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sábado, 22 de agosto de 2020

Tristana - Amor Perverso (Tristana) 1970

Pouco depois da morte da sua mãe, uma mulher jovem e inocente encontrará refugio na casa do seu guardião aristocrático de meia idade, que em breve a submeterá aos seus avanços sexuais. 
"Tristana", filmado já na fase final da carreira de Luis Buñuel, passa-se em Toledo, em Espanha, e é baseado num livro do Século 19 do escritor Benito Pérez Galdós. Buñuel tinha começado a trabalhar na adaptação do livro em 1962, depois dos censores espanhóis terem rejeitado um argumento que ele enviou. No entanto, ainda demorariam alguns anos para que ele pudesse começar a ver o projecto ganhar vida. Neste período, e como era contra a ditadura espanhola, continuou no México, onde passaria por um período de alta produtividade. 
Tornou-se num dos filmes mais elogiados do realizador, tendo sido nomeado para o Óscar de Melhor Filme em língua estrangeira, embora não seja tão chocante como outros filmes do realizador. Uma das partes mais memoráveis do filme é a jovem a ter pesadelos recorrentes sobre Don Lope, onde a sua cabeça decapitada substitui a corda de um sino da igreja que não pára de tocar. A religião é um tema óbvio no filme, e, curiosamente, Don Lope é uma personagem nada decente, apesar de partilhar alguns dos valores e opiniões do realizador. É ateu, evitado pela irmã profundamente religiosa, e despreza a burguesia, e a fora como ela trata os trabalhadores decentes. Como o próprio Don Lope pertence à classe média/alta, existem muitas contradições nesta personagem. 
Os ataques que Buñuel dirige à igreja católica através desta personagem deviam ter sido suficientes para revoltar os censores, mas a história, como um todo, onde a luxúria e a exploração são seguidas de amargura e malícia também devem ter revoltado bastante a igreja. Além disso, o filme também encena confrontos fascinantes entre a juventude e a velhice, e reflete uma frustração que provavelmente é sentida por pessoas com deficiência, simbolizado aqui por um menino surdo e mudo, e o eventual destino de Tristana. 

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Kamikaze ’89 (Kamikaze 1989) 1982

Num futuro próximo onde "a combinação" controla a televisão e as notícias, uma ameaça de bomba traz o super polícia Jansen para a sede desta coligação. Nada acontece, mas o seu chefe dá-lhe quatro dias para resolver esta questão. Coisas estranhas começam a acontecer: no primeiro dia há um assassinato na "combinação", vagas referências aos inimigos desta associação, e o sobrinho do chefe confessa ter feito a ameaça de bomba, embora não tenha feito. Jansen continua focado, entrevistando funcionários que receberam prémios especiais. Ele estará atrás de algo grande, ou a ameaça de bomba foi apenas uma brincadeira? O que é que estará escondido no 31º piso da sede desta estranha associação?
"Kamikaze ’89" trás-nos uma visão distópica de 1989, filmada em 1982, envolvendo fatos em pele de leopardo, assassínios, conspirações corporativas, estrelas porno, e uma fantástica banda sonora electrónica dos Tangerine Dream. O filme é dirigido por Wolf Gremm, um relizador alemão mais conhecido pelo seu trabalho na televisão, mas, teve muito mediatismo por ter sido a última aparição no cinema de Rainer Werner Fassbinder, que morreu apenas um mês antes da estreia nos cinemas. É também uma lembrança de como o futuro parecia ser no inicio dos anos oitenta, muito antes de sabermos como seria. 
"Kamikaze ’89" incorpora muitos dos truques visuais do proto-cyber-punk dos anos 80, mas de uma forma geral era um filme muito estranho e maravilhoso, e os fãs de Fassbinder estarão cientes de que ele dirigiu um filme de mistério futurista para a TV alemã, "World on a Wire" (1973) também ele passado num elegante edifício institucional. Embora não tenha dirigido este filme a sua presença domina com o estilo da sua aura. Trouxe consigo alguns dos actores que o costumavam acompanhar (Günther Kaufmann, Brigitte Mira, e também o próprio realizador, Wolf Gremm que vinha de "Querelle"), além do seu fotógrafo, Xaver Schwarzenberger e Juliane Lorenz, fazendo deste trabalho praticamente um filme seu. Franco Nero, que já havia trabalhado com ele em "Querelle", aparece aqui de novo.
Legendas em Inglês

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terça-feira, 20 de setembro de 2016

Keoma (Keoma) 1976

Franco Nero interpreta Keoma, um meio-indío que regressa a casa da Guerra Civil, e encontra-a sob o comando de Caldwell, um ex-confederado e o seu bando de bandidos. Para fazer as coisas piores, os três meio-irmãos de Keoma juntaram forças com Caldwell, e deixam dolorosamente claro que o seu regresso não é bem vindo. Determinado a derrotar Caldwell e os seus irmãos do controlo da cidade, Keoma junta-se ao antigo capataz da quinta do seu pai, para derrotar os adversários. 
Alternando entre a epatia e o brilhantismo, entre o monstruosamente kitsch e o mais profundo significado alegórico, "Keoma" foi o último grande spaghetti numa altura em que o género já estava morto. Com as suas imagens crepusculares e os seus temas apocalípticos, "Keoma" tornou-se o epónimo desses chamados "twilight westerns" (não confundir com os westerns americanos sobre a morte do Oeste), que marcaram a última desesperante tentativa de revitalizar um género que nesta altura apenas sobrevivia da auto paródia e da comédia. Mesmo o sucesso de "Keoma" não conseguiu recuperar o interesse do público por mais do que este filme em particular. Em parte fascinante, "Keoma" foi o mais ambicioso e melhor dos westerns de Enzo G. Castellari, ganhando um fenómeno de culto que vingaria até aos dias de hoje.
É um filme místico, simbólico e referencial. Com tocas a iluminarem a cidade à noite, cidade que mais parece uma cidade medieval do que uma cidade do oeste tradicional. Existem algumas semelhanças com "O Sétimo Selo" de Ingmar Bergman (a praga, a atmosfera de decadência) e as idéias cristãs sobre a morte e ressurreição são fundidas com o ciclo da destruição e renascimento da religião natural. Quando uma velha mulher lhe pergunta porque ele voltou, Keoma diz que o mundo continua a girar, e o homem acaba sempre no mesmo lugar. Originalmente esta mulher era para simbolizar a morte, mas a idéia acabou por ser alterada, e ela é agora uma deusa com o poder de decidir entre a vida e a morte. 

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quinta-feira, 29 de maio de 2014

Confissões de um Comissário de Polícia ao Procurador da República (Confessione di un Commissario di Polizia al Procuratore della Repubblica) 1971



A corrupção da Máfia no sistema é o foco deste filme, mais especificamente em como dois oficiais do governo tão díspares escolhem lidar com ela. Ambas as filosofias individuais e a abordagem ao problema são bastante diferentes, levando os homens a entrar em conflito em vez de trabalharem juntos.
A capital da Sicília, Palermo, é o cenário. O responsável pelo comando da polícia é o Capitão Bonavia (Martin Balsam), um polícia veterano, cuja atitude imperturbável  esconde um inimigo implacável para o crime organizado, personificado por D'Ambrosio (Luciano Catenacchi), o chefe máximo da Máfia local. D'Ambrosio está bem colocado na indústria de construção em Palermo, e como tal tem amigos muito bem colocados na comunidade empresarial e no governo da cidade. Ao longo dos anos Bonavia prendeu-o várias vezes, para o ver liberto logo a seguir, por falta de provas. Entretanto chega o novo procurador da republica,  Traini (Franco Nero). Os dois oficiais da justiça desconfiam um do outro, já que os tentáculos da Máfia chegam a todo lado. Será que vão conseguir trabalhar juntos?
Superficialmente, "Confessione di un Commissario di Polizia al Procuratore Della Repubblica" é um típico drama sobre o mundo do crime, igual a tantos outros saídos na década de 70, chamados  "Poliziotteschi", cheio de negócios sujos, e intensas lutas entre policias e ladrões, mas o filme tem alguns toques invulgares, para o colocarmos alguns furos acima da média. Franco Nero, que não era dos actores mais expressivos da sua geração, tem aqui um dos seus papéis mais determinantes, e Martin Balsam traz algum vigor ao seu papel de um capitão da polícia, que pode ter pisado a lei em nome da justiça. Balsam e Nero fazem convincente jogo de confiança/desconfiança, e formam uma dupla perfeita ao longo do filme. 
Damiano Damiani era um realizador que já vinha a fazer filmes politicos a algum tempo, sempre disfarçados de outros sub-géneros. Tomamos como exemplo "A Bullet for the General", um Zapata Western, que eram spaghetti westerns com um fundo político, neste caso a revolução mexicana. Aqui temos um "Poliziotteschi" disfarçado, mas tão bem disfarçado que nem nos apercebemos para colocar esta etiqueta no filme, colocando-se entre os melhores filmes do mundo do crime daquela época.  
O norte americano Martin Balsam tinha acabado de participar em "O Pequeno Grande Homem", de Arthur Penn, e entraria numa série de filmes italianos na década de 70, alguns dos quais policiais. 
Seria um dos primeiros filmes italianos a colocar a Máfia no centro de toda a corrupção. Este filme ainda produziu duas pseudo-sequelas, ambas realizadas por Damiano, e com Franco Nero no mesmo tipo de papel, mas ambas menos importantes.

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sexta-feira, 11 de abril de 2014

Comapanheiros (Vamos a Matar, Compañeros) 1970



Durante a revolução mexicana, um traficante de armas sueco chamado Yodlaf Peterson (Franco Nero) procura o general Mongo Alvarez. O general é um oportunista e traiçoeiro, interessado apenas no conteúdo de um cofre, que contém "a riqueza da revolução". O único que pode abrir o cofre é o professor Xanthos, um pacifista aprisionado no Forte Yuma. O sueco oferece-se para libertar o professor, mas como o general não confia nele envia o tenente El Vasco (Tomas Milian) para o acompanhar. Juntos conseguem libertar Xanthos, mas entra em cena um velho conhecido do sueco, John (Jack Palance, outra vez), que está pago para matar o pacificador.

O último dos grandes westerns de Corbucci, é por vezes considerado uma sequela ou remake de (Il Mercenario). Também é um "Zapata Western", usa a mesma estrutura, e até partilha o mesmo protagonista e o mesmo vilão. A única alteração, e aqui o filme ficou a ganhar, foi da substituição do revolucionário mexicano, de Tony Musante por Tomas Milian. Nascido em Cuba, mas já emigrado em Itália há alguns anos, Milian já tinha algum historial nos Zapata Westerns. Já o tínhamos visto em "The Big Gundown", "Se sei vivo Spara", "Tepepa", ou nos filmes de Sérgio Sollima, e preparava-se para se dedicar ao Poliziotteschi, mas Milian foi um habitual no cinema de género italiano nos anos 70. A sua presença em palco era electrizante, e roubava o protagonismo a qualquer outro actor. Dizia-se que ele era tão hiperactivo na rodagem dos filmes, que era muito difícil controlá-lo, o que por vezes obrigava a mudanças no argumento. 
Por causa de Milian, este acaba por ser o western mais bem-humurado de Corbucci, mas não o melhor, embora apareça constantemente em listas dos 10 mais deste sub-género. É talvez um pouco superior a "Il Mercenario". "Companeros" era também um dos últimos grandes spaghetti, que a partir dos anos 70 começaram a ficar saturados, e repetitivos. Aos poucos, actores e realizadores mudavam-se para os famosos policiais, que continuavam a ser westerns, mas urbanos. Começavam a aparecer os filmes de Trinitá, que era uma última tentativa de recuperar o género, mas era tarde demais.
"Companheiros" é, sobretudo, uma aventura de acção, e apesar de fazer transparecer os ideias do professor, tem uma contagem de corpos impressionante, mas é um filme muito mais leve do que "Django" ou "O Grande Silêncio". Destaque-se, uma vez mais, a banda sonora de Ennio Morricone, que insistia em fazer bandas sonoras bem diferentes das que fazia para Sérgio Leone. E ainda bem.

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quarta-feira, 9 de abril de 2014

Pistoleiro Profissional (Il Mercenario) 1968



Durante a revolução mexicana, Sergei Kowalsky (o polaco) é contratado para transportar um carregamento de prata para uma mina no Texas, onde descobre que Paco Roman e os seus trabalhadores tomaram o controle da situação. Depois de trocar de lado, o pistoleiro vê-se a ajudar o líder mexicano a meter as suas idéias revolucionárias em prática, mas o seu fervor idealista é colocado à prova quando ele se vê na situação de meter as mãos numa fortuna.
"Il Mercenário" é um dos mais importantes de uma família de sub-spaghetti que se chamava "Westens Zapata". Estes westerns tinham diversos pontos em comum: eram filmes passados durante a revolução mexicana, normalmente tínhamos um líder rebelde que teria de ser ensinado pelo protagonista. Um vilão ocidental ruim como as cobras. Eram filmes muito mais políticos do que os restantes westerns do período, e por vezes afastavam-se bastante dos spaghetti normais. Sergio Corbucci ficaria como um dos mais importantes realizadores deste sub-género, não só por causa deste, mas também por causa de "Companheiros", dois dos mais importantes "zapatas", ao lado de "A Bullet for the General", e "Giù la Testa", o último western de Sergio Leone. Os westerns de Sergio Sollima também são muitas vezes comparados ao Zapata, como é o caso de "Faccia a Faccia", "La Resa dei Conti" ou "Run, Man Run".
Corbucci voltava a reunir-se com Franco Nero, que havia imortalizado em "Django", e os dois ainda voltariam a trabalhar juntos em "Companheiros". Dois filmes muito parecidos em conteúdo, com a única variante de que "Companheiros" é um filme com muito maior sentido de humor.
Com Franco Nero a brilhar no papel de mercenário, o filme destacava-se também pela presença de Tony Musante, no papel de revolucionário mexicano. Infelizmente foi o seu único spaghetti, enquanto que os vilões de serviço eram desempenhados por Eduardo Fajardo e Jack Palance, cada vez mais habituado a este tipo de papel (quem se lembra dele em "Shane"?).
 Mas, apesar do cenário da revolução, o contexto político era apenas uma pequena parte do filme como um todo. Em primeiro lugar, é um filme de acção, e é aqui que Corbucci é muito bom. Dentro do movimento do spaghetti western, ninguém fazia filmes de acção como ele, das guerras nos campos de batalha aos combates homem a homem (como o derradeiro duelo entre Musante e Palance). Ao contrário de outros filmes, Corbucci também se conteve bastante na violência, o que torna este filme bastante acessível. Inesquecível era a banda sonora de Ennio Morricone.


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segunda-feira, 7 de abril de 2014

Django (Django) 1966



Django (Franco Nero) chega a uma cidade controlada por duas facções rivais: um gang de racistas do estilo KKK que usam capuzes vermelhos, e um gang de Mexicanos famintos por dinheiro. Tal como acontece em "Por um Punhado de Dólares", de Sergio Leone, Django vai tentar colocar os dois lados da barricada contra o outro, para tentar tirar o máximo de dinheiro possível para si, e executar uma vingança omissa. As motivações de Django são vagamente mostradas ao longo do filme, embora diversas possibilidades sejam colocadas em aberto.
Desde as primeiras imagens de "Django" que sabemos que estamos perante um western diferente. Um homem arrastando um caixão perante um terreno acidentado e lamacento. Uma abertura sombria, quase gótica, e uma música maravilhosamente kitsch, que mais parece um lamento. Apesar de ter a mesma história, o filme aqui afasta-se decididamente do primeiro da trilogia dos dólares. Os simbolismos parecem claros. Django leva a morte atrás de si, onde quer que vá. Como se ele e a Morte se tivessem fundido numa espécie de espectro caminhante. 
Se Leone introduzira uma nova espécie de anti-herói, Corbucci consegue ir mais longe, introduzindo uma nova espécie de violência, excessiva tanto na quantidade como na natureza violenta e sádica que é uma constante neste filme. Logo o cenário da cidade onde se passa a acção é um dos mais deprimentes já vistos na história dos westerns: o de cidade coberta de lama. E este homem a puxar um caixão atrás de si, é uma figura mais enigmática do que o homem sem nome de Leone, que chega a uma cidade Mexicana montado numa mula.
Ao contrário do que era habitual nos spaghetti da altura, Corbucci utilizou um protagonista italiano, Franco Nero, e mostrou que era possível fazer estrelas dos actores da "casa". Franco Nero ficou famoso a partir daqui, e o nome da personagem Django foi utilizado em dezenas de filmes por essa Europa fora, para atraír público, mas Franco Nero só voltaria a este papel muitos anos depois, já nos anos 80.



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