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segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

A Sangue Frio (In Cold Blood) 1967

Um próspero e respeitado fazendeiro do Kansas, a sua mulher e os seus dois filhos adolescentes são brutalmente massacrados de uma forma imoral. Os assassinos são dois ex-condenados desleixados: Perry Smith (Robert Blake) e Dick Hickock (Scott Wilson). Nenhum dos dois homens é são o suficiente para se arrepender do crime. A história penetra profundamente nas mentes dos criminosos enquanto seguem a viagem tortuosa pelo México e Estados Unidos para tentar fugir da lei. Após mais de um ano de fuga, os homens caçados são finalmente presos.
Em 1959 Herbert, Bonnie, Nancy e Kenyon Clutter foram brutalmente assassinados na sua quinta do Kansas. O escritor Truman Capote estava entre os jornalistas que se reuniram no local quando as buscas pelos assassinos começaram, mas ao contrário dos outros, ficou por ali durantes as buscas e tudo o que aconteceu depois. Em 1966 ele publicou "In Cold Blood", um dos mais influentes livros da história da américa, baseado nestes crimes. Este trabalho rapidamente começou a ser transformado em filme, que foi estreado no ano seguinte pelas mãos do  realizador Richard Brooks, com algumas cenas a serem filmadas no próprio local onde ocorreram os crimes. 
É um poderoso legado para qualquer filme. Richard Brooks fez um extraordinário trabalho na recriação do crime que se destaca por si só, num filme que agarra desde o começo com os seus visuais "noiristas", e um inconfundível sentido de ameaça. 
O verdadeiro destaque do filme é a interpretação de Robert Blake, um dos melhores vilões da história do cinema, que em conjunto com o livro de Capote seriam significativos em mudar as atitudes dos americanos para com a pena de morte. Seria irónico que Blake seria acusado de assassinar a sua própria esposa em 2002, mas acabaria por ser ilibado. 

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sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Corações na Penumbra (Sweet Bird of Youth) 1962

Paul Newman é Chance Wayne, um ex-"gigolo" que volta à sua terra natal acompanhado por Alexandra Del Lago (Geraldine Page), uma actriz em decadência. A intenção de Wayne é impressionar Tom Finley (Ed Begley), o cacique local, um político corrupto que o expulsou da cidade. Mas a figura patética de Del Lago, que se afoga em álcool, drogas e sexo com a sua incapacidade de aceitar a passagem dos anos, não é a mais adequada para melhorar a imagem de Wayne. 
Uma das peças mais corrosivas e perturbadoras de Tennessee Williams, "Sweet Bird of Youth" foi um grande sucesso nas mãos de Elia Kazan pelos palcos da Broadway, mas teve uma produção algo problemática a passar para a tela. Por um lado, A MGM sabia que ía ter problemas com o Código de Produção, por causa da sua história: um ex-gigolo com aspirações a se tornar um actor de Hollywood tem uma relação com uma actriz outrora famosa, com um fraco por álcool e haxixe. Quando o casal visita a terra natal dele alguns segredos são expostos. O terrível final da peça original tinha Chance a ser castrado por vários durões. A versão cinematográfica não podia ser tão explicita, e Richard Brooks teve de reescrever completamente o final para algo muito mais optimista.
Por sorte, quatro dos principais membros do elenco da peça da Broadway concordaram entrar no filme: Paul Newman, Geraldine Page, Rip Torn, e Madeleine Sherwood, todos concordaram recriar os seus papéis na Broadway. Newman estava a tornar-se numa estrela de Hollywood muito rapidamente, contando já com duas nomeações para o Óscar de melhor actor (uma por "Cat on a Hot Tin Roof"(1958) e outra por "The Hustler"(1961)). Embora o seu desempenho em "Sweet Bird of Youth" seja louvável, é Geraldine Page quem rouba o filme, no papel de Alexandra del Lago, uma personagem originalmente inspirada em Tallaluh Bankhead, uma amiga próxima de Tennessee Williams.
 Foram três os actores nomeados para Óscares neste filme: Ed Begley, Geraldine Page e Shirley Knight, mas apenas o primeiro conseguiu levar uma estatueta para casa.

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terça-feira, 9 de agosto de 2016

Gata em Telhado de Zinco Quente (Cat on a Hot Tin Roof) 1958

Harvey Pollitt (Burl Ives) é um rico proprietário de terras, além de possuir uma fortuna de US$ 10 milhões. Harvey festeja o aniversário e é visitado pelos dois filhos, mas ignora que tem um cancro inoperável, pois o médico tinha lhe dito que estava recuperado. Gooper (Jack Carson), um dos filhos, e a sua esposa (Madeleine Sherwood) tiveram algumas crianças e cobiçam poder herdar os milhões do "Velho". Por outro lado Brick (Paul Newman), o seu filho preferido, é um alcoólatra e ex-estrela de futebol americano, que vive um casamento infeliz. Esta situação deixa Maggie (Elizabeth Taylor), a sua esposa, muito frustrada, porque ama o marido apesar de ser desprezada por ele. 
A peça "Cat on a hot Tin Roof" foi um êxito da Broadway na primavera de 1955, e não demorou muito para que a MGM comprasse os direitos para a sua adaptação ao cinema, com James Dean e Grace Kelly apontados para os papéis principais, de Brick e Maggie. A peça de Tennessee Williams vencedora de um prémio Pulitzer, revelou-se ser mais complicada do que parecia, e foram precisos três anos para que a MGM conseguisse uma adaptação do do argumento que conseguisse satisfazer os standards do Código Hays, e quando o argumento ficou pronto já Dean tinha morrido e Kelly era uma princesa na vida real. O argumento ficou sem qualquer referências à homossexualidade do protagonista, e foi-lhe retirado bastante narrativa para tornar o filme fluído para um público mainstream. Tennessee Williams não ficou muito satisfeito com todas estas alterações, e chegou a desencorajar as pessoas a verem o filme, mas apesar disso foi um dos grandes sucessos de bilheteira do ano, para além de ter conseguido seis nomeações para o Óscar (incluindo Filme, Realizador, Actor, Actriz e Argumento), acabando por perder tudo. 
Apesar de toda a inépcia da MGM em lidar com críticas a valores da sociedade americana (homofobia, mentira, avareza, são apenas três dos pontos que o autor aponta o dedo nesta peça), o filme é compensado pela electrificante presença de Paul Newman e Elizabeth Taylor. É incrível pensar que poucas semanas depois de iniciar a rodagem deste filme, Taylor tinha perdido o marido num acidente de avião. Poucas foram as vezes que a actriz tinha conseguido uma prestação tão arrepiante. Taylor e Newman representavam duas escolas de interpretação muito diferentes, ela era muito instintiva, ele era muito devoto ao "método", com o confronto entre os dois a ser brilhante.
O filme era originalmente para ter sido dirigido por George Cuckor, mas este acabou por ser substituído por um muito menos experiente Richard Brooks quando se apercebeu nos problemas que seriam levantados pelos censores. Brooks já era um dos autores do argumento, e a sua decisão de ensaiar o filme como se fosse uma peça de teatro assegurou-lhe a intensidade claustrofóbica da fonte original, e ainda amplificava o poder das interpretações, como não havia mise-en-scéne ou trabalho de câmera para nos distrair. 

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domingo, 3 de abril de 2016

Os Irmãos Karamazov (The Brothers Karamazov) 1958

1870, Rússia. Numa pequena cidade, Fiódor Karamazov, um viúvo mulherengo, vive em conflito com os filhos: o idealista Dimitri, o intelectual ateu Ivan, o cristão fervoroso Alexei e o bastardo Smerdjakov, que sofre de crises de epilepsia. A situação piora quando Dimitri se apaixona pela amante do pai.
Poucos desafios serão tão difíceis como este, transportar para o cinema uma das mais complexas e aclamadas obras da literatura mundial, para um filme com duas horas e meia. Richard Brooks já tinha uma carreira muito interessante em Hollywood, e aceitou o desafio. Brooks optou por dirigir o seu focus para a relação entre Dmitri e Grushenka, e para o crime que se sucedeu na esteira da sua relação, deixando os dilemas morais de Ivan e Alexei como elementos periféricos. Também tentou captar o romance de Dostoiévski de uma forma visual, bem evidenciado no trabalho do director de fotografia John Alton, que procurava evocar o estado de espírito que não podia ser transmitido através do diálogo.
O maior sucesso deste filme veio das interpretações que Brools conseguiu retirar do seu elenco. Lee J. Cobb em primeiro lugar, como o patriarca da família, que lhe valeu uma (a única do filme) nomeação para o Óscar. Salmi está muito bem como o calculista Smerdjakov, assim como William Shatner (primeiro papel relevante no cinema). Maria Schell fez a sua parte, de sorriso luminoso, no papel de Grushenka, enquanto Yul Brynner tinha o seu trabalho de interpretação mais relevante até então, como Dimitri. O luxo do elenco contava ainda com outras estrelas, como Claire Bloom, Richard Basehart e Judith Evelyn.
Brynner estava ciente da importância do filme, e do seu papel nele. Obrigou o estúdio a contratar um historiador pessoal para o acompanhar ao longo da rodagem. O escolhido foi o conde Andrei Tolstoy, sobrinho do famoso escritor russo.Enquanto o degrau de sucesso sobre a adaptação desta obra de Dostoiévski tem sido debatida vigorosamente, dividindo bastante as opiniões, é, no mínimo, um bom serviço como entretenimento.

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terça-feira, 7 de outubro de 2014

Sementes de Violência (Blackboard Jungle) 1955



Richard Dadier (Glenn Ford) tem uma missão de ensino numa escola difícil, onde os alunos fazem as regras, e os professores aceitam humildemente o facto de terem perdido o controlo da situação. Quando Dadier tenta exercer a sua autoridade, recebe muita hostilidade por parte dos alunos e professores, com a sua esposa grávida a receber mensagens anónimas falsas dele estar romanticamente envolvido com uma professora na escola. Com raiva, Dadier lança uma acusação conta Gregory Miller, um negro muito temido por ele. Miller não nega a acusação, e pelo contrário ainda aumenta a tensão entre os dois, mas será que é realmente o culpado?
Hoje em dia, o principal motivo da fama de "Blackboard Jungle" é porque em 1955 incluía na sua banda sonora o tema de Bill Haley and the Comet's "Rock Around the Clock", a primeira vez que uma canção de rock n´roll era usada num filme, e era um factor importante garantir o sucesso da música como publicidade para este novo tipo de som. Lançado em 1955, o filme destacava uma obsessão da América, e também de alguns países ocidentais, pelos gangues juvenis, um assunto que ainda era muito virgem no cinema.
Escrito e realizado por Richard Brooks, que se baseou numa peça de Evan Hunter, "Blackboard Jungle" virtualmente inventava o sub-género delinquência juvenil no cinema. Foi uma óbvia influência para "Rebel Without a Cause", assim como outras imitações menores. O género floresceu por alguns anos, nos velhos estúdios como a MGM, que produziu o filme de Brooks, e ainda um famoso filme de William Morgan, "The Violent Years". Estreado poucos meses depois de "Blackboard Jungle", e com argumento de Edward Wood Jr, era a antítese do filme de Brooks.
Algumas caras conhecidas no elenco, em papéis menores, como Sidney Poitier, Vic Morrow, Paul Mazursky, e o filme acabaria por conseguir quatro nomeações ao Óscar, de argumento, fotografia, direcção de arte e montagem.   

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quinta-feira, 3 de julho de 2014

Lord Jim (Lord Jim) 1965



Baseado num conto de Joseph Conrad, "Lord Jim" é uma história de um homem em busca de redenção, por um acto de covardia que surgiu a partir da própria fragilidade humana. "Lord Jim" conta com Peter O'Toole na pele do personagem do título, um jovem oficial na Marinha Mercante, que se desgraça ao abandonar o navio. Desonrado procura uma forma de aliviar o seu erro, não apenas perante os olhos da marinha inglesa, mas também perante si próprio. Entretanto, recebe a dura missão de entregar um carregamento de dinamite, algures num local desconhecido do Oriente, e acaba por se unir aos nativos locais na sua luta contra O General (Eli Wallach), um rude opressor. Pelo caminho ele conhece Brown (James Mason), um pirata que tem um plano misterioso e que irá colocá-lo em confronto com o seu verdadeiro destino.
Realizado por Richard Brooks, no auge da sua popularidade, durante a década de sessenta, "Lord Jim" é um filme que viveu na sombra de uma outra grande obra interpretada pelo mesmo protagonista, Peter O´Toole. Estou a falar, é claro, de "Lawrence da Arábia", de David Lean. Há uma relação simbiótica entre estes dois filmes, isto porque a personagem do romance de Conrad deu a hipótese a O'Toole de trabalhar mais um anti-herói, igualmente forte e mentalmente desgastante. O filme de David Lean era um exercício de poética cinematográfica, construido sobre uma estrutura de estudo de personagem, Brooks oferece uma estrutura filmíca rigorosa. Enquanto as versões anteriores de Brooks de obras de Dostoyevsky, Williams, e Fitzgerald foram prejudicadas pelos caprichos de Hollywood, "Lord Jim" abriu-lhe uma janela para ele fazer o filme que quisesse, sem falsos finais felizes impostos, mas a sua visão acabou por irritar mais gente do que era esperado.
Estilisticamente, Lord Jim é um retrato da técnica cinematográfica em transição, dividida entre a mística de Hollywood e autenticidade de uma abordagem mais moderna. Não foram apenas as raízes de Conrad que fazem "Lord Jim" parecer um precursor de Apocalypse Now, entre outros, mas o seu desejo de se envolver mais a sério em temas como a raça e a sexualidade, política e o carácter pessoal, deixam o filme um pouco abaixo das suas expectativas. Ainda assim é um grande épico da década de 60.

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