terça-feira, 31 de julho de 2018

Illusions (Illusions) 1982


"Illusions" retrata um estúdio ficcional da Hollywood dos Anos 40, e define o cinema como um historiador poderoso, no entanto, omite muitas culturas da sua história. O protagonista Mignon Dupree expressa a necessidade de "filmes que dêem ao público situações e personagens que eles possam reconhecer como parte das suas próprias vidas". "Illusions" é um filme francamente auto-consciente, pois ocorre num estúdio fictício, e os seus personagens discutem directamente a produção de Hollywood. O título do filme refere-se às falhas que retratam a realidade.

Curta metragem realizada por Julie Dash, um dos nomes mais importantes deste movimento da "L.A. Rebellion", era a última curta metragem da realizadora, antes de se estrear nas longas, em 1991. Em 34 minutos Dash revive engenhosamente temas e estilos clássicos de Hollywood, com o fim de submetê-los a uma forte crítica histórica. Com imagens filmadas num preto e branco de alto contraste por Ahmed El Maanouni, Dash infunde um repertório visual de musicais e melodramas com inflexões modernistas. Combina o retrato intimo com reflexos e exposições múltiplas que capturam o jogo angustiante de Hollywood, e das múltiplas e ocultas identidades.
Filme sem legendas.

Link
Imdb

segunda-feira, 30 de julho de 2018

Ashes and Embers (Ashes and Embers) 1982

Anos se passaram desde que Nay Charles regressou de lutar na guerra do Vietname, mas as cicatrizes mentais deixadas por esta experiência nunca foram curadas. Pelo contrário, cresceram ainda mais. Como um veterano negro, não há lugar para ele na América, nem casa, se é que alguma vez houve alguma. Sente-se irritado com todos em redor - a namorada, Liza Jane, o seu filho Kimathi, e a avó resistente que vive no campo. Não consegue discernir nem o amor nem a bondade à sua volta, nem focar-se numa direcção para seguir a vida. Liza Jane espera atraí-lo para o movimento negro de libertação em que participa, mas ele recusa todos os convites para se aproximar pessoas ou fazer parte de uma comunidade.
"Ashes and Embers" de Haile Gerima, passa por tantos momentos de inquietação, como o seu protagonista em estado de choque. É como uma longa e indigesta montagem sem indicação de que curso irá seguir, ou quando passa subitamente para outro ponto da vida de Nay Charles. O filme de Gerima não é linear, meio experimental, meio narrativo, mas, acima de tudo, um filme de combate. No filmes, de uma forma quase Resnaisca Nay Charles descola-se no tempo e no espaço com a facilidade e a anarquia da memória.
Estreado em 1982, depois da primeira vaga de filmes sobre o Vietname, como "Coming Home", ou "Apocalypse Now", que é citado ironicamente no filme, e antes da segunda vaga, que começaria quatro anos depois com "Platoon",  mas o que mais se aproxima de Nay Charles é o Travis Bickle de "Taxi Driver".
Filme raro, sem legendas.

Link
Imdb

domingo, 29 de julho de 2018

A Different Image (A Different Image) 1982


Alana (Margot Saxton-Federlla), uma estudante de parte, explora a sexualidade, os ideais ocidentais de beleza, e a sua própria auto-estima na Los Angeles dos anos 80. Vincent (Adisa Anderson), um amigo de longa data, sente-se pressionado a transformar esta relação platónica numa relação sexual, que desencadeia a frustração de Alana com os padrões de beleza e as normas de género ocidentais.

Um olhar comovente sobre os jovens que entram na idade adulta num mundo dominado por divisões sexuais, geracionais e raciais, "A Different Image" seria reconhecido como um marco do cinema feminista negro, mesmo mais de 30 anos depois do seu lançamento. Uma jovem profissional de Los Angeles que luta para ser vista como mais do que um objecto sexual, enquanto o seu amigo tenta envolver-se com ela, acabando por perceber que precisa conciliar as suas expectativas e experiências com as dela. O filme enfatiza bastante o uso da montagem, justapondo vários tipos de fotografias de algumas mulheres, quando das suas sequências narrativas. 
A realizadora é Alile Sharon Larkin, que tinha 29 anos quando fez esta sua primeira longa metragem, de quem se diz que imaginou e criou um cinema negro contra as convenções de Hollywood, e contra o cinema de Blaxploitation.
Filme muito raro, não tem legendas.

Link
Imdb

Bush Mama (Bush Mama) 1979

Uma mulher negra à beira de um ataque de nervos. Uma filha para criar e outro bébé a caminho, o marido na prisão, a Assistência Social que ameaça cortar os benefícios caso ela não faça um aborto, os vizinhos que falam demais. A violência racista da sociedade americana se precipita sobre uma vida. Mas sua imaginação não cabe no mundo estreito que fizeram para ela. Dorothy sonha. 
 "Dorothy observa o mundo de sua janela e no recorte dessa moldura o que ela vê e ouve é um espaço que repele e nega sua subjetividade. Portanto, muitas das vezes em que Dorothy se põe diante dessa janela, seu corpo se revela cansado, o seu próprio exercício de olhar o mundo vem carregado com a vontade de desistir dele. Ainda assim, ela insiste em olhar, como se a atitude em si mesma fosse uma possibilidade de resistência. Quando Haile Gerima filma a atriz Barbara Jones na ação de se colocar observando o ambiente externo enquanto, internamente, tudo lhe sugere não desafiar o que está dado lá fora, sob a moldura retangular da janela de um apartamento na periferia de Los Angeles, há na repetição desse enquadramento uma forte marcação política sobre o próprio cinema ao qual Gerima está vinculado. Um que está ciente do quão insubordinado pode ser o simples gesto de levantar os olhos. E observar o mundo de sua própria janela. E ligar uma câmera.
 Quando surgem então as primeiras imagens de Bush Mama (1979), segundo longa-metragem de Gerima, aquilo que a princípio parece ser a encenação de mais um baculejo da polícia na população negra é, na verdade, uma declaração pessoal do diretor sobre seu direito de olhar. Não sabemos, e o filme em nenhum momento revela esse dado, mas as cenas projetadas em câmera lenta na abertura do longa são da própria equipe de filmagem, incluindo aí também o diretor, sendo abordados pela polícia no meio da rua. A câmera que captura essas cenas está atrás de uma janela, escondida, discretamente dando um zoom no que vê."
Texto de Fora de Quadro 
Este filme não tem legendas. 

Link
Imdb

quinta-feira, 26 de julho de 2018

Penitentiary (Penitentiary) 1979

Um homem chamado Martel Gordone envolve-se numa luta com dois motociclistas por causa de uma prostituta, e mata um dos dois. Gordone é apanhado e enviado para a prisão, onde se junta à equipa de boxe num esforço para garantir a liberdade condicional, mas cedo começa a estabelecer o domínio sobre o gang mais duro da prisão.
"Penitentiary" é o primeiro filme de uma trilogia com o mesmo nome, escrita e realizada por Jamaa Fanaka, de quem já tínhamos visto aqui "Bush Mama". É um filme que se aproxima muito mais da Blaxploitation do que outro género qualquer, embora esta fosse apenas uma sombra do que tinha sido alguns anos atrás. A maioria dos filmes que ainda eram feitos, eram mais uma homenagem a este sub-género do que propriamente um novo capítulo. 
Numa entrevista em que Fanaka foi interrogado sobre o realismo de "Penitentiary", desde o diálogo ao retrato da vida na prisão, ele respondeu: "Mas tu achas que George Lucas já esteve no espaço? Eu consegui até agora evitar o encarceramento penitenciário". Era uma coisa incrível, já que o filme desde há muito que vinha a ser elogiado pelo seu realismo em retratar a vida na prisão. O filme de Fanaka também foi elogiado pelo seu comentário social, na forma como mostra com desprezo o lado duro, e na pior das hipóteses sádico, da vida na prisão, mostrando o quanto longe um homem pode ir para fazer justiça. Esta é no entanto uma leitura pretensiosa acerca do filme, porque existem observações vagas a este respeito. Mas o que é realmente recomendável neste filme, são as interpretações. Leon Isaac Kennedy, na sua estreia como protagonista brilha radiantemente. 
Legendas em inglês.

Link
Imdb

quarta-feira, 25 de julho de 2018

Emma Mae (Emma Mae) 1976

Emma Mae é uma jovem do interior que chega a Los Angeles com a sua tia, usando uns terríveis saltos altos, e como um peixe fora da água no seu novo bairro no centro da cidade. Vai viver com os primos que pensam que ela é uma nerd, mas Emma vai provar-lhes que estão enganados. Acaba por se envolver com um traficante de droga, e é inevitável fazer amigos indesejáveis, que a vão levar por um caminho do lado errado da lei.
É estranho pensar que tantos anos passarem desde "Boyz N´the Hood" (1991), de John Singleton e ainda se encontra tanto em comum com o filme de Jamaa Fanaka "Emma Mae", que chegamos a uma conclusão que possívelmente Singleton poderá tenha visto este filme para se inspirar para o seu de 1991. O estilo naturalista de Fanaka preenche o tempo com shots em exteriores, aproveitando ao máximo as músicas pelas quais eles pagaram os direitos. Sempre uma parte importante de qualquer filme "negro" as músicas são certamente funky. 
Jerri Hayes era a protagonista, uma jovem estudante de drama na UCLA da altura, e que tem uma interpretação cheia de carisma. Era o seu primeiro filme, e esta jovem nunca mais seria vista na tela a partir daqui. Fanaka nunca quis tornar Hayes numa nova Pam Grier, mas sem dúvida que ela dá bastante porrada no final do filme. Quando "Emma Mae" foi vendido a um distribuidor no exterior, o nome teve de ser mudado para "Black Sister´s Revenge", para fazer o filme parecer o oposto do que Panaka pretendia.
O filme não tem legendas.

Link
Imdb

terça-feira, 24 de julho de 2018

Killer of Sheep (Killer of Sheep) 1978

Stan trabalha num matadouro. A sua vida pessoal é monótona. A insatisfação e o tédio mantem-no insensível às necessidades da sua adorada esposa, e ele deve lutar contra as influências que o desonram e o pôem em perigo, e à sua familia. Esta não é uma história vulgar. Como um artista de côr a trabalhar dentro de um meio não necessariamente amigável, Charles Burnett travou uma enorme batalha para se tornar um cineasta. Tal como aconteceu com muitos estudantes dos anos 60, ele pegou na sua câmera de 16 milímetros para fazer a tese na UCLA, com foco na zona perturbadora de Watts, em Los Angeles, numa meditação invulgarmente bela e comovente sobre a raça e a rejeição do sonho americano. Com a esperança de ver o filme a ser lançado comercialmente, mas não percebeu que as muitas canções incluídas como parte da poesia em geral, eram inseguras. Os custos por causa das questões dos direitos de autor, feita a distribuição eram impossíveis, e além de algumas sessões em festivais, o filme acabou por se tornar numa lenda pouco vista.
Escuro e num estilo documentarista, "Killer of Sheep" de Charles Burnett é uma janela para um mundo que poucos já ousaram entrar, e muitos nem sequer sabiam existir. Capturando o olhar, o tacto, do sentido da pobreza como nenhum outro filme o tinha feito antes, representa uma notável perspectiva artística. Sem qualquer narrativa real a falar de personagens, com sequências tiradas directamente da implacável vida real, permanece como uma experiência surpreendentemente autêntica, e um verdadeiro testemunho dramático sobre o espírito humano. Enquanto se vive claramente na década de 70, Burnett baseia-se nos antigos blues e numa banda sonora soul, para fazer um exame intemporal da vida à margem da sociedade normativa, uma olhada para situações flagrante e as circunstâncias insondáveis​​. Quando um matadouro parece mais convidativo do que a casa de uma família pobre, reconhecemos que o comentário cultural é muito potente.
Burnett rodou "Killer of Sheep" ao longo de uma série de fins de semanas com um orçamento apertado de um pouco menos de US $ 20.000, com amigos e parentes como actores. Nenhuma destas características devem ser tomadas como limitações, porque o que o filme vale em parte por causa destes pormenores. Se não fosse pelo sentido quase poético do ritmo e as conotações bíblicas do diálogo, Killer of Sheep poderia muito bem passar por um documentário sobre a vida no ghetto de Watts. Killer of Sheep é desenvolvido a partir de evocações do comportamento Afro-americano.

Link
Imdb

segunda-feira, 23 de julho de 2018

L.A.Rebellion - Criando um Novo Cinema Negro

No final da década de sessenta, estudantes e activistas dos corpos docentes, pressionavam as poucas escolas de cinema de destaque no país para lidarem com a relativa falta de diversidade na produção cinematográfica norte americana, e a admitirem mais estudantes de cor. Foi no rescaldo da revolta de Watts, e contra o pano de fundo do contínuo movimento dos Direitos Civis, e da escalada da Guerra do Vietname, que um grupo de estudantes africanos e afro-americanos entrou na Escola de Teatro, Cinema e Televisão da UCLA, como parte de uma iniciativa projectada para responder às comunidades de cor (incluindo asiáticas, chicanas e nativas americanas). Agora conhecida como a "L.A. Rebellian" (Rebelião de Los Angeles), estes artistas praticamente desconhecidos criaram uma paisagem cinematográfica única, à medida que, ao longo de duas décadas, os alunos chegaram, orientaram-se, e passaram a tocha para o grupo seguinte.
Na altura em que o programa terminou, em 1973, tinha admitido uma massa critica de estudantes negros que emergiam desta iniciativa: Charles Burnett, Julie Dash, Billy Woodberry, Haile Gerima, Jamaa Fanaka, Barbara McCullough, Larry Clark, Alile Sharon Larkin, Ben Caldwell and Zeinabu irene Davis, para nomear os mais conhecidos.
Passadas várias décadas, este continua a ser um dos movimentos mais importantes da história do cinema, e um exemplo para as várias gerações de jovens estudantes desta área. Vamos, então, recordá-lo aqui, através de uma série de 10 filmes, que veremos nos dias seguintes. Espero que gostem.


domingo, 22 de julho de 2018

A Aldeia de Cartão (Il Villaggio di Cartone) 2011

Uma igreja. Um pároco. Uma empresa de mudanças. A igreja já não é utilizada, sendo esvaziada de todas as decorações sacras, incluindo o grande crucifixo sobre o altar. Restam apenas os bancos num espaço vazio. O velho padre parece não conseguir resignar-se a este destino e o sacristão apercebe-se disso. Mas, em pouco tempo, um grande grupo de clandestinos à procura de refúgio entra na igreja e, com os bancos e com cartões, instala aí uma pequena aldeia. O sacerdote vê a sua igreja ganhar de novo vida mas, de fora, os homens da Lei tornam-se ameaçadores.
Comentário do Filipe Furtado acerca do filme:
"De certa forma uma alegoria sob o colapso do projeto humanista europeu.
Poderoso justamente porque simples e direto. Olmi sabe onde quer chegar e vai até lá. Aquela igreja, em particular, é um cenário fortíssimo, ao mesmo tempo simbólico e muito claro. Sei que muitos não gostam destes filmes que Ermanno Olimi rodou na última década, mas me parecem sempre experiências das mais marcantes. 
Separadamente o Cesar Zamberlan e o Bruno Amato traçaram a relação do filme com o Klotz e acho-a interessante menos pelo tema (até porque é natural pensar a política de imigração lá hoje) e muito mais pela forma complicada que ambos apresentam a figura do imigrante ilegal."

Link
Imdb

sábado, 21 de julho de 2018

Cantando por Detrás das Cortinas (Cantando Dietro i Paraventi) 2003

Num quarteirão insalubre e de má reputação no Oriente, há um bordel, um covil cheio de fumo, que atrai ocidentais em busca de prazeres. Em palco, um velho capitão pirata conta a história de uma pirata viúva, a célebre Ching. Clientes e espectadores são transportados para a China do século XIX a bordo do navio da viúva Ching, que depois do assassinato do marido assume o comando dos seus homens para se vingar e lavar a sua honra. Destemida, nem mesmo a armada do Imperador ela teme atacar.
Anos trás David Thomson escreveu o seguinte sobre Ermanno Olmi: "Uma questão paira sobre a obra de Ermanno Olmi, como se ele precisasse de um pouco de paixão ou surrealismo para libertá-lo das aspirações do realismo". Isto notou-se mais no filme anterior do realizador, "A Profissão das Armas", e tornou-se num vendaval em larga escala nesta nova produção do realizador, estreado em Itália de uma forma invulgar, com uma distribuição entre a Mikado e a 01 Distribution.
Este é um filme visionário que eleva a meditação sobre a guerra e a paz iniciada em "A Profissão das Armas" para um nível muito superior. Se alguma crítica pode ser levantada contra o impressionismo neste filme de piratas chinês é que ele muitas vezes tenta envolvê-lo apenas na atmosfera. Filmado em exteriores, em Lake Scutari na fronteira entre Montenegro e a Albânia, é um filme de grande beleza material, que celebra a força da natureza.
O narrador é o actor Bud Spencer, e as legendas são em inglês.

Link
Imdb

quinta-feira, 19 de julho de 2018

A Profissão das Armas (Il Mestiere Delle Armi) 2001

Com apenas 28 anos de idade, Joanni de Medici, é já capitão de um armada pontifícia na campanha contra os "Lanzichenecchi" de Carlos V. Devido à sua grande experiência no ofício das armas, torna-se um mito inatingível ainda em vida. No entanto, a introdução das armas de fogo irá traí-lo...
Como é costume, Ermanno Olmo concentra-se nas paisagens cinzentas das suas planícies nativas de Padana, envoltas numa neblina que domina as figuras humanas que se movem através delas, numa atmosfera de melancolia intemporal. Como na sua obra prima maior, "A Árvore dos Tamancos", Olmi tenta, com sucesso, pintar um quadro dos sentimentos e esforços dos personagens, através das armadilhas de uma existência difícil, desprovida de qualquer significado. 
De certa forma é o mais complicado e maduro filme de Olmi, e a sua austeridade e a sua narrativa marginalizante tornam o filme de difícil entendimento. Assemelha-se às biografias históricas de Rosselini, com a acção a ser mostrada muita vezes num ecrã largo, com a produção cinematográfica e as interpretações a serem bastante eficazes.
Passou por vários festivais, incluindo Cannes onde fez parte da selecção oficial.

Link
Imdb

quarta-feira, 18 de julho de 2018

O Segredo do Bosque Velho (Il Segreto del Bosco Vecchio) 1993

Este conto de fadas ecológico, com actores de carne e osso e animais falantes conta a história de um coronel (Paolo Villaggio) que fica encarregado de uma grande propriedade de florestas até que o seu sobrinho atinge a maioridade. Desconsiderando a tradição local e a práctica do estimado e falecido irmão, o militar decide cortar selectivamente a madeira das árvores mais antigas. É confrontado com os protesto dos espíritos das árvores (Giulio Brogi) e os moradores da cidade, mas sem sucesso destes. Sob a objecção deles liberta um vento imprevisível de uma caverna, e deseja o falecimento prematuro do seu sobrinho para que possa possuir a floresta só para ele. 
Segundo Ermanno Olmi o filme foi feito com extremo cuidado com as imagens, só porque essas imagens não eram apenas um pano de fundo para uma acção física, mas a paisagem, que normalmente é chamada de "pano de fundo", tinha a mesma importância que o actor que estava interpretando. 
O filme era baseado no livro do mesmo nome, da autoria de Dino Buzzati, e com pouco tempo de antena nas salas de cinema, acabou por ser mais visto por alguns festivais. Ganhou o prémios de melhor fotografia em diversos festivais, assim como nos David Di Donatello Awards, prémios considerados os Óscares italianos. 
Legendas em inglês.

Link
Imdb

segunda-feira, 16 de julho de 2018

A Lenda do Santo Bebedor (La Leggenda del Santo Bevitore) 1988

Um vagabundo, exilado em Paris e assombrado por um passado criminoso, não vê saída para a sua situação, até que, quase milagrosamente, recebe 200 francos de um estranho rico, cujo único pedido é que, quando puder pagar, devolva o dinheiro a uma capela em honra de Santa Teresa. Um homem de honra, mas com vontade fraca, aproveita a hipótese de voltar para um mundo do qual já era um estranho, encontrando trabalho, a companhia de mulheres, jantando em restaurantes e dormindo em boas camas. Mas, tais luxos, entretanto, distraem-no da sua obrigação...
Esta adaptação de Ermanno Olmi sobre uma obra de Joseph Roth, é fiel e encantadora, filmado com uma simplicidade que está próxima do livro original. Na pele do ex-vagabundo Rutger Hauer tem uma interpretação que mistura o orgulho, a dignidade, e a vulnerabilidade da personagem, enquanto Olmi evita o realismo prosaico na sua evocação de Paris, vista aqui como uma cidade estranhamente atemporal e universal. O filme tem a ressonância e a inocência de uma parábola, com os seus elementos religiosos amplamente subordinados a uma história que é contada com o mínimo de diálogo e barulho explicativo. O porquê do filme ser tão difícil é complicado de definir, talvez seja porque Olmi tenha tanta certeza do seu toque gentil e generoso que não sente necessidade de exagerar.
Ganhou o Leão de Ouro no Festival de Veneza, em 1988.

Link
Imdb

domingo, 15 de julho de 2018

Cammina Cammina (Cammina Cammina) 1983

Quando Mel, um sacerdote astrónomo, descobre uma nova estrela no céu, interpreta a sua chegada como a vinda de um rei salvador que trará justiça e bondade à terra. Um grupo de peregrinos reúne-se para começar uma jornada para lhe prestar homenagem. Este grupo inclui ricos e pobres, jovens e velhos, soldados e camponeses, e uma mulher em decadência. Esta jornada através do deserto, ao longo das costas oceânicas, sobre as montanhas e através das florestas, é difícil, e muitos voltam para trás. 
No seu primeiro filme desde "A Árvore dos Tamancos"  Ermanno Olmi cria uma rica e fascimante parábola dos reis Magos. Embora "Cammina Cammina" seja baseado nos relatos bíblicos do conto, também incorpora elementos temáticos de outras fontes. O filme, cujos personagens são interpretados por actores não profissionais, tem uma simplicidade e um ambiente que faz lembrar "O Evangelho Segundo São Mateus", de Pasolini.
Tem havido relativamente poucos filmes sobre a natividade, e quase todos os que foram feitos contam sempre a história sob a perspectiva de Maria e José. "Cammina, Cammina" é em muitos aspectos o filme perfeito sobre o assunto, porque concentra-se em tudo à volta de Maria e José, e na mais longa e perfeita viagem feita pelos homens sábios. Ao fazê-lo, examina a história da natividade em geral, bem como a idéia da peregrinação com muito mais profundidade. 
Legendas em inglês.

Link
Imdb

sexta-feira, 13 de julho de 2018

A Árvore dos Tamancos (L'albero Degli Zoccoli) 1978

"Nesta recriação elegíaca das vidas dos camponeses da Lombardia, Ermanno Olmi proporciona um antídoto contra a angústia dos seus anteriores retratos da Itália contemporânea. Várias histórias emergem de pormenores do trabalho dos camponeses e da vida comunitária: o namoro e boda de um casal de um casal jovem e modesto; um pai cortando a árvore do proprietário rural para fazer uns sapatos para o filho e ir à escola; um velho adubando tomates com estrume de galinha para eles amadurecerem mais cedo. A iluminação suave, aparentemente quase toda de fontes "naturais" e, acima de tudo, a banda sonora precisa e discreta dá-nos a sensação de assistir a uma realidade quase sem sombra de intermediários. A brevidade dos planos é uma declaração directorial, não nos deixando envolver, por muito tempo, numa actividade ou num ponto de vista e permitindo ao filme expandir-se, placidamente, em múltiplas direcções.
Numa sequência privilegiada, uma mulher reza enquanto caminha, enche uma garrafa de vinho num regato e vemo-la finalmente, em silhueta, à porta de uma igreja. É aqui, talvez (ou na utilização de Bach em diversas alturas do filme), que um espectador desdenhoso poderia acusas Olmi de esteticismo. Mas tal crítica perderia o ponto de vista do realizador sobre o papel positivo da fé religiosa na vida dos camponeses. O seu tratamento discreto deste tema faz de "A Árvore dos Tamancos" o mais tocante e apaixonante filme sobre a religião. 
O efeito de acumulação emotiva de "A Árvore dos Tamancos" está perto de "I Fidanzati", uma obra-prima anterior de Olmi, situada num mundo industrial, alienante e contemporâneo, e demonstra como são inúteis palavras como "humanismo" (muitas vezes invocado como referência ao cineasta) quando se tenta explicá-lo. A combinação de profunda incerteza e fervente idealismo no fim de "I Fidanzati" é extremamente comovedora. Também é assim que ficamos com o fim de "A Árvore dos Tamancos", francamente pessimista, e pode ser isso que, em primeiro lugar, marca o trabalho de Olmi, com a sua dor e urgência."
*Texto de Chris Fujiwara  

Link
Imdb

quarta-feira, 11 de julho de 2018

Un Certo Giorno (Un Certo Giorno) 1968

Um executivo de meia idade (Giovanna Ceresa) questiona os seus valores quando recebe uma promoção. Ele assume a posição de topo quando o seu chefe tem um ataque cardíaco e outro homem faleceu num acidente de aviação. Ele tem um caso com uma colega de trabalho (Lidia Fuortes) até se aperceber que o seu trabalho e dinheiro não são tão importantes como eram antes. A sua boa fortuna provém da infelicidade dos outros, à medida que tenta fortalecer laços de amizade com amigos e familiares.
Ermanno Olmi, que também escreveu o argumento, queria fazer uma declaração de como certos indivíduos, mesmo sendo honestos, se desviavam para outros caminhos não tão importantes na vida. Apesar do protagonista ser um bom homem, algumas partes do seu passado vêem à tona quando ele tem de enfrentar a morte por causa de um acidente bizarro que ele próprio causa.
A melhor parte do filme é mesmo Brunetto Del Vita, um actor desconhecido para nós, e que só entrou em dois filmes no cinema. Depois daqui, só o veríamos em "A Vontade de um General", dois anos mais tarde, um filme de Francesco Rossi. Um desempenho muito rico e cheio de nuances. O restante elenco também feito de estreantes, que não foram vistos em mais papéis no cinema.
O director de fotografia Lamberto Caimi capta as cenas invernais de forma a aproveitar melhor o filme. A partitura musical original é de Gino Negri. Ermanno Olmi dirige no seu estilo habitual, prestando muito atenção na história, e nas consequências que teve num homem numa encruzilhada da sua vida.
Legendas em Inglês.

Link
Imdb

terça-feira, 10 de julho de 2018

La Cotta (La Cotta) 1967

Andrea (Luciano Piergiovanni) pode ser um estudante milanês de apenas 15 anos de idade, mas gosta de se ver como um homem do mundo, principalmente no que se refere a romance. "Todos os homens têm a sua técnica de apanhar raparigas", explica ele. "Alguns fingem indiferença, outros parecem apaixonados. Alguns agem de uma forma dura, mas a maioria são tristes, ninguém sabe porquê, mas apaixonarem-se fá-los ficar tristes e mal-humorados. A minha técnica é muito pouco usada, mas talvez a mais eficaz. É usar ideias e autocontrole. Eu falo, falo, até que elas ficam totalmente confusas, e o truque está feito."  Depois de conhecer uma nova rapariga de nome Jeanine, Andrea fica logo intrigado. Fica a saber pelos amigos que ela vem para Milão para viver com a avó depois de sofrer uma desilusão amorosa em Paris, a sua cidade natal. 
Média metragem realizada por Ermanno Olmi para televisão, que traduzido à letra seria "A Paixão", que é o que Andrea sente no primeiro momento que conhece a jovem. Atrás da história inteligente existem alguns elementos documentaristas que são extremamente reveladores da carreira do realizador. Por um lado, a tecnologia progrediu claramente desde o final dos anos sessenta, mas a natureza adolescente permanece uma constante no filme. 
A Itália estava então a viver um boom económico sem precedentes, caracterizado pela transição da agricultura para a industrialização, e é com este pano de fundo que Andrea apresenta a sua "abordagem industrial" para engatar raparigas. Ao contrário dos outros, que agem de uma forma emocional ou desinteressada, e perdem tempo em longos períodos de namoro, o seu método é muito mais eficiente, mais de acordo com a mudança dos tempos que se estava a viver.
A banda sonora com a alegre música de Rock ‘n’ Roll dos anos sessenta encaixa-se perfeitamente nesta doce mistura de inocência adolescente e paixão insensata. Legendas em inglês.

Link
Imdb

domingo, 8 de julho de 2018

I Fidanzati (I Fidanzati ) 1963

Um jovem rapaz, abandona a noiva e muda de cidade em busca de um trabalho que lhe proporcione melhores condições de vida. Fica durante 18 meses a morar e trabalhar na Sicília. A solidão e a melancolia da sua nova vida levantam-lhe questões existenciais sobre o amor.
Ermanno Olmi pega no cliché de que uma relação à distância sempre falha e transforma as pessoas, e explora como o amor floresce quando os seus amantes são separados pelo trabalho, o filme é uma exploração da solidão e das relações de longa distância, onde um casal tem de lidar consigo mesmo, e com o amor pelo outro.
A acumulação de detalhes é lenta e deliberada, lentamente empurrando o protagonista para a percepção de quão profundamente ele sente a falta da noiva, e quanto valoriza a sua relação. A partir de certa altura o casal começa a trocar cartas que são lidas em voz alta na narração. Esta súbita abertura de comunicação aberta e sincera tem um contraste com o resto do filme, quieto e reservado. E apesar do romantismo dessa relação centrar e da beleza das imagens de Olmi, o filme também serve como uma crítica marxista à alienação do trabalho, das pressões económicas que levam os trabalhadores a arrancar das suas casas e das duas famílias em busca de recursos cada vez mais escassos. Como a maioria dos grandes filmes políticos, "I Fidanzati" situa a sua política no campo pessoal, nos dramas da separação e do amor, que guiam o casal central. 
Nomeado para Cannes, ganhou o prémio OCIC, mas a concorrência para a Palma de Ouro era enorme. O principal prémio foi para "O Leopardo", de Visconti. 

Link
Imdb

sábado, 7 de julho de 2018

O Emprego (Il Posto) 1961

Domenico (Sandro Panseri) é um jovem, recém-formado, que pretende um trabalho para a vida no sector administrativo de uma grande empresa. Antonieta (Loredana Detto) é uma jovem que pretende entrar no ramo administrativo assim como Domenico. Depois de um longo processo selectivo, invasivo, eles conseguem dois cargos dentro da empresa. No entanto, o cargo do jovem é diferente do que esperava, trabalhando como mensageiro. 
Um dos filmes italianos mais invulgares referente ao período entre final dos anos cinquenta, e inicio dos anos sessenta, da forma como nos oferece múltiplas perspectivas sobre o mesmo evento, o "boom" económico depois da recuperação do pós-guerra. Onde os realizadores franceses da Nouvelle Vague criaram o seu próprio universo único, o cinema italiano parecia uma série de luas a circular em volta de um mesmo planeta.  De todos os realizadores deste período, poucos tinham tanta alma como Olmi, cuja segunda longa-metragem introduziu algo de novo no cinema mundial: uma sensação de intimidade entre realizador e personagens, que superava qualquer coisa no cinema neorealista. Nos anos seguintes, "Il Posto" teria  um efeito profundo em realizadores tão distintos como Wu Nien-jen, Abbas Kiarostami, ou Martin Scorsese (há mais do que uma citação visual a "Il Posto" em "Raging Bull"), admitido pelos próprios realizadores, e se o filme não atingiu o estatudo de culto como "L’Avventura" ou "La Dolce Vita", foi provavelmente por causa da sua intimidade.
Olmi filmava quase sempre pessoas na extremidade inferior da escala económica, pessoas que levavam vidas não espectaculares, e ele tratava sempre dos detalhes dessas vidas de uma forma muito cuidadosa. Olmi identificava-se com Domenico, o jovem herói deste filme, um jovem que pretendia um emprego para assegurar o seu futuro. A narrativa é ajustada ao tumulto interno do jovem, à sua curiosidade a ao seu desejo humano, como dois pedaços de madeira unidos por um carpinteiro experiente.
O filme estreou no Festival de Veneza de 1961, onde não ganhou o grande prémio, mas levou três outros prémios para casa. Não seria de admirar, já que neste ano também concurriam "O Último Ano em Marienbad" de Alain Resnais, "Yojimbo" de Akira Kurosawa, e filmes de Rossellini, De Sica, Wajda, entre outros.

Link
Imdb

quinta-feira, 5 de julho de 2018

Il Tempo si è Fermato (Il Tempo si è Fermato) 1959

No alto dos Alpes Italianos uma represa está a ser construída. As condições são demasiado adversas para se trabalhar no Inverno, quando a única equipa presente é uma dupla de guardas: Salvetti (Paolo Guadrubbi) e Venerocolo (Natale Rossi). Salvetti é obrigado a tirar umas férias quando a sua esposa dá à luz, e o seu substituto é Roberto (Roberto Seveso), um jovem estudante universitário com a esperança que o isolamento lhe sirva para estudar para um próximo exame. No início existe uma tensão entre os dois, mas a ligação vai-se tornando cada vez mais forte, principalmente depois de uma tempestade...
Primeira longa metragem de Ermanno Olmi, embora a câmara não fosse novidade para ele. Durante oito anos vinha a dirigir uma série de curtas metragens, e não muito tempo depois realizaria dois filmes muito aclamados. 
O que é mais atraente nesta sua primeira longa, é a restrição que Olmi mostra. Nunca subestima as diferenças entre os dois homens, eleva a relação entre os dois para um nível que parece autêntico, de modo que nunca precisa de dar grandes saltos na história para a levar a um bom porto. Acreditamos plenamente em casa fase deste relacionamento e o resultado é uma excelente obra sobre a amizade, com uma espécie de relação entre pai e filho em desenvolvimento. 
Rossi e Seveso têm duas óptimas interpretações, e infelizmente este é o único filme em que poderão vê-las. Rossi nunca mais entrou noutro filme, e Seveso só teria um pequeno papel num filme chamado "Il Terrorista", alguns anos mais tarde. Seveso dedicaria o resto da sua carreira a ser operador de câmara, colaborando em "I Fidanzati" de Olmi.

Link
Imdb

quarta-feira, 4 de julho de 2018

Ermanno Olmi - O Último Adeus

No passado dia 5 de Maio o Céu ganhou mais uma estrelinha, e nós perdemos um dos poucos cineastas italianos resistentes, desde a década de sessenta.
Ermanno Olmi frequentou uma escola de Ciências, e tirou vários cursos de interpretação na Academia de Artes Dramáticas de Milão. Aprendeu sobre cinema quando trabalhava na Edisonvolta, uma grande companhia eléctrica de Milão. Ali dirigiu mais de 40 curtas-metragens e documentários informativos sobre a empresa, entre 1952 e 1961. A sua primeira longa-metragem chamava-se "Il Tempo si è Fermato", uma análise sobre a relação entre dois guardas que são obrigados a passar o tempo juntos. O sucesso deste filme levou-o à formação da 22 December S.p.A., uma produtora co-fundada por Olmi que distribuiu o seu primeiro filme comercial, "Il Posto", uma história melancólica sobre o isolamento de um jovem, logo seguido por "I Fidanzati" (1962), sobre as dificuldades de um jovem casal milanês durante um trabalho temporário na Sicília.
Depois voltou-se para temas como o catolicismo e a estrutura das classes, que dominaram o seu trabalho até à década de 90. É estranho que tão poucos realizadores italianos sejam considerados religiosos, pelo menos no sentido em que os seus filmes tenham incluídos sinais da sua fé. Entre as poucas excepções estão Rossellini, de um modo mais complexo Pier Paolo Pasolini, e de forma mais enfática Ermanno Olmi.  
A sacralidade da vida, a dignidade do trabalho e a busca do homem pelos valores espirituais mais elevados são temas que coloram profundamente a sua obra. É impossível olhar para os seus filmes sem levar em conta o seu cristianismo.
Nos próximos dias vamos fazer uma passagem, algo rápida, pois incluirá 12 filmes, da carreira deste grande realizador. Serão poucos filmes, mas os suficientes para terem um contacto mais aprofundado com a obra do realizador. Espero que gostem.

domingo, 1 de julho de 2018

Alfie (Alfie) 1966

Alfie (Michael Caine) é um conquistador de mulheres charmoso que vive em Londres. Tem várias aventuras amorosas, para acrescentar mais mulheres para sua "coleção". Ele usa-as, sem qualquer tipo de censura e salta de cama em cama sem nenhum remorso. No entanto, Alfie não é tão despreocupado ou indiferente como tenta passar para as pessoas. Tentando ser livre como um pássaro, ele ignora quem realmente o ama e o seu filho acaba por ser criado por outro homem. Chega a um ponto em que começa a questionar a sua vida.
O filme que catapultou Michael Caine para o estrelato e cimentou a sua imagem de playboy, dando-lhe um dos slogans mais duradouros, tanto que chamou a sua autobiografia de "What's It All About?".O papel do mulherengo Alfie Elkins encaixou como uma luva no actor de 33 anos, valendo-lhe a sua primeria nomeação para os Óscares, que acabaria por perder para Paul Scofield em "A Man For All Seasons". 
Adaptado do livro de Bill Naughton, o filme de Lewis Gilbert abriu novos caminhos no assunto da exploração do sexo do cinema, intercalando as conquistas sexuais do anti-herói com confissões francas e espirituosas transmitidas directamente para a câmara. 
Outro dos pontos fortes do filme é a interpretação de Denholm Elliott como um abortista clandestino, que segue a linha ténue entre glorificar a amoralidade de Alfie e castigá-lo pelo seu sexismo. 

Link
Imdb