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sábado, 4 de janeiro de 2020

Cécile Est Morte! (Cécile Est Morte! ) 1944

Há seis meses que Cécile anda a pedir protecção para a polícia, convencida que a sua vida corre perigo. Ninguém parece acreditar nela, apesar dela estar convencida que alguém anda a fazer repetidas visitas noturnas à casa onde vive com a tia. Como a polícia não parece querer ajudá-la pede ajuda ao irmão para vigiar o seu apartamento de noite em troca de dinheiro. O Inspector Maigret anda demasiado ocupado com crimes que já tiveram lugar para dar resposta aos medos de Cécile. Até que uma jovem mulher desconhecida é encontrada morta num quarto de hotel com a cabeça cortada, e com o nome "Cécile" escrito no espelho. 
Depois de uma interpretação bastante convincente como Inspector Maigret em "Picups" de Richard Pottier, um filme que não veremos neste ciclo, Albert Préjean voltaria ao papel mais duas vezes, assistido por André Gabriello, o seu sidekick Lucas. O filme, apesar de bastante interessante, falha um pouco na captura da atmosfera dos livros de Georges Simenon, com Préjean a dar uma interpretação mais rebelde da personagem, apesar do filme ter uma fotografia bastante noir, e uma iluminação que cria um ambiente de tensão e opressão crescente.
Seria o último filmes que Maurice Tourneur fazia para a Continetal, um realizador cheio de recursos que na sua juventude tinha sido um dos grandes pioneiros do cinema americano, autor de joias cinéfilas como "The Blue Bird" (1918). No seu regresso a França, no início do cinema sonoro, Torneur dedicou-se mais a filmes de crime, desenvolvendo a estética do cinema noir. O seu filho Jacques tinha ficado nos Estados Unidos, e por esta altura tinha já alcançado sucesso na RKO, com filmes de série B como "Cat People", "I Walked With a Zombie" ou "The Leopard Man".
Legendas em inglês.

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quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

O Vale do Inferno (Le Val D'enfer) 1943

O "Vale do Inferno" é uma pedreira na zona rural de França, e quando o seu chefe casa com a filha rebelde do seu falecido melhor amigo, ela começa a despedaçar a sua família. Começa pelos mais velhos.
"Le Val D'Enfer" foi o quarto de cinco filmes que Maurice Tourneur fez para a Continental, todos eles compreendidos entre 1941 e 1944, e é facilmente um dos seus filmes mais obscuros, com o seu ambiente negro a reflectir a era em que foi feito. O filme possui um respeitável elenco com uma série de estrelas já estabelecidas no panorama do cinema francês da altura, como Ginette no papel principal. A personagem de Leclerc é, de facto, muito venenosa e demonstra uma total falta de humanidade e compaixão enquanto destrói a vida de cada pessoa que lhe oferece ajuda e atenção. Nem é necessário dizer que o filme afectou também muito negativamente a imagem da actriz.
Em parte devido ao resultado do filme ter sido rodado em exteriores, numa pedreira verdadeira, tem um sentido de realismo diferente da maioria dos filmes da altura. As interpretações naturalistas e a fantástica fotografia fazem a história ficar muito absorvente. A presença de regulares de Marcel Pagnol como Edouard Delmont e Charles Blavette dão ao filme uma autenticidade quase neo-realista.
Ironicamente, Leclerc, pela associação com a Continental, seria presa depois da Libertação, e como resultado, nunca mais teria um papel importante no resto da carreira. Além deste filme, ela seria também protagonista de "Le Corbeau", um outro filme da Continental mal compreendido.
Legendas em inglês.

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segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Carnival of Sinners (La Main du Diable) 1943

Nas montanhas, numa noite chuvosa de Inverno, um homem misterioso chega a uma pousada cheia de turistas. O estranho comportamento de Roland Brissot (Pierre Fresnay) chama a atenção de todos, e compelido pelos acontecimentos, bem como pela hostilidade da multidão circundante, ele relutantemente começa a contar a sua história. Outrora um fracasso como pintor, e como homem, ele conheceu Mélisse (Noël Roquevert), dono de um restaurante que lhe vendeu um talismã que trouxe grande sucesso tanto na sua vida pessoal como profissional. Infelizmente, como o espectador irá descobrir, ele não se consegue livrar do talismã, uma mão esquerda que pertence ao próprio Diabo, que a vem pedir de volta.
Enquanto que o seu filho Jacques Touneur injectava novo sangue no cinema de terror americano com o seu primeiro trabalho produzido por Val Newton, "Cat People" (1942), Maurice Tourneur filmava a sua primeira obra do género desde que tinha voltado para França, em 1928. "La Main du Diable" é uma adaptação moderna e bastante livre do conto de Gérard de Nerval (A Mão Encantada), publicada pela primeira vez em 1832.
O tema da mão alienada ou "possuída" não era muito vulgar para o género terror, sendo o exemplo mais famoso "Les Mains d'Orlac", escrito pelo romancista francês Maurice Renard e filmado pela primeira vez por Robert Wiene, em 1924. No conto de Renard as mãos de um assassino são transplantadas para o protagonista, obrigando-o a matar. "La Main du diable" de Maurice Tourneur não lida com nenhuma transformação física espectacular. Quando Roland compra o talismã apenas as suas impressões digitais mudam. Muito antes do DNA ser descoberto, as impressões digitais de uma pessoa eram consideradas provas irrefutáveis da sua identidade. 
O filme era produzido pela Continental Films, a companhia mais importante em França durante a ocupação alemã. Presidida por um alemão, Alfred Greven, a Continental era financiada pelo dinheiro das forças de ocupação. Tem sido bastante discutido se os filmes feitos por esta produtora eram de propaganda ou não, e de facto, aparentemente, não eram. Alguns estudiosos concluíram que os filmes de terror feitos neste período passavam mais facilmente pelas restrições à censura.
Filme escolhido pela Inês Esteves. 

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