quinta-feira, 2 de maio de 2013

Fantasmas de Marte (Ghosts of Mars) 2001


"John Carpenter's Ghost of Mars" começa como um bastante eficaz filme de terror/sci-fi, e de seguida, desenvolve-se rapidamente para uma obra de acção que envolve um pequeno grupo de sobreviventes a metralhar hordas de zombies possuídos. Carpenter, que co-escreveu o argumento com Larry Sulkis, tem uma idéia central interessante (mesmo que tenha sido utilizada no filme de Mario Bava, de 1965, Planet of the Vampires), mas, no final, permite que a idéia se desenvolva para algo bem diferente.
O filme passa-se no ano de 2167. Marte foi colonizada por milhares de seres humanos que estão à cerca de uma década a terraformar o planeta de modo a que a atmosfera seja completamente como a da Terra. Uma característica interessante atirada para a história é que a sociedade marciana tornou-se matriarcal, de modo que a maioria das figuras de autoridade são mulheres, em vez de homens. Isto inclui Melanie Ballard (Natasha Henstridge), uma das oficiais superiores de um esquadrão da Força Policial Marciana que está a caminho da principal cidade do planeta, Chryse City, em Shining Canyon, um pequeno posto avançado de mineração. Vão lá buscar James "Desolation" Williams (Ice Cube), um famoso criminoso acusado de matar e decapitar seis trabalhadores da ferrovia.
Uma vez em Shining Canyon, o pequeno esquadrão da policia (a maioria dos quais são novatos) rapidamente percebe que alguma coisa está mal. Encontram os prisioneiros, incluindo Desolation, trancado na prisão, mas mais ninguém parece rondar o local. Descobrem corpos decapitados de dezenas de moradores pendurados de cabeça para baixo, e pouco mais tarde, os seus chefes são encontrados presos fora da cidade. De seguida, os restantes moradores tornam a sua presença conhecida, com olhos demoníacos, rostos rasgados e pedaços de metal encravados nas bochechas, narizes e ouvidos, e parecem-se com uma multidão barulhenta de um concerto de Marilyn Manson, completamente fora de si. 
Parece que os moradores de Shining Canyon foram possuídos pelos fantasmas desencarnados de Marte, que foram libertados durante uma escavação arqueológica. Estes aliens, que se parecem com névoa vermelha quando não estão dentro de um corpo humano, vão fazer tudo para impedir os seres humanos colonizadoras de assumirem o seu planeta.  
Assim, temos uma espécie de inversão do colonizador/colonizado dinâmica, possuindo os corpos dos invasores humanos e forçá-los a mutilarem-se para depois se matarem uns aos outros. Se Carpenter fosse um realizador mais político, o filme podia ser lido como uma acusação bastante interessante da mentalidade colonial ocidental, que tem sido a principal causa dos problemas na Terra - da vasta disparidade económica do homem, à escravidão nos últimos 1.000 anos.  
Mas, Carpenter provavelmente não queria que as pessoas lessem o filme de um modo tão intelectual, e transforma-o num filme de livre acção, que é exatamente o que "Ghosts of Mars" é. Para nos manter longe de pensar, Carpenter preenche o filme com violência, caos e os incessantes acordes de guitarra eléctrica que ele mesmo compôs. Certifica-se que não nos preocupamos com outras personagens, excepto Melanie e Desolation, que são os únicos que têm mesmo personalidade. Os outros policiais, incluindo Jericho (Jason Statham), que é um devasso sexual, ou Bashira (Clea DuVall), que não tem qualquer tipo de personalidade perceptível, são simplesmente carne para canhão.
"Fantasmas de Marte" é muito melhor nas sequências de abertura, como o mistério do que aconteceu a ser lentamente revelado numa série de flashbacks dentro de flashbacks. Sulkis e Carpenter usam uma estrutura narrativa bastante complexa, permitindo que a história seja contada através de Melanie, enquanto esta relata o que aconteceu a uma comissão de averiguação. Aproveitando-se da vermelhidão sinistra de Marte, Carpenter e o director de fotografia Gary B. Kibbe (que já tinha trabalhado em praticamente todos os filmes de Carpenter desde 1987) dão ao filme uma densa bizarrice estéril, como se as cenas fossem literalmente encharcadas de sangue . É lamentável, contudo, que Carpenter não tivesse uma ideia mais inspirada para a última parte do filme, repetitiva, cheia de violência, e uma explosão nuclear. O resto do filme era bom demais para se contentar com isto.

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