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quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Capítulo 7 - Suspense

Calma de Morte (Dead Calm) 1989
"Dead Calm" reduz as nossas emoções e arrepios para as suas formas mais raras. Sem um grande argumento elaborado, nem twists ou reviravoltas. Isto é pura tensão, quando encontramos em apuros um homem e uma mulher casados na luta pelas suas vidas contra um inimigo instável, que eles convidaram para bordo do seu veleiro no oceano.
O filme vale sobretudo para os fãs de Nicole Kidman que pretendem conhecer o trabalho da actriz pré-Hollywood, filmado na Australia, terra da sua descendência, tal como do realizador Philip Noyce, também ele prestes a mudar-se para Hollywood. Kidman mostra aqui algumas das suas melhores capacidades de interpretação jogando com o terror, medo e força de vontade, tudo ao mesmo tempo e de forma muito realista. Depois é coadjuvada por dois actores no topo da forma, Sam Neill e Billy Zane, que dá ao seu personagem um apelo assustador, que parece ao mesmo tempo assustador e sedutor, aterrorizante e simpático.
A história já se disse que não era das melhores, mas "Calma de Morte" funciona muito bem o tempo todo. Tornou-se num filme australiano de culto.

O Inquilino Misterioso (Pacific Heights) 1990
Drake e Paty (Matthew Modine e Melanie Griffith) realizam o seu grande sonho, comprar uma casa vitoriana. Mas para pagar as despesas eles tem que alugar uma parte da casa. Carter Hayes (Michael Keaton) parece ser o inquilino ideal: rico, charmoso e bem sucedido. Assim que começa a morar na casa, coisas estranhas começam a acontecer. A solução é despejá-lo, mas quando tomam esta atitude tem início a uma crescente guerra psicológica contra o indefeso casal. Drake e Paty não podem perder esta guerra, porque isso pode custar a sua relação, a casa e talvez as suas vidas. E para piorar a situação, a lei está do lado de Hayes.
Um filme sobre os horrores das regras e regulamentos. Um exemplo do sistema jurídico moderno, um sistema destinado a proteger os inocentes, mas frequentemente abusado por aqueles que são maus. "Pacific Heights" conta a história do pior inquilino do mundo, um homem que engana todos no seu caminho para conseguir uma nova casa, e de seguida usa cada lacuna legal ao seu alcance para tornar a vida dos seus proprietários num inferno.
Seria o primeiro filme de Michael Keaton depois de "Batman", de Tim Burton. Depois deste filme largava os papéis de cómico a que estávamos habituados,  e começa a fazer cinema mais sério. Como vilão tem uma das suas interpretações mais agradáveis, sobre as ordens do experiente John Schlesinger.

Frenético (Frantic) 1988
Harrison Ford é o Dr. Richard Walker, um médico famoso que, com a sua esposa Sondra visitam Paris pela segunda vez. Da primeira vez, viveram uma lua-de-mel inesquecível, mas agora vão viver momentos de suspense e terror. Tudo começa quando Sondra desaparece misteriosamente do hotel e Walker se vê sozinho numa terra estranha e sem pistas. Até que surge a linda Michelle que resolve ajudá-lo e o leva à aterradora realidade do submundo numa busca incansável pela sua esposa.
Provavelmente não é o melhor filme para o turismo em Paris, mas é muito eficaz como um thriller hitchcockiano, e um triunfante regresso ao género de Roman Polanski, que vinha do enorme fracasso de "Piratas", o seu filme anterior, normalmente considerado um dos maiores fracassos da década. Ainda assim, mesmo com um actor da moda como Harrison Ford, acabaria por ter resultados de bilheteira algo desapontantes.
Harrison Ford tem um desempenho notável como o doutor, e mantém o filme no bom sentido, mesmo quando este está mal orientado. O filme é perfeito nos primeiros 45 minutos, com um mistério verdadeiramente emocionante, mas as coisas começam a diminuir quando Richard se aproxima da verdade. Podem ler mais sobre o filme aqui.

Na Vigília da Noite (Someone to Watch Over Me) 1987
O detetive Mike Keegan (Tom Berenger) é promovido e tem sua vida virada do avesso. Recebe a missão de proteger a socialite Claire Gregory (Mimi Rogers), uma testemunha de um assassinato importante. Mike luta para manter o profissionalismo, em relação à sua família, mas a cada noite fica mais seduzido pelo mundo glamuroso de Claire. Trabalhando para manter a bela mulher a salvo tenta descobrir os próximos passos do assassino. 
Era o terceiro filme de Ridley Scott na década de 80, e de longe o menos conhecido. Um thriller erótico que triunfa mais como policial do que filme de suspense, em parte pela sua incapacidade de causar sustos. Com cenários deslumbrantes, mostra a extraordinária arte visual de Ridley Scott, um realizador que habitualmente caprichava neste campo, basta nos lembrarmos de "Blade Runner".
A carreira de Ridley Scott está recheada de fracassos, mas este acaba por não ser dos maiores, visto que o seu orçamento também era mais reduzido.Há uma tentativa de aproveitar Tom Berenger como protagonista, depois do actor ter sido nomeado para um Óscar em "Platoon", mas os filmes seguintes não correram muito bem. Este seria o pimeiro depois da nomeação.

domingo, 9 de agosto de 2015

What? (Che?) 1972

Uma jovem americana (Sydne Rome), encontra-se a viajar por Itália, até dar consigo numa estranha villa do Mediterrâneo, onde nada parece estar certo. A sua visita torna-se uma versão absurda e decadente de "Alice no País das Maravilhas" com Marcello Mastroianni como o mais louco dos chapeleiros loucos, e Roman Polanski como a "lebre" perversa.
Comédia de humor negro realizada por Roman Polanski, tem quase todas as qualidades redentoras que um filme pode ter: é machista, aborrecido, ofensivo e mal interpretado. Embora alguns o tenham descrito como uma versão de "Alice no País das Maravilhas", a comparação não é merecida. Enquanto as experiências da Alice de Carroll são humoristicamente bizarras com criaturas de universos paralelos, Rome é simplesmente abordada por incontáveis devassos, mas como ela é um protótipo de uma "loira burra" hippie, ela desiste em vez de lutar.
Polanski realizou este filmes entre a sua versão de "Macbeth" e o mega-sucesso de "Chinatown". Na altura da sua estreia recebeu péssimas críticas, além de ter fracassado nas bilheteiras, pelo que se tornou no filme menos conhecido do realizador. Muitos dizer ser o seu pior filme, ainda pior que "Piratas", de 1986. Será?

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quinta-feira, 7 de maio de 2015

Por Favor, Não Me Morda o Pescoço (The Fearless Vampire Killers) 1967



Um idoso investigador de morcegos, o professor Abronsius, e o seu assistente, Alfred, vão a uma isolada aldeia na Transilvânia à procura de vampiros. Alfred apaixona-se pela jovem filha do dono da estalagem, Sarah (Sharon Tate). No entanto, ela está debaixo de olho do misterioso conde Von Krolock, que vive num castelo assustador fora da aldeia...
"Na árvore genealógica dos filmes de vampiros, "Por Favor, Não Me Morda o Pescoço" é um marco de subtileza e humor — Roman Polanski revisitava a tradição de Drácula e propunha uma parábola sobre a pureza e o mal.
Desde a produção independente ("Só os Amantes Sobrevivem") até aos grandes estúdios ("Drácula: a História Desconhecida"), é um facto que o tema dos vampiros voltou a estar na moda, com resultados necessariamente diversos. Vale a pena lembrar, por isso, que a reconversão da tradição cinematográfica de Drácula e afins teve um momento exemplar na comédia de Roman Polanski, "Por Favor, Não Me Morda o Pescoço".
 É verdade: trata-se de uma sofisticada comédia, centrada na aventura do Prof. Abronsius (Jack MacGowran), acompnhado pelo seu fiel e não muito destemido criado Alfred (interpretado pelo próprio Polanski). Ao chegarem ao domínio do Conde von Krolock (Ferdy Mayne), na Transilvânia, eles vão confrontar-se com um universo em que a pureza do sangue não é coisa fácil de preservar...
Foi a primeira e brilhante incursão de Polanski na produção de Hollywood, depois de dois títulos rodados em terras britânicas: "Repulsa" (1965) e "O Beco" (1966). A deliciosa parábola sobre o ideal de pureza e o confronto com o mal ficou também associada à memória trágica de sua mulher, Sharon Tate, presença de destaque no elenco, que viria a ser assassinada cerca de dois anos mais tarde. Para a história cinéfila, "Por Favor, Não Me Morda o Pescoço" persiste como um exemplo modelar de um cinema capaz de brincar com o seu próprio património mitológico." João Lopes

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quarta-feira, 8 de maio de 2013

Repulsa (Repulsion) 1965



Na história do cinema de terror, "Repulsa" é um marco, um filme que ajudou a restabelecer o poder primordial do género e as suas complexidades temáticas e emocionais. Depois de na década de 50 o terror ter-se tornado numa espécie de piada via os "teen-cheapie drive-in movies" como as comédias de Abbott e Costello, a década de 60 foi uma década de reinvenção, começando por "Psycho" e terminando em "A Noite dos Mortos Vivos" (1968), de George A. Romero, explorações psicologicamente densas, visualmente inventivas, e tematicamente ricas do que nos assusta mais, que sempre corresponde a uma queda drástica do que oque consideramos "normal".
"Repulsa" é, em muitos aspectos, o mais complexo e exigente dos filmes de terror desta década, principalmente na forma como nega qualquer tipo de explicação para o que acontece durante os tensos 105 minutos. Em vez disso, Polanski e o seu antigo co-argumentista Gerard Brach deixa-nos no início de um colapso psicológico, que depois seguem inexoravelmente, recusando-se a permitir ao público um momento de tréguas a partir da perspectiva da heroína mentalmente em ruínas, uma franco-belga que mora em Londres chamada Carole Ledoux. Carole é interpretada por Catherine Deneuve, que na altura era uma estrela em ascensão na sua França natal, mas era geralmente desconhecida no cinema em lingua inglesa, o que lhe dava um tipo de beleza anónima que fazia o eventual colapso ser ainda mais chocante e desconcertante . Carole, que é quase patologicamente tímida e reservada (para não dizer sexualmente reprimida), vive num apartamento com a irmã mais velha Hélène (Yvonne Furneaux), uma morena sensual e extrovertida, que está envolvida num caso com um homem casado (Ian Hendry) . Quando ela e o namorado vão de férias para Itália durante uma semana, Carole é deixada sozinha, e o seu estado mental começa a deteriorar-se rapidamente, o que Polanski retrata com uma intensidade fascinante, levando-nos profundamente dentro da sua experiência de alucinações, paranoia e medo.
Fotografado num preto e branco austero por Gilbert Taylor, um veterano da indústria que recentemente tinha feito a fotografia de Dr. Strangelove (1964) e A Hard Day's Night  (1964) e iria fazer a de Frenzy de Hitchcock (1972), bem como a de Star Wars (1977), "Repulsion" é antes de mais um filme intensamente experimental, trazendo fisicalidade literal de fissuras mentais e emocionais. Polanski atrai-nos com uma cascata crescente de sons e imagens, começando com pequenos ruídos estranhos e a aparência ímpar de rachas nas paredes. Conforme o tempo avança, marcado tanto pelo crescimento como pela decadência, as rachas começam a ficar maiores, e os sons estranhos a transformarem-se numa cacofonia de sons que gritam como uma voz distorcida.  Quando estranhos tentam entrar no apartamento, incluindo um senhorio lascivo (Patrick Wymark) e um rapaz (John Fraser), que teve uma tentativa frustrada de sair com Carole, a sua paranoia torna-se homicida. 
No entanto, ao longo do filme Polanski recusa-se a transformar Carole num simples monstro, razão pela qual Repulsa é como um filme de terror progressivo, que corta as simples e reconfortantes categorias do bem e do mal. O filme é assustador precisamente porque somos atirados directamente ao mindscape de Carole, e vemos praticamente tudo através dos seus olhos. Assim, os temores de Carole são os nossos medos, nós saltar como ela faz quando as rachas, cada vez mais maciças, de repente aparecem nas paredes, e sentimos-nos desorientados quando a sala é inexplicavelmente maior do que era, e sentimos os horrores da asfixia quando ela é atacada na sua cama. Polanski tinha apenas 32 na altura em que ele fez Repulsa. 

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terça-feira, 16 de abril de 2013

Chinatown (Chinatown) 1974



Chinatown, de Roman Polanski é uma das obras-primas do grande cinema americano dos anos 70, e um dos pontos mais altos da obsessão da década sobre o revisionismo do género. Ao lado de O Padrinho, de Coppola (1972), Nashville, de Altman (1975), e Tubarão, de Spielberg (1975), os restantes filmes de gângsters, o musical, e o filme de monstros, respectivamente. Chinatown ajudou a inaugurar uma nova era do cinema americano em que os géneros da idade de ouro de Hollywood foram reescritos com novas regras, intensidade e estética elevada, e um tom muito mais livre, que já não tinha de obedecer às regras do Código de produção da indústria.
O argumento de Robert Towne, ainda hoje aclamado como um dos melhores jamais escritos e um modelo de estudo que aspirantes a argumentistas tentaram emular, pagam a amorosa, e ao mesmo tempo maliciosa homenagem, às histórias de detetives, que tinham sido forjadas por escritores da celulose como Dashiell Hammett e Mickey Spillane e, de seguida, deram uma expressiva vida cinematográfica aos noirs dos anos 40 e 50 em filmes realizados por nomes como John Huston, Jules Dassin, Fritz Lang, Robert Siodmak, e Orson Welles. Passado em Los Angeles no final dos anos 30, Chinatown, foi um dos primeiros filmes modernos a evocar conscientemente a era passada do filme noir. Apesar de ter sido filmado a cores, com fotografia sépia de John Alonzo, que muitas vezes se assemelhava a postais antigos, não tem o mesmo efeito visual como o preto-e-branco, mas ao mesmo tempo enfatiza o ambiente árido de um modo que as imagens puramente monocromáticas nunca puderam fazer (o que é absolutamente crucial para um filme que gira em torno da centralidade da água na luta pelo poder sobre o desenvolvimento de Los Angeles). 
Um dos meios pelo qual o filme se desvia acentuadamente dos filmes que o inspiraram é o protagonista. Ao contrário do Sam Spade de Humphrey Bogart em The Maltese Falcon (1941), que é geralmente considerado o primeiro verdadeiro filme noir, JJ Gittes, o detective particular de Jack Nicholson não é um arquetipo masculino primordial, mas sim um protagonista involuntariamente absurdo e por vezes complicado, cujo senso de controle é altamente ilusório. O filme estabelece imediatamente a sua persona através do seu trabalho tirando fotos de esposas e maridos adúlteros, uma forma de trabalho dos detectives que fica tipicamente abaixo dos melhores detectives privados.
Notoriamente sombrio, contudo totalmente convincente, o final de Chinatown (que era uma fonte de grande luta entre Towne e Polanski que estavam indecisos quando a produção do filme começou) é um dos maiores do cinema moderno, no sentido de que é tão completo na sua representação do mal triunfante que transcende a tela e as demandas que refletem sobre ele filosoficamente. Tal como o final de "Rosemary´s Baby" (1968), outra obra-prima de Polanski, a força bruta da feia verdade é o coraçãodo filme. 
Ganhou apenas um Óscar, claro, o de argumento,  mas conseguiria mais 10 nomeações. Era o ano de "O Padrinho - Parte 2"

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