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segunda-feira, 16 de agosto de 2021

E Deus Criou a Mulher (Et Dieu... Créa la Femme) 1956

 "E Deus Criou a Mulher", realizado por Roger Vadim, contava com Brigitte Bardot, a "fantasia de todo o homem casado" no papel de uma orfã de 18 anos que se torna numa mulher sexy e amoral de um homem e o objecto de desejo para dois outros. Trabalhando numa banca de jornal e a viver em St. Tropez com um casal que ameaça mandá-la de volta para o orfanato se ela não aceitar em mudar o seu comportamento em relação aos homens, sobre quem exerce um grande poder de atração. 
"E Deus Criou a Mulher", de Roger Vadim, juntou-se  a "L'Amant de Lady Chatterley" de Marc Allégret, e "Les Amants" de Louis Malle, numa série de filmes que forneciam ao público americano novas formas de visão artística e sensualidade nunca antes vistas em produções de Hollywood. Ainda mais importante, a sua popularidade levou a que mais filmes que tratavam da sexualidade humana a um nível mais adulto,  e por sua vez a um maior número de desafios que iriam parar aos tribunais, trazendo mais vitórias para o cinema.
Foi desafiado pela Legião de Decência em todas as cidades onde foi distribuído, mas mesmo assim conseguiu obter licenças em estados como Nova Iorque, Maryland e Virginia. Apesar dos protestos foi exibido em várias outras cidades nos estados de California, Illinois, Kentucky, Missouri, Ohio, Oregon, Pensilvânia, Texas e Washington. Na cidade de Filadélfia teve muitos problemas, foi proibido de acordo com uma lei que poderia considerar ilegal qualquer filme que fosse "lascivo, sacrílego, obsceno, indecente ou de natureza imoral", e de acordo com os padrões da cidade o filme preenchia 4 dos 5 requisitos. O aviso alertou os proprietários dos cinemas que exibirem o filme poderia resultar na sua prisão e apreensão do filme. A distribuidora, a Kingsley International, levou o caso a tribunal, numa luta bastante disputada, acabando por vencer contra a cidade de Filadélfia.

 

terça-feira, 27 de abril de 2021

Os Violinos do Baile (Les Violons du Bal) 1974

A história de um realizador que tenta, em vão, há quase vinte anos fazer um filme autobiográfico: os acontecimentos da sua infância, as lembranças da juventude, as lembranças surreais, fundem-se com a vida presente.
Memórias pessoais da França sob a ocupação alemã durante a Segunda Guerra Mundial, o realizador Michael Drach, encantadoramente interpretado pelo seu filho David, não era, no entanto, nenhum Lucien Lacombe, pronto para lutar com o conquistador, mas sim um rapaz judeu de olhos arregalados que apesar de se ter escondido com a família de um camponês astuto e traiçoeiro, foi abençoado com uma mãe que o ajudou a sobreviver à guerra com a sua natureza confiante ainda intacta.
"Les Violons du Bal" compreende episódios da fuga de Michael para a Suiça, intercaladas com cenas semi-humoristicas do ainda confiante Drach (interpretado em adulto por Trintignant) a tentar financiar o seu próprio filme. Foi o filme que representou a França nesta edição do Festival de Cannes. Legendas em inglês.

domingo, 22 de março de 2020

A Ultrapassagem (Il Sorpasso) 1962

Roberto, um tímido estudante de Direito em Roma, conhece Bruno, um exuberante e caprichoso homem de quarenta anos de idade, que o leva para um passeio pelas terras romanas e da Toscânia, no verão de 1962. Eles vão passar dois dias juntos, conhecer tanto a família de Roberto como a de Bruno. O tempo que Roberto passa com Bruno é hilariante, mas por vezes torna-se num emocional e impiedoso processo de maturização. 
Il sorpasso (1962) soa como qualquer velha buddy comedy, mas o talentoso elenco e realização fazem dele mais do que isso. Roberto é interpretado por Jean Louis Trintignant no seu mais romanticamente reprimido papel. Vittorio Gassman brilha com um lampejo de desespero no papel cheio de fanfarronice de Bruno, com um grande sorriso na cara. E o realizador é Dino Risi, que preparava a familiarizada Commedia all'italiana, onde ele foi um dos principais artesãs. 
"Il Sorpasso" é a definitiva combinação de comédia e road movie. Ao longo de toda a viagem (digo novamente que é um road movie, e é para ser classificado entre os melhores do género), os dois personagens mudam e temos a estranha sensação de que quanto mais os vemos menos os conhecemos. Roberto é uma jovem muito tímido, ao contrário do desconcertante Bruno, que serve como contraponto com outra personalidade. A personalidade de Bruno é especial, é um veterano que falhou em tudo, e passa todo o tempo a viajar no seu carro desportivo. Todo o argumento desenvolve um humor suave, mas constante, o que nos faz manter o sorriso durante todo o filme, enquanto mostra o retrato de uma maravilhosa Itália dos anos 60, que inclui a banda sonora sensacional de Riz Ortolani. Além disso, temos a fotografia num branco e preto evocativo de Alfio Contini. 

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quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

O Terraço (La Terraza) 1980

Cinco amigos de longa data reúnem-se para jantar num terraço do apartamento de um deles, situado em pleno centro de Roma. As conversas e a s confidências sucedem-se. É visível que o entusiasmo de outrora deu lugar a uma profunda desilusão devido a sucessivos fracassos, tanto a nível profissional como sentimental. O argumentista vive uma crise artística; o produtor de cinema é desprezado pela mulher; o jornalista de esquerda, recém-abandonado pela esposa, perde o emprego; o deputado do PCI envolve-se com uma jovem casada; e o diretor de uma rede de televisão renuncia à vida.
Uma boa oportunidade para ver novamente o grande sentido de crítica e amor de Ettore Scola pela sociedade contemporânea italiana, misturando de forma tragicómica a política, a crise de meia-idade, o casamento fracassado, o amor, a infidelidade, o suicídio, a amizade, e o papel dos intelectuais. 
Um destaque muito especial para o grandioso elenco, com nomes como Vittorio Gassman, Ugo Tognazzi, Jean-Louis Trintignant, Marcello Mastroianni, Serge Reggiani nos principais papéis, e ainda, a bela Stefania Sandrelli, e a quase estreante Marie Trintignant, filha de Jean-Louis, em papéis secundários. 
Não é dos melhores filmes de Scola, mas tem os seus créditos, que valeram a Scola a sua quarta nomeação para a Palma de Ouro.

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quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Deserto dos Tártaros (Il Deserto dei Tartari) 1976

Adaptado de um livro de 1940 do autor italiano Dino Buzzati, "Deserto dos Tártaros" segue um jovem recruta do exército imperial austro-húngaro, enquanto cumpre a sua primeira missão no distante forte Bastiano, que tem vista para o deserto e para uma montanha hostil (presumivelmente na Rússia). A acção do livro de Buzzati era passada num periodo e localização indefinidos, mas Zurlini transportou a história fortemente alegórica, para o século 19, no centro da Europa, sem grandes problemas. Competentemente filmado, o filme é também muito fiel ao livro original.
O protagonista é o tenente Drogo (Jaques Perrin), que está sedento por acção, mas fica desapontado ao descobrir que Bastiano é uma espécie de clube de cavalheiros, onde o jantar é acompanhado por uma orquestra à luz de velas, e o único combate que pode encontrar são as lutas de esgrima no ginásio. Drogo fica muito desiludido e decide partir à primeira oportunidade. Inicialmente tenta transferência para uma base mais agitada, mas aos poucos Bastiano torna-se a sua ilha. Enquanto isso, segredos mistérios e dúvidas vêm gradualmente à superfície. 
As comparações com a filmografia de Michelangelo Antonioni são óbvias, principalmente por causa do foco na alienação e no vazio, o diálogo escasso, e a paisagem ser o personagem principal. O director de fotografia Luciano Tovoli, já tinha filmado duas vezes com Antonioni, um raro documentário sobre a China, e "Profissão: Repórter", do ano anterior. Filma com enorme beleza as paisagens desérticas e os picos cobertos de neve, com cada quadro a ser composto com o máximo de detalhe. Os dois temas principais, o "medo" e o "desconhecido" são universais para qualquer ser humano, e com eles somos confrontados várias vezes ao longo da vida. Zurlini, metodicamente, expõe-nos a um perigo que nunca se materializa totalmente. Não é facil descrever este filme, já que cada espectador tira uma idéia diferente.
De destacar ainda a banda sonora assombrosa de Ennio Morricone, e um elenco cheio de estrelas: Jacques Perrin, Vittorio Gassman, Giuliano Gemma, Phillip Noiret, Francisco Rabal, Fernando Rey,  Jean-Louis Trintignant e Max von Sydow. 

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quinta-feira, 10 de abril de 2014

O Grande Silêncio (Il Grande Silenzio) 1968



Silencio (Jean-Louis Trintignant) é um pistoleiro mudo com um grande senso de justiça. É contratado por uma viúva cujo marido foi assassinado, para se vingar do pistoleiro Loco (Klaus Kinski), um dos caçadores de recompensas que foi contratado para caçar os sem abrigo nos arredores de Snow Hill. Um novo sherife (Frank Wolff), e o juiz local, vão tornar as coisas um pouco complicadas.
Existe um grande culto à volta deste filme, que vai muito para lá de um normal spaghetti western. Apesar de "Django" ser o mais conhecido dos westerns de Corbucci, este é o mais bem cotado entre os críticos, aparecendo em muitas listas bem no meio dos filmes de Leone. Provavelmente é mesmo o melhor spaghetti para lá dos de Leone.
A intenção de Corbucci era ter novamente Nero no papel principal, mas diz-se que como alguns dos produtores eram franceses, foi imposto o actor Jean-Louis Trintignant para ficar com o papel principal. Trintignant não sabia uma única palavra de italiano, então acabou por surgir a idéia de ter um protagonista mudo. O nome de Grande Silencio vem assim da incapacidade do protagonista de conseguir falar, para além de também ser um grande pistoleiro.
Por vezes chamado de "o western da neve", a acção passa-se no Utah, perto do final do século 19. Foras da lei encontraram um sitio para se esconder nas montanhas, mas têm de descer à cidade para conseguir alimentos. Snow Hill tornou-se num antro para caçadores de recompensas, que assassinam os foragidos a sangue frio, sem misericórdia, para apenas conseguirem a recompensa. Tal como a maioria dos westerns que Corbucci fez, este era um filme político, um filme sobre os ricos a pagarem à escumalha para matar os pobres. Os foras da lei são homens que têm de roubar para comer, e apenas são procurados porque o rico banqueiro local paga uma fortuna pelas suas cabeças. Corbucci já se tinha debruçado no tema da inutilidade de um homem para mudar o mundo, que era normalmente personificado na figura de um anti-cristão. Essa idéia está bem presente neste filme, mas para se aperceberem disso terão de ver o final, um dos mais duros e revoltantes de sempre, não estou a exagerar considerando toda a história do cinema.
Alguns pontos altos do filme, a enorme interpretação de Klaus Kinski, completamente lunático como vilão, superior até ao protagonista, e, claro, a grande banda sonora de Ennio Morricone. Um dos maiores spaghetti de sempre.

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quinta-feira, 6 de março de 2014

O Duelo na Ilha (Le Combat Dans L'île) 1962



O filho de um industrial francês, Clément, é um extremista da direita, que pertence a uma organização secreta que usa todos os meios, inclusivé a violência, para atingir os seus fins. A sua esposa, Anne, uma ex-actriz alemã que deixou a carreira para se dedicar apenas à vida de esposa, sabe um pouco das suas actividades extremistas, e sabe que ele seria capaz de matar, em caso de necessidade. Muitas vezes ele trata-a mal, especialmente quando não estão em público, onde ela mantém a fachada de estrela aposentada. Independentemente disso ela é obrigada a manter-se casada. Depois dele e um colega assassinarem uma figura comunista, num crime que corre mal, Clément e Ann escondem-se em casa de um amigo de juventude dele, que não sabe nada das atitudes extremistas de Clément.
O primeiro filme de Alain Cavalier é uma combinação surpreendentemente eficaz de thriller político, comentário social, melodrama romântico, e estilismo da Nouvelle Vague. Podem-se ver influências de Bresson por todo o lado, embora ele nunca tivesse escolhido estrelas como Trintignant ou Romy Schneider. Ambos os actores aparecem aqui em pico de forma, com Romy a aproveitar a oportunidade de fazer um papel diferente de Sissy, que ela estava habituada. A relação amor/medo entre os dois, com Henry Serre a formar o terceiro vértice do triângulo, é desenhada com muita habilidade e subtileza, muitas vezes contada através de detalhes fragmentados.
Há um trabalho de exteriores evocativo da Paris dos anos sessenta, e uma bela fotografia (de Pierre Lhomme) do retiro rural para onde Anne e Clément se refugiam. O tema da extrema direita dá ao filme uma continua relevância social. É uma das pérolas escondidas da Nouvelle Vague, que merece sem dúvida ser descoberta.
Legendas em inglês.

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