Um grupo terrorista europeu chamado "Nada", rapta o embaixador americano. Rapidamente surgem tensões entre os elementos devido às discrepâncias sobre os passos que se seguem. Mais tarde o grupo terá de lidar com uma polícia extremamente dura, que durante o resgate utiliza a violência, sem e importar com a vida do embaixador.
"Nada", de Claude Chabrol é um epílogo irónico sobre o Maio de 1968, período de revoltas estudantis esquerdistas. Parece uma espécie de sequela de "La Chinoise", de Jean-Luc Godard. Fotogénico, com os slogans revolucionários de Godard, mais cínico, e com menos ambições políticas. Tanto Godard como Chabrol assistiram a muitos filmes de gangsters americanos, e aprenderam as lições. Ambos estão apaixonados pela imagem de românticos revolucionários, uma seita secreta a fazer declarações políticas através da violência, e assim, naturalmente, surge o plano para raptar o embaixador americano.
Baseado num livro de Jean-Patrick Manchette, que dá uma ajuda no argumento, conta com um elenco de primeira linha: Fabio Testi, Michel Duchaussoy, Maurice Garrel, Michel Aumont e Lou Castel.
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sexta-feira, 21 de agosto de 2015
sexta-feira, 7 de março de 2014
L'Oeil du Malin (L'Oeil du Malin) 1962
André Mercier, um jornalista conhecido como Albin Mercier, é um escritor amargurado e fracassado. Enviado para cobrir um evento na Alemanha, ele conhece Andreas Hartman, outro escritor que, por sua vez, não é um fracassado. Andreas é casado com Hélène, uma bonita francesa. Nercier sente-se atraído por Hélène, e ao aperceber-se da felicidade do casal, decide quebrá-la. Tirando vantagem da ausência de Mercier, numa viagem de negócios, decide seduzi-la, mas as coisas não correm conforme planeado.
"L'Oeil du malin" é o filme de Claude Chabrol onde os temas hitckcockianos são mais facilmente perceptíveis. O personagem central (interpretado por Jacques Charrier) é um psicopata paranoico, com tendências voyeuristas, um Norman Bates em tudo menos no nome. A heroína (Stéphane Audran, uma regular de Chabrol) é uma loira atraente e inatingível, objecto do desejo que inevitavelmente estará no lugar de uma Janet Leigh, e depois temos o outro vértice do triângulo (um excelente Walter Reyer), que é o recorrente "wrong man" dos filmes de Hitchcock, o inocente que leva com as culpas, vítima das circunstâncias. A câmera voyeurista e a adequada montagem constroem o suspense e criam uma aura de sufocar quase tão eficazmente como o próprio Hitchcock.
Apesar deste filme ser fortemente reminiscente dos últimos trabalhos de Hitchcock, Chabrol consegue impôr o seu próprio estilo e personalidade, nomeadamente na sua antipatia pela falsa burguesia, assim como na leve ironia e o humor negro que viriam a caracterizar o seu trabalho futuro. Chabrol leva à premissa familiar um thriller inteligente, e inverte-o para os seus próprios fins. Não é o paraíso destruído por uma incursão do mal que ele nos mostra, mas sim um paraído atolado de maldade que destrói um pobre inocente.
Legendas em inglês.
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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014
As Boas Mulheres (Les Bonnes Femmes) 1960
Ginette, Rita, Jacqueline e Jane são quatro mulheres que tentam encontrar satisfação nas suas vidas. Rita tem um noivo cuja família é obcecada com a vida social. Jane tem um namorado no exército, mas não exita em divertir-se em encontros casuais. Ginette tem um segredo que a mantém afastada das amigas à noite. Jacqueline é a mais solitária, mas quem é aquele misterioso motociclista que a persegue constantemente?
Ginette (Stéphane Audran) é a mais misteriosa de todas, a única do grupo que não se define em relação aos homens. De todas elas, é a única que faz algo para si própria, não parecendo pensar em paixão ou homens, apenas se preocupando com aquilo que faz, porque gosta.
Através da observação das outras três mulheres Chabrol explora a natureza das relações entre os homens e as mulheres, e o retrato que pinta não é bonito. É muitas vezes catalogado como comédia, mas debaixo da superfície existe muito cinismo, e muita amargura acerca no sentido do amor ser romântico. Existem três modelos diferentes sobre o amor nesta película, cada um representado pelas amigas de Ginette.
Quarto filme de Claude Chabrol, mas muitos consideram ser o seu primeiro, já que era o primeiro onde o seu estilo estava claramente visível. Chabrol renuncia aos elementos melodramáticos e narrativas dos seus dois primeiros filmes, assim como a influência Hitchcokiana que foi "À Double Tour". Depois desta grande produção ele volta aos filmes de orçamento menor, ao realismo presente nos seus dois primeiros filmes, adoptando um estilo mais áspero do que nessas duas obras, além de se completar com uma sagacidade imprevisível.
Embora agora seja considerado um dos filmes mais importantes da Nouvelle Vague enfrentou uma série de críticas negativas na altura que saíu. Hoje, o filme é visto mais como um drama social, e é provavelmente o filme mais realista de Chabrol. Na década de sessenta, mesmo estando longe de ser a representação romântica de como as mulheres lidavam com o vida, resultou numa reacção pública muito feroz, que teve consequências posteriores na carreira do realizador. Nos anos seguintes, Chabrol ficaria preso a assuntos muito mais seguros, tornando-o no menos ousado dos seus compatriotas da Nouvelle Vague.
Hoje em dia, é difícil perceber a controvérsia que o filme gerou. Alguns críticos consideram-no uma obra-prima, um retrato perceptivo sobre jovens mulheres que enfrentam um futuro de tédio conjugal e vidas profissionais não realizadas. Talvez mais ousado do que o filme, é a forma como ele é filmado e montado, muito mais próximo do que é a nossa noção de Nouvelle Vague, e um contraste total com os futuros filmes de Chabrol.
Legendado em inglês.
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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014
Pedido de Divórcio (À Double Tour) 1959
Leda, a amante do Monsieur Marcoux é assassinada. A sua esposa e a polícia pensam que o assassino foi o leiteiro, o amigo da empregada, mas o namorado da filha de Marcoux, Laszlo (Jean-Paul Belmondo), acha que as coisas não são assim tão simples...
Terceiro filme de Chabrol, e o primeiro filmado a cores, é um thriller Hitchcockiano extremamente estilizado, que prefigurava as preocupações do realizador de dilacerar as preocupações da unidade familiar burguesa, através do assassínio e do melodrama. É um filme sensacionalista e bizarro, cheio de ângulos difíceis e cores berrantes, com o seu argumento complicado com flashbacks em que os eventos são sempre filtrados pela sensibilidade. Chabrol é violento e divertido em relação à família burguesa, desmanchando-a a partir de dentro, ridicularizando a rigidez e a formalidade que disfarçam tantas verdades sórdidas.
O desempenho de Belmondo como Laszlo é um dos destaques do filme. Um homem perturbador e de espírito livre, uma presença imprevisível, a rasgar os acontecimentos só porque pode. Laszlo é tudo o que a família burguesa não é, indomável e sem restrições em todos os sentidos, especialmente sexualmente. Apesar de estar envolvido com Elisabeth isso não o impede de cobiçar cada rapariga bonita que aparece à sua frente.
"À Double Tour" é muitas vezes esquecido em discussões sobre o início da carreira de Chabrol, talvez porque seja tão diferente dos outros, obras duras, filmadas nas ruas e de baixo profile. Esta seria a primeira produção de grande orçamento do realizador, um tributo brilhante e elegante a Hitchcock, estilisticamente mais perfeito que os filmes que ele faria no final dos anos sessenta e setenta. Status de outsider à parte, "À Double Tour" é um filme rico e cativante, por vezes comparado aos melhores trabalhos do realizador.
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Os Primos (Les Cousins) 1959
Charles é um jovem provinciano que chega a Paris para estudar Direito. Divide o apartamento com o seu primo Paul, que é uma espécie de jovem decadente, um homem desiludido na procura do prazer, sempre atrás por outros ideais, enquanto Charles é um rapaz trabalhador, ingénuo e honesto. Apaixona-se por Florence, uma das conquistas de Paul. Mas como irá Paul reagir aos avanços do seu primo para com Florence?
Apesar de não ser esse o objectivo, os dois primeiros filmes de Claude Chabrol - Le Beau Serge e Les Cousins - viram a luz do dia com poucas semanas de diferença, em Paris, por vezes a serem exibidos em cinemas muito próximos, que apenas reforçava a idéia de que os dois filmes eram duas faces da mesma moeda, a mesma nota tocada em diferentes tons, com resultados muito diferentes. Havia uma grande simetria entre os dois filmes, uma vez que ambos contavam a história de dois amigos diametralmente opostos, e ambos interpretados por Gérard Blain e Jean-Claude Brialy, embora os seus papéis tenham sido radicalmente invertidos, assim como o espaço da acção, que passou da vida rural para a vida urbana.
As ligações entre estes dois filmes ainda eram mais profundas (James Monaco, no seu livro pioneiro sobre a Nouvelle Vague insiste que eles devem ser vistos em conjunto). "Les Cousins", embora tenha estreado depois de "Le Beau Serge" foi concebido primeiro, e tecnicamente teria sido a estreia de Chabrol. E para muitos seria mesmo o primeiro, já que "Le Beau Serge" não teve muito sucesso junto do público, e a maior parte dos fãs só conheceria Chabrol a partir deste "Les Cousins". A lista de créditos dos dois é muito familiar, inclui o director de fotografia Henri Decaë, embora se possa sentir imediatamente a influência do argumentista Paul Gégauff em "Les Cousins". Este filme, que seria a primeira de 17 colaborações entre Chabrol e Gégauff, e é uma obra muito mais pesada e cínica do que "Le Beau Serge".
A força deste filme, reside, em parte, na intensa interpretação de Brialy como Paul, o egomaníaco rapaz rico que gosta de brincar com as pessoas. Um homem desprezível, mas muito divertido de se assistir. Em segundo lugar o excelente trabalho na realização de Chabrol. O filme ganharia o Urso de Ouro no festival de Berlin.
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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014
Um Vinho Difícil (Le Beau Serge) 1958
François regressa à sua terra natal, no interior de França, depois de mais de uma década fora. Nota que a terra não mudou muito, mas as pessoas sim, especialmente o seu primo Serge, que se tornou um alcoólico. François vai tentar descobrir o que lhe aconteceu, e vai tentar ajudá-lo...
É muitas vezes esquecido que "Le Beau Serge", de Claude Chabrol, tecnicamente é o primeiro filme da Nouvelle Vague, ou pelo menos, a primeira longa-metragem a saír do grupo de críticos do Cahiers du Cinéma, que assim ajudaram a mudar os parâmetros do cinema francês, e do mundo.
Apesar de ser um filme relativamente discreto, e de ter uma narrativa bastante simples, já são visíveis algumas das principais características deste movimento, algumas das quais foram reconhecidas num artigo de François Truffaut para a Cahiers du Cinéma, que considerou logo um ponto de viragem para o cinema francês, apesar de na altura não lhe ter sido dada a devida atenção, ficou fora da competição oficial de Cannes, e demorou tempo até conseguir encontrar distribuidor. Um estudo de personalidades íntimo e pessoal, passado num cenário de Inverno da província rural francesa, Le Beau Serge foi filmado inteiramente em exteriores, em Sardent, uma pequena localidade onde tinha nascido a mãe de Chabrol, e onde o próprio realizador passou parte da sua infância, e inclusivé adolescência, durante a Segunda Guerra Mundial. A produção do filme, que incluía uma pequena equipa de filmagem, um elenco formado na sua maioria por actores desconhecidos e habitantes locais, tinha uma narrativa focada em personagens comuns em situações realistas, reflete em grande parte o Neo-Realismo, pelos quais os críticos do Cahiers eram admiradores. Chabrol tinha 27 anos na altura, e nunca tinha aprendido a fazer um filme, não se limitou apenas às influências do neo-realismo, mas também incorporou alguns aspectos do expressionismo, e uma obsessão com a natureza da culpa, que para Chabrol era um dos factores mais importantes da filmografia de Hitchcock, sobre quem o realizador tinha recentemente escrito um livro, em conjunto com Eric Rohmer.
Filmado pelo director de fotografia Henri Decaë, que tinha começado a trabalhar com Jean-Pierre Melville, e que de futuro trabalharia muito com os realizadores da Nouvelle Vague, é um filme muito negro, directo, que apresenta personagens profundamente complicadas, mas com um forte senso de compaixão e graça. Chabrol não suaviza o alcoolismo de Serge, ou o monstro que desperta dentro dele, e age abusivamente perante Yvonne, humilhando-a perante outras pessoas, e rejeitando as tentativas de François o querer ajudar, com um sentimento de desprezo que circunda o patológico. Chabrol deixa claro que Serge é uma alma sofredora, e os momentos finais dão-lhe o que poderia ser interpretado como uma chance de redenção, uma segunda hipótese de criar uma nova vida.
Em alguns momentos, evoca um sentimento sombrio e profundamente sentido da humanidade, a tentar fechar a lacuna criada entre François e Serge, e de certa forma curar os males na vida de Serge. É tentador ver as acções de François impulsionadas em primeiro lugar por um sentimento de culpa, e depois por um sentimento primordial de amor, que o obriga a continuar a tentar. Jean-Claude Brialy interpreta da melhor forma François, enquanto Gérard Blain é Serge.
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