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domingo, 23 de outubro de 2016

O Rei dos Reis (King of Kings) 1961

A história da vida de Jesus Cristo desde o nascimento em Belém até à sua crucificação e subsequente ressurreição. Filmado em relativamente grande escala, inclui todos os grandes eventos referidos no Novo Testamento, o seu baptismo por João, os milagres (aleijados a andar, cegos a ver), e por aí adiante. O filme começa com a invasão romana a Pompeia em 65 B.C., a nomeação do Rei Herodes pelos romanos e finalmente a coroação de Herodes Antipas depois de matar o seu pai. A revolta liderada por Barrabás também faz parte do filme.
Durante um breve período de tempo, entre meados dos anos cinquenta, e meados dos anos sessenta, o sub-género Épico bíblico teve um grande boom no cinema de Hollywood, ao contrário de qualquer outro período de tempo. Principalmente por causa do desejo da indústria em travar uma batalha contra a televisão, e trazer mais pessoas para os cinemas, os produtores tentaram pegar nas histórias fundamentalmente mais conhecidas, e contá-las a uma escala mais grandiosa possível. 
Samuel Bronstone era romeno, tentou primeiro uma carreira na indústria cinematográfica nos anos 40, quando foi trabalhar para uma unidade francesa da MGM. Tendo conseguido trabalho como produtor independente, a sua produção foi relativamente medíocre até ao final dos anos 50. Nessa altura tornou-se pioneiro nas filmagens em exteriores em grande escala, produzidas em Espanha, reduzindo bastante os custos. Foi aqui que a MGM o convidou para a refilmagem de um classico de Cecil B. DeMille, de 1927, sobre a vida de Cristo. Seguir-se iam uma série de filmes de grande espectáculo, também produzidos por si: "El Cid" (1961), "55 Days at Peking" (1963) e "Circus World" (1964).
O argumentista escolhido era um nome familiar, Philip Yordan, conhecido pelo argumento de obras como "Broken Lance" (1954), "Johnny Guitar" (1954) e "The Harder They Fall" (1956). Já a escolha para realizador foi algo surpreendente: Nicholas Ray, com quem trabalhou também em "55 Days at Peking". Ray estava mais associado a filmes sobre contos íntimos de homens isolados, mas tinha uma enorme facilidade em trabalhar com Widescreen, e a sua compreensão da narrativa também ajudou a o escolher para trás das câmaras. 
O último grande obstáculo foi a escolha do protagonista, e Bronstone virou-se para Jeffrey Hunter, o ex-líder juvenil cuja boa aparência tinha sido utilizada em filmes como "The Searchers" (1956) e "The Last Hurrah" (1958). O restante elenco incluía uma série de actores conhecidos em Hollywood, como Robert Ryan, Rip Torn, Harry Guardino, Hurd Hatfield, Viveca Lindfords, entre outros. 
Misturando sentimentos entre o público e os críticos, o filme superou os $6,5 milhões nas bilheteiras, um número respeitável mas aquém do esperado. Visto como um todo, é um dos melhores filmes de entretimento saídos de Hollywood neste período de tempo, visualmente atraente e impressionante, beneficiando também da experiência da sua vasta equipa técnica, que incluía nomes como Miklos Rozsa na banda sonora e Franz Planer na fotografia. E não esquecer a narração, que não foi creditada, mas é da autoria de Orson Welles e escrita por Ray Bradbury. 

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quarta-feira, 19 de outubro de 2016

A Justiça de Jesse James (The True Story of Jesse James) 1957

Os últimos dezoito anos na vida de Jesse James, mostrando a sua vida caseira no Missouri, a sua vida com os Quantrill raiders, a sua carreira de banditismo com o irmão Frank e os irmãos Younger, e ainda a sua tentativa de levar uma vida pacífica depois duma tentativa desastrada de roubar um banco em Northfield, Minn.
"The True Story of Jesse James" (1957) tem uma história quase tão interessante como a do próprio Jesse James. Nicholas Ray foi contratualmente obrigado a fazer um filme para a 20th Century Fox, que tinha sido recentemente nomeada a preferida pelos distribuidores e pelos donos dos cinemas. Entre os seus principais projectos estava um remake de um grande êxito de 1939, de Henry King, "Jesse James", com Henry Fonda e Tyrone Power. Que os donos dos cinemas queriam remakes não era surpresa, sobretudo se fossem sucesso garantido, e o que fazia da Fox uma produtora diferente das outras é que ela sabia ouvir o público. Quando a Fox deu luz verde para seguir com o projecto de Jesse James, o produtor Buddy Adler foi logo ter com Nicholas Ray, para o garantir como realizador.
Ray não era um realizador para grandes públicos, mas a idéia, ou pelo menos assim parece, é que ele era um óptimo realizador para trabalhar em filmes sobre jovens rebeldes à procura de problemas (ver "They Live by Night" ou "Rebel Without a Cause") e de facto, depois de rejeitar inicialmente, ficou animado com a hipótese de ter Elvis Presley como protagonista. Mas em vez disso, a Fox acabou por dar-lhe dois actores do seu contracto, Robert Wagner e Jeffrey Hunter, como os irmãos James. Wagner acabou por interpretar um Jesse James mais criativo, mais egocêntrico, e cheio de glamour. Provavelmente Presley, ainda em inicio de carreira, nunca conseguiria criar uma personagem tão egoísta e presunçosa como Wagner o fez, a acabar por interpretar melhor um Jesse James do que se esperava.
"The True Story of Jesse James" parece maravilhoso filmado em Cinemascope, com algumas cenas de acção do filme de 1939 expandidas para Cinemascope e inseridas em pontos-chave, mas a história de Jesse James é contada em vinhetas, em vez de um todo coeso. Ainda assim, como em qualquer filme de Nicholas Ray, há muito a contar, e apenas a história em si já é suficiente para manter o interesse do espectador.

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sexta-feira, 6 de junho de 2014

O Dia Mais Longo (The Longest Day) 1962



Junho de 1944. As forças Aliadas, combinando militares dos Estados Unidos, Inglaterra, Canadá e França, preparam uma invasão em massa da França. Os alemães preparam a defesa do ataque, sem saber exactamente de onde ele virá, e a resistência francesa na Normandia, descobre alguns problemas atrás das linhas inimigas.
Com um elenco cheio de estrelas com nomes bastante familiares, quer sejamos fãs do cinema mainstream de Hollywood, ou do cinema trash europeu. Tal como a maioria dos épicos do período, o filme foca-se nos generais e presta pouca atenção aos soldados em campo. Durante a noite de 5 de Junho, a resistência francesa (liderada pela bela Irina Demick e Maurice Poli) faz explodir comboios, e corta as comunicações dos alemães. O elenco varia de veteranos como Henry Fonda, Richard Burton, Rod Steiger, Robert Ryan, e John Wayne, a novatos, como era na altura Sean Connery. Se olharmos atentamente podemos descobrir George Segal a subir um penhasco. Até mesmo a futura estrela de "Family Feud", Richard Dawson tem um pequeno papel.
O filme é um trabalho para a Fox, do produtor tornado independente Darryl F. Zanuck, e é  baseado no livro de Cornelius Ryan, do mesmo nome, e contava a invasão da Normandia em grande detalhe, graças a muitas histórias contadas por homens que estiveram lá. O filme de Zanuck mantém esse espírito, fazendo uma releitura desse dia famoso, não apenas tão detalhadamente para satisfazer qualquer pessoa que queira saber sobre história, mas também criando um grande envolvimento na trama. Ficamos a saber todos os factos e números, nomes e horários, mas também ficamos com uma visão mais pessoal.
Para ajudar a construir este filme episódico, Zanuck contratou três diferentes realizadores. Ken Annakin dirigiu os episódios Britânicos, Andrew Marton cobriu os americanos, enquanto Bernhard Wicki filmou as sequências alemãs, não só dando-lhe uma elevada dose de realismo, (os nazis aqui falam alemão, e não em inglês como em dezenas de outros filmes da Segunda Guerra Mundial), mas também dando uma visão audaciosa dos inimigos, que são vistos como pessoas reais. Este é um rico e detalhado retrato do Dia D, que se recusa a ver apenas um dos lados da história em termos genéricos.
Apesar de um elenco de tantas estrelas, e a colaboração de três realizadores, este é inquestionavelmente um filme de Zanuck. É o tipo de épico que é produzido, e não dirigido. A coordenação deste tipo de produção, rivaliza com a do próprio Dia D, e foi a visão singular de Zanuck que levou o filme a bom porto. O próprio Zanuck orgulha-se em dizer que dirigiu algumas cenas no filme, então quando ele é referido como “Darryl F. Zanuck’s The Longest Day,” não é uma questão de ego, são créditos merecidos pois é o coroamento de uma carreira lendária no cinema.

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quarta-feira, 21 de agosto de 2013

O Sargento Negro (Sergeant Rutledge) 1960



"Sergeant Rutledge" é um filme interessante, porque é um pouco diferente de tudo o que seria de esperar de um western de John Ford. O que o torna um pouco diferente é que ele assume a forma de um drama de tribunal, um tribunal marcial de um soldado negro acusado de assassinato e violação. Mas este não é o drama de tribunal como "Anatomy of a Murder", em vez do tribunal e das testemunhas que assumem a história, estamos lá para ouvir contar a história, através de uma série de flashbacks que são mais típicos dos westerns de John Ford. Há ainda um toque de ingenuidade sobre como as peças da história juntas e as pistas se revelam quanto à possibilidade ou não do soldado ser culpado.
O sargento Braxton Rutledge (Woody Strode) é um soldado numa unidade em que um major e a sua filha são assassinados, e é ele quem é acusado. Diante de um tribunal marcial o tenente Tom Cantrell (Jeffrey Hunter) defende Rutledge, e cada testemunha leva para baila uma história que se desenrola a respeito de porque Rutledge fugiu da guarnição e foi encontrado numa estação de comboios com Mary Beecher (Constance Towers).
 "Sergeant Rutledge" toma assim a forma de um drama de tribunal com o tenente Tom Cantrell a tentar provar que o primeiro sargento Braxton Rutledge não é culpado do crime e violação. Inicialmente, sentimos que a definição do tribunal existe para pouco mais do que permitir a Ford servir um pouco do seu humor típico, já que temos o atrapalhado coronel Otis Fosgate a presidir a corte marcial e há uma sala cheia de civis que olham para o caso como uma forma de entretenimento, incluindo a própria esposa de Fosgate. Mas no final, a configuração do tribunal real acaba por ser um veículo para contar a história através de uma série de depoimentos de testemunhas, e uma série de flashbacks.

Quanto às interpretações são sólidas mas também esquecíveis, ou pelo menos a maioria, que inclui Jeffrey Hunter e Constance torres. Mas é Woody Strode como o sargento acusado que faz o maior impacto com a sua imponente figura muscular, preencheendo a tela. Ele mal pode dizer uma palavra no tribunal, mas durante os flashbacks cria esse personagem recto, um homem decente, mas um com uma escuridão e um medo de ser acusado injustamente, devido à cor de sua pele. 
O que a isso tudo se resume é que "Sergeant Rutledge" é surpreendentemente um bom filme, mas que não é realmente um drama de tribunal. A forma como os pedaços da história se juntam funciona bem, mantendo-o interessante até ao fim.

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terça-feira, 20 de agosto de 2013

A Desaparecida (The Searchers) 1956



Em 1868, Ethan Edwards regressa a casa do irmão, Aaron, que mora numa quinta no norte da fronteira do Texas com a esposa Martha e os três filhos: Ben, Lucy e Debbie. A quinta também é o lar de Martin Pawley, que foi adoptado por Aaron depois de ter sido resgatado ainda jovem dos índios, por Ethan. Aaaron não vê o irmão há anos, desde que ele deixou de lutar pela Confederação durante a Guerra Civil. No dia seguinte, Ethan, Martin e Brad Jorgensen, o noivo de Lucy, são atraídos para longe da quinta por índios Comanche. Quando regressam encontram a quinta em chamas. Aaron, Martha e Ben estão mortos e Lucy e Debbie desaparecidas. O Ranger Captain Clayton lidera um grupo para procurar as jovens desaparecidas que, presume-se, foram raptadas pelos Comanches. Quando Ethan revela que encontrou o corpo de Lucy, Brad faz um ataque a solo sobre os Comanches e é morto. Começa então uma procura pela outra jovem que irá durar anos, Ethan e Martin continuam a procurar Debbie,embora por razões diferentes...
O mais conceituado dos grandes westerns de John Ford é também um dos mais subversivos do realizador, uma vez que confronta a questão do racismo, especificamente o ódio arraigado dos anglo-americanos para com os nativos americanos. Quando o filme foi feito, o racismo era um tema quente nos Estados Unidos, com a política de direitos civis a fazer crescer tensões entre os diferentes grupos raciais. The Searchers pode não pode lidar com esta questão muito profundamente, mas, para seu crédito, é o primeiro filme que mostra o ódio racial como a força motivadora primária na determinação do homem branco para exterminar os nativos americanos. De nenhuma maneira ajudou a mudar atitudes públicas sobre a questão racial, principalmente, incentivando outros artistas e comentaristas influentes para continuar a lembrar os americanos da sua história vergonhosa e da necessidade de fazer as pazes.
The Searchers também é tecnicamente o mais ambicioso filme de John Ford, e um dos seus filmes que podem ser legitimamente chamados de épico. As paisagens deslumbrantes, principalmente as filmadas no amado Monument Valley, a narrativa alastrando-se e o subtexto político subjacente, tudo contribui para este filme ser a obra-prima do realizador, um western complexo e convincente que é ambíguo, comovente e altamente poético. O filme seria insuportavelmente triste se não fosse por alguns momentos inspirados de comédia que oferecem um alívio muito necessário a partir do tenso drama catastrófico.
Num papel surpreendentemente antipático, John Wayne tem uma das suas melhores performances, que transcreve o tradicional héroi westerniano, com um grande senso de ironia, sugerindo que a sua coragem e a determinação podem ser o produto de forças motivadoras menos nobres do que o heroísmo. Diferentemente da maioria dos westerns, que tendem a glamourise, e a retratar os índios como selvagens sem rosto, The Searchers é uma obra que procura a exatidão histórica. Lançou as bases para os westerns modernos que rejeitaram os velhos mitos e nos mostraram a verdade nua e crua de como o oeste realmente foi feito.


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