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terça-feira, 18 de abril de 2017

O Noivo Não Tem Quarto (No Room for the Groom) 1952

O Noivo Não Tem Quarto (mais um discutível aportuguesamento do título original No Room For Groom) é um decidido passo de Douglas Sirk no caminho da comédia que ainda não tinha surgido de forma explícita nas suas obras anteriores. Aliás o seu filme seguinte, Has Anybody Seen My Gal, lançado no mesmo ano, vai também na mesma direcção.
 No Room For Groom é uma clássica comédia americana. Dois namorados casam em segredo em Las Vegas contra a vontade da mãe da noiva. Na noite de núpcias, o noivo, que só tinha essa noite disponível dado que estava a cumprir o serviço militar, contrai varicela e é hospitalizado sem poder consumar o casamento. Quando regressa à casa que herdou do seu pai, descobre que toda a família da sua mulher se instalou em sua casa e que a ambicionada privacidade é uma miragem. Durante grande parte do filme, não há grandes novidades relativamente aos cânones tradicionais das comédias mainstream de Hollywood: algumas personagens ingénuas (sobretudo o protagonista), outras indecisas (a noiva, dividida entre a mãe e o marido), outras oportunistas e dissimulados (a família e particularmente a mãe da noiva) e algumas gananciosas (o patrão da noiva). Abundam os segredos não revelados que geram situações equívocas e cómicas, com o noivo a procurar desesperadamente estar a sós com a sua mulher e a aparecer sempre qualquer coisa que entrava essa possibilidade. O que torna o filme em algo de particularmente interessante é a oposição entre o noivo e o patrão da noiva. Embora se trate da adaptação da novela My True Love de Darwin Teilhet, este tipo de oposição, consubstancia duas visões distintas do mundo, muito típica no universo de Sirk. De um lado está um jovem que ambiciona uma vida simples, onde o dinheiro não é importante e que quer preservar as tradições familiares e locais, através da manutenção da sua casa e do cultivo das vinhas da sua propriedade; do outro, o patrão da noiva, que construiu uma cimenteira que apesar de dar emprego a muitas pessoas (entre as quais a numerosa família da noiva), acha que o dinheiro pode comprar tudo, incluindo a dignidade das pessoas e até o próprio amor. Esta crítica a uma sociedade em que o dinheiro é a única coisa importante, mais do que uma denúncia do capitalismo, deve ser entendida como uma crítica moral, ao comportamento das pessoas, designadamente ao seu egoísmo e ao seu desprezo pelos valores mais importantes da vida. Ao ver No Room For Groom, senti-me inevitavelmente transportado para os filmes de Frank Capra, que, em muitos aspectos, influenciou directamente o próprio Sirk. Mr. Deeds Goes To Town (1936), Meet John Doe (1941), It`s A Wonderful Life (1946) e, sobretudo, American Madness (1932) representam um outro american way of life, bem diferente daquele que é construído pela ideia do self made man, cujos méritos são avaliados pelo grau de riqueza obtido. O filme de Sirk segue nessa linha: muito mais importante do que o dinheiro, é a defesa de um estilo de vida simples, onde predomina a sinceridade dos afectos e a proximidade das pessoas, numa via que mantenha as tradições da vivência comunitária. Esta visão ingénua, a contracorrente da ideologia dominante, é, sem dúvida o ponto mais forte do filme, tal como tinha sucedido com os filmes de Capra. 
É evidente que No Room For Groom não se encontra entre os melhores filmes feitos por Douglas Sirk. Mas essa capacidade de fazer de uma simples comédia que poderia ser entendida como um exercício frívolo e superficial, num filme com uma mensagem implícita que nos faz reflectir. E isso salva-o da vulgaridade. 
* Texto de Jorge Saraiva

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terça-feira, 5 de maio de 2015

Não Faças Ondas (Don't Make Waves) 1967



Carlo Cofield (Tony Curtis) é um vendedor de piscinas de Nova York em férias na costa oeste, que vai em busca de uma bela mulher que arruinou o seu carro (Claudia Cardinale) e envolve-se com as figuras das praias da Califórnia, entre elas uma linda pára-quedista e ginasta, Malibu (Sharon Tate) e um campeão de fisioculturismo, Harry Hollard (David Draper, então Mr. Universo).
Este foi o último filme do britânico Alexander Mackendrick (realizador de filmes como "The Man in the White Suit" ou "The Ladykillers") antes de trocar a produção de filmes por professor de cinema no California Institute of the Arts. É um filme agradável, sátira sobre o modo de vida nas praias da Califórnia. É baseado no livro "Muscle Beach" de Ira Wallace, que também escreve o fraco argumento a meias com George Kingo e Maurice Richlin. Acaba por ser um filme decepcionante, já que se esperava muito mais de Mackendrick, mas a cena climax da casa de Malibu a deslizar por um penhasco abaixo, dá a esta farsa comédia física suficiente para salvar o filme.
Sharon Tate é Malibu, uma loira atlética sempre de bikini, por quem o personagem principal se apaixona. Seria o primeiro filme de Tate a ser lançado nos Estados Unidos, e seria alvo de uma campanha publicitária monstruosa, com fotos em tamanho real da actriz a serem distribuídas por todos os cinemas, e expostas nas salas de entrada. O filme acabaria por ser arrasado pela crítica, mas mesmo assim Tony Curtis gostou porque teve participação na bilheteira. 

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terça-feira, 17 de junho de 2014

Winchester 73 (Winchester '73) 1950



Num concurso de tiro ao alvo, Lin McAdam (James Stewart) ganha uma espingarda premiada, que é imediatamente roubada pelo segundo classificado Dutch Henry Brown (Stephen McNally). Este filme segue a história dessa espingarda, uma Winchester de 1873, e segue a busca de McAdam para a obter de volta, com ela a percorrer o filme mundando de mão em mão até um duelo final, num percepício das montanhas rochosas.
Este foi o primeiro na série de cinco westerns de sucesso consecutivos, da dupla Anthony Mann e James Stewart, que apareceu na altura certa para o actor. Stewart estava preocupado com o desenvolvimento da sua carreira, depois de uma série de flops consecutivos no pós guerra. Eram westerns muito menores do que os da dupla Ford/Wayne, filmes excitantes, cheios de acção, muito pessoais, e largamente focados nas personagens.
"Winchester '73" é muitas vezes considerado o melhor filme desta dupla, rodado a preto e branco e quase sem falhas. Foi um filme que mudou muito a personalidade Stewart enquanto actor, pois fê-lo passar de personagens mais amistosas e românticas, para personagens mais maduras e astutas. Anthony Mann também viu a sua carreira a mudar completamente o rumo, e para melhor. Mais habituado a filmes negros de série B, passava a fazer filmes com um balanceamento completamente diferente. A transição de Mann do noir para o western foi muito bem conseguida, conseguindo levar algumas características do Noir para o território do western que não eram muito habituais, dando um toque perverso ao mais americano dos géneros.
O filme contava com um belo elenco de secundários: Shelley Winters, Dan Duryea, Stephen McNally, Will Geer (como Wyatt Earp), e uns novatos Rock Hudson e Tony Curtis, mas é a personagem vingativa de Stewart que leva o filme.

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