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quinta-feira, 2 de abril de 2020

40 dias 40 filmes – Cinema em Tempos de Cólera: “Viagem Fantástica” de Richard Fleischer

O Jornal do Fundão, os Encontros Cinematográficos, o Lucky Star – Cineclube de Braga e o My One Thousand Movies associaram-se nestes tempos surreais e conturbados convidando quarenta personalidades, entre cineastas, críticos, escritores, artistas ou cinéfilos para escolherem um filme inserido no ciclo “Cinema em Tempos de Cólera: 40 dias, 40 filmes”, partilhado em segurança nos ecrãs dos computadores de vossa casa através do blog My Two Thousand Movies. O segundo convidado é o programador e realizador Mário Fernandes, que escolheu Viagem Fantástica de Richard Fleischer e comentou, “que delírio faltar o oxigénio na travessia pulmonar!”

Sinopse: Durante os anos da Guerra Fria, os Estados Unidos e a União Soviética também se enfrentaram no campo científico. Jan Benes (Jean Del Val), um importante pesquisador, descobre uma fórmula científica que pode miniaturizar qualquer coisa. No entanto, ele sofre um atentado e acaba em coma. Para salvá-lo, um grupo de cientistas americanos usa a fórmula num submarino para transformar o veículo numa miniatura pequena o suficiente para inspeccionar o corpo de Benes por dentro, via corrente sanguínea.


Voltamos a recorrer às folhas de João Bénard da Costa, que escreveu que ”Fantastic Voyage (desde o título) joga permanente e habilmente no equívoco. “Fantastic Voyages” são coisas normalmente do espaço e quem nada saiba do filme, facilmente será levado a acreditar que é isso que vai ver. Não é. Mas a viagem no interior do corpo humano é sempre análoga à viagem espacial e há múltiplas referências (visuais e de diálogo) no filme que impõem permanentemente tal analogia. Estamos dentro, mas também estamos fora, perdida, desde que a viagem começa, a proporção que nos podia remeter para uma maior alucinação. 
“É certo que o filme é pontuado por chamadas ao exterior (os médicos, a sala de operações, a presença visível do corpo anestesiado do cientista, dentro do qual tais coisas se passam). Mas também o que é que essa montagem paralela só funciona por razões de “suspense” e que progressivamente a questão deixa de ser a de salvar ou não o sábio, mas a de se salvarem ou não os exploradores do seu corpo. Com um acréscimo originado pela luta entre o “bem” e o “mal” que, no interior do grupo, no interior do corpo, se trava. Nem falta um “falso culpado” e uma intriga policial, só desvendada no fim.” 

Amanhã, a escolha de Pedro Costa.

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domingo, 30 de dezembro de 2018

O Génio do Mal (Compulsion) 1959

Chicago, 1924. Judd Steiner (Dean Stockwell) e Artie Straus (Bradford Dillman) são dois jovens homossexuais que pertencem a famílias ricas. Os dois acreditam ser superiores intelectualmete, além disto se consideram acima da moralidade convencional. Para provar que são superiores, eles assassinam Paulie Kessler sem qualquer razão. Depressa um pequeno detalhe faz o “crime perfeito” ser um falhanço. Para tentar alterar este quadro, as famílias de Judd e Steiner contratam Jonathan Wilk (Orson Welles), um famoso advogado que tem a fama de convencer os jurados.
"Compulsion" foi realizado em 1959, 35 anos depois de Nathan Leopold e Richard Loeb cometerem um assassínio na vida real no qual o filme (e o livro, que o precedeu em 3 anos, escrito por Meyer Levin em 1956) é baseado. É difícil imaginar um mundo onde os média levariam tanto tempo para capitalizar tais eventos terríveis, dado que a televisão moderna teria assunto para um drama no ar durante meses. O facto é que o advogado de Leoold e Loeb era o famoso Clarence Darrow, o que tornaria tudo mais complicado para a comunicação social. O filme "Rope"(1949) de Hitchcock, também teria ecos destas duas personagens, e também teve influências de um peça de 1929, muito mais oportuna. 
"Compulsion" está dividido em duas partes. A primeira é dedicada ao crime, mais especificamente à tentativa de Judd e Artie o esconderem, com duas grandes interpretações do par central, Dean Stockwell e Bradford Dillman. Judd é o cérebro, um jovem perdido que tenta esconder as suas emoções atrás de um elevado intelecto. Stockwell interpreta a sua personagem com uma tensa fragilidade, ansioso por agradar a Artie, que é muito mais visceral. A segunda parte do filme é dedicada aos eventos no tribunal, e é aqui que aparece Orson Welles, no papel do advogado dos dois jovens. 
Atrás das camaras estava Richard Fleischer, um homem mais dado a filmes de acção, que aqui consegue mergulhar no melodrama da melhor forma. De notar que os três actores principais, Stockwell, Dillman e Welles, ganharam em conjunto o prémio de melhor actor no Festival de Cannes.

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quinta-feira, 9 de agosto de 2018

A Ameaça (See No Evil) 1971

Mia Farrow é uma bonita e jovem mulher que fica cega na queda de um cavalo e é levada pelos tios a viver com eles, numa maravilhosa mansão no campo. Mas, em vez de tranquilidade, ela encontra um inferno de horror quando um assassino se coloca no encalce da família.
Um chiller-thriller a saír das mãos de Brian Clemens, "See No Evil" foi um filme bastante discreto para o realizador Richard Fleischer, conhecido por realizar épicos cinematográficos como "The Fantastic Voyage", "Doctor Doolittle", "Tora! Tora! Tora!" ou "20,000 Leagues Under the Sea".Mas isso não faz de "See No Evil" um filme menor, muito pelo contrário. Brian Clemens era mais conhecido como produtor e argumentista da famosa série de televisão "The Avengers" (não a dos super-heróis), e também era a mente que estava por detrás de uma série de excelentes chillers britânicos, como "And Soon the Darkness", "Dr Jekyll and Sister Hyde" e "Captain Kronos: Vampire Hunter", este último também viria a realizar. 
Clemens basicamente retrabalha o enredo de "Wait Until Dark" (de 1967, filme que já vimos por aqui), retirando a parte do crime e transformando-o num psycho-thriller. Não se preocupa com nada além do mínimo necessário para chegar ao tal jogo do gato e do rato. Uma vez lá, o realizador Richard Fleischer está no seu território, com a personagem de Mia Farrow, que numa sequência está inconsciente dos corpos na cama ao lado dela, ou vemos o assassino a revistar-lhe os bolsos enquanto ela toma banho.
"See No Evil" seria ofuscado por outro filme de terror protagonizado por Mia Farrow, estreado pouco tempo antes, "Rosemary´s Baby", mas definitivamente que merece ser visto.
Filme escolhido pela Sonja Rosa. 

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quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Capítulo 8 - Heróis do VHS

Kalidor: A Lenda do Talismã (Red Sonja) 1985
A vida tranquila de Sonja (Brigitte Nielsen) acaba quando os seus pais são assassinados pela Rainha Gedren (Sandahl Bergman), que cria um reinado de terror, possuindo um talismã pelo qual poderá aniquilar a vida no planeta Terra. Sonja está determinada a vingar a morte dos seus pais e são lhe concedidos poderes extraordinários por uma visão misteriosa. Entretanto, ela tem que jurar que jamais tocará num homem a não ser que o mesmo a derrote numa batalha. A caminho do encontro com a Rainha Gedren, ela encontra Kalidor (Arnold Schwarzenegger), um estranho dotado de uma força superior.
Richard Fleischer, depois de realizado "Conan, o Destruidor", a sequela menos bem sucedida do grandiso "Conan e os Bárbaros", de John Milius, criou outro herói icónico, em parte derivado do universo de Robert E. Howard, desta vez uma mulher chamada Sonja. "Red Sonja" é muito melhor do que o que a sua reputação extremamente baixa possa sugerir, mas também não consegue aproveitar ao máximo o que os seus activos reais. Fleischer já era um realizador muito experiente, sobretudo no território da acção, e este seria o seu penúltimo filme.
Não foi fácil escolher uma actriz para encarnar o papel de heroína neste filme de "sword and sorcery". O produtor Dino De Laurentiis não conseguia encontrar uma mulher para desempenhar este papel, até que descobriu uma modelo muito interessante numa revista, e nascia uma estrela, Brigitte Nielsen. Nielsen era uma jovem dinamarquesa, com pouco mais de 20 anos na altura, e que aproveitaria o embalo para interpretar numa série de filmes nesta segunda metade dos anos oitenta: dois com Stallone ("Rocky IV" e "Cobra"), com quem casaria, "O Caça Policias 2", mas a sua aparição no cinema seria breve, pois tinha muito talento, e depressa passaria para filmes de série B. Arnold Schwarzenegger tem um papel mais secundário.  

Comando (Commando) 1985
O Coronel John Matrix (Arnold Schwarzenegger), reformado das forças especiais, vive isolado com a filha, quando aparece um grupo de mercenários que a raptam, com uma condição: terá de regressar com eles a uma república (fictícia) da América do Sul, e depor o actual presidente que anteriormente tinha ajudado a chegar ao poder. Matrix sabe que, mesmo concordando eles vão matar a sua filha, então só lhe resta chegar ao país antes que os mercenários percebam.
Um gloriosamente primitivo filme de acção, que não tem outro objectivo a não ser um puro objecto de violência gratuita, mas tudo isto com um certo charme. "Commando" ajudou a solidificar a personagem do filme de acção de Schwarzenegger, na altura conhecido apenas pelo cyborg de "O Extreminador Implacável" e pelos seus papéis nos filmes de "sword & sorcery".
O realizador Mark L. Lester é muito directo no comando deste espectáculo, sem grandes floreados estéticos e sem nos servir grandes emoções. Reconhece em Schwarzenegger uma presença forte, que precisa de mais atenção na tela, então permite que o seu herói arrase tudo pelo caminho. Matrix é mais uma força da natureza do que uma personagem, e só faz sentido quando está armado até aos dentes com grandes metralhadoras, explodindo o seu caminho através de dezenas de inimigos como se fosse uma personagem dos jogos de video.A sua filha é interpretada por Alyssa Milano, que na altura era conhecida pela série "Chefe, mas Pouco".

O Gladiador (The Running Man) 1987
Estamos no século XXI os EUA estão sob um cruel regime totalitário. Os livros foram queimados, os discos destruídos, as escolas fechadas e toda liberdade pessoal abolida. Neste mundo estarrecedor, só uma relíquia do século XX foi preservada: a TV, única forma de diversão de uma população oprimida e fria. "The Running Man" é o programa mais popular, uma espécie de jogo de gato e rato mortal e sanguinário, onde o único e valioso prémio é a sobrevivência. Ben Richards (Arnold Schwarzenegger), um rebelde perseguido, vai provar que nem sempre o fugitivo é o perdedor. Contra adversários mortalmente curiosos, ele vai defender a sua vida frente às câmeras de TV.
No mesmo ano em que entrou em "Predador", Schwarzengger entrou em "The Running Man", um projecto menor que funcionava como uma sátira aos anos oitenta saturados pelos mídia, desenvolvendo as tendências então actuais (mesmo políticas) e as suas conclusões lógicas. Embora na altura não houvesse sinais de competições onde os participantes arriscassem a vida, é este mesmo aspecto o mais importante do filme, que continua actual até aos dias de hoje, e quem sabe se amanhã não será mesmo real...
É baseado num livro do mesmo nome de Stephen King, escrito sob o pseudónimo Richard Bachman, e o argumento da autoria de Steven E. de Sousa, que já tinha escrito "Commando", e no ano seguinte escreveria o de "Die Hard".

sábado, 2 de novembro de 2013

20.000 Léguas Submarinas (20000 Leagues Under the Sea) 1954



A famosa história de Júlio Verne precisa de um breve resumo. Logo depois da Guerra Civil Americana, os navios estão a ser abalroados e afundados em alto mar por um enorme monstro marinho. O navio de guerra U.S.S. Abraham Lincoln é enviado para investigar. O governo americano pede ao biólogo marinho Prof Arronax , um cientista francês eminente viajando pelos Estados Unidos, para participar na expedição. Acompanhado pelo seu assistente Conseil, o professor segue no navio a bordo do Lincoln através do Pacífico sul. Também a bordo está o marinheiro mercante Ned Land, contratado pela sua habilidade como arpoador. O monstro é finalmente encontrado, o Lincoln é atacado e desativado pela besta. Só que o monstro não é um animal, mas sim um barco submarino fabuloso, um século à frente do seu tempo, o Nautilus, comandado pelo Capitão Neno. A partir daqui já conhecem a história.
Enquanto o livro original de Verne é, essencialmente, uma lição de oceanografia parcialmente disfarçada com um fio de acção, a versão cinematográfica da Disney de 1954 incide diretamente sobre o que um filme de aventuras sci-fi/fantasy precisa: emoção e espetáculo. Os efeitos especiais - "state-of-the-art" absoluto, para o seu tempo - ainda funcionam maravilhosamente hoje, mesmo a batalha com a lula gigante animatronic (uma sequência que terá custando mais de 250.000 dólares meio século atrás, que hoje custaria algo na casa dos milhões). O projeto do genial designer de arte Harper Goff é excelente, a sua visão steam-punk dos vitorianos com resultados futuritas no submarino, e o aspecto bastante "cool" do submarino. James Mason interpreta o Capitão Nemo, um anti-herói e um ícone duradouro das obras de Verne e do cinema de fantasia, enquanto Paul Lukas (Prof. Arronax) e Peter Lorre (Conceil) dão suportes sólidos. Kirk Douglas é Ned Land. Muitas pessoas tendem a ridicularizem o deliberado desempenho de Douglas. Visto hoje, o seu desempenho até funciona muito bem em contraste com o caráter austero de Nemo e da personalidade científica de Arronax. Ele traz a energia e o humor necessários para o filme. Douglas é simplesmente ele próprio aqui. A realização é de Richard Fleischer.
Ganhou 2 Óscares, um dos quais de Efeitos Especiais. 

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