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domingo, 26 de setembro de 2021

Spartacus (Spartacus) 1960

"Spartacus" é baseado numa figura histórica, e na história da ascenção e queda de um escravo que vivia em Roma antes do nascimento de Jesus Cristo. Spartacus é resgatado de trabalhar numa mina a céu aberto por um treinador de gladiadores, Batiatus, que vê que o escravo tem fogo nos olhos e a capacidade de cativar o público. Inscrito numa escola de gladiadores, Spartacus é instruído para lutar, mas não tem permissão para matar. Como forma de recompensa pelos bons desempenhos os alunos por vezes têm permissão de ver mulheres. A maioria dos gladiadores tratam as mulheres como suas próprias escravas, mas isso não acontece com Spartacus, que primeiro desenvolve uma amizade com Varinia, e depois uma relação. 
"Spartacus" foi censurado mesmo antes de estrear, e foi um dos últimos filmes em que a homossexualidade  foi removida antes do código ter sido alterado. Geoff Shurlock, chefe de produção do PCA, opôs-se às sugestões de homossexualidade do personagem Crassus, e recomendou à Universal que qualquer referência que este personagem sinta uma atracção por Antoninus tem de ser evitada. A razão da fuga frenética de Antoninus tem de ser diferente do facto de que ele é repelido pela abordagem sugestiva de Crassus. Shurlock também avisou que em algumas cenas o tema da perversão sexual era tocado, e que essas cenas teriam de ser removidas. 
Antes da estreia do filme, a Universal enviou uma cópia para a LOD, e nesta versão claramente é sugerido que o general romano é homossexual e quer adquirir Antoninus para sua própria gratificação.  A cena teve mesmo de ser cortada, além de outras por causa da violência, e depois de todos os cortes efectuados o continuou a ser um dos filmes mais violentos a saírem dos estúdios de Hollywood. Foi cortada mais de meia hora de filme, que só seriam restaurada numa nova versão que saíu em 1991. Além de tudo isto, o filme também foi criticado por causa do seu argumentista ser Dalton Trumbo, e estar na lista negra de Hollywood.

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Fuga Sem Rumo (Lonely are the Brave) 1962

Kirk Douglas é Jack Burns, um velho cowboy que enfrenta dificuldades para se adaptar à modernidade. Desempregado, visita uma antiga paixão (interpretada por Gene Rowlands) que se casou com o seu amigo Paul Bondi (Michael Kane). Ao ser informado que Paul foi preso por ajudar imigrantes mexicanos, Jack resolve forçar uma situação para ir para a cadeia para poder rever o amigo. Mas, ao fugir das grades, ele é perseguido implacavelmente pela polícia, comandada por Walter Matthau.
"Lonely are the Brave" é um caso raro e quase único: um western americano de esquerda. Baseado num livro de Edward Abbey, com argumento de Dalton Trumbo, um dos mais famosos perseguidos pelo Macarthismo, e que claramente era um especialista neste tipo de produções. A realização é de David Miller, um realizador também de esquerda, pouco reconhecido, autor de "Executive Action", um filme sobre o assassinato de JFK.
"Lonely are the Brave" é um filme sobre um homem que se contenta com a vida ao ar livre. É o último da sua espécie, o cowboy errante. O problema é que o céu aberto está a desaparecer ao seu redor, onde quer que vá a terra é propriedade de alguém, ou é proibido entrar. Kirk Douglas é o último cowboy, que não consegue perceber que os tempos mudaram, principalmente quando ele tenta resgatar um velho amigo da cadeia, e as coisas se vão complicar. Boas interpretações de Gana Rowlands e Walter Matthau, mas o filme é de Douglas.

quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Homem Sem Rumo (Man Without a Star) 1955

Dempsey Rae (Kirk Douglas) é um cowboy sem rumo que faz da sua casa um vagão de carga de um comboio, e fica feliz onde quer que ele o leve, mas a sua amizade com um novato chamado Jeff Jimson atira-o para aventuras que ele nunca teve. Os dois vão parar a uma pequena cidade do Wyoming, onde arranjam trabalho numa quinta, de uma mulher chamada Reed Bowman.
"Man Without a Star" foi um dos primeiros filmes a ser feito pela produtora de Kirk Douglas, criada para lhe oferecer mais oportunidades e melhores papéis de protagonista, pois nesta altura ele era conhecido pelo ego monstruoso que tinha, que de certa forma prejudicava a sua carreira. Para realizar ele escolhia King Vidor, um veterano já com uma carreira notável, que não fazia westerns com frequência, mas quando fazia eram costume ser bons, como era o caso de "Billy the Kid", ou "Duelo ao Sol".  Tanto este como o filme anterior de Vidor, "Rub Gentry", tinham mulheres fortes como protagonistas, neste caso era Jeanne Crain., muito bem secundada por Claire Trevor.   
O tema central do filme é o gradual desaparecimento da liberdade, à medida que o velho Oeste se acomoda e coloca arame farpado nos seus territórios, para marcar as linhas de separação. O personagem de Douglas é um viajante feliz, contente por por ir cada vez mais para o Oeste para fugir destas linhas de separação. 

quinta-feira, 10 de março de 2016

Os Heróis de Telemark (The Heroes of Telemark) 1965

Durante a Segunda Grande Guerra, a Noruega é ocupada pela Alemanha Nazi. Lá, os cientistas alemães desenvolvem a "água pesada", componente essencial para se chegar à bomba atómica, que poderá dar a vitória a Hitler. A Resistência Norueguesa interfere nestes planos, avisando os aliados do local da fábrica, que poderão bombardear o lugar a qualquer momento, causando inúmeras mortes de civis. Kirk Douglas e Richard Harris são os líderes dessa resistência e tudo farão para impedir os alemães de conseguirem a Bomba H.
Penúltimo filme de Anthony Mann, bem longe dos seus melhores, mas ainda tem algum culto, principalmente devido ao elenco, e a algumas sequências de acção de grande qualidade. Os fiordes e as montanhas norueguesas sobrecarregam os personagens, e a história é medíocre, embora o filme tenha sido filmado em exteriores históricos como a fábrica de Norsky Hydro Vermork e o ferry de Lake Tinnsjo. É um conto de espionagem heróica sobre a Segunda Guerra Mundial, inspirado numa história real, mas trabalhado com a invenção de Hollywood. Falha ao atribuir o habitual lado negro, das personagens de Mann, ou qualquer significado psicológico, mas tem algumas sequências fantásticas, filmadas de Ski, pelo treinador Olímpico norueguês, Helge Stoyrlen, mas no geral o filme cumpre se funcionar como simples entretenimento comercial.
Uma curiosidade, alguns anos antes, Douglas era o produtor de "Spartacus", e substituiu Anthony Mann por Stanley Kubrick a meio das filmagens. Mas isso não os impediu de voltarem a trabalhar juntos. Do elenco, e para além de Douglas e Harris, destacam-se  Ulla Jacobsson, Michael Redgrave, Patrick Jordan, William Marlowe, Anton Diffring eVictor Beaumont.

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domingo, 4 de outubro de 2015

A Caminho da Forca (Along the Great Divide) 1951



No Oeste americano, o jovem oficial Len Merrick (Kirk Douglas) vive atormentado por se sentir responsável pela morte do pai. Ele encontra uma hipótese de se redimir ao salvar Timothy Keith (Walter Brennan), que foi acusado pelo assassinato de um jovem, de um linchamento iminente, levando-o a uma outra cidade para que possa ter um julgamento justo. Apesar de condenado por esse crime, Tim contará com a ajuda de Merrick para encontrar o verdadeiro assassino e poder provar sua inocência.
Primeiro western de Kirk Douglas, apenas quatro anos depois da sua carreira se tornar conhecida pelo papel que interpretou em "Out of the Past". Preso a um contracto de "um filme por ano", Douglas entrou neste projecto apenas por uma questão de obrigação contractual, para ficar livre para trabalhar também para outros estúdios. O actor odiou fazer "Along the Great Divide", filmar num deserto hostil circundante a Lone Pine, California, para trabalhar com Raoul Walsh. Na sua autobiografia Douglas descrevia Walsh como um homem "brutal", com o qual era difícil de trabalhar. Walsh era conhecido por fazer filmes rápidos, com muita acção, sobre o qual Douglas disse que eram rápidos porque Walsh estava sempre com pressa para os acabar.
Walsh entrou no projecto logo depois de terminar as filmagens de "Captain Horatio Hornblower" (1951), que acabaria por ser lançado depois. Tinha também terminado "The Enforcer", filme do qual recusou créditos, mas Walsh estava mais do que pronto para voltar a pegar no tema deste filme, principalmente filmar no Deserto Mojave, local onde rodou o climax para "High Sierra", alguns anos antes.
Merecendo ser reavaliado hoje em dia, sobretudo devido aos seus próprios méritos, dramáticos e técnicos (principalmente a fotografia de Sid Hickox), "Along the Great Divide" aponta directamente para outros filmes sobre o tema "policia-transporta-o-prisioneiro", um sub-género que inclui filmes como "The Narrow Margin" (1952), de Richard Fleischer, "The Naked Spur" (1953), de Anthony Mann, "3:10 to Yuma" (1957), de Delmer Davis, entre outros.

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sábado, 19 de setembro de 2015

O Homem de Rio Nevado (The Man From Snowy River) 1982



Jim Craig (Tom Burlinson) viveu os primeiros 18 anos nas montanhas da Austrália, na quinta do seu pai. A morte deste obriga-o a ir para as terras baixas para ganhar dinheiro suficiente para manter a quinta sob controle. Kirk Douglas interpreta dois papéis como irmãos gémeos que não se falam há anos, um dos quais era o melhor amigo de Jim e o outro é o pai da jovem que Jim quer casar. 20 anos de idade entram em erupção, apanhando Jim e Jessica no meio da tempestade.
"The Man From Snowy River", de George Miller (não é o Miller de "Mad Max") é um western à antiga, que contra com grandes interpretações, belas vistas da montanha, e uma envolvente banda sonora da autoria de Bruce Rowland, numa envolvente história sobre a entrada na idade adulta. O filme é baseado num poema de 1890, da autoria de "Banjo" Paterson, sobre a busca de um cavalo de corrida premiado que fugiu e se encontra a viver no meio dos cavalos selvagens que vivem nas montanhas, embora as questões que levanta sobre o feminismo, ecologia e libertação dos animais seja mais contemporânea do que histórica.
"The Man From Snowy River" foi o primeiro filme australiano a alcançar o primeiro lugar nas receitas de bilheteira internas, e, desde então, não perdeu nenhuma popularidade ou valor comercial, tendo dado um novo fôlego para o western. Tal como a romantização do cowboy do oeste americano, o filme traz um apelo para aqueles que procuram a liberdade, a proximidade com a natureza e o amor pela aventura, um sonho que é desejado por muitas pessoas da cidade.
Foi nomeado para o Globo de Ouro de Melhor filme estrangeiro, e ganhou o prémio de filme mais popular no festival de Montreal.

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sábado, 2 de novembro de 2013

20.000 Léguas Submarinas (20000 Leagues Under the Sea) 1954



A famosa história de Júlio Verne precisa de um breve resumo. Logo depois da Guerra Civil Americana, os navios estão a ser abalroados e afundados em alto mar por um enorme monstro marinho. O navio de guerra U.S.S. Abraham Lincoln é enviado para investigar. O governo americano pede ao biólogo marinho Prof Arronax , um cientista francês eminente viajando pelos Estados Unidos, para participar na expedição. Acompanhado pelo seu assistente Conseil, o professor segue no navio a bordo do Lincoln através do Pacífico sul. Também a bordo está o marinheiro mercante Ned Land, contratado pela sua habilidade como arpoador. O monstro é finalmente encontrado, o Lincoln é atacado e desativado pela besta. Só que o monstro não é um animal, mas sim um barco submarino fabuloso, um século à frente do seu tempo, o Nautilus, comandado pelo Capitão Neno. A partir daqui já conhecem a história.
Enquanto o livro original de Verne é, essencialmente, uma lição de oceanografia parcialmente disfarçada com um fio de acção, a versão cinematográfica da Disney de 1954 incide diretamente sobre o que um filme de aventuras sci-fi/fantasy precisa: emoção e espetáculo. Os efeitos especiais - "state-of-the-art" absoluto, para o seu tempo - ainda funcionam maravilhosamente hoje, mesmo a batalha com a lula gigante animatronic (uma sequência que terá custando mais de 250.000 dólares meio século atrás, que hoje custaria algo na casa dos milhões). O projeto do genial designer de arte Harper Goff é excelente, a sua visão steam-punk dos vitorianos com resultados futuritas no submarino, e o aspecto bastante "cool" do submarino. James Mason interpreta o Capitão Nemo, um anti-herói e um ícone duradouro das obras de Verne e do cinema de fantasia, enquanto Paul Lukas (Prof. Arronax) e Peter Lorre (Conceil) dão suportes sólidos. Kirk Douglas é Ned Land. Muitas pessoas tendem a ridicularizem o deliberado desempenho de Douglas. Visto hoje, o seu desempenho até funciona muito bem em contraste com o caráter austero de Nemo e da personalidade científica de Arronax. Ele traz a energia e o humor necessários para o filme. Douglas é simplesmente ele próprio aqui. A realização é de Richard Fleischer.
Ganhou 2 Óscares, um dos quais de Efeitos Especiais. 

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quarta-feira, 28 de agosto de 2013

O Malabarista (The Juggler) 1953



Se a premissa de Edward Dmytryk em "The Juggler" - Kirk Douglas é um judeu alemão, um ex-artista famoso, que agora se muda para o país recém-criado de Israel depois de sobreviver à II Guerra Mundial - soa a um pouco duvidoso, a sua execução é, na maior parte cuidadosamente manuseada e cuidada para evitar ser exagerada. Isso não quer dizer que o filme não seja um produto de estúdio do seu tempo, é executado muito rápidamente e solto em relação aos seus temas históricos e políticos, com todos os requisitos básicos da narrativa (conflito, redenção, história de amor) e uma realização bem clara da muito profunda ou prolongada reflexão sobre os eventos espinhosos que parecem quase incidentalmente a aumentar (o Holocausto e a formação de Israel , dois eventos que muitas vezes provocaram reflexão).
O filme abre com uma sequência de refugiados - os judeus europeus que sobreviveram à II Guerra Mundial - chegam, em 1949, à sua Terra Prometida, o estado recém-criado de Israel. Entre eles está Hans Muller (Douglas), um ex-palhaço/malabarista/entertainer conturbado e amado como estrela do palco europeu, que perdeu a sua esposa e filhos na guerra, e cujo pulso carrega a tatuagem numérica horrenda com o qual os Nazis foram consignando muitos dos seus companheiros seres humanos à condição de anónimos, gado descartável para abate. Muller, depois de ter sido levado para um campo de refugiados com o seu amigo Willy (Oskar Karlweis) e lhe perguntaram quais eram as suas habilidades, questionou onde poderia haver lugar para um malabarista numa nação lutando para se estabelecer, onde noções básicas como comida, e eletricidade eram preocupações mais urgentes do que a cultura. Willy está menos preocupado com a incapacidade de se empregar do que Hans, que está claramente mentalmente perturbado (manifestado em comportamentos como a recusa em ir abaixo do convés do barco para Israel, e a insistência nas lágrimas de uma mulher que ele vislumbra na chegada, que ela é a sua esposa morta , e os seus filhos são os seus filhos mortos) tem um psicólogo, um encontro que revela o conflito central do filme: Hans, como qualquer perseguido sob o regime nazi, teve a sua vida e a mente danificada pela experiência e sofre com o que hoje caracterizamos como transtorno de stress pós-traumático e culpa a sobrevivência, mas ele é orgulhoso e defensivo, incapaz de admitir que está perturbado e precisa de ajuda.
Para a mente de Hans, não pode haver tal coisa como uma casa onde ele possa se sentir seguro e protegido, e todas as figuras de autoridade, incluindo o médico e policias israelitas, são latentes "nazis". A sua instabilidade mental sem solução compromete a liberdade, quando, depois de fugir do campo de Haifa, a fim de evitar mais sondagens psicológicas, ele sente-se encurralado por um policia que violentamente ataca. Acreditando que matou o policia, foge, tornando-se objecto de uma perseguição a nível nacional, com direito a foto nos jornais, como sendo um criminoso procurado.
Dmytryk e o director de fotografia J. Roy Hunt (que também trabalhou com Dmytryk em Crossfire de 1947, e também com Jacques Tourneur no grande "I Walked With a Zombie") fotografou The Juggler em exteriores, nos arredores de Haifa, Israel, e os melodramas da história, em vez de entrarem em conflito com o meio ambiente "autêntico", na verdade são bem integrados e complementados pelos exteriores reais, que têm toda a riqueza - especialmente nas cenas com as belíssimas paisagens e contrastes de luz e sombra - do célebre "glorioso preto e branco" de apogeu do estúdio de cinema. As habilidades de Dmytryk como realizador de suspense são facilmente visíveis na cena de perseguição através de Haifa.
  
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segunda-feira, 10 de junho de 2013

Cativos do Mal (The Bad and the Beautiful) 1952



The Bad and the Beautiful, escrito por Charles Schnee e dirigido por Vincente Minnelli, é um de um punhado de grandes filmes de Hollywood sobre como fazer cinema e os custos de colocar a vida profissional antes das relações pessoais. A maioria dos filmes sobre este assunto, tais como "A Star is Born" de George Cukor, "Sunset Boulevard" de Billy Wilder, e "The Player" de Robert Altman, tratam o assunto de um modo mais cínico, sobre o lado negativo da indústria do cinema, e das pessoas que fazem os filmes. 
Assim como os filmes que falei em cima, The Bad and the Beautiful diz-nos que a escolha que deve ser feita entre a arte e a vida é uma tarefa difícil. Mas onde esses filmes denegrem claramente a indústria do cinema e tudo que está relacionado a ela, The Bad and the Beautiful conta-nos que o negócio tem um lado positivo e que não há uma ambiguidade em fazer a escolha entre as relações pessoais e profissionais.
O filme começa com três das maiores estrelas de Hollywood a serem convocadas por um antigo produtor chamado Harry Pebbels (Walter Pidgeon). No seu escritório, eles têm uma reunião telefónica, para discutir em trabalhar num filme novamente, com outro produtor de cinema chamado Jonathan Shields (interpretado por Kirk Douglas), com quem todos juraram nunca mais trabalhar. 
O grupo é composto pelo realizador Fred Amiel (Barry Sullivan), a estrela de cinema Georgia Lorrison (Lana Turner, que é sem dúvida o seu melhor papel) e o argumentista James Lee Bartlow (Dick Powell). A história é contada em flashback, e cada um conta-nos como conheceu Jonathan, e caiu sob o seu domínio,  acabando por ser traído. Mas a ironia, é que apesar de terem sido feridos por Jonathan, cada um alcançou considerável sucesso profissional por causa dele. 
Jonathan Shields é de facto um implacável e megalomaníaco produtor de cinema que tem explorado todas as suas relações, a fim de atingir os seus próprios objetivos. Em algumas cenas de flashback, antes de o conhecermos bem, ele parece ser apenas mais um produtor diligente, que fica com o melhor trabalho possível de todos ao seu redor. Não é intrinsecamente mau, mas é claro que é capaz de tomar qualquer medida para controlar a situação. Durante todo o filme, ele deliberadamente (embora nem sempre escandalosamente) dirige e manipula todas as pessoas e as situações ao seu redor.
O filme pergunta se é possível perdoar estas falhas hediondas. A resposta é sim e não, e fala sobre o tema central do respeito. Sim, os três podem perdoar Jonathan por causa do que ele significou para eles pessoalmente, mas não, nunca irão trabalhar com ele novamente por causa do modo como ele lhes virou as costas, maltratado em situações pessoais delicadas. Ainda assim, eles admitem que realmente gostavam dele.
Este tema central - manter o respeito num negócio brutal - pode parecer cínico, como Minnelli e o argumentista Charles Schnee parecem nos dizer, que não importa o quanto mau alguém é, se ele puder dar mão para a nossa carreira, então devemos-lhe alguma coisa. E, de facto, o filme foi originalmente intitulado " Tribute to a Bad Man", conforme a história de George Bradshaw, no qual o filme se baseia. Mas este título, embora preciso, foi considerado demasiado brusco e demasiado óbvio por parte dos produtores do filme, por isso foi renomeado para o mais simples título de The Bad and the Beautiful.
Alguns críticos acusaram Minnelli de aceitar a premissa do valor comercial em relação ao valor moral, como se ele estivesse a dizer que as conquistas na carreira são mais importantes do que as relações pessoais. Pauline Kael escreveu que o filme "é um exemplo pungente do que ele se propõe a expor." Mas Minnelli não é nem o frio nem cínico. Embora seja verdade que o filme tem um lado exuberante, também tem cenas bastante ambíguas que lidam com a arte/vida, dicotomia que Minnelli não pode ser acusado de intencionalmente defender uma visão tão ilusória. E também não há nada no filme que sugira que um exemplo extremo desta premissa seria aceitável. 

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sábado, 11 de maio de 2013

O Arrependido (Out of the Past) 1947


Jacques Tourneur dirigiu um dos maiores noirs de todos os tempos com Out of the Past, que também deu a Robert Mitchum um dos seus dois maiores papéis (o outro foi o de The Night of the Hunter). 
Mitchum interpreta Jeff Bailey, um trabalhador de um posto de gasolina que namora com uma rapariga local, Ann (Rhonda Fleming), com quem está tentando fazer uma vida normal. Mas o seu passado persegue-o e ele é forçado a terminar uma história iniciada noutro ponto da vida. Trabalhar para um rico gangster (Kirk Douglas), é enviado para a América do Sul para encontrar a namorada errante do gangster, Kathie (Jane Greer). Mas em vez de trazê-la para casa, apaixona-se por ela e fogem juntos.Mas o gangster não vai desistir de procurá-los.
Tendo-se formado na escola de cinema de Val Lewton, Tourneur era um mestre das sombras e da escuridão, e como tal era uma realizador mais adaptado ao noir, do que a qualquer outro género. O filme começa de um modo muito brilhante, mas no momento em que Jeff se afunda de volta para o submundo das sombras, a escuridão começa a invadir cada frame. Até os cantos das salas, portas e janelas, conspiram contra ele, fechando-o e impedindo-o de entrar em cena. Daniel Mainwaring adaptou a sua novela, "Build My Gallows High", sob o pseudónimo de Geoffrey Homes.
Explicar o enredo de "Out of the Past" seria uma tarefa difícil e, francamente, o argumento do filme não pretende ser claro. É como um sonho, um quebra-cabeças pelo qual Mitchum vai caminhando. É a viagem ao presente, passado e novamente ao presente seguindo um caminho até a um final fatalista, que é o que torna o filme tão interessante. A maior parte do filme nem sequer parece noir. A High Sierra sem núvens e o verão mexicano parecem brilhantes demais para um noir. Mas Out of the Past é sem dúvida um dos maiores e mais originais, com algumas das suas qualidades a serem produtos do seu tempo, ao passo que outros aspectos garantem, pelo contrário, a sua atemporalidade. O filme atravessa a linha entre estas duas identidades, equilibrando cada uma numa perfeita sincronia, sempre com fortes indícios de que um verdadeiro artesão está no comando. Ironicamente, o nome de Jacques Tourneur não é dos primeiros que vêm à mente quando se fala dos grandes realizadores da altura como John Huston, Billy Wilder, Nicolas Ray ou Stanley Kubrick, os quais dirigiram alguns dos melhores noirs. Mas isso nunca vai mudar o facto de que Tourneur saltou a cerca com Out of the Past.
O filme estreou em Inglaterra com o mesmo título do romance, mas os distribuidores americanos mudaram para o título mórbido e mais simples Out of the Past. Seria refeito em 1984 com o nome de Against All Odds, e com Jeff Bridges, Rachel Ward e James Woods nos principais papéis.

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