sábado, 4 de maio de 2013

Os Inocentes (The Innocents) 1961



Truman Capote e William Archibald adaptaram a peça de Henry James "The Turn of the Screw" e transformaram-na num dos filmes de terror mais memoráveis do século 20. Tem o sabor de uma dessas produções polidas dos estúdios britânicos, com muitas mãos a contribuirem para o produto final, mas a realização de Jack Clayton e a fotografia, em widescreen e a preto-e-branco por Freddie Francis ajudam a torná-lo num filme único (embora seja quase sempre ligado a outro filme enorme de Robert Wise, The Haunting - realizado nos Estados Unidos na mesma altura). Deborah Kerr interpreta Miss Giddens, a filha de um pregador que aceita um emprego como babysitter para duas crianças numa mansão isolada (o tio das crianças é um homem rico e ocupado, solteiro e não tem tempo para as crianças.) Miss Giddens conhece Flora (Pamela Franklin) com quem se dá bem, mas depois conhece o outro filho, Miles (Martin Stephens) depois deste ter sido expulso da escola. Miss Giddens começa a sentir coisas estranhas na mansão, vendo fantasmas e percebendo um comportamento estranho nas crianças. Ela conclui que dois antigos empregados mortos (amantes ilícitos) estão a possuír as crianças, mas será que é mesmo isso?
A abordagem atmosférica de Clayton sobre o material, criando um tom sinistro através da sombras, no foco profundo e pequenas peculiaridades, como velas a soprarem para fora e movimentos periféricos, culminando em eventuais manifestações visuais terríveis, de horror sobrenatural, dá-lhe uma qualidade atemporal. Também ajuda a traçar um paralelo entre a realidade física e objectiva sobre o estado psicológico de Miss Giddens, fazendo com que a natureza da antagonista não seja clara, superficialmente falando. O que é claro é a natureza dos segredos e os fantasmas como a representação de uma passada repressão. A misantropia  e a manipuladora disposição das crianças sugerem algum tipo de abuso, que Clayton projecta para o território sexual quando um beijo de boa noite entre Miles e Miss Giddens dura um pouco mais do que devia.
O filme faz um uso notável de espaços drásticos, tanto interiores como exteriores, bem como o ruído usado na banda sonora aterrorizante. Não perdeu a sua eficácia ao longo dos anos, e continua a ser um must-see para os fãs do terror. Se o seguirmos atentamente, notamos a escrita inteligente de Capote no argumento, provavelmente mais em grande parte no diálogo de Miles, e definitivamente em alguns dos diálogos do tio. 

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