Mostrar mensagens com a etiqueta Robert Wiene. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Robert Wiene. Mostrar todas as mensagens

domingo, 20 de março de 2016

Raskolnikov (Raskolnikov) 1923

O estudante Raskolnikov, que escreveu um artigo sobre leis e crime propondo a tese de que uma pessoa normal pode cometer crimes se as suas acções forem necessárias para o beneficio da humanidade, assassina um homem que trabalha numa loja de penhores, bem como a sua irmã, que aparece na altura errada. Ele é considerado suspeito, mas alguém confessa o crime. Mas Raskolnikov começa a sentir remorsos pelos crimes que cometeu, e a sua mente começa a ser revirada pelo sentimento da culpa...
"Crime e Castigo" foi levado mais de 20 vezes ao cinema, e esta versão, de 1923, foi apenas a terceira. Realizada por Robert Wiene, um dos expoentes máximos do expressionismo alemão, autor de obras como "O Gabinete do Dr. Caligari" ou "As Mãos de Orlac", que utiliza muitas das técnicas postas em acção nos filmes referidos, como cenários pintados, ou a perspectiva distorcida. "Crime e Castigo" acabou por ser, não surpreendentemente, uma boa aposta para o estilo de Wiene, com a visão cada vez mais bizarra do herói, a ser literalizada nos cenários fantásticos. O filme parece ter um orçamento superior a "Caligari", com Wiene a procurar uma visão mais tridimensional.
Wiene também teve a sorte de trabalhar com um grupo de actores imigrantes russos, que tinham sido treinados por Stanislawski, e trabalhado no Moscow Art Theater. Claramente, eles tiveram de se adaptar à abordagem muito distinta de Wiene, para atingir perfomances expressionistas, com o papel principal a ser muito bem interpretado por Gregori Chmara.
A trama do filme, adaptada pelo próprio Wiene, é desenvolvida com total coerência e tem alguns pontos brilhantes nas sequência de Raskolnikov torturado pela imagem do espectro das pessoas assassinadas. A cenografia expressionista, que já havíamos visto em "O Gabinete do Dr. Caligari", destaca um universo realista e sufocante, e é essencial, junto com a gesticulação dos personagens, para criar a sensação de depressão, que atravessa o filme. 

Link
Imdb

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

As Mãos de Orlac (Orlacs Hände) 1924


As Mãos de Orlac, uma produção lendária, tem sido lembrado por uma única imagem: o perfil neurótico de Conrad Veidt olhando para as suas mãos em forma de garra. O filme inspirou várias versões, oficiais e não oficiais, desde a produção de Karl Freund da MGM, Mad Love (1934), com Peter Lorre, até ao filme de acção e paródia Body Parts (1991), com Jeff Fahey. E quem é que se pode esquecer daquela cena hilariante de Evil Dead 2, da mão possuída? 
A história é a de um músico que perde as mãos, e é-lhe transplantado um outro par, de um assassino. Será que o protagonista consegue controlar as suas próprias mãos, ou será que as mãos vão levá-lo num tumulto para expressar os seus desejos de matar? E serão as mãos que estão realmente no controle, ou é simplesmente um truque que a vítima tem para deslocar a culpa? Esta é uma daquelas histórias com uma explicação perfeitamente lógica, tão absurda e bizarra, que só acrescenta ao incompreensível a natureza do sonho da história. Esta produção de baixo orçamento reunia Conrad Veidt com Robert Wiene, o famoso realizador do filme "O Gabinete do Dr. Caligari". Como havia aqui tantos "auteurs", e porque os seus outros filmes eram pouco acessíveis para uma vasta plateia, Wiene não gozava de uma grande reputação como realizador. Comparando esta versão mais grotesca com a de "Mad Love", vemos que Freund manipula-a com um toque muito mais suave.
Veidt era um dos actores mais talentosos do mundo do cinema. Poderia ser tão "realista" como Hollywood gostava, como testemunha o seu papel mais famoso como o major Strasser de "Casablanca", mas ele nasceu para interpretar personagens estranhas, assombradas, cadavéricas, e era isso que era preciso para o expressionismo. Pensamos no Expressionismo, como praticado no teatro e no cinema da Alemanha e de outros países europeus durante as décadas de 1910 e 20, como uma forma de distorcer os elementos plásticos (como cenários e iluminação), de modo a expressar as emoções das personagens, e estas são geralmente emoções "negativas": medo, ódio, raiva, histeria. É a extensão da natureza, onde em vez de serem as árvores e as nuvens que refletem o nosso humor, são os móveis e as escadas. Assim, o expressionismo, o primeiro movimento na pintura, tem raízes essencialmente românticas. Estes elementos plásticos incluiam os actores, que poderiam agir de uma forma não-naturalista para demonstrar as suas perturbações. Veidt era exímio nisto.Vê-lo é ver alguém radicalmente comprometido em utilizar todo o seu corpo de forma expressiva. Ele até parece causar as veias na testa a latejar. Claro, toda esta postura, tão facilmente parodiada, e num ritmo lento, imposto e rebuscado, poderiam facilmente deixar o espectador cansado nos tempos que correm, mas é um claro exemplo porque Veidt era um dos maiores actores do expressionismo. 
Eu tenho um carinho especial neste filme. É uma obra que está no meu top 10. 

Mega
Link
Imdb

domingo, 27 de janeiro de 2013

Genuine: A Tale of a Vampire (Genuine) 1920


Um Senhor mantém uma mulher perigosa e selvagem presa por causa das suas capacidades destrutivas e poder de sedução sobre os homens. No entanto, ela escapa, e ....
Robert Wiene é conhecido principalmente como o realizador do "Gabinete de Dr. Caligari". Este filme é feito aproximadamente o mesmo estilo, o que o torna pelo menos visualmente de interesse. Aqueles que esperam um filme de vampiros convencional vão ficar decepcionados, a personagem-título é mais uma femme fatale/vamp, que é como eram chamados os vampiros naquela época. Os cenários e os figurinos, em grande parte da autoria de César Klein, são a característica de maior destaque no filme. Os cenários continuam o projeto expressionista que foi estabelecido por Wiene, em O Gabinete do Dr. Caligari (1920). São mais detalhados do que no filme anterior, mas continuam a ser fiéis às características expressionistas para denotar um mundo de sonhos.
Aproximadamente quatro bobinas do filme sobreviveram, e hoje um visionamento é comprometido pelos buracos evidente na continuidade da narrativa. Mas o suficiente do filme continua a dar-nos um sentido do alcance da história de Carl Mayer.

Mega
Link
Imdb

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

O Gabinete do Dr. Caligari (Das Cabinet des Dr. Caligari) 1920


Sentado num banco do parque, um homem ainda jovem, Francis, conta a um homem mais velho a trágica história da sua noiva. Tudo começou há alguns anos, quando ele e o seu amigo, Alan, estavam apaixonados pela mesma mulher, Jane ... Um dia, Francis e Alain decidem visitar uma feira itinerante em que uma das exibições é a do gabinete do Dr. Caligari. Uma caixa em forma de caixão contém um homem inconsciente todo vestido de preto. Caligari desperta o homem, Cesare, e diz ao público que ele esteve a dormir por mais de 20 anos, e através do tempo ele adquiriu a capacidade de prever o futuro. Alain pergunta ao sonâmbulo quanto tempo ele tem para viver. Cesare responde que ele será morto na madrugada seguinte. A previsão estava certa: Alan é a segunda vítima de um serial killer. Na noite anterior, um trabalhador municipal foi esfaqueado até à morte. Francis está convencido de que Caligari tem algo a ver com os assassinatos e assim começa a sua própria investigação...
É inquestionável que "O Gabinete do Dr. Caligari" é uma obra-prima do cinema expressionista alemão. Enquanto esse epíteto é sem dúvida verdadeiro, não faz justiça à importância histórica do filme, nem ao seu grande valor artístico e originalidade. Foi o primeiro filme importante a apropriar-se do estilo expressionista alemão, que teve origem na pintura e no teatro e, consequentemente, deu à luz a um novo estilo de cinema. O filme expressionista alemão, que se distingue por seus angulos de câmera, interpretações estilizadas e uso exagerado de luz e sombra, foi inspiração para cineastas de toda a Europa e da América, evoluindo gradualmente para o distintivo "filme noir" dos anos 1940. O sucesso de Caligari contribuíu para o período de mais fulgor artístico e de mais sucesso no cinema alemão, impulsionado por obras semelhantes, como Nosferatu, de Murnau (1921) e Metropolis, de Fritz Lang (1927).  
Assim, "O Gabinete do Dr. Caligari" pode justamente ser classificado como um dos mais importantes filmes da história do cinema. É também uma obra surpreendentemente acessível, uma vez que combina uma técnica narrativa convencional com alguns dispositivos altamente inovadores. Esta esquizofrenia construída, fusão de vanguarda com o comercial, espelha a história do filme, que lida principalmente com o tema da extrema desordem psicológica ou, dito de forma mais sucinta, a loucura. Os cenários expressionistas, com janelas deformadas, escadas em espiral tortas e uma sensação geral de desarmonia, adicionam a impressão de um mundo permeado por terror subconsciente e instabilidade mental. O factor medo é agravado pelos desempenhos extremamente estilizados de Werner Krauss e Conrad Veidt, que interpretam respectivamente Caligari e Cesare, os dois vilões arrepiantes do filme. Ambos gozaram  grande fama e carreiras de sucesso como resultado de participarem neste filme.
Originalmente foi planeado pelos seus autores (Hans Janowitz e Carl Mayer) para ser uma agressão flagrante a todas as formas de autoridade, uma reacção popular para o desastre sócio-económico e a tragédia humana que foi a Primeira Guerra Mundial. Na sua história, o Dr. Caligari representa o porta-estandarte da velha guarda, o homem de idade iludido, que usa o seu assessor sonambulo para perpetrar actos de maldade grotescos.

Mega
Link 
Imdb