nos introduzida nos momentos iniciais: um cão a dormir a sesta no meio da estrada. O motorista do carro de turistas toca a buzina, e o cão olha lentamente para cima, antes de saír do meio do caminho. Momentos depois o cão volta para o local onde estava a dormir, no meio do caminho. Mr. Hulot (Jacques Tati), chega logo depois, e nem o som terrível do motor do seu veículo motiva o cão a saír da frente. O cão permanece completamente indiferente, pelo mundo ao seu redor. 
"Les Vacances de Monsieur Hulot" provoca-nos um sentimento semelhante, de completo e absoluto relaxamento. O elemento mais potente a produzir este efeito é a utilização da musica. “Quel temps fait-il à Paris”, de Alain Roman, é um música lenta, repetida ao longo do filme. Esta repetição provoca um profunda sensação de familiaridade, à medida que o filme se desenvolve. A personagem principal também faz parte do núcleo central do filme. Monsieur Hulot é o epítome de um cavalheiro, educado e atencioso. Apesar de ser realmente agradável é também é muito infantil no seu comportamento. Isto leva-o a sobrestimar as suas próprias habilidades ao se aproximar de um problema, ou confundir algo inócuo com um problema que ele próprio deva tentar resolver. 
Em 1956 foi nomeado para o Óscar de Melhor Argumento, apesar de quase não ter diálogos.

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segunda-feira, 11 de maio de 2015

Há Festa na Aldeia (Jour de Fête) 1949



Numa pequena aldeia do centro de França é dia de festa: os feirantes chegam à praça com as suas roulotes, carroças, carros, cestas, carrocéis, lotarias, fanfarras. Instala-se um cinema ambulante. É ocasião para os aldeões descobrirem um documentário sobre as proezas dos correios na América. Ridicularizado por toda a aldeia, François, o carteiro, decide aprender a executar o seu trabalho “à americana”.
Sabemos agora no gigante que Jacques Tati se tornou, e é particularmente divertido ler as críticas que a imprensa americana fez na altura, em particular a Variety: "A história, que é do mais simples, mostra uma aldeia francesa num dia de férias. Não há praticamente nenhum argumento. O elenco de apoio é de muito pouca importância em comparação com Tati, que faz de carteiro da aldeia. A música de Jean Yatove é adequada, e a realização, a técnica e o tempo estão todos bem. Mas a única coisa que conta no filme são as palhaçadas de Tati, praticamente sem diálogos".
É claro que o crítico que escreveu esta revisão tinha poucos pontos de referência, para lidar com o tipo de cinema único de Tati, que reviveu a era de ouro das comédia do cinema mudo, ligando-as a um sentido de narrativa que viria a definir o emergente cinema de arte europeu, particularmente a Nouvelle Vague, que ainda estava a uma distância enorme de 10 anos, mas que aqui começava a encontrar raízes.
Como a crítica da Variety sugere, ali em cima, Tati é a estrela do filme, e as suas palhaçadas com o ar desajeitado, produzem algumas das melhores gargalhadas em muito tempo. Com o seu típico bigode, e o uniforme mal ajustado, principalmente as calças, que são largas e dobradas nas suas grandes botas. É divertido apenas olhar para ele, e tal como faria com outra personagem Monsieur Hulot, magicamente combina inépcia com dignidade, criando uma uma personagem que não podemos deixar de amar, mesmo quando ele cria caos onde quer que vá. "Caos" até é uma palavra um pouco forte, já que a sua falta de jeito constante normalmente resulta em pouco mais do que alguns inconvenientes, e acidentes menores, tal como quando ele resolve ajudar a levantar a bandeira no centro na cidade. O humor é principalmente físico, e a graça de Tati combina o timing de Keaton, a ousadia de Harold Lloyd, e o sentimentalismo de Chaplin. Embora esta fosse a sua primeira longa-metragem (aos 40 anos), já vinha a praticar números musicais desde o inicio dos anos 30, altura em que apareceu pela primeira vez numa curta: "Oscar, Champion de Tennis" (1932).
Tati, sempre um perfeccionista, passaria anos a mexer no filme, acrescentando novas cenas, lançando uma versão a cores. Muitas das suas adições foram em grande parte desnecessárias, já que a versão original, a preto e branco, continua a ser uma alegria de ser assistida. Esta aqui presente no post é a cores, a partir de um restauro feito em 1995. Actualmente é a versão mais conhecida.

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Escola de Carteiros (L'école des Facteurs) 1947



Jacques Tati interpreta um carteiro rural que, juntamente com dois companheiros, estão sob a instrução de um tirano mal humorado. Os três carteiros têm de reduzir o tempo que demoram a dar a sua volta, um round que, completamente absurdo, termina com a entrega de correio num avião para entregas no exterior. Eles têm de reduzir o tempo de 2 horas e 50 minutos para 2 horas e 25. É esta espécie de raciocínio pseudo-científico que vai ser minado pelo comportamento anárquico de Tati.
Curta metragem realizada por Jacques Tati em 1947, L'École des Facteurs é um filme sobre a vida de carteiro numa área rural, e funciona como protótipo para a sua primeira longa-metragem, "Jour de Fête", realizada dois anos depois. Apesar da sua curta duração, serviu para Tati tirar alguns brilhantes gags visuais, e rotinas, antes de desenvolver o seu famoso filme pouco tempo depois. É um filme mudo com palavras, apresentado numa duração que os grandes mestres do cinema mudo, como Chaplin ou Keaton teriam compreendido.

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domingo, 10 de maio de 2015

Jacques Tati

Apesar de trabalhar exclusivamente durante a era do som, Jacques Tati foi sem dúvida o último dos grandes comediantes mudos. A sua personagem de assinatura, Monsieur Hulot, ocasionalmente murmura uma palavra ou duas, mas há sempre muita conversa de fundo nos seus filmes, que são famosos pelas suas ricas bandas sonoras, complexas, e meticulosamente construidas na pós-produção. Ao mesmo tempo, o seu estilo de slapstick tem muito mais em comum com nomes como Charlie Chaplin, Buster Keaton ou Harold Lloyd, do que com os próprios realizadores da sua geração.
Depois de interpretar um punhado de comédias, dirigidas por outros realizadores, durante a década de 30 (incluindo René Clément), Tati esteve em acção durante a Segunda Guerra Mundial, estabelecendo então um número de sucesso nos cabarets de Paris. Porque Clément não estava disponível para dirigir uma curta a partir de um argumento seu sobre uma escola para carteiros, Tati assumiu ele próprio o comando. Dois anos depois, “L’école Des Facteurs” serviu de base para a primeira longa metragem do futuro realizador, Jour De Fête (1949). Enquanto Tati desempenha o papel mais significativo - do carteiro de uma pequena vila, que vê um documentário sobre métodos de correio americanos, e se torna obcecado em aumentar a produção - o filme, passado durante e depois do dia da feira na terra, funciona mais como um retrato afectuoso de uma pequena comunidade, frequentemente levada a excessos. Este filme estabelecia Tati como tendo um talento especial para a repetição criativa, e para a comédia.
Ao longo desta semana vamos ficar a conhecer a curtíssima carreira de Tati. Curta, mas gloriosa.

Segunda: "L'école des facteurs" (1947) + "Jour de Fête" (1949)

Terça: "Les vacances de Monsieur Hulot" (1953)

Quarta: "Mon Oncle" (1958)

Quinta: "Playtime" (1967)

Sexta: "Trafic" (1971) + Parade (1974)

Uma boa semana para todos. Espero que o ciclo seja do vosso agrado.