quinta-feira, 27 de junho de 2013

El Topo (El Topo) 1970



Conforme registrado por J. Hoberman e Jonathan Rosenbaum em Midnight Movies, El Topo de Alejandro Jodorowsky tornou-se uma sensação da contracultura quase imediatamente depois da sua estreia comercial à meia-noite do dia 18 de dezembro de 1970, no Elgin Theater de New York City. O filme passou no Elgin continuamente sete noites por semana, durante os seguintes seis meses, antes dos direitos de distribuição serem adquiridos pela ABKCO de Allen Klein, a mando do seu cliente, o ex-Beatle John Lennon, que era um admirador fervoroso do quase místico, enigmaticamente arty spaghetti western de Jodorowsky. Assim, El Topo tornou-se numa luz cultural e atingiu um culto autêntico, menos de um ano depois. Jodorowsky, um chileno de ascendência russa, que passara as décadas anteriores chocando o público com as suas travessuras subversivas no palco, chegou pela primeira vez a Nova Iorque, com uma cópia do filme debaixo do braço.
Desde essa altura, a aura à volta de El Topo cresceu, diminuiu e cresceu novamente, em parte porque foi mantida fora da distribuição comercial durante três décadas, devido a uma rixa entre Jodorowsky e Klein depois do realizador ter desistido de uma adaptação de vários milhões de dólares do bestseller sadomasoquista "The Story of O". Não é difícil perceber porque o filme se tornou num sucesso imediato da contracultura no alvorecer da década de 1970, uma década que produziu alguns dos mais memoráveis ​"midnight movies", incluindo o filme de 16 milímetros Pink Flamingos de John Waters (1972), o musical de rock de Jim Sharidan The Rocky Horror Picture Show (1975), o avant-garde freakshow de David Lynch Eraserhead (1977). Todos estes filmes foram, de alguma forma gerados pelo sucesso inesperado de El Topo, particularmente pelo modo pela qual atravessam diferentes demografias, provocando níveis iguais de alegria entre os drogados hippies, cinéfilos, e várias celebridades de Hollywood (embora a maioria dos críticos tradicionais ficassem desapontados). No entanto, El Topo, que foi o segundo filme de Jodorowsky, depois de uma estreia com um filme de baixo orçamento, Fando y Lis (1968), era a receita certa, na hora certa, a mistura de revisionismo, misticismo religioso e visuais chocantes.
Como o filme de Stanley Kubrick "2001: Uma Odisseia no Espaço" (1968), que já tinha cativado o público da contracultura com os seus visuais LSD, uma narrativa enigmática e o uso pesado de simbolismo, El Topo é exatamente o que poderiamos esperar. A mente aberta das audiências (muitas vezes pedrada) viram todos os tipos de mito, metáforas e significados no bizarro filme de Jodorowsky, contando a saga de um pistoleiro solitário, vagando pelo deserto vestido de couro preto, lutando contra quatro mestres guerreiros, morrendo, e de seguida, sendo ressuscitado como uma espécie de manto salvador, figura procurando libertar uma colónia subterrânea de anões e aleijados. Jodorowsky interpretou o próprio personagem-título.

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1 comentário:

Anónimo disse...

Aqui está um filme que comentei recentemente no meu blog. Sem dúvida uma obra singular. Graças a ti aprendi mais sobre o que esteve para lá da sua produção. :)

Abraço.