Quinze minutos na pele de John Malkovich é a experiência vivida por Craig Schwartz (John Cusack) depois de ter descoberto, no sétimo andar e meio do escritório onde trabalha, uma porta que dá acesso à mente daquela celebridade.
Rapidamente a notícia espalha-se e a identidade do famoso actor (que aqui se representa a si próprio) vai ser partilhada por um grupo de pessoas, incluindo a mulher de Craig (Cameron Diaz). E todos querem ser John Malkovich...
Primeira obra, e filme que trouxe para a ribalta Spike Jonze, um famoso realizador de videoclipes que desde o ínicio da década de noventa vinha a trabalhar com alguns dos mais variados músicos da música popular, como Sonic Youth, Teenage Fanclub, Beastie Boys, R.E.M., Pavement, Bjork, Daft Punk, entre muitos outros.
Jonze mantém o filme como uma paródia da vida, e uma paródia de si própria. O único momento em que o filme corre o risco de inclinar a balança é quando permite um desfile de verdadeiras estrelas de Hollywood façam pequenas aparições para aumentar a sensação de verdadeira realidade bizarra. O melhor deles é Charlie Sheen, com um papel bastante substancial que faz um riff depreciativo da sua própria personalidade de estrela manchada. Mas Jonze, e o argumentista Charlie Kaufman, também a estrear-se nas longas metragens, nunca deixam o filme ficar fora de controlo.
Gilbert Valence é um actor de teatro, e o seu talento e a sua
carreira deram-lhe os papéis mais importantes que um actor pode desejar. Uma
noite, no fim de uma representação, a tragédia irrompe na sua vida; o seu
agente e velho amigo, Georges, diz-lhe que a sua mulher, a filha e o genro
acabaram de falecer num acidente de viação.
A tristeza tarda em chegar, mas, lá mesmo no fim, alvorece. É num daqueles planos mágicos de que Oliveira e muitos poucos outros detêm o segredo, quando o miúdo vêm à porta e, entre ombreiras, vê o avô subir a escada. De súbito o seu rosto tolda-se e fica assim, traçado a mágoa, antes que o escuro aconteça, o genérico final desponte e uma musiquinha de maquineta sublime ainda mais, na sua graciosidade, o que acabámos de ver. O grande actor envelhecido vai repousar, dissera ele, o mais provável é que vá para morrer, já que cumprindo-se no filme o que a peça de Ionesco anunciara na sua abertura, ninguém nasce para sempre.
Depois de "Viagem ao Princípio do Mundo" e antes de "Porto da Minha Infância", Manoel de Oliveira, encara, ainda uma vez, a morte. Não o colapso, o momento terminal, o ataque cardíaco, o último suspiro, melodramatismos em que não está interessado. Antes, a morte em trabalho.
"Vou para Casa" é um filme de cumplicidade. De cumplicidade entre um cineasta e um actor, ambos com respeitadíssimas idade e carreira (Oliveira com 92 anos de idade e 70 de profissão, Piccoli com 76 de idade e 52 de actividadade) que enfrentam o inominável, numa parceria onde o humor e a ironia sábia dão cartas e há uma serenidade sem angustias. Só essa cumplicidade muito estreita permite aquele longo plano em que o actor é maquilhado, rejuvenescido, para efeitos de cinema e transformado num boneco assaz ridículo. Só um entendimento partilhado da vida permite concede essa cena em que se fala de solidão e se mostram sapatos. E, depois, "Vou Para Casa" é um filme de cinema. Com maiúscula, vale o atrevimento, porque não há muitos exemplos actuais de cometimentos que só o cinema propicia, da exploração do fora-de-campo e do tempo de um plano, das modificações de um rosto, da potencialidade de narrar imenso sem palavras. (In Expresso - 22-9-2001).
Uma rica e pérfida viúva (Glenn Close) desafia um célebre libertino (John Malkovich) a seduzir uma jovem e bela mulher recém-casada (Michelle Pfeiffer). Mas, desta vez, uma regra essencial é violada: os dois jogadores vão apaixonar-se...
Tal como acontece com uma regularidade surpreendente na indústria de Hollywood, na altura em que "Ligações Perigosas" entrou em produção, não era a única adaptação do romance de Choderlos de Laclos, do século 18. O filme rival era "Valmont", que estava a ser preparado por Milos Forman, e que apesar de reconhecer que iria perder a guerra da bilheteira com o filme de Stephen Frears, estava preparado para pressionar. "Ligações Perigosas" estreou quase um ano na frente de "Valmont", e conseguiu muito maior sucesso, tanto criativa como financeiramente. A versão de Frears conseguiu arrecadar sete nomeações aos Óscares, inclusivé algumas das principais, como Melhor Filme, Actriz (Glenn Close) e Actriz Secundária (Michelle Pfeiffer), mas acabaria por conquistar apenas três, principalmente nas categorias técnicas. O filme de Forman seria recebido com algumas críticas medíocres.
Talvez a história de "Ligações Perigosas", uma novela cínica sobre personagens desagradáveis que fazem coisas impensadas, tenham feito melhor eco no final dos anos oitenta e noventa. Na realidade, nada menos do que quatro versões desta história chegaram ao cinema no espaço de 11 anos. Além dos filmes mencionados tínhamos "Company of Men" (que empregava as mesmas idéias) e "Cruel Intentions". Talvez as pessoas encontrassem algo de atraente na noção de que qualquer pessoa, incluindo o mais dissoluto e emocionalmente distante dos humanos, poderia ser desfeito pelo amor. Ou talvez haja algo de agradável na observação de indivíduos maus que vivem numa sociedade podre, serem punidos. Em ligações perigosas tudo começa como um jogo, ou um desporto, mas não termina assim.
"Ligações Perigosas" tem o aspecto de um filme de época muito bem preparado, figurinos impecáveis e um design de produção do mais perfeito. Sendo o livro europeu, Frears (ele próprio um realizador inglês) optou por escolher um elenco totalmente americano, apesar do filme ter sido maioritariamente rodado em França. Mas os actores acabaram por ter sido muito bem escolhidos, e o trio principal (Malkovich, Glenn Close e Pfeiffer), têm uma brilhante interpretação, assim como os secundários, onde se incluem Keanu Reaves e Uma Thurman, ambos em vias de se tornarem estrelas.
O filme também representaria uma mudança na carreira de Frears, que até então apenas fazia pequenos filmes de arte, como "My Beautiful Laundrette", e passaria a estar ligado a filmes muito mais mainstream, começando por "The Grifters", no ano seguinte. O argumento, da autoria de Christopher Hampton, ganharia um Óscar.
Al, Dennis e Elliot são três amigos de infância que se juntam para o casamento de um quarto, Ray, que pode ou não pode acontecer, e acabam numa viagem através no tempo através da realidade. Durante um fim de semana tumultuoso, e louco, enfrentam a idade adulta e a eles próprios com uma nova maturidade e descobrem o que é a "Queens Logic".
É impossível ver este filme sem o dissociar de "Os Amigos de Alex", de Lawrence Kasdan. Tal como neste filme, o argumento dá aos personagens, na maioria na casa dos 30, uma hipótese de avaliar como vão as suas vidas, e como gostariam que fossem. Partilhamos a curiosidade deles, mas pelo menos nos primeiros 30 minutos, queremos saber quem são estas pessoas, e o que significam uns para os outros. O argumento de Tony Spiridakis introduz-nos um grande número de personagens, sem ordem aparente, que se movem casualmente entre as histórias. Gradualmente vamos ficando a conhecer quem eles são, e de que forma estão relacionados. Até ao final do filme, onde realmente nos vamos preocupar com eles.
Realizado por Steve Rash, e tal como "Os Amigos de Alex", tinha uma série de estrelas no elenco, de uma geração mais recente do que do filme de Lawrence Kasdan. Kevin Bacon, Linda Fiorentino, John Malkovich, Joe Mantegna, Tom Waits, Chloe Webb, e Jamie Lee Curtis.
Filme sem legendas.