Mostrar mensagens com a etiqueta John Huston. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta John Huston. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 25 de abril de 2022

Casino Royale (Casino Royale) 1967

Quando o chefe “M” (John Huston) da agência secreta é assassinado, James Bond (David Niven) deixa a reforma de espião para ajudar a esmagar a SMERSH, o grupo de assassinos possivelmente responsáveis. E para proteger a sua verdadeira identidade, o nome de Bond é dado a vários agentes, incluindo Evelyn Tremble (Peter Sellers) e o sobrinho neurótico de Bond, Jimmy (Woody Allen).
"Casino Royale" é a paródia original, estabelecendo os precedentes para os filmes de Austin Powers no final dos anos 90. A presença de cinco realizadores aliada ao enredo excessivamente complicado, torna o filme quase impossível de se seguir. Uma sátira ao mais alto grau, foi o primeiro filme não oficial de James Bond, mas é desnecessário compará-lo a qualquer filme de série. O elenco de celebridades está embaraçosamente em piadas ridiculas atrás de piadas ridiculas, mas o mais valioso do filme é mesmo a banda sonora da autoria de nomes como Burt Bacharach, Herb Albert e Dusty Springfield.
John Huston, Ken Hugues e Robert Parrish foram alguns dos realizadores associados ao projecto, enquanto que o elenco contava ainda com Ursula Andress, Orson Welles, Deborah Kerr, William Holden, Charles Boyer, Jean-Paul Belmondo, Barbara Bouchet, entre tantos outros. A banda sonora conseguiu uma nomeação para os Óscares. 

terça-feira, 9 de novembro de 2021

Candy (Candy) 1968

Baseado num livro clássico do mesmo nome, escrito por Terry Southern e Mason Hoffenberg, sob o pseudónimo de Maxwell Kenton. A história apresenta uma banda sonora bastante animada de música contemporânea, e goza com algumas das modas dos anos sessenta, como o uso de LSD, religiões orientais, protestos antimilitares e hippies. Os críticos denegriram "Candy", alegando que faltava um enredo coerente, mas o público gostou da sátira social e auto-crítica, pontuada por um elenco de excelência com estrelas de topo daquele período, como Charles Aznavour, Richard Burton, Marlon Brando, John Astin, Ringo Starr, Walter Matthau, James Coburn e John Huston. 
O filme é sobre o despertar sexual de uma jovem que embarca numa série de aventuras sexuais bizarras com um bando de personagens estranhas e perturbadoras. Ao longo do caminho para se tornar uma mulher, Candy encontra um médico que incentiva a masturbação prolífica e frequente, um ginecologista exibicionista que examina Candy publicamente, e um corcunda ladrão. Enquanto que a maior parte do filme se desenvolve como se fosse um filme pornográfico com enredo, uma trama subtil surge. Através das suas estranhas façanhas sexuais Candy torna-se uma adulta auto-suficiente, capaz de ter emoções e decisões independentes.
O filme, que defende a liberdade sexual e a experimentação, foi censurado quando estreou em França e nos Estados Unidos. A versão original tinha 124 minutos, mas foram cortados 14 para ser em exibido em França. Nos Estados Unidos, a reputação do livro, que tinha sido lançado 10 anos antes, era muito má,  o que levou muitos cinemas a rejeitarem o filme, mesmo depois dele receber a classificação "R" pelo MPAA. Em Jackson, no Mississippi, o director do cinema resolveu exibir o filme, e foi preso com o seu projecionista por exibir um filme obsceno. 

sábado, 3 de dezembro de 2016

Capítulo 9 - Guerra

O cinema soube alimentar-se das grandes e pequenas guerras da história da humanidade. Encenando os grandes conflitos onde se projectava a eterna e suprema luta entre o bem e o mal, o cinema encontrou um cenário onde o espectáculo ganha uma nova dimensão. Na década de 80, a que estamos a analisar, fazia-se o rescaldo da Guerra do Vietneme, e o cinema americano explorou este filão ao máximo, com filmes tão contemporâneos como: "Apocalypse Now", "Coming Home", "Deer Hunter", "Platoon", "Born on the Fourth of July", "Full Metal Jacket", entre muitos outros. Mas, o cinema de guerra no tempo do VHS não vivia só sobre esta guerra, havia muito mais guerras. Aqui está a nossa seleção para o nono capítulo.

Feliz Natal, Mr. Lawrence (Merry Christmas, Mr. Lawrence) 1983
Baseado no livro de Sir Laurens der Post, relata o tenso conflito entre brutais comandantes japoneses e os seus obstinados prisioneiros ingleses. O ano é o de 1942, e o mundo está em guerra. Feito prisioneiro pelos japoneses num campo de concentração na ilha de Java, o oficial britânico Jack Celliers (David Bowie), inicia um conflito quando resolve não acatar as regras ditadas pelo Capitão Yonoi), um cruel comandante japonês. Mas, entre eles está o Coronel John Lawrence (Tom Conti), um homem que tem um grande amor pela cultura e língua japonesa, mas que se torna uma ameaça por ser o único a entender ambos os lados.
"Merry Christmas, Mr. Lawrence" é uma curiosa produção internacional do inicio dos anos 80. Produzido por Jeremy Thomas, um produtor britânico de mentalidade internacional (habitual colaborador de Bernardo Bertolucci), e realizado pelo Japonês Nagisa Oshima, num registo bem fora do habitual, e um argumento escrito pelo próprio Oshima e pelo crítico britânco Paul Mayersberg a partir de um romance semi-autobiográfico do escritor sul-africano Laurens Van der Post, com um elenco que misturava actores britânicos com japoneses, como David Bowie, Tom Conti, Ryuichi Sakamoto (também autor da banda sonora), e Takeshi Kitano.
Era uma lógica comparação (e contraponto) ao famoso "A Ponte do Rio Kwai", de David Lean, um filme ao qual Oshima parece reagir activamente de encontro a uma tomada deliberadamente modernista sobre tensões em tempo de guerra, dando uma genuína ênfase no conflito cultural, de ambos os lados, e um desenlace que sugere que ninguém está verdadeiramente certo, nem verdadeiramente errado, o oposto ao heroismo de David Lean.

 A Grande Batalha (Cross of Iron) 1977
Uma frente de soldados alemães luta para sobreviver aos ataques soviéticos na Segunda Guerra Mundial, contando com a liderança do novo comandante, o condecorado oficial Steiner, que busca apenas uma coisa: a Cruz de Ferro para honrar sua família.
"“Cross of Iron” (ou A Grande Batalha, o muito inspirado título português) é o único filme de guerra de Sam Peckinpah e retrata um pelotão não americano, mas alemão, liderado por Rolf Steiner (James Coburn), durante a 2ª Guerra Mundial. Anárquico tematicamente mas, também, estilisticamente, “Cross of Iron” é o filme, formalmente, mais radical do seu realizador. Violento, sim, mas anti-violência como (acredite-se ou não) todo e qualquer filme de Peckinpah: Orson Welles, depois de ter visto o filme achou-o o melhor filme anti-guerra alguma vez feito (pode não o ser, mas estará lá perto). Fora isso, é um “chupem-me” à montagem e narrativas tradicionais e aos produtores e estúdios que tanto atormentaram Peckinpah. E a Hitler, também, claro está.." Tirado daqui
Aconselho também uma leitura sobre este filme, daqui.

Fuga Para a Vitória (Victory) 1981
Num campo alemão de prisioneiros de guerra o major Karl von Steiner (Max Von Sydow), que já tinha pertencido à seleção alemã de futebol, tem a idéia de fazer um jogo entre uma seleção dos prisioneiros aliados, liderados pelo capitão John Colby (Michael Caine), um inglês que era um conhecido jogador de futebol. Colby também teria a tarefa de selecionar e treinar a equipa, para enfrentar a selecção alemã no Estádio Colombes, em Paris. Enquanto os nazis, com a excepção de Steiner, planeiam fazer de tudo para vencer o jogo e assim usar ao máximo a propaganda de guerra nazi, os jogadores aliados planeiam uma arriscada fuga durante a partida. 
O projecto original era um drama sério, baseado na história verídica de um grupo de prisioneiros de guerra aliados desafiado para uma partida de futebol pelos alemães. O acordo era que se os alemães ganhassem os prisioneiros de guerra eram libertados na Suiça. Se fossem os prisioneiros a ganhar, seriam fuzilados. Os prisioneiros decidiram pela vitória, ganharam a partida, e, consequentemente, foram fuzilados.
Realizado por John Huston, já em periodo final da sua carreira, contava com um elenco de estrelas, formado por actores e jogadores de futebol reais, como Pelé, Bobby Moore, Osvaldo Ardiles, John Wark, entre outros. Sylvester Stallone também fazia parte do elenco, como guarda-redes dos aliados. Já era na altura uma estrela em ascenção, em parte por causa do êxito de "Rocky", e insistiu para que fosse ele a marcar o golo da vitória, e o elenco de jogadores de futebol tentou convencê-lo do absurdo que seria o guarda-redes marcar o golo da vitória, mas era apenas para massajar o seu ego. 
Imdb

domingo, 13 de novembro de 2016

Capítulo 4 - Drama

Bird - Fim do Sonho (Bird) 1988
"Bird" evoca a figura genial e trágica do saxofonista Charlie Parker (1920-1955), um exemplo superior dessa sua atitude criativa. A história de Charlie Parker é indissociável do seu protagonismo na criação do chamado som “bebop”. Não admira, por isso, que algumas das personagens marcantes do filme de Eastwood se chamem Red Rodney ou Dizzy Gillispie. Em todo o caso, "Bird" não é um mero inventário de figuras emblemáticas do jazz — é, acima de tudo, uma viagem pelos fantasmas mais íntimos de Charlie Parker.
No papel de Charlie Parker, Forest Whitaker tem aquela que, a meu ver, continua a ser a melhor composição de toda a sua carreira. E importa não esquecer a sua mulher, Chan Parker, interpretada por uma actriz admirável, infelizmente pouco conhecida — é ela Diane Venora. Entretanto, pode dizer-se que Clint Eastwood continua a ser um cineasta de "todos" os géneros: a sua agilidade temática e expressiva tem-lhe permitido ziguezaguear entre os mais diversos registos, reforçando uma imagem de marca muito pessoal — tal como Charlie Parker no jazz, Eastwood é um dos grandes individualistas do cinema americano.
* Texto de João Lopes.

Gente de Dublin (The Dead) 1987
6 de janeiro de 1904 e Dublin celebra o Dia dos Reis num ambiente de neve. Na casa das irmãs Morgan, Julia (Cathleen Delany) e Kate (Helena Carroll), é oferecida uma ceia a amigos e parentes, incluindo a realização de um encontro musical e poético. Já perto do final da celebração, quando boa parte dos convidados já tinham saído, o barítono Bartell D'Arcy (Frank Patterson) começa a cantar uma música triste, que faz com que Gretta Conroy (Anjelica Huston) se lembre de uma antiga paixão que já faleceu. Surpreso com a mudança de comportamento de sua esposa, Gabriel (Donal McCann) interessa-se pela história.
Passado na Irlanda, durante a viragem do século 19 para o século 20, o filme mostra um jantar em casa de uma família com os seus convidados, onde reminiscências e momentos de melancolia trazem indagações e algumas revelações existenciais.
Baseado num conto do mesmo nome do livro "Dubliners", de James Joyce, foi o derradeiro filme realizado por John Huston, e contava com Anjelica  Huston, a sua filha, no papel de protagonista. O argumento era da autoria de outro filme de Huston, Tony Huston, e esta seria considerada a adaptação mais fiel a contos de Joyce, com apenas algumas alterações para ajudar a sua passagem para o cinema.

Os Amantes de Maria (Maria's Lovers) 1984
1946. O veterano de guerra americano Ivan Bibic (John Savage), que foi um prisioneiro de guerra, sofreu uma crise nervosa que só lhe permitia morrer ou sonhar. Assim, ao regressar para a sua pequena cidade natal, Brownsville, na Pensilvânia, ele só pensa em encontrar o seu sonho: uma refugiada jugoslava, Maria Bosic (Nastassja Kinski), uma amiga de infância que se tornou numa bela mulher. Ele sempre sonhou ter com Maria o casamento perfeito, embora ela seja desejada por outros homens. Ivan diz que sonhou tanto com Maria que ela vive nos seus sonhos, não no seu corpo, e é verdade, pois os sonhos dele não são iguais à realidade. Maria e Ivan casam-se, mas ele descobre que não consegue fazer amor com ela.
Andrei Konchalovsky era um realizador russo bastante bem cotado no cinema do seu país, que entre outras coisas, era amigo e colaborador do lendário Andrei Tarkovsky, estreava-se aqui em território americano. Um filme notável porque marcava a estreia de Konchalovsky em língua inglesa, sendo também um dos primeiros filmes de realizadores russos falados em inglês.
Nastassja Kinski, filha de Klaus Kinski, com apenas 23 anos era já uma das maiores sex symbols dos anos 80 graças a filmes como "Tess", "One From the Heart", "Cat People", "Paris Texas", "The Hotel New Hampshire", entre outros, sendo esta uma das suas maiores explosões de sensualidade.
Para além de John Savage o filme conta ainda com o veterano Robert Mitchum, num dos papéis principais.

Havana (Havana) 1990
Final da década de 1950. Vivem-se tempos turbulentos, e a política de Cuba vive uma violenta fase de transição. A poderosa milícia de Fidel Castro bate de frente com o Exército do país, liderado por Fulgencio Baptista, e toma o poder na capital, Havana. É neste cenário conturbado que Jack (Robert Redford), um jogador norte-americano, chega à bela e destruída cidade para organizar um histórico torneio de póquer. Contundo, durante a viagem, ele conhece a bela Roberta (Lena Olin), uma cubana que rouba o seu coração. Pouco depois de se envolverem, a mulher reencontra o marido, o revolucionário Arturo, e os dois acabam presos e torturados. Jack irá tentar ajudá-los...
Um filme que queria ser o "Casablanca" das Caraíbas. Era o regresso de Sydney Pollack ao cinema depois do seu multi-premiado "Africa Minha", e marcava a sétima colaboração do realizador com Robert Redford. 
Apesar de uma recepção considerável na altura, foi um fracasso comercial, tendo em conta que era uma super-produção americana. 
Raul Julia recusou-se a ser creditado no filme depois de não lhe ter sido dado honras de ter o nome ao lado de Redford e Olin no cartaz do filme. O elenco contava com dois actores nascidos em Cuba, Tomas Milian e Tony Plana, para além dos experientes Alan Arkin e Richard Farnsworth. 

domingo, 14 de agosto de 2016

A Noite de Iguana (The Night of the Iguana) 1964

Numa cidade isolada da costa mexicana, um padre com a fé abalada esforça-se para juntar os cacos da sua vida despedaçada. E três mulheres - uma viúva proprietária de um hotel, uma artista etérea e uma adolescente ninfomaníaca - podem ajudar a salvá-lo. Ou destruí-lo! 
Baseado numa peça da Broadway de Tennessee Williams sobre um padre sem hábito que se tornou guia turístico no México, a versão cinematográfica de John Huston foi nomeada para 4 Óscares: Melhor Actriz Secundária ( Grayson Hall), Melhor Fotografia a Preto e Branco, Direcção de Arte e Guarda Roupa. O único Óscar ganho seria pelo Guarda Roupa da autoria de Dorothy Jeakins.
"Night of the Iguana" é essencialmente um estudo de personagem, sobre a crise existencial de um homem (Richard Burton) cujo legado familiar tanto sobre liderança espiritual como irresistíveis "apetites" continuam a assombrá-lo. O restante elenco é pura dinamite, com uma Ava Gardner muito tensa como a infeliz proprietária de um hotel, Deborah Kerr como a visitante sexualmente inexperiente, Sue Lyon num papel bem próximo do que ela havia tido dois anos antes, em "Lolita", e Grayson Hall como a solteirona com um segredo. Burton certamente que tem o seu próprio segredo, e com o avançar da noite mais interessantes as conversas ficam. 
Burton vivia na altura um romance com a actriz Elizabeth Taylor, com quem casaria pela primeira vez pouco depois de terminadas as filmagens. Corriam rumores que a actriz o visitava durante o set, o que colocava a produção do filme constantemente nos jornais. O filme era rodado no México, num local que não aparecia nos mapas, chamado Puerto Vallarta, uma localidade que nem sequer tinha voos comerciais. Depois ficou um local muito conhecido, e hoje em dia tem resorts de luxo que recebe milhares de visitantes todos os anos.

Link
Imdb

quarta-feira, 16 de março de 2016

Um Homem na Solidão (Man in the Wilderness) 1971

Em 1820, os territórios do Norte da América eram inóspitos e de vida selvagem. Um grupo de caçadores de peles de animais regressa dessa região antes que o inverno chegue e os castigue a todos. Zachary (Richard Harris) é o guia e batedor do grupo, que atacado pelo temido urso selvagem americano, é ferido e deixado para trás para morrer, pelo líder dos caçadores, o paranóico Capitão Henry (John Huston, o realizador). Zachary sobrevive e persegue o grupo em busca de vingança, não sem antes conviver e aprender sobre a vida selvagem com os índios da região.
"Man in the Wilderness" é vagamente baseado na história e vida de Hugh Glass, e numa expedição que este realizou ao Missouri entre 1818 e 1820, história esta que recentemente deu origem a um outro filme, "The Revenant", que valeu um Óscar a Leonardo DiCáprio e outro a Alejandro González Iñárritu. Foi filmado perto de Covaleda, província de Soria, Espanha, com o terreno a ser mais parecido com o deserto das montanhas de Adirondack, do que da área em questão. No mesmo local foram filmadas muitas cenas de "Doctor Zhivago", que David Lean realizara alguns anos antes. Um dos aspectos mais fortes deste filme, é o "mood" e a atmosfera, com o realizador Richard C. Sarafian e a sua equipa a colocarem muito detalhe na mais pequena coisa, trazendo muito realismo a esta esta história de sobrevivência.
O filme deixa por explicar alguns detalhes, como a razão porque as larvas limparam as feridas infectadas, mas a verdadeira história também era inexplicável, mas Richard Harris tem aqui uma interpretação incrível, provavelmente a melhor da sua carreira, assim como é muito agradável o papel do veterano realizador, John Huston.
Foi o filme que sucedeu a "Vanishing Point" na carreira de Sarafian, o seu filme mais aclamado. "Man in the Wilderness" acabou por ficar esquecido durante muitos anos, para voltar agora para a ribalta.

Link
Imdb

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

O Juiz Roy Bean (The Life and Times of Judge Roy Bean) 1972

O Juiz Roy Bean é um homem irredutível. Uma espécie de mito no velho Oeste. Ele mesmo criou as suas próprias leis e aplica-as com seus os métodos, como acha correcto. Qualquer pessoa que cometa um crime (na visão do juiz) é severamente punido. Severamente mesmo.
John Huston, o realizador. John Milius, o argumentista. Paul Newman, o protagonista. Violento, caricatural, e conto sentimental, bem embrulhado, como se fosse um western, é mais uma das pérolas da fase final da carreira de John Huston. "The Life and Times of Judge Roy Bean" é uma crónica sombria sobre as promessas e desilusões do chamado "sonho americano".
Qualquer filme que ouse cobrir tanto terreno em termos de tempo, e tente chamar a atenção para o seu significado histórico, corre sérios riscos de ficar facilmente datado. No entanto, este filme é tão divertido e vigorosamente interpretado, principalmente por Newman no papel principal, que as suas pretensões acabam por se tornar qualidades.
Embora o Roy Bean da vida real tenha morrido em 1903, o argumento de Milius acaba por ser vago sobre datas e épocas. O filme parece cobrir toda a história do Texas, bem reflectido no crescimento de Vinegaroon, que no início parece um único bar de prostitutas situado num terreno baldio, de uma desolação quase cómica, até ser uma cidade fronteiriça próspera.
Um destaque especial, para a qualidade do restante elenco: Anthony Perkins, Ned Beatty, Tab Hunter, Stacy Keach, Roddy McDowall, Jacqueline Bisset, Ava Gardner e Richard Farnsworth.

Link
Imdb

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Sangue Selvagem (Wise Blood) 1979

 Um norte-americano do sul - jovem, pobre, ambicioso e pouco educado - está determinado a ser alguém no mundo. Ele decide que a melhor maneira de o fazer é tornar-se pregador e funda a sua própria igreja.
Em finais da década de setenta, John Huston foi abordado por um jovem produtor chamado Michael Fitzgerald. Ele era um dos seis filhos de Sally e Robert Fitzgerald. O seu pai era um famoso tradutor do grego, era o editor literário de Flannery O´Connor,  e a sua mãe editava as cartas deste escritor nascido na Georgia, que passou largos períodos de tempo em casa dos Fitzgerald, antes de uma morte precoce por doença.
Foi ideia de Michael Fitzgerald fazer um filme de "Wise Blood", que tinha sido publicado em 1952, deslumbrante primeiro romance de O´Connor. A história de um jovem georgiano cuja obsessão por Deus o leva a fugir o mais rapidamente dele, para bater de frente na parede de Jesus e da religião.
Huston já tinha capturado da melhor forma a tensão erótica de Carson McCullers em "Reflections in a Golden Eye" e a inocência e o terror do clássico da guerra civil "Red Badge of Courage", escrito por Stephen Crane. Ambos os livros eram dramas sulistas, e por isso Huston poderia ser o realizador ideal para passar "Wise Blood" para filme.
O orçamento para o filme era muito baixo, e toda a gente, incluido Huston, trabalhou com um salário mínimo, quase simbólico. A esposa de Michael co-produziu o filme, e o seu irmão, Benedict, escreveu o argumento. Foi filmado em exteriores em Macon, na Georgia, sem grandes estrelas no elenco, mas com actores talentosos. Brad Dourif, era o protagonista, um jovem que aguardava um filme à sua altura, depois de ter sido nomeado para o Óscar de Melhor Actor Secubdário em "Voando Sobre um Ninho de Cucos".
Enquanto o romance de O´Connor era passado no início da década de 50, um tempo particularmente crucial para o conflito de identidades que se debatia no Sul dos Estados Unidos, o filme de Huston teve de ser passado num tempo contemporãneo, por causa de questões orçamentais, o que significa que todos os carros eram da década de 70, e não havia grande esforço em esconder os edifícios mais modernos do centro de Macon. Ao mesmo tempo, o conteúdo não é actualizado, e as atitudes (principalmente as questões raciais), permanecem firmemente enraizadas no início do década de 50. Os críticos que elogiaram o filme, viram isso como uma mistura eficaz de períodos de tempo, para criar uma espécie de atemporalidade.
Pelas questões orçamentais já citadas, pode dizer-se que é um filme "menor", de John Huston. Mas no que diz respeito à qualidade, não é um filme tão menor assim.

Link
Imdb

domingo, 14 de junho de 2015

Reflexos num Olho Dourado (Reflections in a Golden Eye) 1967

1948, num posto do exército dos Estados Unidos, um major impotente, homossexual latente, é casado com uma mulher que nunca perde uma oportunidade para ridicularizar as suas falhas masculinas. Ele descola a sua hostilidade brutalizando o seu cavalo, e ela retalia humilhando-o perante uma casa cheia de convidados, repetidamente, cortando-o no rosto com o seu chicote. Ela anda a cometer adultério com um oficial, cuja esposa cortou os mamilos com tesouras de jardim depois de ter perdido o bébé. Ela procura consolo no empregado de casa, efeminado.
Opiniões críticas parecem divididas em relação a este filme invulgar de John Huston, baseado num livro de 1941 de Carson McCullers sobre a repressão sexual numa base da Carolina do Norte. Enquanto algumas pessoas o viam simplesmente como um filme gótico sulista, em que a perversidade das personagens converge para um foco de tensões irrealisticamente melodramático, outros reconhecem-no como uma perspectiva exclusivamente compassiva sobre os caprichos da repressão sexual, como vistos pelas visões colectivas de Huston e McCullers.A verdade talvez seja a meio dos dois extremos.
Subjacente a todo o filme estão as suas duas forças principais: a primeira é a sua aparência única, como especificamente previsto por John Huston, que trabalhando com o director de fotografia Aldo Tonti, tinha a cor estrategicamente dessaturada, numa tentativa de emular a perspectiva do titular da história. Embora o filme só tenha sido autorizado a circular nos cinemas por uma semana com este esquema de cores, a versão restaurada é um verdadeiro prazer visual. Em segundo lugar, a magnifica interpretação de Marlon Brando, um desempenho verdadeiramente comovente no papel de um oficial do exército tragicamente reprimido. Cada expressão de Brando revela a profundidade da confusão da sua personagem, a raiva o desejo.
Um grande elenco, que inclui Brando, Elizabeth Taylor, Brian Keith, Julie Harris, Robert Foster, e um estreante chamado Harvey Keitel, então com 18 anos.
 
Link
Imdb

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Cidade Viscosa (Fat City) 1972


Um pequeno estudo de personagens sobre dois boxeurs em diferentes fases da carreira. Stacy Keach interpreta Billy Tully, um ex-lutador que perdeu um grande jogo, e desde então nunca mais foi o mesmo, mas anda a tentar um regresso. Jeff Bridges é Ernie, um jovem que tenta alcançar sucesso no ramo do boxe, mas também já se vê numa encruzilhada, porque este mundo não é exactamente o que ele pensava.
"Fat City" não pode ser julgado como um filme típico, porque não tem um argumento tangível, mas sim uma fatia da vida destas duas pessoas, interligadas por um breve período de tempo. É um mergulho num mundo que, provavelmente, de outra forma nunca iríamos conhecer, e a experiência como um todo beneficia muito das caracterizações muito extremas e das situações que desafiam a previsibilidade, em grande parte graças a uma grande dose de realismo.
As interpretações são todas de grande qualidade, com Keach a ter um dos melhores papéis da sua carreira. Grande destaque também para a interpretação de Susan Tyrrell, o interesse romântico de Tully, numa perfomance que é trágica e engraçada ao mesmo tempo, que lhe rendeu uma nomeação ao Óscar de Melhor Actriz Secundária, única nomeação do filme, e também da actriz.
Subtil, mas de muitas formas, "Fat City" é um dos melhores filmes a retratar o mundo do boxe, dando-nos um vislumbre sobre o que leva estes a entrarem no ringue, e darem tudo por tudo em palco. Infelizmente é dos filmes mais esquecidos da carreira de John Huston, já quase na sua fase final. A década de 70 talvez tenha sido das menos gloriosas para o realizador, mas alguns dos seus filmes neste período acabaram por se tornar em obras de culto. Para além deste, falamos de "The Life and Times of Judge Roy Bean", "The MackKintosh Man" ou "The Man Who Would be King".

Link
Imdb

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Os Inadaptados (The Misfits) 1961


The Misfits tem uma bem conhecida, e conturbada história. Foi escrita por Arthur Miller para a sua nova esposa Marilyn Monroe, e filmado no meio de uma separação; filmado no insuportável calor do Nevada, foi assolado por problemas de drogas de Marilyn Monroe e o vício do jogo do realizador John Huston, e foi a última aparição cinematográfica tanto de Monroe como de Clark Gable, que morreram logo depois da sua conclusão. Poderia ser de esperar que o filme fosse uma confusão total, mas The Misfits, de facto, tem uma precisão e uma certeza da técnica que desmentem todos os seus problemas (detalhados no documentário Making The Misfits). É surpreendente como o produto final é tão coerente, dada não só a história da produção, mas também sobre o tema: é um filme concentrado em pessoas distraídas.
Monroe interpreta Roslyn Taber, uma dançarina de uma boate que veio para o Reno para obter um divórcio rápido. Em cada momento de Marilyn Monroe na tela estamos cientes da sua beleza, mas também na sua falta de equilíbrio, dada a forte inquietação. Embora seja impossível dizer quanto do seu desempenho foi afectado por factores para lá do seu controle (muitas vezes ela decorava as falas na noite anterior, ou mesmo no próprio dia), parece certo para Roslyn, que está a deixar uma fase da sua vida para atrás e provisoriamente entrar noutra. Ela acaba por ficar ligada a Gay Langland (personagem de Gable), um cowboy envelhecido que ganha a vida a caçar mustangs selvagens (cavalos) e a vendê-los a uma empresa de alimentação. Onde Monroe parece impressionantemente afectada, como se ela fosse totalmente inconsciente da câmera, Gable é altamente auto-consciente, e isso funciona muito bem para Gay, que faz o papel do cowboy com mais precisão do que ele sabe.
O próprio Miller descreveu o filme como "um western oriental", mas enquanto ele se baseia nos recursos do western para a iconografia e o espírito, é mais um drama, muito mais perto de Ingmar Bergman do que de John Ford. Os elogios aos cowboys são cantados repetidamente, particularmente pela estridente Isabelle Steers (interpretada por Thelma Ritter): "Cowboys are the last real men left in the world, and they’re about as reliable as jackrabbits." Mas os tempos não são propícios para esses "homens da verdade", que, como os cavalos que eles perseguem, são agora muito menos e mais usados do que eram antes.
Huston extrai muito do contraste entre a pele luminosa e pálida de Monroe, e o rosto robusto e avermelhado de Gable. Ele gosta de arrumar as personagens no ecrã, particularmente na animada sequência passada num rodeio local, onde Gay e Roslyn encontram Perce Howland, um jovem e bronco cavaleiro, e convidam-no para se juntar na sua caça. Se fosse outro filme qualquer, o desempenho de Montgomery Clift como Perce iria meter esta obra no bolso: intenso, com olhos que são ao mesmo tempo emotivos e um pouco vidrados, ele justifica a sua presença através da pura carisma, embora o seu personagem finalmente se sinta tangencial para a trama . Mas no centro do filme permanece sempre Roslyn, assim como Gable, e este é realmente o monumento de Monroe. Foi-lhe dado muito para trabalhar: Miller carrega o argumento com subtextos pessoais, referindo-se ao casamento do passado da esposa com Joe DiMaggio e da sua infância solitária (Gable foi ídolo de Marilyn Monroe, e há uma tensão inegável no trabalho deste relacionamento). 

Link 
Imdb 

terça-feira, 16 de abril de 2013

Chinatown (Chinatown) 1974



Chinatown, de Roman Polanski é uma das obras-primas do grande cinema americano dos anos 70, e um dos pontos mais altos da obsessão da década sobre o revisionismo do género. Ao lado de O Padrinho, de Coppola (1972), Nashville, de Altman (1975), e Tubarão, de Spielberg (1975), os restantes filmes de gângsters, o musical, e o filme de monstros, respectivamente. Chinatown ajudou a inaugurar uma nova era do cinema americano em que os géneros da idade de ouro de Hollywood foram reescritos com novas regras, intensidade e estética elevada, e um tom muito mais livre, que já não tinha de obedecer às regras do Código de produção da indústria.
O argumento de Robert Towne, ainda hoje aclamado como um dos melhores jamais escritos e um modelo de estudo que aspirantes a argumentistas tentaram emular, pagam a amorosa, e ao mesmo tempo maliciosa homenagem, às histórias de detetives, que tinham sido forjadas por escritores da celulose como Dashiell Hammett e Mickey Spillane e, de seguida, deram uma expressiva vida cinematográfica aos noirs dos anos 40 e 50 em filmes realizados por nomes como John Huston, Jules Dassin, Fritz Lang, Robert Siodmak, e Orson Welles. Passado em Los Angeles no final dos anos 30, Chinatown, foi um dos primeiros filmes modernos a evocar conscientemente a era passada do filme noir. Apesar de ter sido filmado a cores, com fotografia sépia de John Alonzo, que muitas vezes se assemelhava a postais antigos, não tem o mesmo efeito visual como o preto-e-branco, mas ao mesmo tempo enfatiza o ambiente árido de um modo que as imagens puramente monocromáticas nunca puderam fazer (o que é absolutamente crucial para um filme que gira em torno da centralidade da água na luta pelo poder sobre o desenvolvimento de Los Angeles). 
Um dos meios pelo qual o filme se desvia acentuadamente dos filmes que o inspiraram é o protagonista. Ao contrário do Sam Spade de Humphrey Bogart em The Maltese Falcon (1941), que é geralmente considerado o primeiro verdadeiro filme noir, JJ Gittes, o detective particular de Jack Nicholson não é um arquetipo masculino primordial, mas sim um protagonista involuntariamente absurdo e por vezes complicado, cujo senso de controle é altamente ilusório. O filme estabelece imediatamente a sua persona através do seu trabalho tirando fotos de esposas e maridos adúlteros, uma forma de trabalho dos detectives que fica tipicamente abaixo dos melhores detectives privados.
Notoriamente sombrio, contudo totalmente convincente, o final de Chinatown (que era uma fonte de grande luta entre Towne e Polanski que estavam indecisos quando a produção do filme começou) é um dos maiores do cinema moderno, no sentido de que é tão completo na sua representação do mal triunfante que transcende a tela e as demandas que refletem sobre ele filosoficamente. Tal como o final de "Rosemary´s Baby" (1968), outra obra-prima de Polanski, a força bruta da feia verdade é o coraçãodo filme. 
Ganhou apenas um Óscar, claro, o de argumento,  mas conseguiria mais 10 nomeações. Era o ano de "O Padrinho - Parte 2"

Link 
Imdb