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domingo, 18 de fevereiro de 2018

A Bela e a Fera (Panna a Netvor) 1978

Julie é filha de um comerciante falido, sendo a única entre as irmãs, que opta por salvar a vida do seu pai, indo até a um castelo num bosque amaldiçoado, onde conhece um estranho ser. A princípio ele quer matá-la, mas a beleza da jovem impede-o disso. Embora proibida de vê-lo, ela começa a amá-lo, tornando-se este amor, a única forma de resgatá-lo da sua maldição.
Publicado em 1756 pelo francês Jeanne-Marie Leprince de Beaumont, "La Belle et la Bête" era uma história, ela própria, uma versão reescrita e abreviada de um livro escrito anteriormente por Gabrielle-Suzanne Barbot de Villeneuve, e viria a tornar-se num dos contos de fadas mais famosos de todos os tempos. A história de uma bela mulher da classe trabalhadora chamada Belle, com o mais amável e puro coração de todas as suas irmãs, que se apaixona por uma besta, e eventualmente o transforma num príncipe bonito. Teve numerosas adaptações para o teatro e para o cinema, com as mais famosas para o cinema a ficarem a de Jean Cocteau realizada em 1946 e a da Disney em 1991.
Esta versão, do checo Juraj Herz, realizador de "Cremator", uma comédia negra sobre o nazismo e o holocausto, está longe de ser uma versão conhecida, mas, é, provavelmente, um dos mais belos filmes de sempre retirados dos contos de fadas. A versão de Cocteau era uma alegoria sobre a ocupação e libertação da França, mas aqui filmava-se na Checoslováquia, e encontrava-se vestígios de simbolismo político, pertencentes à sombra do Comunismo, que era o sistema político vigente em grande parte da Europa do Leste, naquela altura.     
O filme de Juraj já tinha quatro anos quando chegou ao Fantasporto, e tinha brilhado no Festival de Sitges em 1979 onde ganhou o prémio de Melhor Realizador. Mas como nesta altura, sobretudo aos filmes fantásticos europeus, era difícil serem exibidos, foi repescado para esta primeira edição do Fantasporto. Aliás, grande parte dos filmes desta primeira edição do Fantasporto foram repescados de outros anos. "Panna a Netvor" não passou por despercebido, e ganhou uma Menção Especial no Festival.

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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

The Cremator (Spalovac Mrtvol) 1969

 

Os filmes da Nova Vaga Checa são simultaneamente acessíveis, experimentais e incisivos - desde o devastador "Closely Watched Trains", à confrontação política e sexual de "Daisies".
"The Cremator" é um filme profundamente perturbador que examina, como e porquê, as pessoas aderam ao totalitarismo e ao genocídio, tema que, infelizmente, é tão oportuno hoje como era em 1968. Conta-nos a história de Roman, um homem de família que dirige um crematório no final dos anos 30. Apesar da sua herança austríaca, Roman imagina-se um homem Checo de cultura refinada, cativado pela música clássica  guardando como um tesouro uma cópia de um livro sobre budismo tibetano. No fundo, Roman é um empresário e um bajulador, preocupado com a sua posição na sociedade e como é visto pelos seus vizinhos. Obcecado pela limpeza, vai ao médico de cada vez que faz uma visita a um bordel, mas, quando se encontra com ele diz que tem sido fiel à sua esposa. Como os nazis começam a chegar ao poder, o cremador reavalia a sua relação situação com tudo o que alegou para se manter próximo aos detentores do poder - embora a sua esposa seja meio judia, e os filhos 1/4 de judeus. Logo, o inconcebível torna-se realidade, como o cremador a cometer actos abomináveis ​​e racionalizados através de uma leitura errada dos princípios budistas.
O realizador Juraj Herz emprega o vocabulário visual dos filmes de terror e do Expressionismo Alemão - a fraca iluminação, as figuras espectrais, as exposições duplas, etc (A semelhança entre os actores Rudolf Hrusínský e Peter Lorre dificilmente poderiam ser uma coincidência.) Não obstante estas influências óbvias, aa imagens de Herz têm um olhar muito próprio, alternando entre closeups distorcidos e deslumbrantes, meticulosamente compostos por grandes ângulos de câmera.
No entanto, a montagem intencionalmente rápida e dissonante, é mais parecida com a de Sergei Eisenstein do que com a de Mario Bava. Herz utiliza técnicas de montagem ao longo do filme, mais obviamente quando insere cenas de arte clássica como comentário sobre a narrativa. Para continuar a deslumbrar a audiência, Herz também insere regularmente, closeups extremos de várias partes do corpo das personagens. Em paralelo, a fotografia assustadora e a montagem incomum mantêm o espetador profundamente perturbado ao longo do filme.
Herz também é adepto de preencher cada cena contando os pequenos detalhes. Por exemplo, o personagem principal exibe toda a sua natureza controladora através do hábito de agarrar as pessoas pela parte traseira dos seus pescoços. Da mesma forma, o artifício de um "casino" nazi que o cremador visita é exemplificado pelas loiras não naturais branqueadas que o povoam. 
Estes estão longe de ser os únicos truques estilísticos de Herz. Para começar, o filme apresenta uma sequência de animação que antecipa o início dos trabalhos de Terry Gilliam. Além disso, a peça central do filme é uma viagem pela família do cremador para um carnaval de horrores, que fornece a Herz a oportunidade de se envolver em todos os tipos de visuais. 
Foi premiado com três prémios no festival de Sitgés: Melhor Filme, Actor e Fotografia.

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