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terça-feira, 8 de junho de 2021

A Vénus Loira (Blonde Venus) 1932

"Blonde Venus" foi um de uma série de filmes feitos que apareceram entre 1930 e 1933, que lidavam com assuntos como o divórcio, o adultério, a prostituição, e a promiscuidade. Muitos críticos viram estes filmes como reflexo das condições durante a Grande Depressão, que obrigavam as pessoas a tomar más decisões morais. Neste filme, no entanto, a personagem feminina principal comete adultério, mas faz com o objectivo de obter dinheiro para o pagamento de um tratamento de saúde ao marido. Ele a rejeitará quando fica a saber da atitude dela, sem querer saber das razões.
A controvérsia começou logo no primeiro argumento, quando o chefe da Paramont rejeitou o argumento original, escrito por Josef Von Sternberg, considerando-o "muito crú", ordenando uma nova versão que fosse mais aceitável. Nesta primeira versão do argumento, a personagem de Marlene Dietrich termina a carreira de bailarina e volta para o marido, que a perdoa do adultério. O MPPDA encarregue de fazer a revisão do argumento rejeitou-o porque segundo ele "nas mentes do público iria destruir o caracter do marido, até então um homem decente que tinha sido enganado pela sua esposa. A segunda versão, escrita em grande parte pelo chefe da Paramont, mostrava Helen sozinha no final, removendo a possibilidade de "compensar os valores morais". Só uma terceira versão, que seria uma mistura das duas primeiras, seria finalmente aprovada pelos censores.
O filme move a personagem de Dietrich para cima e para baixo na escada socioeconómica. Começa como uma cantora de um cabaret em Berlim, muda para uma vida de quase pobreza de um americano moribundo e depois entra num caso que a leva a um opulento apartamento em Manhattan, para caír nas profundezas da prostituição da classe baixa no Deep South. 
Em 1934, quando depois da igreja exercer muita pressão os códigos de produção se tornarem mais rígidos, "Blonde Venus" foi uma das grandes vitimas. Foi reclassificado como "Classe 1", o nível mais elevado, e foi ordenado que fosse retirado de circulação, e que nunca mais fosse mostrado no seu formato original.

sexta-feira, 28 de maio de 2021

O Anjo Azul (Der Blaue Engel) 1930

 "O Anjo Azul", primeiro filme sonoro alemão, foi filmado simultaneamente em inglês e alemão. Josef Von Sternberg construiu o filme à volta de Marlene Dietrich, e tencionava trazê-la para o estrelato. O cenário do cabaret estava destinado a fazer reviver a infância de Von Sternberg, e as canções, que tinham poucas notas,  tinham sido escolhidas de propósito para a voz limitada de Dietrich. A história retrata a queda e humilhação do professor Immanuel Rath, um professor de literatura. Os seus alunos gozam com ele e não mostram interesse nas suas aulas, e preferem passar o tempo a falar e passar fotos da cantora de um clube noturno, que o professor confisca. Determinado a salvar os alunos do que ele acha ser a influência negativa da cantora, decide falar com ela, e vai até ao clube noturno Anjo Azul.
"O Anjo Azul" é uma parábola erótica que expressa o estado do intelectualismo alemão entre as duas grandes guerras. De certa forma, explora a forma como uma mente educada olha para os prazeres sensuais, parte do medo com que certos desejos façam do homem um idiota, até o mais intelectual, tal como Lola Lola faz a Rath. Lola Lola é a fantasia dos adolescentes, com meias altas, maquilhagem e uma cartola. Ela é responsável pela queda do professor da classe média, que se apaixona por ela enquanto tenta salvar os alunos da sua influência. 
O filme foi primeiro criticado na Alemanha. Era um projecto muito pessoal para Von Sternberg, que tratou de tudo com base no seu interesse e obsessão por Marlene Dietrich, por quem estava apaixonado. Por mais pessoal que fosse o filme, Alfred Hugenberg, um político nacionalista da extrema-direita e chefe da Ufa, o estúdio que produziu o filme, viu-o como um ataque à classe média, embora não tenha deixado instruções para que o filme fosse alterado, e, nos Estados Unidos, foi avaliado pela SRC por causa da extrema sexualidade que o filme apresentava, e que segundo algumas opiniões violava o código de decência americano. Acabou por passar com distinção, mas isso não impediu que o fosse proibido em várias cidades de ser exibido, pelos censores locais, como em Pasadena, na Califórnia.
Esta é a versão em alemão, com legendas em inglês.

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Macau (Macao) 1952

Robert Mitchum é Nick Cochran, um veterano da Segunda Guerra Mundial que viaja para o Extremo Oriente para fugir à acusação de um crime que não cometeu, enquanto Jane Russell é Julie Benson, uma cínica cantora. Os dois encontram-se a caminho de Macau. A antiga colónia portuguesa apresentava-se como a Las Vegas/Mónaco do Oriente, onde a impunidade reinava e onde os criminosos procurados internacionalmente se escondiam. Uma troca de olhares e as suas vidas cruzam-se para sempre. Dois destinos tão parecidos que esperam por uma razão para assentar.
De acordo com os créditos de abertura, "Macao" foi dirigido por Josef von Sternberg. Na verdade, Howard Hughes despediu Sternberg ainda antes das filmagens terem terminado, e o filme foi completado, mas não creditado, por Nicholas Ray. Mitchum e Russell voltam a encontrar-se depois de no ano anterior terem protagonizado "His Kind of Woman", de John Farrow, também ele um film noir. Uma obra com uma dupla de protagonistas desta natureza não era para ser realizada por um homem como Sternberg: um artista, um criador, um autor, e de temperamento dificil. E por causa disso a sua relação com Mitchum nunca foi das melhores.  
O filme foi quase todo rodado nos estúdios da RKO, com algumas sequências a serem filmadas em exteriores para dar um certo ar exótico. O operador de câmara  Dick Davol foi enviado para os exteriores verdadeiros para garantir algumas imagens dos lugares onde se passava a acção, acabando por ver-se envolvido numa intriga maior do que a do filme. Viu-se confrontado com uma série de pequenos e grandes oficiais que exigiram uma compensação monetária para permitirem filmar. Na sua folha de subornos encontra-se subornos a oficiais, funcionários da emigração, policias de várias nações, e até mesmo os condutores dos pitorescos sampans, nas vias de trânsito congestionado. 
"Macao" era um desses produtos de estúdio onde ninguém tinha alguma força criativa. Hughes sabia o que queria, e esperava que o filme fosse produzido pela sua equipa de engenheiros. O argumento foi escrito por sete argumentistas. Oito se considerarmos que Mitchum fez algumas regravações de improviso nos últimos dias de filmagem, quando o resto da equipa tinha ficado sem idéias. 

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