domingo, 20 de outubro de 2013
O Corredor do Silêncio (Shock Corridor) 1963
Fuller, que tinha sido um gerador de filmes de "série B" confiáveis e controversos durante a década e meia anterior, estava a chegar ao fim da fase mais produtiva da sua carreira, quando tirou o pó de uma história que tinha pensado para Fritz Lang anos antes, e decidiu fazê-la ele mesmo. Dentro do território de Fuller, era o tipo de idéia que ele provavelmente teria tido se voltasse aos seus dias de jornalista de manchetes, quando perseguia notícias na pré-guerra em Nova Iorque: um repórter de publicidade, louco, ansioso por desvendar o caso de um assassinato ocorrido num manicómio, que finge ser louco a fim de conseguir entrar no asilo e começar a investigar.
O jornalista é Johnny Barrett (Peter Breck), um homem que já desde a adolescência sonha em ser repórter na grande cidade. Não importa o quanto a sua namorada dançarina, Cathy (Constance Towers), proteste contra a idéia, Johnny tem os olhos fixos no Pulitzer e não consegue pensar noutra coisa senão ganhá-lo. É assim que ele quer denunciar um assassinato não solucionado num hospital mental em que espera que a história lhe daria o Prémio Pulitzer. Enquanto o seu editor Swanson (Bill Zuckert) está relutante em deixá-lo fazer isso, deixa Barrett ir em frente, alegando que este tem uma relação incestuosa com a irmã. Cathy relutantemente finge ser sua irmã, e assim ele consegue entrar no hospital psiquiátrico. Tentando fazer amizade com três testemunhas: Stuart (James Best), um afro-americano chamado Trent (Hari Rhodes), e um ex-médico chamado Boden (Gene Evans), Barrett tenta obter respostas, e com o tempo no hospital a passar vai chegando cada vez mais perto da verdade, mas a sua sanidade começa a desmoronar-se...
Inicialmente concebido como uma exposição dos horrores do sistema de saúde mental, Shock Corridor rapidamente se transforma numa outra coisa. O que Fuller acaba por apanhar é a psicopatia violenta de uma sociedade onde a xenofobia, o racismo e a paranóia da Guerra Fria foram literalmente digerindo a nação. Fuller encarna estas questões nos três doentes mentais que Johnny sabe que testemunharam o assassinato do paciente, cada um deles carrega uma ferida ou culpa.
Shock Corridor funciona como um dos grandes contos de moralidade americanos da época da Guerra Fria, digno de inclusão como um dos melhores episódios de Twilight Zone. Assim como Rod Serling sabia que só seria capaz de enfrentar os grandes temas do dia (o racismo, a xenofobia, a loucura da corrida ao armamento), apenas colocando-os num contexto de ficção científica, também Fuller só poderia colocar estes problemas sob o disfarce de uma novela pulp de exploitation.
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