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sexta-feira, 11 de maio de 2018

Rosa Negra (Rosa Negra) 1992

Rosa Negra. Uma cidade que se encaixa na serra. Um comboio atravessa os campos. Uma mulher, Fernanda, regressa nele, profundamente ferida, após uma conjugalidade interrompida. Um homem, António, regressa no mesmo comboio. Foi, em tempos, forçado a partir. Será agora julgado por um crime que não cometeu. Na estação, António encontra Mariana que ele não vê desde miúda. Rosa Negra fica entre a serra e a cidade. Ali se encontram António e Mariana. Ali começa tudo. A vida.
"Com uma intensa carreira ligada à realização e produção televisivas, bem como à passagem pela Universidade Nova de Lisboa enquanto docente, Margarida Gil é provavelmente a mais canónica das cineastas referidas nesta breve listagem. Tendo sido casada com João César Monteiro, identifica-se com uma geração de realizadores da qual fazem parte Alberto Seixas Santos, Fernando Lopes, Paulo Rocha ou Rita Azevedo Gomes, entre outros, que buscaram incessantemente uma ligação entre o cinema nacional e o cinema de autor. A actual presidente da Associação Portuguesa de Realizadores nasceu na Covilhã, em 1950. Quatro décadas mais tarde, regressou às origens para filmar uma história de memórias e desencontros, dando a conhecer uma Serra da Estrela permanentemente fustigada por incêndios. Os diálogos, escritos com a colaboração de Maria Teresa Horta, oferecem o mimetismo de uma cidade fechada, com a qual a cineasta parece ter contas a ajustar. “Adeus, terra adormecida, adeus, que me vou embora”, canta Teresa Salgueiro, na composição propositada de João Gil. Pela narrativa perpassa a partilha de experiências da condição feminina, sintetizada na fala de uma personagem: “Eu… antes de mim, a minha mãe, filha de outra mulher.” Gerações que transmitem a melancolia, a falta de suporte, a vontade de algo que parece sempre mais difícil de atingir em virtude de uma condição. Como o comboio que vem de Lisboa e que, percorrendo paisagens idílicas, tarda tanto em chegar. Seriam também estas as últimas interpretações de Mário Viegas e de Zita Duarte." do site Pála de Walsh.

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sexta-feira, 4 de maio de 2018

Flores Amargas (Flores Amargas) 1988

Um dia de festa na comunidade timorense encalhada no Vale do Jamor. Um guerrilheiro que veio de Timor e a sua história. Um olhar sobre um povo abandonado.
Em Maio de 1989, pouco depois de "Flores Amargas" ter sido estreado na RTP, a sua realizadora, Margarida Gil, dava uma entrevista ao Diário de Lisboa. E, à pergunta "quais foram as reações ao filme?", respondia: "Permitiram-me perceber que o desleixo em Portugal é ainda maior do que eu pensava. Ainda supus que o filme levasse as pessoas a falarem de Timor, mas nem isso". Todos estes anos volvidos, como que por ironia, não é Flores Amargas que faz falar de Timor, mas o facto de o futuro de Timor ser o que sabemos que torna mais aguda a consideração que o filme merece.
Originalmente pensado com um dos episódios da colecção "Fados" - e como tal mostrado em 1989 - Flores Amargas é uma ficção de cariz paradocumental. Filmada junto dos refugiados timorenses atirados pela descolonização para o Vale do Jamor, tornando-os como actores de uma trama-pretexto, o essencial do filme está ao nível do testemunho e talvez mereça mais respeito como gesto ético e solidário que como obra estética. É a descoberta dos rostos, dos olhares, da perplexidade das coisas a sobrepor-se a uma hipótese de ficção tecida com fios tão frágeis que, verdadeiramente, não chega a existir. 
Anote-se que foi para aqui que João Gil compôs o tema musical dedicado a Timor que, depois, teve a função de se tornar um quase-hino.
Texto de Jorge Leitão Ramos

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