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quinta-feira, 2 de maio de 2019

A Estrada do Tabaco (Tobacco Road) 1941

Durante a Grande Depressão americana, a família Lester não sabe como sobreviver à miséria que se avizinha. Residem e gerem os territórios rurais da Geórgia, cultivados com tabaco e algodão, mas já nem isso os salva. Debilitados pela pobreza ao ponto de atingirem um estado de ignorância e egoísmo cruel, os Lesters preocupam-se com a fome, os apetites sexuais que os devoram e o medo de que a hierarquia social os empurre para uma camada ainda mais desfavorecida.
O filme mais estranho de John Ford, é como uma realidade alternativa para "As Vinhas da Ira". Baseado num livro de Erskine Caldwell, e numapeça longa de Jack Kirkland, com argumento escrito por Nunnally Johnson, o filme concentra-se num grupo de camponeses que ainda ocupam as suas terras, mesmo depois das plantações terem deixado de crescer. Charley Grapewin dá algum equilibrio como Jeeter Lester, um homem de bom coração, à frente de um elenco de peso: Gene Tierney, Wiliam Tracy, Dana Andrews, Marjorie Rambeau, Elizabeth Patterson e Ward Bond.
O filme foi bastante prejudicado por ter sido homogeneizado pelos pedidos dos estúdios e dos censores, indo parar à lista dos filmes amaldiçoados. Depois de várias reclamações de que "muitas pessoas religiosas em todo o pais possam ter ficado ofendidas com os aspectos religiosos", Ford aligeirou o tom do filme. Segundo as suas palavras: "We have no dirt in the picture. We’ve eliminated the horrible details and what we’ve got left is a nice dramatic story. It’s a tearjerker, with some comedy relief. What we’re aiming at is to have the customers sympathize with our people and not feel disgusted." Para evitar controvérsias a Fox decidiu não filmar em exteriores, na Geórgia, mas sim em estúdios e cenários fechados para impedir que o filme fosse banido antes da estreia. Eventualmente só seria banido na Austrália.
O certo é que seria mais um filme injustamente esquecido de Ford, talvez por ter sido lançado mesmo no meio de dois filmes em que Ford foi premiado com o Óscar de Melhor Realizador: "As Vinhas da Ira" (1940) e "O Vale era Verde" (1941).

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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

A Mão Esquerda de Deus (The Left Hand of God) 1955



"The Left Hand of God" é um drama extremamente peculiar, em parte devido à decisão do argumentista Alfred Hayes em se concentrar quase que exclusivamente em cenas de personagens, apesar do cenário da Revolução Chinesa marginal durante o final dos anos quarenta, e a névoa perceptível da tristeza circundante no seu elenco principal: era o antepenúltimo filme de Humphrey Bogart, e o canto do cisne da carreira de Gene Tierney, antes de travar uma luta com a doença mental que a manteve fora da tela durante sete anos. 
Um homem com vestes sacerdotais, aparentemente o tão esperado Father O'Shea, chega a uma missão católica pouco frequentada, na China de 1947. Embora o homem pareça curiosamente desconfortável com os seus deveres sacerdotais, as suas tácticas duras são muito bem sucedidas nas Sete Aldeias, enquanto à volta deles a China se desintegra numa guerra civil e numa revolução. Mas ele tem um segredo, e a sua amizade com a enfermeira da missão Anne (uma viúva bastante atraente) parece estar a tomar um rumo pouco vulgar...
Uma produção menor do que outros filmes de estúdio "asiáticos" do período - como " Inn of the Sixth Happiness (1958)" do produtor Buddy Adler,  ou Love is a Many-Splendored Thing (1955) - a maioria dos cenários são compactos, levando a suspeitar que o filme nunca foi feito para ser mais do que uma obra de nível médio, num filme interpretado por duas estrelas de Hollywood em decadência: Humphrey Bogart e Gene Tierney. "Left Hand of God" poderia facilmente funcionar como uma peça de teatro, mas Dmytryk e o diretor de fotografia Franz Planer (20.000 Léguas Submarinas) quiseram investir cuidadosamente na organização de planos para manter a intimidade das personagens, apesar do scope largo.
Algumas sequências de flashback quebram com as cenas de interiores, e a viagem de Jim para uma missão protestante nas proximidades também introduz uma nova ameaça - a exposição e a vingança da igreja - mas Jim descarrega toda a tensão ao admitir que ele é um impostor para o reverendo Marvin (personagem do veterano actor Robert Burton). É mais uma volta estranha na adaptação do romance de William Barrett Hayes, mas faz sentido em termos de manter o drama focado em Jim, e mantendo o foco da trama num  eventual confronto entre ele e Yang (Lee J. Cobb).

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terça-feira, 14 de maio de 2013

O Gaúcho (The Way of a Gaúcho) 1952



Argentina, década de 1870. Um rico latifundiário, Don Miguel Aleondo (Hugh Marlowe), voltou de Buenos Aires para as pastagens infinitas conhecidas como pampas, para trazer ainda mais civilização de influência europeia ao seu país recém-unificado. Para os gaúchos, contudo, os selvagens, cowboys orgulhosos e violentos que vivem uma existência nómade a cuidar do gado, este desenvolvimento acabará por significar a sua destruição. Um gaúcho ferozmente independente, Martin Penalosa (Rory Calhoun), o irmão adoptivo de Don Miguel, não vê estas mudanças com bons olhos, mas Don Miguel é o seu patrão, e ele vai seguir as suas ordens. Infelizmente, o fosso entre as filosofias dos irmãos torna-se imediatamente aparente na festa de boas-vindas em casa de Don Miguel: Martin mata um gaúcho que insultou Don Miguel, como um fraco que se entrega a influências "estrangeiras". Ao contrário do seu pai, que teria visto o acto de Martin como honroso, Don Miguel concorda que Martin deve ir para a cadeia pelo seu crime, porque a idade dos governantes independentes autónomos de um governo central, está desaparecida. Para evitar uma sentença de morte, Martin é forçado a entrar no Exército, onde ele encontra um companheiro gaúcho descontente, Falcon (Everett Sloane), bem como o seu comandante: o frio, rígido, e disciplinador major Salinas (Richard Boone). Incapaz de adoptar não só a disciplina dos militares, mas também a sua filosofia de luta contra a população indígena para mais tarde "civilizar" os pampas, Martin deserta e quase imediatamente resgata a linda Teresa Chavez (Gene Tierney) depois de um ataque indio.
Baseado num romance de Herbert Childs (com uma história que parece diretamente tirada a partir do famoso poema argentino, Martin Fierro, de José Hernandez, sobre um gaúcho que é preso e, de seguida, deserta para se tornar um líder rebelde) temos o argumento de Philip Dunne, um argumentista habituado a todos os tipos de entretenimento (How Green Was My Valley, The Ghost and Mrs. Muir, The Robe, The Egyptian, The Agony eo Ecstasy), e não estava disposto a deixar que um projeto como este descesse a um melodrama escabroso, optando por um tom de melodrama "respeitável", isto é, com o frama a ser um pouco abafado. 
Não é dos filmes de Jacques Tourneur mais conhecidos, mas ainda assim é uma curiosidade. 

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