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domingo, 16 de fevereiro de 2014
Café e Cigarros (Coffee and Cigarettes) 2003
Uma série de vinhetas no formato de curtas-metragens, construidas para criar o efeito cumulativo, já que os seus personagens discutem coisas tão diversas como a cafeina, Paris nos anos 20, o uso de nicotina e insecticida - as personagens passam todo o tempo sentadas a tomar café e a fumar. Jim Jarmusch investiga o ritmo normal do nosso mundo a partir de um ângulo extraordinário, e mostra o quão absorvente são as emoções, vicios e alegrias da vida, se forem bem observados.
"Coffee and Cigarettes" demorou mais de 17 anos em produção, filmado aos poucos, curta a curta, e é basicamente um conjunto de pequenas conversas entre celebridades, muitas delas interpretando-se a si próprias, enquanto se dedicam a tomar café e fumar cigarros. A maior parte das conversas são destinadas a ser divertidas, embora um toque de seriedade também seja adicionado, assim como algumas verdades sobre a amizade a fama e a família.
Grande parte do filme parece improvisado, mas outras são claramente escritas previamente, e nota-se algum amadorismo, difícil de decifrar por vezes. Alguns dos destaques incluem um Bill Murray em conversa sobre a nicotina e a cafeína, com dois membros dos Wu-tang Clan, RZA e GZA, ou então Steve Buscemi com uma louca teoria sobre um irmão de Elvis, em conversa com Joie e Cinque Lee (irmãos de Spike Lee). Depois temos o segmento que nos interessa, "Somewhere in California", com uma conversa entre Tom Waits e Iggy Pop.Waits e Pop partilham uma vinheta com um constrangimento agressivo/passivo com dois grandes músicos a desafiarem-se para encontrarem território em comum. Esta sequência foi filmada em 1995.
"Coffee and Cigarettes" acaba por ser um filme cativante, embora não chegue tão longe como outros filmes do realizador, como "Mystery Train" e "Night on Earth".
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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014
Noite na Terra (Night on Earth) 1991
Uma antologia de cinco histórias envolvendo taxistas em cinco cidades. Los Angeles - Um agente talentoso do mundo do cinema descobre que o seu taxista poderia dar um excelente actor, mas este está relutante em deixar a sua profissão segura. NewYork - um taxista imigrante vê-se continuamente perdido numa cidade e numa cultura que não entende. Paris - uma jovem cega vai de boleia com taxista da Costa do Marfim, e pelo caminho falam sobre a vida e a cegueira. Roma - um taxista apanha um homem doente, e fala-lhe sobre a morte. Helsinquia - um trabalhador industrial e os seus compatriotas discutem a desolação, o amor e a morte numa viagem de taxi.
O humor perspicaz de Jim Jarmusch, com as suas simplistas observações da vida humana dão corpo a esta co-produção internacional, uma ambiciosa antologia em cinco partes, com as histórias de cinco taxistas em cinco cidades diferentes, numa única noite de inverno. Jarmusch já tinha experimentado este sistema de várias histórias em várias linguas diferentes no seu filme anterior, Night on Earth, mas aqui estende a sua lógica negando qualquer ligação entre as histórias. Se há alguma coisa em comum entre estes cinco contos diferentes, é porque reconhecemos a humanidade partilhada entre os vários personagens, apesar das suas grandes diferenças.
A câmera parece confinada ao interior de cada táxi, com apenas alguns shots estáticos de cada cidade, apenas para definir os exteriores onde o filme está a ser filmado. Jarmusch balanceia o filme habilmente ente o humor e a emoção, mas aqui ele tem mais espaço para espalhar a sua magia. Como qualquer boa colecção de curtas, Night on Earth funciona bem nos campos macro e micro, dando-nos breves instantes de humanidade, e de seguida monta-as numa colagem que dá um ambiente diferente a cada história, engraçada ou triste, num contexto humano partilhado.
Um elenco internacional de luxo, do qual fazem parte Gena Rowlands, Winona Ryder, Armin Mueller-Stahl, Giancarlo Esposito, Rosie Perez, Béatrice Dalle e Roberto Benigni. Tom Waits não participou no filme, mas ajudou na banda sonora, com duas canções: "Back in the Good Old World" e "Good Old World".
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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014
Comboio Mistério (Mystery Train) 1989
Em "Mistery Train" temos três história que se cruzam na mesma noite. A primeira vai encontrar dois turistas japoneses, Jun (Masatoshi Nagase) e a namorada Mitzuko (Youki Kudoh), que saem de um comboio para visitar os famosos Sun Studios, onde Elvis, entre outros, gravaram os seus primeiros singles. Sentados no hotel, eles discutem quem inventou o rock'n'roll, ou Elvis ou Carl Perkins, e conversam sobre a noite aberta do Tennessee. Na segunda história vamos encontrar Luisa (Nicoletta Braschi), uma jovem viúva que fica em Memphis durante uma noite para levar o corpo do seu marido de volta para Itália. Forçada a dividir o quarto com DeeDee (Elizabeth Bracco), acorda para encontrar o fantasma de Elvis, no seu quarto. Finalmente, o ex-namorado de DeeDee, Johnny (Joe Strummer), assalta uma loja de bebidas com os dois cúmplices Will (Rick Aviles) e Charlie (Steve Buscemi). Em fuga, escondem-se no mesmo hotel, até as coisas acalmarem. Cada uma destas histórias está interligada pelos personagens de Cinque Lee e Screamin' Jay Hawkins, dois funcionários do hotel que verificam os hóspedes de noite, e de manhã.
Tal como nos primeiros filmes de Jim Jarmusch (Stranger than Paradise e Down by Law), o seu quarto é mais uma obra que emprega uma história por segmentos em vez de uma narrativa continuada e fluída, que levou alguns detractores a insinuarem que Jarmusch não seria capaz de contar uma história. Mas na verdade, Jarmusch estava à procura de mais do que uma história, e o seu filme sustenta um clima de desencanto e desilusão, vistos através de diversos pontos de vista. Se existe alguma falha é porque o ambiente depressivo acaba por sobrecarregar o humor pouco expressivo do realizador.
Jarmusch conta-nos uma história da América que tem tanto de lendária como é povoada por lendas. É um pouco do que Ford fazia com o seu actor preferido (John Wayne) e o deserto do Arizona, Jarmusch tem uma américa moderna, de restaurantes, motéis, e bares de música jazz. Retrata-nos o lendário Elvis como um homem decente e trabalhador, brilhando ao luar como um fantasma, mas, acima de tudo, fala-nos sobre as pessoas que acreditam nessa lenda, e num hotel que mantém essa lenda viva.
A participação de Tom Waits foi menor. Apenas ouvimos a sua voz, como o DJ da rádio.
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terça-feira, 28 de janeiro de 2014
Vencidos pela Lei (Down by Law) 1986
Três homens, presos por motivos diferentes, acabam a partilhar a mesma cela. Tom Waits é Zack, um DJ decadente, John Lurie é Jack, um chulo, enquanto Roberto Benigni é Roberto, um turista italiano não muito influente na língua inglesa. Os três conseguem arranjar um plano para escapar, mas o problema é depois encontrar um caminho para a civilização, já que eles ficam presos nos pântanos circudantes. As terras pantanosas têm um grande papel na segunda metade do filme, por onde o nosso trio escapa e vagueia sem rumo por entre o lodo e a lama.
O filme não se concentra na fuga deste trio da prisão, que nem sabemos sequer como aconteceu, mas sim na relação entre este trio de loosers. Há medida que o filme avança eles vão mantendo a sua personalidade antipática, excepto a personagem de Benigni que é uma espécie de elo entre os outros dois, e o contraponto cómico do filme. Já com uma carreira em Itália considerável atrás de si, sempre como secundário, era a estreia de Roberto Benigni em território americano, e onde ficaria por mais alguns anos, excepto na sua participação em "La voce della luna", de Fellini.
Terceiro filme de Jim Jarmusch, que começava a construir uma carreira de culto, depois de "Permanent Vacation" e "Stranger than Paradise", outras duas obras em que o realizador se focalizou no submundo de Nova Iorque. Magnifica a fotografia a preto e branco, da autoria de Robby Muller, com pormenores desde as paredes sujas da prisão aos reflexos da água no pântano. Muller ficaria ligado aos filmes de Jarmusch por várias vezes, sendo ele o autor da fotografia de "Dead Man", por exemplo.
Primeira colaboração entre Jarmusch e Tom Waits, que além de um dos papéis centrais também colaborou com três músicas: "Jockey Full of Bourbon", "Tango Till They're Sore", "Crying"
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sábado, 6 de julho de 2013
Permanent Vacation (Permanent Vacation) 1980
Aloysious Parker (Chris Parker) é um rebelde sem causa apaixonado por Chet Baker. Não estuda, não trabalha, vive de um lado para outro, sem rumo e conhecendo pessoas iguais a ele. Permanent Vacation acompanha a rotina do jovem Aloysious durante quase três dias. Esta personagem foi parcialmente baseada no actor Chris Parker, cuja vida pessoal é muito semelhante, inclusive o nome foi criado pelo próprio actor e os diálogos foram retirados de gravações que Jarmusch fez com ele enquanto escreviam o argumento.
Feito por apenas US $15.000, Permanent Vacation lançou a carreira não só de Jim Jarmusch (que ganhou o prémio Josef von Sternberg no Festival de Cinema de Mannheim-Heidelberg), mas também do seu director de fotografia Tom DiCillo, cuja própria estreia como realizador seria Johnny Suede (1991). Permanent Vacation, por vezes mostra bem o seu baixo orçamento, especialmente na gravação do som nos exteriores, francamente terrível, em algumas das cenas em que Allie é mostrado a vaguear pelas ruas, e até mesmo na duração modesta que parece esticar nas costuras - mas a visão de DiCillo da Big Apple é simplesmente deslumbrante, enquanto o argumento de Jarmusch mostra uma sofisticação para lá de um cineasta iniciante.
Quando o aluno Jim Jarmusch submeteu Permanent Vacation como a sua tese final no Tisch Film School da Universidade de Nova York, que foi rejeitada por ser "uma perda de tempo" -, mas suspeita-se que os juízes podem ter confundido o filme com o personagem principal. Permanent Vacation pode deslocar-se e serpentear como o protagonista, viajando de um lado para o outro, com uma aparente falta de rumo, mas, na verdade, ao contrário de Allie, o filme é um romance maduro e estruturado, com alusões evocativas e absurdos existenciais que marcam trabalhos posteriores da obra de Jarmusch.
O filme tornou-se de culto nos anos 80 pelas excelentes interpretações e a atmosfera decadente do pós-punk que Jarmusch conseguiu recriar.
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