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sexta-feira, 3 de abril de 2015
Uma Mulher Só (An Unmarried Woman) 1978
Erica (Jill Clayburgh) parece viver uma vida perfeita, até ao momento em que o marido sai de casa para ir viver com outra mulher. Com a ajuda de um terapeuta, e dos amigos, ela aos poucos vai recuperando e reconstruindo a vida. Até chega a pensar iniciar outra relação.
"An Unmarried Woman" é um dos filmes pivots sobre as mulheres liberais da década de 70, um dos mais interessantes filmes de Paul Mazursky, e o coroamento para a actriz Jill Clayburgh, que consegue aqui uma das melhores interpretações da sua carreira. Ao comandar as operações no papel de protagonista, ela consegue projectar emoções tão díspares como alegria, frustração, raiva, confusão, e uma série de outros sentimentos ao passar para a vida de solteira. Os homens à sua volta também têm grandes interpretações: como Michael Murphy no papel do seu ex-marido fraco mas amoroso, Cliff Gorman como o swinger chauvinista com quem ela tem um caso, e Alan Bates como o artista ideal por quem ela se apaixona.
Este é também um dos grandes filmes sobre Nova Iorque. Os exteriores não são os locais habituais que costumamos ver nos filmes sobre esta cidade, mas o pano de fundo deste filme, acaba por ser uma personagem em si. Quando a nossa heroína tem de reencontrar o seu lugar no mundo, depois de mudar de repente uma vida que tinha construído para sim, não poderia encontrar melhor lugar para desencadear esta luta.
Este seria o final da fase de ouro da filmografia de Paul Mazursky, apesar de na década de oitenta ter filmado com alguns grandes actores. Não esquecer "Tempestade", onde ele dirigiu John Cassavetes, Gena Rowlands, Susan Sarandon, Vittorio Gassman ou Raul Julia, mas a década de oitenta foi bastante desapontante para o realizador, recuperando algum prestígio com "Enemies: a Love Story". "An Unmarried Woman" conseguiu 3 nomeações para o Óscar: Melhor Filme, Actriz (Clayburgh) e Argumento. Jill Clayburgh arrecadou o prémio de Melhor Actriz no Festival de Cannes de 1978.
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quinta-feira, 2 de abril de 2015
Paragem no Bairro Boémio (Next Stop, Greenwich Village) 1976
Um jovem judeu aspirante a actor sai de casa dos pais, um apartamento em Brooklyn, para procurar fama e fortuna na vida boémia de Greenwich Village, em 1953. Eles esforça-se por não discutir com a natureza dominadora da mãe, enquanto também tenta manter a relação com a namorada. No seu novo lar vai criar amizade com um grupo de pessoas bastante estranha...
Um olhar autobiográfico para as experiências de Mazursky como um jovem actor em Greenwich Village, durante os primeiros anos da década de cinquenta, uma altura em que o teatro criativo e as leis do senador Joseph McCarthy estavam a florescer. Greenwich estava cheio de artistas e actores esperançosos, escritores e aspirantes a argumentistas, poetas e músicos. Era uma zona desmilitarizada definida pelo conformismo ético do período pós-guerra.A vida boémia estava a passar por uma fase difícil, e a meio da década evoluiria para o chamado "Beat Movement". O cenário de "Next Stop, Greenwich Village" é a linha divisória entre o conservadorismo, corporativismo e os valores suburbanos dos chamados "yawps" da "Beat Generation". Mazursky recria este momento na perfeição.
A realização de Mazursky mostra um humanismo sensível. Preocupa-se com as pessoas de Greenwich, com as suas esperanças vocacionais, com as confusões sexuais, e os traumas pessoais. Há uma ansiedade genuína, evidenciada em várias interpretações e algumas sequências de audições. Mazursky dá aos seus actores liberdade para serem frenéticos, histéricos e até mesmo ridículos. Na sua busca pela realização estas almas lutam contra os demónios da auto-destruição e são assombrados pelo sentimento omnipresente de que podem não ter o que é preciso para ser um artista.
Concorreu para a Palma de Ouro de 1976, que foi ganha por "Taxi Driver".
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quarta-feira, 1 de abril de 2015
Harry e Tonto (Harry and Tonto) 1974
Harry é um professor reformado, septuagenário, vivendo no Upper West Side de Nova Iorque, onde criou os seus filhos com a sua falecida esposa, e onde viveu toda a vida. Quando o edificio onde vive é demolido, para dar lugar a um parque de estacionamento, Harry e o seu amado gato, Tonto, iniciam uma viagem através dos Estados Unidos, visitando os seus filhos, conhecendo um mundo que nunca pensou existir, dizendo adeus a velhos amigos, e a novos que entram na sua vida...
"Harry and Tonto" começa em terreno movediço, parecendo uma versão de "Old Friends" de Simon & Garfunkel, com sequência de velhos a alimentar pombos no parque. Felizmente, o argumentista e realizador Paul Mazursky não é grande fã de fazer filmes sobre pessoas abandonadas, e este Harry Coombes é apenas um homem cujo estilo de vida está a chegar ao fim. Perde o apartamento não muito tempo depois de perder o melhor amigo, Jacob (Herbert Berghoff), um indivíduo divertido com uma teoria divertida culpando os capitalistas de tudo. Com a plena consciência de que é um homem demasiado independente para viver com uma das muitas divorciadas do bairro, ele prefere partir para a descoberta do mundo.
"Harry and Tonto" evita muitas das armadilhas deste tipo de filme. É sensível para os seus personagens, mas não nos pede para ficarmos piegas sobre eles. Tonto, o gato, é um leal companheiro de viagem. Mazursky nunca usa a presença do gato para retirar emoções baratas, e Harry sabe que é apenas mais um companheiro da vida que um dia terá de dizer "adeus".
Art Carney, no papel de Harry, ganhou o único Óscar da sua carreira, na frente de um excelente elenco que contava com Ellen Burstyn, Cliff de Young, Josh Mostel, Chief Dan George, Larry Hagman, entre outros.
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terça-feira, 31 de março de 2015
Amantes em Veneza (Blume in Love) 1973
Stephen Blume (George Segal), é um advogado, de meia idade, especialista em divórcios. Vive numa situação paradoxal quando, depois de ver o seu casamento terminado, ainda está apaixonado pela sua mulher (Susan Anspach).
"Blume in Love" é uma meditação, essencialmente benigna sobre os relacionamentos confusos, num tempo em que muitas pessoas viviam com a sensação de "vale tudo". Paul Mazursky é um realizador com um "toque" muito próprio, que permite que o seu grupo de actores se aproximem do comportamento humano naturalista, mas ainda assim mantém o suficiente para seguir uma narrativa em movimento. Se há alguma sátira aqui, é filtrada atavés de uma sensibilidade que respeita os personagens, e coloca os seus sentimentos em primeiro lugar.
"Blume in Love" é também um conto sobre um homem com um coração destroçado que se torna um náufrago apaixonado e encontra o perdão. Todos aqueles que viveram por uma crise pessoal semelhante reconhecerão o final romântico de Mazursky. O filme é notável pelo que alcança na área de redefinir o que significa o casamento. Alimenta uma discussão interessante sobre como duas pessoas gerem as suas expectaticas da relação, e como essas percepções podem levar uma ruptura entre marido e mulher.
O elenco de secundários inclui alguns nomes interessantes: Kris Kristofferson, Marsha Mason, Shelley Winters, e o próprio realizador.
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segunda-feira, 30 de março de 2015
Bob, Carol, Ted e Alice (Bob & Carol & Ted & Alice) 1969
Bob e Carol são um sofisticado casal californiano que, depois de assistir a uma sessão terapêutica matrimonial, decidem expandir os limites do casamento tendo casos extraconjugais. Ted e Alice são um casal mais tradicional que sempre gostou de ouvir as provocativas aventuras dos seus melhores amigos, até chegar o dia em que são convidados a juntarem-se a eles…
Paul Mazursky a fazer uma excelente estreia na realização. No final dos anos setenta a maioria dos realizadores fazia filmes que tentassem refletir os tempos, com montagens rápidas argumentos e elementos fora de normal, mas Mazursky seguia num caminho diferente, tentando manter o humor a um nível subtil, e fazendo grande uso do silêncio. Alguns filmes desta época debruçaram-se sobre temas bastante picantes, mas ainda era necessário manter uma certa moral. A um tema que poderia ser polémico, Mazursky mostra respeito pelo seu público adulto, mantendo um nível sofisticado e descomprometido.
Foi tanto, famoso como infame, ao combater a revolução sexual, e é muitas vezes visto apenas como um filme de "troca de casais". Na verdade, a troca de casais vem apenas depois do "climax" do filme, e apenas tem alguns minutos de duração, para além de ser apresentada de um modo sério. Embora seja uma comédia, deita um olhar sério para as relações durante este final da década de sessenta e como elas foram afectadas pelas rápidas mudanças sociais. Mazursky está muito mais preocupado com as suas personagens do que como a sociedade os afecta. Ao pintar um retrato incisivo e inteligente de um grupo de pessoas reais, identificáveis com a realidade do dia a dia, "Bob and Carol..." mantém-se um filme efectivo, apesar de algumas reviravoltas com frases e expressões de ideias que possam parecer um pouco naives para os dias que correm.
Não podia ter sido uma melhor estreia para Mazursky. O filme foi nomeado para 4 Óscares: argumeto (Mazursky e Larry Tucker), fotografia, e actor e actriz secundários (Elliott Gould e Dyan Cannon). Robert Culp e Natalie Wood, como protagonistas ficaram de fora.
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domingo, 29 de março de 2015
Paul Mazursky
Paul Mazursky raramente foi ligado aos realizadores da "Nova Hollywood", como Martin Scorsese, Francis Coppola, William Friedkin, Steven Spielberg, que surgiram em finais dos anos 60, e início dos anos anos 70. Mas Mazursky era um dos realizadores/argumentistas mais inteligentes deste período, e soube tirar vantagem do mundo do "show business", sobretudo durante este período dos "movie brats", como se chamavam os realizadores desta geração, estabelecendo o seu próprio nicho de comédias dramáticas sobre a vida moderna. Por vezes os filmes de Mazursky eram populares o suficiente para se tornar referências culturais, como foi o caso da comédia sobre os casamentos abertos "Bob & Carol & Ted & Alice", ou a vida da mulher solteira em "An Unmarried Woman", mas Mazursky também fez alguns filmes mais suaves e malancólicos, como o semi-autobiográfico "Next Stop, Greenwich Village".
Os seus filmes são principalmente focados em culturas em fase de transição, mostrando como pessoas normais tentam manter-se num mundo onde os costumes e os valores evoluem. São filmes frequentemente engraçados, mas o mais importante, documentam o seu tempo, fazendo piadas do progresso e da pretensão ao mesmo tempo, mostrando a compaixão pelo seres humanos, tentando fazer o melhor para se adaptarem sem se perderem. Mazursky nunca se tornou numa estrela, mas deixou para trás uma carreira bastante interessante.
Esta semana vamos ver 5 dos seus filmes mais importantes, todos da fase incial da sua carreira. Espero que gostem.
Segunda: "Bob, Carol, Ted and Alice" (1969)
Terça: "Blume in Love" (1973)
Quarta: "Harry and Tonto" (1974)
Quinta: "Next Stop, Greenwich Village" (1976)
Sexta: "An Unmarried Woman" (1978)
Os seus filmes são principalmente focados em culturas em fase de transição, mostrando como pessoas normais tentam manter-se num mundo onde os costumes e os valores evoluem. São filmes frequentemente engraçados, mas o mais importante, documentam o seu tempo, fazendo piadas do progresso e da pretensão ao mesmo tempo, mostrando a compaixão pelo seres humanos, tentando fazer o melhor para se adaptarem sem se perderem. Mazursky nunca se tornou numa estrela, mas deixou para trás uma carreira bastante interessante.
Esta semana vamos ver 5 dos seus filmes mais importantes, todos da fase incial da sua carreira. Espero que gostem.
Segunda: "Bob, Carol, Ted and Alice" (1969)
Terça: "Blume in Love" (1973)
Quarta: "Harry and Tonto" (1974)
Quinta: "Next Stop, Greenwich Village" (1976)
Sexta: "An Unmarried Woman" (1978)
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