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terça-feira, 19 de junho de 2018

Tom Jones, Romântico e Aventureiro (Tom Jones) 1963

No século XVIII, uma criança abandonada é criada por um nobre inglês. Quando adulto, Tom Jones torna-se um playboy e mulherengo, mas quando o seu tutor morre ele apaixona-se por Sophie, e vê-se obrigado a mudar o seu comportamento.
Um dos grandes sucessos de bilheteira dos anos sessenta, e vencedor de quatro Óscares da Academia (incluindo melhor filme e melhor realizador), foi financiado por dinheiro americano, cortesia da United Artists, numa tentativa de aproveitar o sucesso desta vaga de filmes ingleses. Afasta-se um pouco dos outros filmes da série, na verdade até tem pouco a ver, mas inclui muita gente que estava ligado a este movimento. Desde o realizador, Tony Richardson, o que mais havia contribuído até então, o argumentista John Osborne, o director de fotografia Walter Lassally ("The Loneliness of a..."), ou o actor Albert Finney.
Tony Richardson dirige esta fantasia histórica como uma alegre brincadeira passada em Somerset e Londres do século 18, com muitas cenas a serem filmadas no Oeste do país. Richardson usa algumas técnicas da recente Nouvelle Vague que incluem movimentos de câmara em stop motion, jump cuts, e até alguns olhares ocasionais para a audiência.  John Osborne, que também ganhou um Óscar pelo argumento, consegue passar para filme 1000 páginas de um romance clássico de Henry Fielding, e consegue preservar o espírito do livro, mantendo-o como uma comédia irreverente, embora esteja muito distante do conteúdo da história original. 
Uma grande interpretação de Albert Finney, bem acompanhado por um elenco de luxo: Susannah York, Diane Cilento, Hugh Griffith, Edith Evans, Joyce Redman, David Warner, Lynn Redgrave, entre outros. Conseguiu a proeza de ter cinco actores nomeados para Óscares, coisa que poucos filmes conseguiram até hoje, embora não tenha vencido nenhum. 

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sábado, 16 de junho de 2018

The Loneliness of the Long Distance Runner (The Loneliness of the Long Distance Runner) 1962

"No preto-e-branco gráfico e cuidadoso da película, vemos o jovem correndo. Desloca-se – rapidamente, mas sem pressa – por entre bosques cinzentos, resvalando na vegetação áspera, desviando-se dos galhos mais baixos, alterando seu rumo ao sabor dos instintos. Seus braços por vezes movimentam-se como que a querer apanhar o vento que investe contra seu corpo e revigora sua jornada; é nítido o prazer que o jovem desfruta deste ato. Ele corre porque é o que sabe fazer melhor; corre por inteiro, podíamos talvez dizer. Corre com a intensidade de quem só assim parece sentir-se vivo. 
 No belo filme britânico "The loneliness of the long-distance runner", o protagonista Colin Smith é um jovem transgressor – oriundo de uma família proletária disfuncional – cujo grande talento é a aptidão para corridas de fundo. Nesta obra, o ato de correr apresenta-se como um elemento metafórico para veicular com potência a mensagem libertária que perpassa toda a história.A vocação de Smith para correr é um símbolo de seu esforço em enfrentar a adversidade e confrontamento com a autoridade que perpassa sua existência: no presente da narrativa, ele é um dos internos em um reformatório, depois de ser apanhado por um pequeno roubo. Mas afigura-se também como um meio pelo qual escapar a sua condição de confinamento, quando é conduzido a uma situação-limite que irá forçá-lo a um impasse: uma competição em que vencer poderá garantir-lhe a promessa de um novo estatuto social, enquanto perder seria uma forma de resguardar sua integridade e valores pessoais. Ele não pode vencer a corrida, se quiser seguir correndo, metaforicamente, em sua jornada pessoal. Correr é seu derradeiro ato de liberdade." Por Guy Amado
Adaptado para o grande ecrã por Alan Sillitoe, de uma curta história sua, e com realização de Tony Richardson. Funciona melhor do que muitos dos seus pares da nova vaga britânica, mantendo a mesma frescura mais de 50 anos depois da sua estreia, graças ao tema principal intemporal. Quando estreou foi visto como um contraponto a "Os 400 Golpes" de François Truffaut, e ultrapassa-o em certos aspectos.

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Uma Gota de Mel (A Taste of Honey) 1961

Brancos e negros, homossexuais e heterossexuais, mães e filhas, classe, e entrada na idade adulta. Jo é da classe trabalhadora, uma adolescente que vive com a mãe bêbada e libidinosa no norte de Inglaterra. Quando a mãe se casa impulsivamente, Jo está nas ruas, ela e Geoffrey, um amigo gay com quem anda à deriva, encontrando um quarto juntos. Jo engravida depois de uma noite com um marinheiro bêbado, e é Geoffrey quem assume os preparativos para o nascimento do bébé, tornado-se, na verdade, o pai dele.
Um intenso drama juvenil "Kitchen Sink", retratando realisticamente a vida da classe trabalhadora britânica. Tony Richardson adapta com êxito a peça de estreia de Shelagh Delaney, para o cinema, com o filme a introduzir-nos a mais uma possível estrela britânica, em estreia absoluta no cinema, Rita Tushingham, uma jovem de 19 anos que com este papel ganharia os prémios de interpretação feminina no Festival de Cannes e nos Golden Globes, graças ao seu papel sem usar maquilhagem, de uma jovem das favelas que fica mãe solteira. 
Infelizmente é um filme que fica um pouco datado para os padrões modernos, mas na altura em que estreou "A Taste of Honey" era um filme chocante e intrigante, abordando temas como relações de brancos com negros, mães solteiras adolescentes e jovens gays. Captura na perfeição as ruas sujas e a vida dos trabalhadores da classe operária.
Rita Tushingham era uma grande promessa, com um começo de carreira bastante promissor, mas acabaria por desaparecer entre telefilmes e episódios de séries.

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quinta-feira, 14 de junho de 2018

O Comediante (The Entertainer) 1960

No meio da crise do Suez um actor de teatro fracassado (Laurence Olivier) recusa-se a reconhecer o seu estado de coisas, enquanto se apresenta diante de plateias vazias, traíndo a sua esposa bêbada (Brenda de Banzie), e ajudado pelo seu pai doente (Roger Livesey) a financiar a sua última produção, sempre debaixo do olhar atento da filha (Joan Plowright).
Segunda obra de Tony Richardson, que tal como "Look Back in Anger" era a adaptação de uma peça de John Osborne. Contando com Laurence Olivier no papel principal, repetindo o papel no cinema que havia sido seu no teatro. Há uma cena comovente no filme, em que Olivier contracena com a filha (Plowright), em que ele lhe pergunta: "O que acharias se eu casasse com uma rapariga da tua idade?", ao que a filha responde: “Oh. Daddy”. Depois de produzido o filme, Olivier acabaria por casar com Plowright, depois de se divorciar de Vivien Leigh. Com 22 anos de diferença entre os dois, acabariam por viver juntos até à morte do actor. 
"The Entertainer" foi um dos grandes sucessos de Laurence Olivier, tanto no teatro como no cinema, onde o actor é uma verdadeira força, interpretando uma personagem intensamente desagradável. Tony Richardson captura com sucesso os lugares sujos de Londres, e a desagradável aura da história. Também é interessante ver Alan Bates e Albert Finney, ambos em início de carreira, e ambos como filhos de Olivier. 
Legendas em espanhol.

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segunda-feira, 11 de junho de 2018

Paixão Proibida (Look Back in Anger) 1959

Apesar de ter formação universitária, Jimmy Porter (Richard Burton) não consegue um trabalho melhor do que ter, em conjunto com Cliff Lewis (Gary Raymond), uma barraca de doces numa feira. A relação de Jimmy com Alison (Mary Ure), a sua esposa, alterna entre abraços e beijos quando se sente bem e ofensas verbais quando está irritado, o que é mais frequente. A actriz Helena Charles (Claire Bloom), a melhor amiga de Alison, vai ficar alguns dias hospedada com eles, enquanto encena uma peça. Helena foi convidada por Alison, que precisa de alguém para conversar, mas Jimmy não a suporta e ofende-a sempre que possível. Ela, por sua vez, diz para Alison abandonar Jimmy, pois o casamento só lhe trouxe infelicidade.
Drama autobiográfico baseado numa peça Londrina de 1956, da autoria de John Osborne, que é o primeiro trabalho na realização de Tony Richardson. A peça também tinha sido encenada por Richardson. A adaptação para cinema é da autoria de Nigel Kneale, uma adaptação extraordinariamente inteligente, sacrificando as tensões claustrofóbicas da peça, os longos discursos nos quais Jimmy Porter faz as suas agressões, mas dá mais peso ao drama pessoal. Como uma expressão de uma atitude, o filme é significativamente mais fraco do que a peça. Como exploração de uma situação entre pessoas é possivelmente mais forte.  
Legendas em espanhol.

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sábado, 1 de agosto de 2015

Ned Kelly (Ned Kelly) 1970

Baseado numa história verdadeira, Ned Kelly é incapaz de sustentar a sua família, no interior australiano, e vira-se para o roubo de cavalos, a fim de ganhar algum dinheiro. À medida que vai roubando cavalos, vai ficando cada vez mais atraído pela vida de fora da lei, até que se vê envolvido em assassinatos.
Dois factos importantes saltam à vista neste filme, que apesar de ter sido todo rodado na Austrália, é uma produção britânica. Primeiro é a realização de Tony Richardson, um realizador que estava intimamente ligado ao movimento da Nova Vaga do Cinema Britânico, sobre o qual tinha realizado alguns dos melhores filmes, como "Tom Jones", "The Entertainer" ou "The Loneliness of the Long Distance Runner". "Ned Kelly" acabaria por ser o seu pior filme, até esta altura. Depois, seria a estreia de Mick Jagger, vocalista dos Rolling Stones, no mundo do cinema. 1970 seria um ano chave para a sua carreira, já que também protagonizou o excelente "Perfomance", de Nicolas Roeg, mas Jagger só voltaria às longas metragens, 16 anos mais tarde.
De resto, não há muito mais a dizer, a não ser que é um western disfarçado de biopic, baseado na famosa história de um fora da lei australiano que viveu no século XIX. Uma curiosidade.

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