Mostrar mensagens com a etiqueta George A. Romero - Para Sempre Vivo. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta George A. Romero - Para Sempre Vivo. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

A Ilha dos Mortos (Survival of the Dead) 2009

Na Ilha Plum, localizada na costa marítima norte-americana, vivem duas famílias que travam uma briga histórica. De um lado está o patriarca Capitão Patrick O'Flynn (Kenneth Welsh), que deseja acabar com os zombies, e do outro lado está Seamus Muldoon (Richard Fitzpatrick), que faz de tudo para não deixar ninguém exterminar os seus parentes mortos-vivos antes deles se curarem. 
Era o sexto filme de zombies de George A. Romero, e o segundo desde a tentativa de fazer um reboot à série, ao estilo de Blair Witch Project, com "Diary of the Dead", que não foi muito bem recebido, mesmo pelos seus fãs mais acérrimos. As boas notícias eram que "Survival of the Dead" não era um filme tão desapontante como "Diary of the Dead", apesar de não ser um regresso à forma do realizador. Felizmente o método de câmara na mão, na primeira pessoa, foi abandonado, a favor de uma narrativa mais convencional, mas o argumento era a prova aparente de que Romero já tinha dito tudo o que havia a dizer no sub-género "zombie". O realizador ainda não estava convencido disso, porque depois deste filme, e antes da sua morte, já tinha anunciado mais duas continuações, sendo que a primeira está já em andamento, chamada "Road of the Dead", com um novo realizador a substituir Romero.
É possível que a história e o filme tenham ambição dentro das restrições da série b, e do cinema de baixo orçamento em geral, mas desde "Land of the Dead" que Romero decidira voltar ás suas raízes indie. Á sua sabedoria sobre o assunto adiciona um elemento que pode ser visto como intrigante ou questionável, mas neste filme isso não afecta a história. 
Concorreu para o Leão de Ouro em Veneza. 

Link
Imdb

terça-feira, 5 de setembro de 2017

Diário dos Mortos (Diary of the Dead) 2007

Um grupo de estudantes de cinema passam a registar com as suas câmaras, no meio do caos, o que acontece quando os zombies passam a inexplicavelmente tomar conta do mundo. Ao mesmo tempo, também acompanham pela internet, através de vídeos e relatos em blogs, como a situação aterroriza o planeta. Um deles fica especialmente obcecado com o registo, colocando em perigo a sua vida para gravar este acontecimento.
Mesmo antes de estrear "Land of the Dead", Romero queria fazer um filme sobre os "média emergentes". Depois de Land estrear, que ele sentiu que ficava "grande" em scope, ele queria voltar a fazer um filme com um orçamento reduzido, e sentiu que a ideia dos "media emergentes" se podia aplicar neste caso. Mesmo com o filme a ser filmado num estilo "cinema verité", Romero preferiu usar um director de fotografia, em oposição de deixar os actores filmarem por eles mesmos. Preferiu assim por causa das falhas que tinha visto em filmes como "The Blair Witch Project", que considerou ser um filme vertiginoso demais.
É o quinto filme na série de Zombies de Romero e há algumas referências notáveis aos filmes anteriores da série, mas não é nenhuma sequela directa a nenhum deles. Segundo Romero, é uma "rejeição ao mito". A acção ocorre simultaneamente com os eventos de "Night of the Living Dead". Isto foi parcialmente baseado numa preocupação prática, pois Romero pensou que se o filme se passasse muito longe do apocalipse zombie, as escolas estariam fechadas e, portanto, não fazia sentido ter os jovens estudantes como ponto focal. Foi também inspirado no livro "Book of the Dead", uma antologia de contos passada no mesmo período de tempo.

Link
Imdb

domingo, 3 de setembro de 2017

Terra dos Mortos (Land of the Dead) 2005

O Mundo em que vivemos já não existe. É apenas uma lembrança na memória dos poucos seres humanos sobreviventes que são obrigados a lutar contra os zombies. Os humanos estão isolados numa pequena cidade, enquanto os mortos vivos povoam o resto do mundo. Os ricos tentam manter a ilusão de que ainda moram num mundo normal vivendo em torres. Os restantes mortais são obrigados a viver nas ruas, entregando-se a vícios como jogos, prostituição e drogas. No entanto, para manter estes padrões de vida, tanto ricos como pobres são obrigados a confiar em mercenários que de vez em quando saem da cidade em busca de produtos para comercializar e satisfazer os humanos. Liderados por Kaufman (Dennis Hoper), Ridley (Simon Baker) e Cholo (John Leguizamo) são dois desses mercenários que arriscam as suas vidas em troca de pagamento, eles sonham em juntar dinheiro e fugir para um mundo melhor... Se é que ele existe. Enquanto isso, o exército de mortos-vivos vai-se fortalecendo,vão ficando cada vez mais inteligentes.
"Land of the Dead" é o quarto filme da série de Zombies de George A. Romero, que tinha começado em 1968 com "Night of the Living Dead", que tão bem encapsulava o medo da era do Vietname, e de um país que estava a comer as pessoas vivas. Cada filme era um espelho da era em que foi feito, e "Land of the Dead" não fugia à regra, sendo uma visão de pesadelo da obsessão da era Regan com o armamento militar. "Land of the Dead" continua com as mesmas preocupações ideológicas dessa era, mas é, inequivocamente, um produto pós 9/11 e os consequentes males do terrorismo. Não é por acaso que o personagem no poder declara algo parecido com Bush: "Não negociamos com terroristas", enquanto outro ameaça desencadear a sua própria versão de uma "jihad". Os zombies lentamente a tomar conta do mundo podem personificar os estrangeiros sem rosto que vão chegando aos Estados Unidos, e o verdadeiro vilão é homem de negócios que tenta tirar proveito da situação para si próprio. 
Os zombies neste filme estão a tornar-se numa ameaça maior porque estão a ficar mais inteligentes. Começaram a desenvolver uma comunicação rudimentar, e a descobrir como usar objectos contundentes, depois ferramentas, e por fim, armas de ataque. Assustadoramente, num certo sentido, estão a tornar-se mais como nós. Tal como "Dawn of the Dead" e "Day of the Dead", "Land of the Dead" encoraja fortemente a reconstruir aquilo que foi perdido, o que é fundamental nas preocupações ideológicas de Romero. Afinal, a mensagem global de toda a série é de como os mesmos poderes dinâmicos são sempre replicados numa sociedade que toma conta da outra. 
Foi um regresso de Romero em força aos zombies, 20 anos depois do filme anterior. 

Link
Imdb

O Rosto da Vingança (Bruiser) 2000

Henry trabalha para uma famosa revista de moda chamada "Bruiser". Ele só quer ser aceite, mas a sua fraca personalidade e timidez fazem dele um alvo fácil para todas as pessoas, incluindo o melhor amigo que lhe está a roubar a esposa infiel, o patrão cruel e até mesmo a empregada doméstica. Henry mantém-se calado e segue sempre as regras. Até que um dia ele acorda sem rosto. Todos os anos de submissão custaram-lhe a única coisa que não pode ser substituída: a sua identidade. Ele transformou-se num espaço em branco, um fantasma anónimo sem feições. É quando a sua ira explode, libertando toda a raiva e desespero acumulado dentro dele. 
O mais desapontante em "Bruiser" é que George A. Romero esteve tempo demais sem filmar, passaram sete anos desde o filme anterior, que já tinha sido uma desilusão para muita gente, e depois deste regresso seria de esperar algo mais cuidadoso, servido com mais entusiasmo e energia. "Bruiser" tenta funcionar tanto como sátira social e como filme de terror, mas acaba por não funcionar da melhor forma em nenhum dos mundos. 
Ainda assim é um filme tenso, com uma excelente interpretação de Peter Stormare, bem melhor que a do protagonista Jason Fleming, que nunca consegue conquistar o espectador. Depois deste filme, Romero estaria parado mais cinco anos, e percebeu que teria de voltar aos mortos-vivos. Regressaria então, para mais uma trilogia dos "...of the Dead". Este é um filme a descobrir, pelos fãs de Romero que ainda não o conhecem.

Link
Imdb

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

A Face Oculta (The Dark Half) 1993

Um escritor tem um pseudónimo literário com o qual escreve violentos livros de crime. Thad é um jovem que ao ser operado para tirar um tumor do cérebro descobre ter na cabeça o cérebro de um possível irmão gémeo, que nunca se desenvolveu. Anos mais tarde, Thad é um escritor de sucesso, mas também produz literatura barata sob o pseudónimo de Geroge Stark. No entanto, quando é ameaçado por alguém que descobriu o seu segredo, ele "enterra" George Stark. A partir dessa altura, ele torna-se o principal suspeito de uma série de assassinatos chocantes.
"The Dark Half" quase que pode ser considerado o filme esquecido de George A. Romero. Não faz parte da sua famosa série dos mortos-vivos, nem faz parte da série dos seus filmes mais baratos, como "Martin", "Knightriders", ou "The Crazies". Tal como "Creepshow" é uma colaboração com Stephen King, e uma tentativa de entrar no mundo do cinema mainstream, infelizmente falhada, apesar do filme ter algumas qualidades.  Romero a adaptar muito fielmente um romance de Stephen King sobre a dualidade da personalidade, ou, de forma mais melodramática, a besta dentro de nós. 
Para ajudar a tentativa de entrar no mainstream, temos um elenco bastante competente, com alguns actores de créditos firmados (Timothy Hutton, Amy Madigan, Michael Rooker, Julie Harris - três deles já tinham sido nomeados para os Óscares), mas algo falhou na tentativa de comunicar com o público. Hoje em dia ainda divide muitos os fãs do realizador, havendo uma minoria que aprecia bastante o filme.

Link
Imdb

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

The Facts in the Case of Mr. Valdemar (The Facts in the Case of Mr. Valdemar) 1990

Duas histórias de terror baseados em contos de Edgar Allan Poe, fazem parte de "Due Occhi Diabolici", realizados a quatro mãos por George A. Romero e Dario Argento. "The Facts in the Case of Mr. Valdemar", é a história realizada por Romero, e conta-nos a história de Jessica Valdemar (Adrienne Barbeau) e do seu amante Dr. Robert Hoffman (Remy Zada), que têm um plano para extorquir dinheiro ao velho marido dela, um homem com uma doença terminal. Robert hipnotizou Valdemar para que este passe todo o dinheiro a Jessica. Morre enquanto hipnotizado, e fica encalhado entre o mundo dos vivos e dos mortos. Valdemar é perseguido por espíritos maus, que possuem o seu corpo, e vão querer vingança.
"The Facts in the Case of Mr. Valdemar" é mais um filme de Romero que examina a desintegração das instituições sociais, fazendo uma critica aguda aos egoísmo humano, e é um dos filmes mais negligenciados dos realizadores, talvez por não ser uma longe metragem, mas por fazer parte de um conjunto de duas médias.
Inclui um enorme caos sangrento para agradar aos fãs do cinema gore, cortesia dos mestres dos efeitos especiais Tom Savini, que nesta altura era já um habitual colaborador de Romero, e John Vulich, que tinha colaborado com o realizador em "Day of the Dead", e uma banda sonora adequadamente arrepiante, de Pino Donaggio, conhecido pelo seu trabalho em filmes de terror, como "Carrie" ou "The Howling".
 Neste post temos só a curta realizada por Romero, "The Facts in the Case of Mr. Valdemar".

Link
Imdb

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Atração Diabólica (Monkey Shines) 1988

Allan Mann é um homem amargo, furioso e vingativo, desde que um acidente o deixou paralisado do pescoço para baixo. Ele está farto dele e de toda a gente que o rodeia. Mas tudo isto muda quando lhe é dada Ella, uma macaca treinada para lhe satisfazer todas as suas necessidades. Mas quando Ella começa a antecipar os pensamentos de Allan, coisas estranhas e mortíferas começam a acontecer. E quando ela começa a perseguir e maltratar a atenciosa namorada de Allan, o médico incompetente e a sua mão metediça, Allan percebe que tem de pôr um fim a esta criatura maníaca... antes que ela domine a sua mente por completo.
Dirigido por George A. Romero, "Monkey Shines" marcava a primeira vez que o realizador trabalhava directamente para um grande estúdio,  adaptando um livro de 1983, da autoria de Michael Stewart. Estas mudanças fizeram o realizador perder o controle da produção, que por causa disso apenas voltou para produções de estúdio em 1993, com "The Dark Half". Recebeu más criticas na altura do seu lançamento, e teve pobres resultados de bilheteira, mas hoje em dia é considerado dos melhores filmes do realizador.
É um thriller psicológico assustador e muito eficaz, onde Romero faz um óptimo trabalho mostrando desde as reações honestas do herói à sua deficiência mostrando como as atitudes sexuais podem influenciar qualquer relacionamento, apontando como exemplos extremos os perigos óbvios de experiências não controladas em animais. 

Link
Imdb

domingo, 27 de agosto de 2017

O Dia dos Mortos (Day of the Dead) 1985

Os zombies dominaram os Estados Unidos da América, excepto um pequeno grupo de cientistas e oficiais militares que se estabeleceram numa base subterrânea na Florida. Os cientistas usam os mortos-vivos em experiências, para conseguir encontrar a cura, mas os militares não concordam com este método. Finalmente, a milícia descobre que um dos seus homens foi usado nos experiências, expulsando os mesmos para a caverna que abriga os mortos vivos. Infelizmente, os zombies descobrem o caminho até à base militar.
Romero completou a sua trilogia dos zombies já em meado dos anos 80, no filme da trilogia mais rico em diálogos, assim como o mais sagaz. Embora não tenha sido bem recebido, e a ser o filme menos bem sucedido na bilheteira da trilogia, tornou-se num clássico de culto depois de ter sido revisionado alguns anos depois de estrear.  A história traz-nos um festival de horror claustrofóbico sobre cientistas loucos (particularmente o Dr. Logan (Richard Liberty), apelidado de Frankenstein) e oficiais militares, na era política da reaganite obcecada com a ciência, r
ealizando experiências sádicas em zombies, tentado domesticá-los e trazê-los de volta para a sociedade. O filme, novamente, volta a redefinir o género, mostrando como os mortos-vivos foram incompreendidos e oprimidos.
"Day of the Dead" foca-se assim no início de um novo mundo, onde os sobreviventes tentam domesticar os zombies. Apesar das suas configurações voltadas para o cinema fantástico, os três filmes são politicamente conscientes, dramatizando o género e ansiedades raciais, além da critica ás forças armadas, instituições familiares, sociedade de consumo e guerra do Vietname.

Link
Imdb

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Creepshow: Contos de Terror (Creepshow) 1982

Sequência de pequenas histórias de terror criadas em homenagem a uma revista de terror americana da década de 50. São cinco histórias ligadas por uma central que envolve um jovem a ser maltratado pelo pai por gostar de bandas desenhadas. Na primeira, um pai regressa do túmulo para se vingar da filha que o matou; na segunda, um meteoro transforma um homem numa estranha criatura; na terceira, um marido vinga-se da esposa e do seu amante, mas depois verá que a vingança pode se voltar contra ele; na quarta história, um homem maltratado pela esposa descobre uma caixa misteriosa que esconde uma terrível criatura; na última história, um homem que odeia vermes e insectos terá que enfrentar o seu maior pesadelo quando ocorre um 'blackout'.
Como é fácil de adivinhar pelo prólogo, "Creepshow" era realizado por George A. Romero e escrito por Stephen King como homenagem às bandas desenhadas da sua juventude, um tipo de material bastante desaprovado pelos pais, tanto que acabaram por ser fortemente regulados ou mesmo proibidos, porque se acreditava que as bandas desenhadas deformavam as pequenas mentes. Esta antologia de cinco episódios, bastante na veia da Amicus dos anos sessenta e setenta, embora aqui houvesse um esforço muito maior em recriar o ambiente desses quadradinhos.
Para os fãs de Romero e de King o filme não explorava muito o talento dos dois, era mais como uma colaboração divertida entre os dois. Tem alguns bons momentos e bom sentido de humor, que é fundamental nestas pequenas histórias. O filme tinha estreia absoluta na edição de Cannes de 1982, mas foi mostrado fora de competição.

Link
Imdb

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Os Cavaleiros da Lenda (Knightriders) 1981

Um grupo de motards itinerantes imita o estilo de vida dos cavaleiros medievais e apresentam-se em feiras de cidades do interior. Vivem de acordo com os seus próprios ideais. O líder do grupo é King Billy, que não é capaz de manter as regras do seu grupo, enquanto Black Knight está tentado em partir para LA, rumo ao estrelato.
Estacionado entre dois filmes de terror, "Dawn of the Dead" e "Creepshow", "Knightriders" é o trabalho mais pessoal e íntimo de Romero, uma reflexão sobre o showbiz itinerante  que é a vida dos realizadores, com as atribulações de um grupo de motociclistas que funciona como espelho para Romero e as suas próprias experiências.
É também uma nova versão sobre o mito do Rei Artur, e o seu lançamento simultaneamente com "Excalibur" de John Boorman talvez explique o facto do filme não ter consigo conquistas as audiências daquele tempo (é um caso infeliz da vida a imitar a arte, dada a preocupação do argumento com o choque entre a convicção e a comercialização). Embora seja um trabalho estranho e disperso, que facilmente poderia ser editado para uma duração mais reduzida,  está cheio de actores carismáticos que têm interpretações sinceras, como são os casos de Ed Harris e Tom Savini. Apesar de algumas falhas, a alma de "Knightriders" e o drama das suas personagens, diferenciam-se de muitos filmes hippies, sobretudo da década de setenta. É um filme muitas vezes falado e poucas vezes visto, uma pedra essencial no "cannon" de Romero, representando o seu trabalho mais humano e apaixonado, mesmo em relação aos seus filmes futuros.
Legendas em Inglês.

Link
Imdb

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Zombie: A Maldição dos Mortos-Vivos (Dawn of the Dead) 1978

Depois dos acontecimentos de "Night of the Living Dead" (1968), seguimos as aventuras de quatro sobreviventes do apocalipse zombie, em franca expansão, que se refugiam num shopping abandonado depois da evacuação de um complexo de apartamentos pela SWAT. A fazer stock de tudo o que apanham, armam-se e trancam-se dentro do shopping, destruindo todos os zombies que possam para poderem sobreviver mais um tempo. As tensões começam a crescer à medida que os meses avançam, e eles apercebem-se que se tornaram presas do consumismo. Os problemas chegam quando um grande grupo de motociclistas invade o shopping...
"Dawn of the Dead" é o segundo filme sobre mortos-vivos de George A. Romero, feito 10 anos depois do primeiro, estabelecendo um mundo onde os mortos estranhamente regressaram à vida, e começaram a comer os vivos. Este segundo filme tem lugar logo após os eventos de "Night of the Living Dead", quando este horrível estado de coisas se continua a espalhar, aterrorizando as pessoas em todos os lugares. Desde o início que Romero assinala que este será um tipo de filme muito diferente do primeiro, que se caracterizava por uma tensão e suspense em crescendo, numa noite claustrofóbica. Na televisão dão diferentes interpretações da ameaça zombie, enquanto no terreno estão todos divididos em o que pensar, o que fazer, e para onde ir a seguir. Esta tudo a desabar, as instituições do costume pouca ajuda podem oferecer, e as armadilhas da sociedade moderna mais familiares, como a própria TV tornam-se absurdas e até perigosas, levando os espectadores a cometer actos de desespero. É este o tema que Romero explora, o colapso da sociedade revela algo de absurdo das convenções e ideais dessa sociedade. É uma ideia que se fará sentir ao longo deste filme selvagem e frenético, assim que os créditos terminam a acção real começa.
O primeiro filme de Romero era um filme económico, infalivelmente assustador e minimalista, apresentando as suas ideias sobre a sociedade e a humanidade a preto e branco enquanto explorava o terror do ataque dos zombies. "Dawm of the Dead" até aqui é diferente. É um filme mais solto, passa-se em espaços mais amplos e coloridos, e o terror é acompanhado pela comédia sangrenta e a sátira social. Ao abandonar a simplicidade e a grandeza de "Night of the Living Dead", Romero encontrou virtudes compensadoras suficientes para fazer o seu segundo filme de zombies. Selvagem, nem sempre coerente, mas que é necessário ser lido nas suas multi-camadas. 

Link
Imdb

domingo, 20 de agosto de 2017

Martin (Martin) 1976

George A. Romero faz dos filmes de vampiros o que ele já tinha feito dos zombies - um tratamento intenso e realista, que segue as aventuras de Martin, que afirma ter 84 anos, e que certamente bebe sangue humano. O rapaz chega a Pittsburg para ficar com o tio, que promete salvar a alma de Martin e destruí-lo, mas a solidão de Martin irá encontrar outros meios de sobrevivência.
Pode parecer irónico, mas ao mesmo tempo típico do grande cinema independente, que um dos mais inteligentes e revisionistas filmes de vampiros modernos pode não ser um filme de vampiros, de todo. É uma pergunta que tem pairado sobre "Martin" desde o seu lançamento, e é fundamental para a narrativa - será Martin Madahas um vampiro de 84 anos de idade, ou uma criança confusa com tendências psicóticas? De qualquer modo, Martin é genuinamente um grande filme de vampiros, que reconheçe e compreende as convenções genéricas e ainda as transforma. Mesmo que tenhamos apenas um relacionamento parcial com o terror, estamos cientes do trabalho do realizador George A Romero. Feito pouco antes de um dos seus sucessos mais influentes, " Dawn of the Dead", "Martin" foi durante algum tempo o mais falado, mas menos visto, filme de Romero, a condição perfeita para o nascimento de um culto, e aquele cujo crescimento tem acompanhado um enorme número de seguidores, além de uma apreciação crítica do horror como um veículo para o comentário social. 
Muito mais do que um dos filmes dos tempos de mudança, Martin foi o primeiro filme de vampiros a agitar completamente as origens do folclore do género e das sombras da novela que efectivamente moldaram os primeiros 50 anos de cinema vampiresco. Reconheceu a natureza inconstante, tanto do público de terror como os medos da sociedade em que vivem, um pós-Charles Manson, pós-Ed Gein em que as pessoas podiam ser mortas sem nenhum motivo, por alguém que morava na mesma rua. Isso é algo reconhecido até mesmo no título do filme. Como Drácula, o mais famoso conto de vampiros de todos, o nome do vampiro é o nome do filme, mas enquanto "Drácula" invoca um sentido de exotismo, o misterioso, o estrangeiro (apropriado para uma época em que as viagens internacionais para a província era para as classes superiores, e quando tudo o que era estrangeiro era considerado tanto com admiração, como suspeita), Martin era deliberadamente um nome comum, um nome como todos os outros, sem quaisquer conotações específicas. 
O desenvolvimento do género de vampiros viu o vampiro deslocar-se constantemente no local e na classe, movendo-se para mais perto da casa das pessoas e descendo na hierarquia social, como o passar dos anos. No Drácula da Universal o vampiro era, como no romance de Bram Stoker, um nobre de terras distantes, uma figura de riqueza e poder sobrenatural com três mulheres à sua disposição. Até ao momento em que a Hammer entregou o seu espírito. Na adaptação de 1958, o vampiro era um conde apenas de nome, vivendo mais como um senhor. Mas Martin trouxe o vampiro para a nossa porta e despojado de nobreza, um rapaz comum que mora num quarto vago na casa do seu primo. Ele não tem noiva, nem namorada, e ao contrário do vampiro sexualmente potente dos filmes do passado, ele realmente tem medo das mulheres e do sexo. Martin é o lado menino, um rapaz solitário e taciturno, o tipo de solitário que a CIA provavelmente prenderia como sendo um potencial terrorista. Ele é, naturalmente, um produto da sua família e do meio ambiente - toda a vida lhe foi dito que ele é mau, e agora acredita e age em conformidade, uma profecia auto-realizável se quisermos...

Link
Imdb

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Guerra Ao Vírus Da Loucura (The Crazies) 1973

Um avião cai próximo a Evan´s City, uma pequena cidade do Estado americano da Pennsylvania. Transportava uma carga perigosa, um tipo de arma bacteriológica, de um projeto secreto chamado Trixie. O vírus contagioso de uma vacina experimental criada em laboratório atinge a reserva de água local e chega até aos habitantes da cidade, que foram contaminados e passaram a demonstrar sinais de loucura, com comportamentos violentos. O exército interfere, invadindo a cidade para tentar conter a epidemia, instaurando um estado de quarentena. No meio da imensa confusão e caos que se abateu sobre a cidade dominada pelo exército, um grupo de habitantes tenta entender a situação e escapar ileso.
George A. Romero era um nome "semi-hot" na altura do lançamento deste filme. Se "There’s Always Vanilla" e "Season of the Witch" não tinham causado muito boa impressão, "Night of the Living Dead" tinha-se tornado num êxito das sessões da meia-noite. Depois de um distribuidor lhe ter perguntado se ele tinha mais alguma boa idéia, apareceu um argumento chamado "The Mad People", a partir do qual, depois de algumas alterações, surgiu este "The Crazies". Embora semelhante ao seu primeiro filme, Romero provou que mesmo a partir de um orçamento limitado se podiam fazer bons filmes. 
Olhando de forma directa, "The Crazies" não é mais do que um filme sobre pessoas que ficam loucas. Mas, feito à sombra dos escândalos de Watergate e do Vietname, tem abundância em alegoria: a invasão de uma força militar, o encobrimento e a duplicidade do governo,  a loucura, e o eventual genocídio. Tal como em "Night of the Living Dead", "The Crazies" não oferece nenhuma esperança, conforto, e, com toda a certeza, nenhum final feliz. 

Link
Imdb

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Season of the Witch (Hungry Wives) 1972

Joan Mitchell é uma dona de casa infeliz que vive nos subúrbios, que tem um marido empresário pouco comunicativo, e uma filha distante prestes a saír de casa. Pouco satisfeita com a vida que leva procura consolo na feitiçaria depois de visitar Marion Hamilton, uma leitora de tarot e líder de uma seita de artes obscuras chamadas que inspira Joan a seguir o seu caminho. Depois de se divertir um pouco com a feitiçaria, e de acreditar ter-se tornado numa bruxa a sério, mergulha num mundo de fantasia para aprofundar o seu novo estilo de vida, até que a linha entre a fantasia e a realidade se torna muito ténue, correndo o risco de acabar em tragédia.
Por vezes não é bom atingir o sucesso logo no primeiro filme, algo que George A. Romero aprendeu da forma mais dura, depois do enorme fracasso que foi "There’s Always Vanilla" (1971). Depois deste filme ter-se tornado um flop nas bilheteiras Romero voltou ao género de terror com "Season of the Witch", filmado com o título de "Jack’s Wife" mas lançado pelo distribuidor Jack Harris com o nome de "Hungry Wives". Tal como "Night of the Living Dead", "Season of the Witch" era uma parábola de horror que atingiu tumultuosamente a contra cultura da época. Para Romero o filme era apenas um thriller feminista onde o sobrenatural aparecia como uma metáfora da situação em que as mulheres se encontravam actualmente, com as promessas das segunda vaga de feminismo a dissolverem-se lentamente no narcisismo e nas emoções superficiais dos anos setenta. 
A chave do filme, é que Romero nunca deixa completamente claro se a entrada de Joan na feitiçaria tem efeitos sobrenaturais genuínos ou se tudo está na sua cabeça (um tema que seria de novo explorado em "Martin").  Mas o filme é profundamente intrigante, e ajudou a cimentar a tendência de Romero a misturar a ideologia com o horror, o que dá aos seus filmes uma enorme profundidade. 
O baixo orçamento do filme prejudica muito o resultado final, mas é interessante para os mais curiosos adeptos de Romero.

Link
Imdb

terça-feira, 15 de agosto de 2017

There's Always Vanilla (There's Always Vanilla) 1971

Chris Bradley é um jovem que regressa à sua cidade natal de Pittsburgh depois de vários anos a viajar e trabalhar em empregos temporários depois de sair do Exército dos EUA. Rejeitando voltar a morar com o pai e não querendo voltar para o negócio da família da fabricação de comida para bébés, Chris conhece e envolve-se com Lynn, uma mulher mais velha que trabalha como modelo em comerciais na TV Local, e que o suporta financeira e emocionalmente, o que acaba por prejudicar a relação dos dois, principalmente quando ela descobre que está grávida e sente que Chris não seria um pai ou marido muito respeitável.
Depois do sucesso monumental de "Night of the Living Dead", seria de esperar que Romero voltasse ao cinema de terror, mas neste caso o terror foi involuntário, de tão mau que era o seu segundo filme. Não querendo ficar para sempre rotulado ao cinema de horror, Romero tentou a sua sorte a dirigir uma comédia romântica, o que acabou por se tornar um gigante erro. O problema deste filme é que parecia estar incompleto. Era como se Romero não tivesse fundos suficientes para terminar o argumento, e fosse obrigado a gravar rápidas sequências de narração para depois colá-las na montagem. 
Dizem que Romero não queria ter nada a ver com este filme depois de completo, e recusou-se a falar sobre ele até ao fim dos seus dias, e percebe-se porquê. Era considerado o "filme Perdido" de Romero, e esteve inacessível durante muitos anos. Rezam as crónicas que Romero embarcou neste projecto depois do seu amigo Rudolph Ricci ter abandonado o filme a meio. Ricci tinha ajudado Romero na criação do universo de "Night of the Living Dead", tendo ficado com um pequeno papel de zombie, e mais tarde faria o papel de líder dos motociclistas em "Dawn of the Dead", grupo do qual também fazia parte Tom Savini. 
Filme bastante raro. Não tem legendas.

Link
Imdb

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

A Noite dos Mortos-Vivos (Night of the Living Dead) 1968

Uma alucinante estreia para o realizador e argumentista George A. Romero, aquele que seria para sempre conhecido como o pai de todos os filmes de zombies, "Night of the Living Dead" teve muita coisa contra ele na altura da sua estreia. Foi uma produção com um orçamento muito baixo (aproximadamente apenas $100,000) apresentando um conceito simplista, muito sangue e gore numa altura em que essas coisas não eram mostradas na tela, e a utilização de um elenco não profissional, que variava do mau ao muito mau. No entanto, Duane Jones, o improvável afro-americano protagonista do filme, consegue uma interpretação muito aceitável, tornando-se o catalisador de todos os eventos principais do filme.
Um alto conceito de enredo, como era o caso, envolvia o regresso à vida dos recém mortos, com apenas uma coisa em mente: a destruição e o consumo dos ainda vivos. A história começa na Pensilvânia rural, com o irmão Johnny (Streiner) e a irmã Barbara (O'Dea) a fazerem a visita anual ao túmulo dos pais, para serem atacados por um estranho homem que derruba Johnny e começa a perseguir Barbara. Durante a fuga Barbara consegue refugiar-se numa pequena quinta que parece desabitada, para descobrir que esta já está ocupada por um grupo de pessoas que se esconde pelas mesmas razões do que ela. A tensão é alta, à medida que estes homens e mulheres começam a disputar o caminho certo para a sobrevivência e a possível fuga, e o número de mortos-vivos começa a multiplicar-se assustadoramente lá fora. 
A maior parte do filme joga, tal como "The Birds" de Alfred Hitchcock realizado 5 anos antes, com entre grupo de mortos vivos a tentar entrar em portas e janelas, para matar e mutilar qualquer coisa que se mexa, sem razão aparente. Muitas análises políticas foram feitas, por causa da raça do protagonista Jones, já que era uma raridade para um afro-americano ser o herói de um filme com um elenco predominantemente branco, mas Romero simplesmente afirmou que o actor era a melhor pessoa disponível para o papel, nada mais. "Night of the Living Dead" causou um grande nervosismo nas audiências do final da década de sessenta, pela afirmação de que por vezes nada pode ser feito contra o mal, e isto numa altura em que líderes mundiais estavam a ser assassinados, e estava a acontecer a guerra do Vietname, deixavam a praça pública ainda mais abalada.
Segundo os padrões de hoje, o gore do filme está muito suavizado, mas para aquela época nunca tinha sido visto algo assim, como órgãos do corpo humano a serem consumidos canibalisticamente. Como Hitch tinha feito com "Psycho", a filmagem do sangue e das vísceras eram a preto e branco, por isso não era tão intensamente gráfico como poderia ser. Mas acabou por empurrar os limites para valores nunca antes vistos, gerando uma enorme controvérsia. 
Muitos consideram "Night of the Living Dead" como o melhor filme de terror de todos os tempos. Embora possa estar longe disso, não há como negar a sua influência sobre um género que foi evoluindo ano após ano. Mesmo visto através de um olhar moderno mantém-se relativamente bem, embora a sua reputação e história o tornem num filme muito melhor em termos de qualidade geral, do que visto através de uma perspectiva crítica.  

Link
Imdb

George A. Romero - Para Sempre, Vivo

George A. Romero é o realizador que, nas palavras de Stephen King, tirou o terror para "fora da Transylvania". Antes de "Night of the Living Dead" (1968), o género estava preso num mundo de velhos condes, falsos morcegos, e portas rangendo. Os monstros de Romero não eram mutantes do espaço, ou aristocratas sugadores de sangue, mas sim pessoas normais, "vizinhos que tiveram pouca sorte", nas palavras do próprio realizador. A sua combinação tóxica de efeitos de gore, técnicas de documentário, e subtexto zeitgeist levaram o cinema de terror para novos extremos de realismo, e relevância contemporânea. 
Feito em 1968, o ano do Black Power e dos protestos estudantis, "Night of the Living Dead" era a imagem mais literal possível da américa, a devorar-se a si própria, de acordo com uma review contemporânea.
"Snapshots of the Time", era como Romero gostava de descrever a sua série subsequente de filmes políticos e cerebrais, também chamados de "splatter movies". "Dawn of the Dead" (1978), era uma sátira lacerante ao consumismo, e talvez o ponto mais alto da série. "Day of the Dead" (1985), levou as obsessões de Regan sobre a ciência, e atirou-as para uma história claustrofóbica envolvendo cientistas loucos e experiências sádicas. A guerra do terror de George W. Bush era o foco satírico em "Land of the Dead" (2005), escrito antes dos eventos do 11 de Setembro de 2001, novos diálogos foram adicionados ("we don´t negociate with terrorists"), para lhe dar uma maior importância.
Longe dos devoradores de carne, o trabalho de Romero era uma mistura de falhas e obras primas menores. O seu segundo trabalho, "There´s Always Vanilla" (1971), era uma má experiência no território da comédia romântica, tanto que o filme é quase desconhecido. Já "Hungry Wives" (1973), era uma tentativa de explorar o campo da bruxaria. Com "The Crazies" (1973), Romero estava de volta a terra firme, com um filme sobre um vírus que se está a espalhar pela américa. "Martin" (1977), considerado uma obra menor, mas é o seu melhor filme fora da sua série de zombies...
Romero faleceu no passado dia 16 de Julho, com 77 anos. Nas próximas três semanas vamos fazer aqui uma revisão completa da sua carreira. Recordaremos os seus filmes mais conhecidos, e também daremos espaço aos outros, num ciclo que será integral. Espero que gostem.