sábado, 30 de novembro de 2019

O Mundo das Trevas (Quatermass and the Pit) 1967

Enquanto escavam numa nova linha de metro em Londres, uma equipa de construção descobre, primeiro um esqueleto, e depois o que eles pensam ser um velho míssil alemão da Segunda Guerra Mundial. Depois de uma análise mais aprofundada descobre-se que o "míssil" parece não ser um objecto terreste, e o famoso cientista Bernard Quatermass é chamado a investigar.
Um filme de terror da Hammer sobre uma invasão extraterrestre pode parecer antiquado para os tempos que correm, mas "Quatermass and the Pit" é muito mais do que isso. Uma história cuja premissa central é solidificada por referências ao mito, o filme foi desenvolvendo uma solidez que resiste ao teste do tempo. É uma história antiga, com todo o peso que isso implica, mas não datada.
A série de TV de Nigel Kneale "Quatermass" gerou uma breve série de filmes durante o período de 11 anos. "Quatermass and the Pit" era o terceiro, estreado nos Estados Unidos como "Five Million Years to Earth" Com uma equipa muito diferente, Andrew Kier a substituir Brian Donlevy no papel de Quatermass, e Roy Ward Baker a substituir Val Guest na realização, este filme começa com uma descoberta científica desconcertante, que levará a conclusões chocantes sobre as origens da raça humana. 

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sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Frankenstein Criou Uma Mulher (Frankenstein Created Woman) 1967

A "Evil of Frankenstein" seguiu-se esta sequela, novamente com Peter Cushing como o cientista louco obcecado com a reanimação de cadáveres e a criação de criaturas sobre-humanas. O seu último projecto envolve transferir a mente de um homem erradamente executado para o corpo da sua amante, cujo suicídio a deixou terrivelmente desfigurada. 
"Frankenstein Created Woman" está perto de estar entre os melhores filmes da Hammer, dirigido com muito estilo por Terence Fisher e apresentando uma interpretação muito subtil mas sinistra de Peter Cushing como o Barão de Frankenstein. A mulher que ele cria é Susan Denberg, uma playmate da playboy lembrada com carinho pelos fãs de "Star Trek" como uma das "Mudd´s Women". Tal como em muitos filmes da Hammer, a melhor parte é apreciar a rica fotografia de Arthur Grant e o design de produção de Bernard Robinson. O argumento da autoria de Anthony Hinds apresenta uma interessante mudança de género, invulgar para filmes da década de sessenta. 
O quarto filme da série de Frankenstein era o regresso à forma depois do desastre que tinha sido "Evil of Frankenstein". A Hammer mexeu na fórmula, e tentou aproximar o filme com a fórmula da Universal de 1932. Fisher tinha estado fora no capítulo anterior, mas tem aqui um regresso em grande.

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Drácula - O Príncipe das Trevas (Drácula: Prince of Darkness) 1966

10 anos depois do desaparecimento do Conde Drácula (Christopher Lee), um grupo de viajantes incautos, dois irmãos e as suas esposas, viajam pelos bosques dos Cárpatos, ignorando insensatamente os conselhos de um padre, e passam a noite num castelo amaldiçoado, onde um misterioso criado atende todas as suas necessidades.  Mas, naquela noite, tudo vai ser diferente..
O terceiro filme da série de Drácula, da Hammer, depois do excelente "The Brides of Drácula" trouxe Christopher Lee de volta à série, estabelecendo um modelo que o estúdio seguiria nos anos setenta. Daí em diante, Drácula seria ressuscitado, transformaria uma vitima agradável numa noiva vampira devassa, perseguiria um casal de jovens amantes, e confrontaria um velho sabichão. No entanto, apesar da forma ter ficado obsoleta, ele aqui ainda consegue ir um pouco mais longe. Apesar de não ter diálogos, o Drácula animalesco de Christopher Lee, exala um grande sentido de ameaça. De certa forma, foi o "Texas Chainsaw Massacre" dos seus tempos.
O filme também vai buscar algumas ideias aos westerns americanos, ao retratar os Cárpatos rurais como uma terra sem lei, invadida pelo medo e pela superstição, com o Padre Sandor (Andrew Kier) a aparecer como um John Wayne numa batina. A ausência de Peter Cushing é lamentável, mas esta personagem de Kier é um substituto digno. É claro que nos filmes de terror da Hammer a classe trabalhadora é sempre supersticiosa, e os ricos são todos uns monstros. Todas as pessoas boas são da classe média. Terence Fisher de novo na realização.

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quarta-feira, 27 de novembro de 2019

The Witches (The Witches) 1966

Quando estava em África, a professora Gwen Mayfield (Joan Fontaine) enfrentou um problema relacionado com tribalismo, com a sua sanidade a ser colocada à prova, sendo forçada a fugir quando praticantes de voodoo a atacaram. Alguns meses depois, quando já se sente melhor, candidata-se a um emprego numa pacata vila inglesa, que pensa que será mais seguro do que o seu trabalho anterior.  O padre Alan Bax (Alec McCowen) garante que ela será a pessoa ideal para o trabalho, mas algo de estranho se passa naquela localidade...
Diz a lenda que Joan Fontaine decidiu comprar os direitos do livro "The Witches" como um possível veículo para si pópria. Durante a década de sessenta muitos dos actores seus contemporâneos andavam a aparecer em filmes de terror, mas Fontaine não queria um papel de louca mas sim de heroína, e foi desta forma que preparou terreno para tal, num filme com produção da Hammer, tal como Bette Davis tinha feito no ano anterior com "The Nanny". Por ter sido o seu último filme no grande ecrã, gerou algum interesse ao longo dos anos, e também por ser uma das poucas incursões da Hammer no mundo da feitiçaria. 
O argumento era escrito por Nigel Kneale, o homem que tinha trazido o sucesso para a Hammer com os filmes de Quatermass, mas que fora desse território, entre a ficção ciêntifica e o terror, não tinha conseguido grande êxito, e que hoje é mais conhecido pelo seu trabalho inovador na televisão. Não se pode dizer que, de facto, seja um grande trabalho para a Hammer. Mas vale pela curiosidade.

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terça-feira, 26 de novembro de 2019

Rasputin, o Monge Louco (Rasputin: The Mad Monk) 1966

A história do lendário místico Russo Grigori Rasputin recebe um tratamento altamente ficcional da Hammer, com esta mistura liberal de terror e fresco histórico, que apresenta o sábio misterioso como uma criatura demoníaca e de outro mundo. Christopher Lee é o monge do título, que entra no mundo do czar russo lançando um feitiço sobre dois cortesões, o Dr. Zargo (Richard Pasco) e a bela Sónia (Bárbara Shelley). Tornando-se um assessor de confiança e confidente da Czarina, Rasputin ameaça a estrutura do poder nacional. 
A lenda de Rasputin sempre teve elementos do bizarro e do sobrenatural, mas este argumento de Anthonhy Hinds reinventa o conto como uma história de terror completa. Christopher Lee tem um interpretação, extraordinariamente exagerada como o monge enlouquecido, que usa a sua capacidade mística de cura e poderes de hipnose para abrir caminho à confiança da czarina russa, destruindo qualquer um que se interponha no caminho. Diz-se que antes de rodar o filme Lee conheceu a filha e os assassinos de Rasputin, para o ajudarem na caracterização do personagem. 
Com Don Sharp na realização, este filme foi feito nos mesmos cenários de "Drácula: Prince of Darkness", de Terence Fisher, com muitos actores em comum entre as duas obras, com o filme de Sharp a ser talvez mais extravagante. Estreou nos cinemas em sessão dupla com "The Reptile", que também já vimos aqui.

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The Plague of the Zombies (The Plague of the Zombies) 1966

Jovens trabalhadores estão a morrer por causa de uma misteriosa epidemia numa pequena vila da Cornualha. O doutor Tompson está desamparado e pede ajuda ao professor James Forbes. O professor e a filha chegam, e coisas terríveis começam a acontecer, para lá da imaginação e da realidade. De repente, os mortos começam a viver de novo, e o professor Forbes acredita que magia negra esteja envolvida, e alguém com um poder extraordinário estela por trás disto...
O realizador John Gilling tem um lugar especial no coração dos fãs da Hammer, principalmente por causa de dois filmes consecutivos lançados em 1966, "The Plague of the Zombies" e "The Reptile", que podem ser visto como dois filmes irmãos estilisticamente, pois partilham cenários, exteriores, e ambos têm a mesma estrutura básica (um estranho que investiga acontecimentos estranhos na tranquila cidade da Cornualha, em que um amigo ou parente é, ou era, residente). Ao vê-los juntos o espectador verá ainda mais semelhanças. 
"The Plague of the Zombies" é um filme de terror atmosférico da Hammer que diverge bastante das versões bem sucedidas dos monstros clássicos da Universal no território dos Zombies, um género que ainda não tinha recebido a sua infusão de sangue novo com o clássico de Romero "The Night of the Living Dead", que só estrearia dois anos depois. O incrível argumento de Peter Bryan, que deve muito a "White Zombie" (1932), tem um interessante subtexto sobre as diferenças entre a aristocracia britânica e a classe trabalhadora explorada, mas o filme não é uma alegoria política, mas sim mas sim uma obra de terror atmosférico, das melhores que a Hammer fez. 

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domingo, 24 de novembro de 2019

A Mulher-Serpente (The Reptile) 1966

Harry Spalding e a sua esposa Valerie herdam uma casa de campo numa pequena vila, depois do irmão dele morrer misteriosamente. Os habitantes locais são hostis e o seu vizinho Dr. Franklyn (doutor de teologia), sugere que eles se vão embora. Eles decidem ficar, para descobrir que um mal misterioso assola esta comunidade.
O género de terror transborda com monstros masculinos, e demónios machistas, porque monstros no feminino sempre foram uma raridade. A produtora deste filme, a Hammer, sempre tentou contrariar esta tendência com inúmeros filmes de terror gótico, como The Brides of Dracula (1960), The Gorgon (1964), Frankenstein Created Woman (1967), Countess Dracula (1970) and Dr. Jekyll and Sister Hyde (1971). Um dos mais negligenciados e subestimados filmes da Hammer, que contava com uma mulher monstro foi este "The Reptile". Foi filmado ao mesmo tempo que outro filme de John Gilling, usando os mesmos cenários em Cornwall, o clássico "The Plague of the Zombies", mas na altura do lançamento acabou por estrear com "Rasputin, the Mad Monk", de Don Sharp, um filme de pequeno orçamento, acabando assim por ficar enterrado no box-office. Merecia melhor sorte este "The Reptile", que hoje é visto como um clássico menor. De certa forma, "The Reptile" faz lembrar os filmes de terror atmosférico de Val Lewton (como I Wlaked With a Zombie ou Cat People), e os clássicos de terror da Universal, pelo menos no que diz respeito a atmosfera.
Jacqueline Pearce foi a única actriz da Hammer a interpretar dois monstros no cinema (em "The Reptile" e o cadáver ressuscitado em "The Plague of Zombies"), era mais conhecida entre os fãs de Sci-fi, pelo seu papel de Servalan na série de TV, "Blake's 7". Em "The Reptile", o seu lado negro, e a beleza sensual são usados para efeitos de arrefecimento, especialmente na sequência em que ela se contorce na cama, em resposta a um estranho cântico de Malay. 
"The Reptile" tem uma elegância visual, e uma sensação de morte eminente que o colocam numa posição de destaque em relação a muitos outros filmes de série b. Há ecos de tragédia negra na obscura relação entre o Dr. Franklyn e a sua filha (a terrível maldição é fruto da curiosidade científica do seu pai).Ken Russell presta uma homenagem a este "The Reptile" com "The Lair of the White Worm" (1988).

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A Velha Ama (The Nanny) 1965

Bette Davis é uma ama inglesa que tem à sua carga um jovem perturbado de 10 anos, que recebeu alta de uma casa de correcção depois de lá ter passado dois anos, por supostamente ter afogado a irmã no banho. Regressa para um pai que não o ama, uma mãe frágil, e a ama, que ele odeia. A suspeita surge novamente quando a mãe é envenenada e o jovem continua a insistir que a ama é a culpada. O jovem, Joey, afirma que a ama foi a responsável pela morte da irmã mais nova, e apenas a jovem vizinha de cima acredita nele.
Este pequeno exercício de suspense é um dos melhores filmes não sobrenaturais da Hammer durante a década de sessenta. Com um argumento forte e muito bem elaborado por Jimmy Sangster, que infunde os arrepios habituais com um pouco de comentário social sobre o sistema de aulas inglês, e define as expectativas do espectador com algumas reviravoltas inesperadas. A realização cuidada de Seth Holt faz justiça a este argumento, dando ao espectador uma falsa sensação de segurança na primeira metade do filme, para depois fazer uma transição hábil para as revelações surpresas da segunda metade. 
As interpretações são outro dos pontos fortes do filme: William Dix tem uma força muito interessante no papel da criança problemática, Wendy Craig mostra uma figura muito simpática como a mãe vulnerável e muito vaidosa, e claro que o maior destaque tinha de ser para Bette Davis, no papel da ama. Uma estrela aparentemente em decadência, mas que ainda consegue dar uma força impressionante aos seus personagens. 

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sábado, 23 de novembro de 2019

A Maldição de Frankenstein (The Evil of Frankenstein) 1964

Fugindo dos furiosos moradores da cidade por causa das suas experiências pouco vulgares, o Dr. Frankenstein (Peter Cushing) e o seu assistente Hans descobrem a sua criação original - que todos pensavam estar destruída - preservada no gelo. Enquanto tenta reviver o monstro no seu novo laboratório, o doutor percebe que o cérebro da criatura está dormente. Apenas Zoltan (Peter Woodthorpe), um místico hipnotizador, pode despertá-lo. Mas Zoltan decide usar a criatura para os seus próprios fins, e causa uma violenta sequência de eventos.
Realizado por Freddie Francis, "The Evil of Frankenstein" era uma sequela directa de "The Revenge of Frankenstein", e o terceiro na série de Frankenstein da Hammer. Foi mal recebido pelos críticos e é frequentemente considerado o pior da série, que chegou a sete capítulos. 
Em primeiro lugar, o filme sofreu com a troca de realizador, com Freddie Francis a ocupar a cadeira outrora de Terence Fisher. Por outro lado, o filme era prejudicado com o acordo que a produtora chegara a acordo com a Universal, acordo esse que permitia maquilhagem semelhante à usada pela Universal, assim como uma apropriação mais liberal de elementos da história. A maior parte do filme é sobre os esforços do Barão de Frankenstein em fugir às autoridades locais, e o argumento de Anthony Hinds faz do Barão um génio temperamental em vez de um génio implacável.
Felizmente Terence Fisher voltaria ao leme da franquia no quarto episódio da série, e tudo voltaria à normalidade.

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quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Nightmare (Nightmare) 1964

Janet é uma jovem aluna de uma escola particular. As suas noites são perturbadas por sonhos horríveis em que vê a sua mãe, que na verdade está trancada num manicómio, a assombra-la. Expulsa por causa dos pesadelos persistentes, é enviada para casa, onde os pesadelos continuam. 
Escrito por Jimmy Sangster, esta foi mais uma tentativa da Hammer de imitar o sucesso de "Psycho", ou melhor, pegar nessa história sinistra e inspirar-se no filme que inspirou Alfred Hitchcock, "Les Diaboliques," um thriller francês que era imensamente influente na sua época.
Freddie Francis realiza aqui o seu segundo filme para a produtora, uma obra pouco conhecida comparada com os mais famosos filmes de monstros, e poucas vezes vista. Apesar de não ser um filme de terror, é parecido com os filmes de monstros, em grande parte porque a primeira metade do filme tem um tom muito parecido com o melhor de gótico que a Hammer fazia, principalmente porque a razão principal porque a jovem protagonista está fragilizada é porque está a ser assombrada. Mas é aqui que o argumento de "Nightmare" dá uma súbita guinada levando-nos para território imprevisível. 
Com um jovem Jennie Linden no papel de protagonista, a estrear-se aqui no mundo do cinema. Ao longo da sua carreira viria a trabalhar praticamente só em televisão.

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terça-feira, 19 de novembro de 2019

A Morte Passou Por Perto (The Gorgon) 1964

Quando um professor (Michael Goodliffe) chega a uma pequena localidade para investigar a morte do filho, e da sua amante, é transformado em pedra por uma Górgon, levando o seu segundo filho (Richard Pasco) a chegar para uma investigação mais aprofundada. Pasco vai apaixonar-se pela bela assistente (Barbara Shelley) de um doutor (Peter Cushing) , enquanto que um professor (Christopher Lee), especialista em folclore, está convencido que a Górgon incorporou a forma humana.
"The Gorgon" é um dos melhores filmes góticos da Hammer, e um dos pontos altos da carreira de Terence Fisher. Depois de refazer os clássicos monstros da Universal - Drácula, Frankenstein, o Homem Lobo, o Fantasma da Ópera - durante mais de meia década, a Hammer resolveu dedicar-se a algo mais original, e também muito mais antigo. John Gilling escreveu o argumento, inspirado numa história de J. Llewellyn Devine, voltando à mitologia clássica para criar a primeira monstra da Hammer. Megaera, um espírito imortal que de alguma forma encontrou o caminho para a Alemanha, onde toma posse do corpo de uma pessoa a cada lua cheia, transformando-se no Górgon de cabelos de cobra que transforma em pedra qualquer pessoa que olhe directamente para ela.
Apesar de Gilling ficar insatisfeito pelas mudanças feitas por Anthony Hinds no argumento, a história e as personagens garantem a Terence Fisher algum do seu trabalho mais rico, uma mistura complexa de conflitos psicológicos com uma atmosfera romântica de conto de fadas. 

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segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Em 2020 no M2TM

O Louco (Paranoiac) 1963

Onze anos antes, a rica família Ashby foi abalada quando o Sr. e a Sra. Ashby morreram num acidente de avião, e o seu filho de luto, Tony, cometeu suicídio. Tudo o que resta da família é o cruel Simon, um alcoólatra que precisa desesperadamente de fundos, a irmãm mentalmente frágil, Eleanor, e a tia protectora, Harriet. Simon está apenas a alguns dias de receber a herança quando o há muito tempo julgado morto, Tony, chega de repente, e o que trás consigo não é bom para o resto da família.
Mais um bom exemplo da vaga de thrillers inspirados por "Psycho", dos quais eu já falei anteriormente, os chamados "mini-Hitchcock", lançados pela Hammer durante a década de sessenta, escrito mais uma vez por Jimmy Sangster, que assim aos poucos abandonava o território do terror gótico, terreno onde tinha sido uma peça fundamental da produtora. Freddie Francis estreava-se atrás das câmaras, um mestre na direcção de fotografia, que tinha ganho o Óscar dois anos antes nesta categoria com "Sons and  Lovers", e que já tinha no seu currículo trabalho em filmes como "The Innocents", "Um Lugar na Alta Roda" e "Sábado à Noite, Domingo de Manhã". Durante um período de mais de quinze anos ele faria para se dedicar à realização, principalmente de filmes de terror, onde se incluiriam alguns trabalhos para a Hammer, que veremos aqui futuramente.
O argumento de Sangster é um pouco leve na caracterização, mas compensa com uma narrativa firmemente construída onde se acumulam twists atrás de twists, que mantém o espectador constantemente a adivinhar sobre as motivações de cada personagem. Do elenco destaca-se Oliver Reed no papel de Simon, com excessos melodramáticos que podem parecer um pouco exagerados para a época que corre, mas a intensidade visceral do seu trabalho encaixa-se perfeitamente no tom do filme.

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domingo, 17 de novembro de 2019

The Kiss of the Vampire (The Kiss of the Vampire) 1963

Dr. Ravna (Noel Willman), um bávaro do início do Século XX, atrai um casal britânico em lua de mel, Gerald e Marianne (Edward de Souza e Jennifer Daniel), a aceitar a sua hospitalidade. Uma vez abrigado no castelo de Ravna, o casal descobre com horror que Ravna, o maior fã da Baviera do Conde Drácula, é líder de um culto entusiasta aos vampiros. Clifford Evans interpreta o colefa de Van Helsing, o professor Zimmer, um especialista em vampiros que primeiro tenta alertar o casal para se manterem longe do castelo, mas depois irá salvar Marianne.
Não tão terrível como o título sugere, "The Kiss of the Vampire" concentra-se no lado sedutor e sensual do vampirismo, principalmente numa parte que atravessa um baile de máscaras, a meio do filme. Embora contenha muito menos derramamento de sangue do que a maioria dos filmes da Hammer, o filme foi severamente cortado para o lançamento na televisão americana.
Seria a primeira vez que a Hammer abordaria o mito do vampirismo sem a equipa que lançou o primeiro filme, Fisher, Cushing e Lee, mas este era um bom exemplo da marcar registada da Hammer a este mito. O argumento de Anthony Hinds, que agora era o argumentista principal para as histórias de terror, oferece uma visão sólida e tradicional do mito dos vampiros, trazendo muitos sustos, à medida que se aproxima o climax impressionante. 
Atrás das camaras está Don Sharp. Apesar do filme não trazer nada de novo para o género, é um entrada interessante nos filmes de terror da Hammer.

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sábado, 16 de novembro de 2019

O Fantasma da Ópera (The Phantom of the Opera) 1962

Melodrama gótico da Hammer Studios, com um enredo mais ou menos parecido com a história conhecida, das versões anteriores. Em vez de Paris, a acção passa-se a acção acontece na Royal Opera House, em Londres. O Fantasma (Herbert Lom) é um músico / compositor desfigurado, a quem a sua ópera é roubada por um compositor conivente, o lascivo Lord D'Arcy (Michael Gough).  O Fantasma, que vive nos esgotos por baixo da Ópera, faz com que o seu assistente anão rapte Christine Charles (Heather Sears), a actriz principal na produção de D'Arcy, por quem ele se apaixonou, e treina-a para se tornar uma cantora de ópera. Mas o noivo de Christine segue no encalço do Fantasma..
Produção da Hammer que pega em mais um icónico anti-herói do mundo do terror, mas que não foi nenhum êxito na altura da sua estreia. No entanto, o tempo fez-lhe bem. O argumento de Anthony Hinds toma a liberdade em fazer algumas mudanças em relação ao livro de Gaston Leroux, e essas mudanças funcionam: a adição de um vilão forte e a reformulação da história de fundo dão ao filme um tom próprio, singularmente trágico, assim como uma ênfase mais forte nos elementos dramáticos do que nos elementos de terror. 
Terence Fisher tem uma realização cheia de estilo, fornecendo a atmosfera exuberante esperada de um filme da Hammer, mas também mostra um toque de confiança nos seus actores. Os actores são mesmo a alma do filme, com duas brilhantes interpretações de Gough e Lom. Gough é deliciosamente perverso como o magnata desprezível cujas maquinações conduzem o enredo, e Lom é assustador e simpático na personagem do título, um homem decente levado a extremos trágicos pela crueldade da personagem de Gough. 

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Taberna Maldita (Captain Clegg) 1962

Em pleno Século VVIII, os Pântanos de uma pequena cidade costeira, e as actividades nocturnas dos homens da cidade proporcionam a acção. A Coroa Real suspeita que haja contrabando nesta região, e enviam o Capitão Collier (Patrick Allen) e a sua equipa para investigar. Quando começam a investigar começam a aparecer fantasmas no pântano, e o Capitão Collier suspeita que o estranho padre da localidade (Peter Cushing) possa estar a esconder alguma coisa.
Conhecido tanto por "Captain Clegg" como por "Night Creatures", este é um dos filmes mais únicos da Hammer. O argumento imaginativo combina aventura histórica, mistério, e alguns elementos vagos de terror, com efeitos impressionantes que destroem estes géneros. Também há aqui um ângulo político nesta história, com o argumento a criticar as pesadas regras da realeza contra a comunidade. 
Sendo um dos poucos trabalhos para cinema de Peter Graham Scott, o filme move-se a um ritmo bastante rápido, com a história a dar algumas voltas e reviravoltas ao longo do caminho. Scott trabalha a partir de um argumento de Anthony Hinds, um jovem que já tinha colaborado em duas produções dignas de nota, da produtora: "As Noivas de Drácula" e "A Maldição do Lobisomen", e que daqui para a frente colaboraria na maioria dos filmes de terror da Hammer. 
Peter Cushing, depois de um afastamento de 2 anos dos filmes de terror da produtora, é o homem que rouba o filme, muito bem acompanhado por Patrick Allen e Oliver Reed.

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quarta-feira, 13 de novembro de 2019

O Sabor do Medo (Taste of Fear) 1961

Penny (Susan Strasberg) é uma jovem que se move numa cadeira de rodas, e que regressa a casa do seu pai rico pela primeira vez em 10 anos, para ser informada pela sua nova esposa (Ann Todd) que ele saíu repentinamente numa viagem de negócios. Quando ela começa a ver o corpo do pai a aparecer pela propriedade começa a pensar que está a ficar louca, e pede ajuda ao motorista da família (Ronald Lewis) para resolver o mistério.
"Taste of Fear" (inexplicavelmente intitulado de "Scream of Fear" nos Estados Unidos"), foi o primeiro a que o produtor e gerente da Hammer, James Carreras, chamou de "mini-Hitchcocks", uma série de filmes de bastante sucesso que tentaram explorar o sucesso de "Psycho", em 1960, série essa que iremos acompanhar, em parte, ao longo deste ciclo, embora este filme deve-se mais a "Les Diaboliques", de Clouzot, do que propriamente ao filme de Hitchcock. Escrito pelo prolifico argumentista Jimmy Sangster, inicialmente escrito para outro produtor, por estar cansado de escrever terror gótico, área onde vinha a trabalhar desde "The Curse of Frankenstein", mas o argumento acabaria por voltar para a Hammer, que o produziu, com o realizador Seth Holt atrás das câmaras. 
"Taste of Fear" é um dos melhores thrillers psicológicos da Hammer, em parte por não ter sido feito a seguir uma fórmula. Começa com um estratagema audacioso de Sangster, que não se torna óbvio até ao final do filme. Mostra-nos claramente a resposta para o mistério, mas não temos informações adicionais para o perceber até quase ao último minuto. No final do filme descobrimos que quase tudo o que descobrimos ao longo dos 78 minutos não é o que parece. 
Será uma delícia para os fãs de terror "old school", não o dos monstros e vampiros, mas aquele que tem o poder de sugerir mas não mostrar. Christopher Lee, que também tem uma participação, considerou-o o seu filme preferido da Hammer.

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terça-feira, 12 de novembro de 2019

A Maldição do Lobisomem (The Curse of the Werewolf) 1961

Sobre um bébé indesejado, nascido na noite de Natal, cai uma terrível maldição. Criado por Don Alfredo (Clifford Evans), o jovem Leon (interpretado na fase adulta por Oliver Reed), passa a sofrer transformações em Lobisomem com a chegada da Lua Cheia. Só o amor verdadeiro e a compreensão podem salvá-lo de um terrível destino...
Adaptado do livro de Guy Endore "The Werewolf of Paris", com a sua história a ser alterada para Espanha para acomodar alguns cenários que a Hammer tinha construido neste país para um projecto abandonado sobre a Inquisição espanhola, "The Curse of the Werewolf" tem a sensação de ser um mini-épico. A história estende-se ao longo de vários anos, no espaço de 93 minutos, e o realizador Terence Fisher consegue manter o filme interessante até ao fim. Era desejo de longa data de Fisher fazer uma história de amor, que realmente vem à tona neste filme - definitivamente tem a sensação de um romance trágico, com a história, a ir tão longe como a estipular que "só o amor verdadeiro" pode manter Reed de se mudar para uma besta selvagem. Fisher e o argumentista "John Elder" (um pseudónimo para o produtor Anthony Hinds, que não queria parecer que estava a fazer o trabalho todo) fazem os paralelos entre a licantropia e sexualidade reprimida num tom muito negro - Reed até se transforma uma vez, enquanto visitava um bordel. Apesar das afirmações de alguns cinéfilos revisionistas, o filme não transparece uma imagem anti-católica. Na verdade, o personagem de Reed é, de certo modo, amaldiçoado por Deus - por ser o filho bastardo nascido da violência no dia de Natal -, mas a Igreja é representada no filme por um favor, com o padre (John Gabriel), a fazer o seu melhor para ajudar, mas é impotente. Se há qualquer coisa que o filme sugere, é que a Igreja é impotente para deter os danos causados ​​por uma aristocracia corrupta (encarnada pelo personagem de Anthony Dawson), tornando-se, assim, em mais uma das muitas parábolas colonialistas da Hammer.
Se o filme tem alguma falha, ela encontra-se na estrutura episódica, um problema comum em muitos filmes da Hammer. O prólogo é forte, mas perguntamos a nós próprios como é que o personagem Don Alfredo é capaz de narrá-lo, uma vez que a acção ocorre muito antes dele entrar na história. Muitos dos personagens secundários infelizmente também fazem pouco. Outro facto, é que Oliver Reed só entra pela primeira vez no filme já numa fase bem avançada. Reed, mesmo nesta fase da carreira (tinha 22 anos quando o filme foi rodado), já é uma presença carismática e Fisher consegue tirar bom proveito disso. 
Em termos de valores de produção, o filme é bastante impressionante. Os cenários de Bernard Robinson são ricamente detalhados e desmentem baixas no orçamento. A fotografia de Arthur Grant é extraordinariamente colorida e imaginativa. Alguns críticos lamentaram a decisão de Fisher de manter o lobisomem off-screen a maior parte do tempo, barrando a visão sombria do monstro, mas os efeitos especiais estão bastante razoáveis para uma obra de 1961. 

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segunda-feira, 11 de novembro de 2019

2020 no M2TM

As 2 Faces do Dr. Jekyll (The Two Faces of Dr. Jekyll) 1960

O cientista Dr. Jekyll tem na sua esposa, Kitty, uma figura que o trai com Paul Allen, um apostador que está de olho no seu dinheiro. Cansado da sua vida, Jekyll volta-se para o estudo da mente humana, tomando uma das suas poções na espera de uma resposta, mas liberta o ser escondido dentro de si: Mr. Hyde, um homem bonito e charmoso com uma mente assassina.
Esta versão invulgar do arquetipo da história de Dr. Jekyll And Mr. Hyde foi considerada uma falha na altura da sua estreia, mas o tempo foi gentil com a visão pouco ortodoxa desta história familiar. O argumento de Wolf Mankowitz minimiza as emoções e os arrepios por uma exploração psicológica da dualidade entre Dr. Jekyll e Mr. Hyde, e usa esta história para fazer uma crítica da repressão e hipocrisia da era Vitoriana. 
Terence Fisher é mais uma vez o homem ao leme de mais um filme de terror da Hammer, e dá-nos uma imagem um pouco sombria desta história, com um pouco mais de implicações sexuais do que seria de esperar de um filme desta safra. Os efeitos especiais não são dos melhores, mas a história move-se a um bom ritmo, valendo também algumas boas interpretações, como a de Paul Massie a aparecer no duplo papel. Sem Peter Cushing, mas com Christopher Lee no papel de Paul Allen, e Oliver Reed, futura estrela da Hammer, numa breve aparição.

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domingo, 10 de novembro de 2019

As Noivas de Drácula (The Brides of Drácula) 1960

Yvonne Monlaur é Marianne, uma jovem professora de francês que se dirige para uma escola de meninas nas profundezas da floresta na Transilvânia. Quando o seu motorista assustado a abandona numa pousada, os empregados primeiro pedem-lhe que saia, mas depois imploram-lhe que fique, mas não ousam discutir com a baronesa que oferece um quarto a Yvonne no seu castelo. Esta mulher elegante pode muito bem ter motivos sisnistros, mas é o encontro de Marianne com o filho da baronesa que lhe irá levantar problemas realmente profundos. Enquanto isso, desaparecem jovens na região, e o lendário Dr. Van Helsing já vai a caminho.
A Hammer Films e o realizador Terence Fisher deram seguimento ao excelente "Horror of Dracula", com esta sequela igualmente muito bem feita, cheia de ricas cores, e que sofria apenas com a falta do Conde Drácula, porque Christopher Lee tinha recusado em participar em futuras sequelas do primeiro Drácula, pelo menos por enquanto. No seu lugar temos o jovem loiro Barão Meinster (David Peel), a fornecer a ameaça vampiresca necessária. O doutor Van Helsing continua em cena, interpretado pelo habitual Peter Cushing e Jimmy Sangster continua a escrever o argumento, com a ajuda de Peter Bryan e Edward Percy. 
Além de contar com algumas das melhores interpretações, fotografia, e detalhes de período da série do Drácula da Hammer, era também um dos primeiros a mergulhar nos aspectos mais sexuais do vampirismo, com sugestões implícitas de incesto, sadomasoquismo e homossexualidade.
Por volta desta altura, no cinema britânico, era moda colocar actrizes francesas como protagonistas para dar um toque mais continental, e Monlaur foi uma dessas actrizes. Encaixa-se melhor no terror da Hammer do que muitas actrizes britânicas, e a sua beleza acrescenta um toque de beleza à acção. A fotografia de Jack Asher e o design de produção de Bernard Robinson tornam este filme um dos mais visualmente bonitos da Hammer. 

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Never Take Sweets From a Stranger (Never Take Sweets From a Stranger) 1960

Peter Carter mudou-se com a família para uma pequena cidade canadiana para ser o director da escola. É um lugar agradável, mas onde um velho gosta de dar doces a crianças para elas se despirem e dançarem nuas pela casa dele. É o que acontece com a filha de Peter, mas o velho sujo é dono da fábrica que emprega a maior parte da população da cidade, e a guerra que Peter irá travar contra ele não será fácil.
Cyril Frankel começou a fazer curtas documentais no início dos anos 50, e embora tenha mudado para as longas metragens em 1954 nunca deixou as raízes documentais, injectando problemas sociais nas suas obras. Por isso, não seria de surpreender que a sua estreia para a Hammer seja um drama sobre questões sociais, atípico para o estúdio, com elementos de suspense. Mais tarde ele faria um filme de terror mais directo, "The Witches", que também veremos neste ciclo.
"Never Take Sweets from a Stranger" é um projecto surpreendente para a Hammer, tratando do assunto muito complicado da pedofilia. O argumento de John Hunter, adaptado de uma peça do americano Roger Garis, trata do assunto com seriedade enquanto envolve questões melodramáticas. Na sua estreia o filme não recebeu boas críticas e fez pouco dinheiro nas bilheteiras, em parte por causa do tema inerentemente problemático, e também porque não encaixava facilmente em nenhuma categoria comercializável. A Hammer estava a ser identificada com filmes de terror sangrentos e tanto o público como os críticos não estavam preparados para um drama de questões sociais como este.
A peça de Garis era originalmente passada numa cidade americana, mas o filme muda a acção para o leste do Canadá. Era uma escolha incómoda, provavelmente para distanciar um pouco o material de Inglaterra, comercialmente era arriscado sugerir que o abuso sexual de crianças poderia acontecer dentro de portas, mas contava com um elenco maioritariamente britânico. Um destaque especial para a interpretação de Felix Aylmer no papel do velho pedófilo.
Era a estreia de Freddie Francis como director de fotografia para a Hammer, com um excelente trabalho a preto e branco. Ele passaria depois para a frente das câmaras, para realizar alguns filmes para esta produtora. Veremos mais para a frente, neste ciclo. 
Legendas em espanhol. 

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sexta-feira, 8 de novembro de 2019

O Cão dos Baskervilles (The Hound of the Baskervilles) 1959

Sir Charles Baskerville acaba de morrer nos pântanos da sua propriedade, perto de Devonshire, devido à aparente agressão de um animal gigante. A sua morte e a história da maldição da sua família são relatadas ao detective Sherlock Holmes (Peter Cushing) e ao seu assistente Dr. Watson (André Morell) pelo seu médico e amigo, que lhe implora que resolva o mistério antes que a maldição seja transferida para o seu descendente, Sir Henry (Christopher Lee).  Sherlock Holmes e Watson partem para investigar e solucionar este mistério.
"The Hound of the Baskervilles", da Hammer, é a versão preferida de muitos aficionados por Sherlock Holmes, particularmente aqueles que apreciam o personagem como ele aparece nas obras de Arthur Conan Doyle. Peter Cushing dá ao personagem a mesma confiança que ele tem nos livros, rindo subtilmente enquanto explora o caso que outras mentes inferiores não podiam fazer. O filme tem a aparência elegante dos melhores filmes da Hammer, um tom gótico que o leva para perto do território dos filmes de terror, embora não o seja, pelo menos totalmente. 
Terence Fisher sabe bem como fazer o material funcionar, mantendo os aspectos mais cinematográficos da história original e criando novos elementos conforme necessário. Talvez o seu maior problema seja a aparência pouco convincente do cão, mas, mesmo assim, isso não prejudica em nada a reputação do filme. E mais uma vez temos o triplete Fisher, Cushing e Lee.

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A Múmia (The Mummy) 1959

Enquanto trabalhava numa escavação no Egipto, o arqueólogo britânico John Banning (Peter Cushing) profanou o túmulo da princesa Ananka, despertando o seu  amante mumificado (Christopher Lee). Com a vingança em mente, a Múmia segue Banning e a sua equipa até Inglaterra, mas a Múmia fica bastante impressionado com a esposa de Banning (Yvonne Furneaux), com a qual a sua amada se parece muito.  
O argumento de Jimmy Sangster apropriou-se da maior parte da história dos filmes anteriores da Universal sobre o monstro "A Múmia". Ele reclama que foi totalmente acidental, mas o certo é que a história principal reflete clássicos como "The Mummy´s Hand" e "The Mummy´s Tomb", até mesmo no nome de algumas personagens. Depois do sucesso da recuperação de dois monstros da Unuversal, Drácula e Frankenstein, este era o terceiro monstro a ser acordado, e pela mesma equipa: Terence Fisher na realização, Sangster no argumento, e os actores Peter Cushing e Christopher Lee, cada vez mais os rostos da Hammer.
Politicamente era um filme interessante para a época, quando a Crise do Suez tinha terminado apenas três anos antes, e o Reino Unido estava a ver o seu poder colonial a ser drasticamente reduzido. Portanto, há uma sensação de vingança contra o país por aqueles que o Reino Unido tentou controlar, com o público a ficar com uma sensação de que havia pouco respeito pelas terras que acabaram de perder. Aqui, embora sejam os heróis, e raramente houve um herói britânico mais destacado do que Peter Cushing, há uma forte tensão de culpa e punição subsequente que atravessam os percalços que os protagonistas passam.
 Longe de ser dos filmes mais marcantes da Hammer, ainda rendeu mais três sequelas neste período de ouro da produtora.

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

O Homem Que Enganou a Morte (The Man Who Could Cheat Death) 1959

O doutor George Bonnet parece nem ter 40 anos de idade, mas na realidade tem 104. Mantêm o seu aspecto jovem graças a transplantes de glândulas paratireoides que faz para o seu corpo de dez em dez anos, só que para isso tem que matar o doador. Agora, o cirurgião que fazia as operações está velho demais para continuar, e tem de encontrar alguém novo. Felizmente uma paixão antiga regressa à sua vida na companhia de um cirurgião mais novo (Christopher Lee), e Bonnet tem de encontrar uma forma de o convencer a fazer a operação.
Terence Fisher tinha lançado a tradição do terror gótico da Hammer com três filmes, as novas versões de Frankenstein e Drácula e a sequela do primeiro, em 1957 e 1958. Enquanto que o estúdio continuava o seu trabalho também por outros géneros, como os filmes de suspense, guerra, aventuras e comédias de época, estes dois monstros referidos em cima praticamente definiram o cinema da Hammer na década de sessenta. Mas ainda antes, em 1959, Fisher e a sua equipa procuravam formas de expandir o género que tinham popularizado. Foi o ano que Fisher lançou "The Stranglers of Bombay" (filme histórico vendido como de terror), "The Hound of the Baskervilles" (filme de detectives vendido como de terror), "The Mummy" (mais um monstro popular), e um filme menos conhecido, chamado "The Man Who Could Cheat Death". 
Este último era uma tentativa de romper os laços do estúdio com os monstros clássicos da Universal, mas teria menos sucesso do que outros realizados por Fisher na década seguinte. Baseado numa peça de 1939 de Barré Lyndon chamada "The Man in Half-Moon Street", filmada pela Paramont em 1945, a história tem uma vaga semelhança com "The Picture of Dorian Gray" de Oscar Wilde, mas remonta à lenda do alquimista do século XVIII St. Germain, que supostamente descobriu o segredo da imortalidade. 
Quando o filme começou a ser planeado Peter Cushing foi originalmente escolhido para interpretar Bonnet, continuando a associação no grande ecrã com Christopher Lee e os rostos do terror da Hammer, mas acabou por desistir poucos dias antes de começarem as rodagens. O protagonista acabaria por ser o alemão Anton Diffring que já tinha feito o mesmo papel na televisão, e acabou por ser a escolha mais óbvia para um curto espaço de tempo em que era preciso encontrar um actor para o papel. Mas claro que Diffrin não tinha as mesmas capacidades de Cushing.

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segunda-feira, 4 de novembro de 2019

O Tubo da Morte (The Snorkel) 1958

Paul Decker mata a sua esposa na sua villa italiana, drogando o seu leite e asfixiando-a com gás. Tranca o seu quatro por dentro e esconde-se dentro de um alçapão até depois do corpo da esposa ser descoberto pelos criados. A sua enteada desconfia dele, principalmente porque nenhuma nota de suicídio foi encontrada, e também está convencida que foi ele que assassinou o seu pai anos anteriormente...
Antes do terror surgir como principal linha de produtos da Hammer, em finais da década de 50, esta teve um sucesso mais modesto, ainda que notável, com uma série de thrillers de crime e suspense inspirados no film noir. Filmes esses que eram diferentes dos "mini-hitchcocks" da década seguinte (veremos mais à frente neste ciclo), mas isso não queria dizer que eles não tivessem relação. De facto, há pelo menos um filme que se encaixa bem em ambas as categorias, e ele chama-se "The Snorkel". Seria mais uma colaboração de Jimmy Sangster para a Hammer, e um dos últimos filmes de suspense que a Hammer produziu antes de "Scream of Fear", e os seus sucessores, que ficavam a meio caminho entre os filmes de suspense e os de terror. 
"The Snorkel" conta uma história que facilmente poderia servir de base para um mini-Hitchcock, mas fá-lo de uma forma mais linear e simplificada, sem todas as reviravoltas e realinhamentos, o que faz  sentido, porque estes filmes foram buscar influências a "Psycho", e esse filme ainda vinha no futuro.
"The Snorkel" parecesse muito com "The Night of the Hunter" no que diz respeito à gravidade e imediatismo do perigo em que coloca a sua jovem protagonista, mas ao contrário desse filme, este dá a impressão de que o realizador não permite que a sua personagem saia ilesa. Peter Van Eyck interpreta Paul Decker como alguém de quem não suspeitaríamos de um mal tão terrível, o que é vital para uma história na qual ninguém, a não ser a heroína perdida, o faz.

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A Vingança de Frankenstein (The Revenge of Frankenstein) 1958

O Barão Victor Frankenstein foi condenado à morte, por ter trazido um corpo de volta à vida e ter feito de Deus, mas quando se aproxima da forca, o padre a quem ele contou a história é decapitado e enterrado no seu lugar com a ajuda de um corcunda chamado Karl. Três anos depois, agora com o nome de Dr. Stein, tornou-se um médico de sucesso em Carlsbruck, trabalhando num hospital onde tanto atende os ricos como os pobres. Depressa, com a ajuda de um assistente e de Karl, vai voltar ás suas experiências de transplantar um cérebro vivo para um corpo morto...
Primeira sequela da Hammer para "The Curse of Frankenstein", volta a trazer Terence Fisher na realização, Jimmy Sangster no argumento, e Peter Cushing no papel do Conde, embora desta vez sem Christopher Lee no papel do monstro. E claro que com uma equipa destas era difícil para as coisas falharem. Apesar do nome do filme, este não funciona como uma vingança, mas sim, quase como um remake.
Considerado por muitos como o melhor filme da série Frankenstein da Hammer, é no entanto uma decepção para aqueles que Frankenstein é sinónimo do monstro, e não do médico que o criou. Aqueles que estavam em sintonia com a abordagem mais sangrenta do primeiro filme não terão problemas com a sequela. 
Cushing consegue absorver as facetas contraditórias da personagem, conseguindo ser subtil e exagerado, mas manter-se credível nos dois extremos. O seu Frankenstein é terno e diabólico, reconcilia o desdém e o desprezo que sente pelas elites, e a indiferença que sente pelos pobres que são meros fornecedores de partes de corpos com o genuíno sentimento de preocupação que sente pelos membros do seu círculo íntimo. Fisher dirige com uma excelente mistura de ironia e manipulação, "The Revenge of Frankenstein" não é para todos os fãs de terror gótico, mas muitos considerarão um dos pináculos do género. 

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domingo, 3 de novembro de 2019

O Horror de Drácula (Drácula) 1958

Depois de Jonathan Harker, um caçador de vampiros, atacar Drácula no seu castelo, e falhar o seu objectivo, o vampiro viaja para uma cidade próxima onde poderá caçar a família da noiva de Harker. O único que pode ser capaz de protegê-los é o Dr. Van Helsing, amigo de Harker e colega caçador de vampiros, que está determinado a deter Drácula a qualquer custo.
Estreado em 1958, em todo o mundo como "Horror of Drácula", e no Reino Unido simplesmente como "Drácula", seria o primeiro de uma longa série de filmes da Hammer com a criação imortal de Bram Stoker como centro da acção. Interpretado pela mesma dupla de actores que havia feito em "The Curse of Frankenstein", Peter Cushing e Christopher Lee, e realizado pelo mesmo homem que o filme anterior, Terence Fisher, estava claro que este trio iria ser um trio de peso no universo Hammeriano, e realmente foi. "Horror de Drácula" transporta o conde do universo gótico a preto e branco da Universal para um mundo fantasticamente realizado, cheio de côr de energia.
Muitos dos elementos familiares do livro e do filme de 1931 são encontrados aqui, mas outros são drasticamente alterados. O filme começa com Harker previsivelmente a chegar ao castelo do conde, no entanto, em vez de ser um advogado, é um caçador de vampiros disfarçado de bibliotecário. Em minutos o personagem revela as suas intenções de destruir Drácula, mas os seus planos falham e acaba nas garras do conde, mas não antes de matar a noiva de Drácula. O vampiro irá assim mover-se por vingança, ao contrário do filme da Universal.
Logo depois somos introduzidos ao verdadeiro herói do filme, Van Helsing, o mítico caçador de vampiros interpretado por Peter Cushing, e o filme irá tornar-se num duelo entre este e o Conde Vampiro, interpretado soberbamente por Christopher Lee. Em "Revenge of Frankenstein", do ano anterior, eles eram o criador do monstro e o próprio monstro, aqui passariam a ser O Vampiro e o caçador de Vampiros. A Lee era dado um papel mais central, como vilão, ao qual ele daria uma entrega excepcional, tornando-se talvez o Drácula mais bem sucedido da história.
Por varias razões, o filme tornou-se uma referência para os fãs do cinema de terror. Apesar de ser visto de uma forma diferente nos dias de hoje, os tons sexuais e a violência gráfica foram considerados chocantes para a altura em que estreou. Não é por acaso que este é o Drácula mais sinistro e animalesco, mas também o mais sexualmente carregado, principalmente porque a contaminação dos inocentes era um dos maiores medos daquela época. 

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sábado, 2 de novembro de 2019

O Inimigo do Espaço (Quatermass 2) 1957

O Professor Quatermass anda a tentar obter apoio para o seu projecto de colonizar a Lua, e anda intrigado com os traços misteriosos que andam a aparecer no seu radar. Será uma chuva de meteoritos? Segue-os até ao local onde eles deveriam aterrar e começa a investigar, e o que irá descobrir será totalmente inesperado.
A Hammer só seria conhecida como hoje a conhecemos, como uma produtora de filmes de terror gótico, a partir do segundo filme da saga de Frankenstein e do primeiro do franchise de Drácula, que abriram caminho para dezenas de filmes em tons góticos a partir de 1958. Antes disso havia Quatermass, o filme de Val Guest que trazia tanto à baila tanto a Guerra Fria como a histeria OVNI. Este era um tema que já era proeminente no cinema norte-americano dos anos cinquenta, como já tínhamos visto num ciclo anterior deste blog. O filme de Val Guest de 1955, "the Quatermass Xperiment" era o filme de monstros da década de 50 do cinema britânico. Muito longe da estética que seria reconhecida pela Hammer, mas que se tornou um sucesso incrível, tirando a produtora da quase bancarrota. 
Não seria assim de estranhar que surgisse uma sequela. "Quatermass 2", foi assim chamado. Uma sequela directa que trazia a mesma equipa que o primeiro: Val Guest na realização, Nigel Kneale no argumento, e mais uma vez o americano Brian Donlevy no papel do protagonista. Este segundo filme é mesmo tão eficaz como o primeiro, sendo uma das primeiras vezes que uma sequela é directamente indicada com o número 2, e vai encontrar Quatermass a lutar contra o horror verdadeiramente monolítico da burocracia do governo, e contra uma invasão espacial. 
"Quatermass 2" foi algumas vezes comparado a "Invasion of the body Snatchers"(1956),  e é um bom exemplo de como fazer um filme de paranoia espacial: o espectador vai descobrindo a verdade gradualmente, ao lado do protagonista, com a ironia dramática a espreitar lentamente à distância, enquanto que os outros personagens se recusam a enfrentar a realidade.

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O Abominável Homem das Neves (The Abominable Snowman) 1957

O dr. John Rollason é um antropólogo que estuda nos himalaias e também um ex-alpinista que sofreu um acidente que o deixou inactivo desde então. Quando uma equipa americana de exploradores chega e quer que ele participe na sua jornada pelas montanhas, ele não consegue resistir e ignora até os conselhos da sua esposa para ficar para trás. O objectivo do grupo é encontrar o lendário Yeti, conhecido como o Lendário Homem das Neves,  e as tensões começam a aumentar quando são reveladas as tensões díspares dos membros da expedição.
"O Abominável Homem das Neves" não é o filme de monstros que esperam encontrar. Em vez disso é mais um conto de paranoia e ganancia a maior parte do tempo. Antes de encontrarem a criatura do título os nossos heróis vão ter de lutar contra uns bandidos locais e contra eles próprios. Funciona mais como um filme de aventuras fantástico, do que propriamente um filme de terror, onde somos levados a locais exóticos e com várias sequências de acção interessantes.
E isto não seria de estranhar dada a equipa por detrás do filme. Val Guest, Nigel Kneale, equipa de quem já tínhamos visto "The Quatermass Experiment" logo no ínicio deste ciclo, e que também não é propriamente um filme de terror da Hammer, mas que serviu para abrir as portas ao cinema fantástico da produtora. O argumento era baseado numa história chamada "The Creature", também da autoria de Kneale, e aproveitava um actor do mais recente sucesso da Hammer, "The Curse of Frankenstein". Era Peter Cushing, que aparece aqui no papel do antropólogo John Rollason.
Embora a Hammer seja mais conhecida pelas franquias de terror, este filme é um bom esforço, que fica um pouco isolado nas criações da produtora, mas que merece ser visto.

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sexta-feira, 1 de novembro de 2019

A Máscara de Frankenstein (The Curse of Frankenstein) 1957

Um padre é chamado a uma prisão numa localidade isolada da Suiça e quando chega é informado pelo carcereiro de que é a única pessoa com quem o Barão Victor Frankenstein (Peter Cushing) conversará. Quando o padre entra na cela, fica convencido que aquilo que irá ouvir são os delírios de um louco. O Barão começa a contar a sua história desde a infância, de quando os seus pais morreram e se viu obrigado a contratar um tutor...
Se alguma vez perguntaram porque é que os filmes de terror deixaram de ser assustadores e passaram a ser sangrentos, não é preciso ir muito mais longe do que esta versão inovadora da Hammer sobre o famoso romance de Mary Shelly. No início era para ser um remake directo do livro da escritora, até que a Universal, que tinha feito uma fortuna com as versões da década de 30, protagonizadas por Boris Karloff, ameaçou processar a Hammer caso houvesse muitas similaridades. Foi assim que o argumentista Jimmy Sangster e o realizador Terence Fisher tiveram uma ideia genial: fazer do barão o centro das atenções, em vez do monstro. E fazer do barão um vilão também.
Peter Cushing era bem conhecido na Grã-Bertanha pelo seu trabalho na televisão, principalmente por causa de uma adaptação de "1984" de George Orwell, e quando a Hammer procurou um actor para protagonista ele acabou por ser a escolha mais óbvia por causa da imagem que já trazia da TV. Este barão era intelectual, mas perigoso, pouco se importando com a ética quando achava que o avanço da ciência era mais importante. A entrega que Cushing deu ao personagem e a natureza motivadora que ele trouxe para o personagem significavam que o cinema britânico tinha agora uma nova estrela para ter em conta. Como o monstro, Christopher Lee estava destinado a ser outro actor a ser lembrado pelos seus papéis no cinema de terror. Embora não tivesse nenhuma fala, a sua presença é simplesmente ameaçadora.
Se "The Quatermass Xperiment" não era a 100% um filme de terror, o mesmo já não pode ser dito deste "The Curse of Frankenstein". Seria a primeira vez que reunia os três nomes centrais deste ciclo da Hammer, Terence Fisher, Christopher Lee e Peter Chushing, e seria também a primeira vez que era usado este ambiente gótico que tão famoso ficaria nos filmes da produtora.

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