quinta-feira, 6 de junho de 2013

A Vida Futura (Things to Come) 1936



Este épico de ficção científica de 1936 tem a notável honra de ter sido banido por Hitler e Mussolini. A sua mensagem é decididamente anti-guerra e pressiona tal objectivo a uma escala enorme. O argumento de HG Wells prevê a eclosão da Segunda Guerra Mundial, situando-a no Natal de 1940. Não vemos nada do inimigo através do mar. Em vez disso, vemos o bombardeamento aéreo de Everytown, antiga Londres. Esta é uma sequência impressionante e não apenas porque é uma previsão estranha dos métodos de guerra que seriam utilizados por ambos os lados. Ao contrário de um filme de guerra, esta cena não apresenta bravura. O foco é sobre as vítimas civis. O gás agora não pertence mais a um campo de batalha da Primeira Guerra Mundial, e agora é empregado directamente sobre a população.
A guerra continua sem fim ao longo de décadas. A humanidade está reduzida a um estado de selvageria, dos que vivem fora das ruínas de Everytown, vestidos com trapos. A tecnologia regride. Não há gasolina, carros antigos são usados ​​como carros puxados por cavalos. Ainda assim, a guerra continua, mas continua num mundo cada vez menor. Na década de 1970 os habitantes de Everytown ainda lutam contra os inimigos, interessados ​​em obter o seu óleo numa interessante sugestão de guerra de recursos. 
O filme é pesado em ideias e, obviamente, didático. As ideias são claramente as questões que interessam a Wells e ao romance no qual o filme é baseado. Quando a guerra reduz a humanidade a uma nova Idade das Trevas, uma praga, conhecida como a "Doença Errante", devasta a terra. Não está claro se é o resultado de uma arma biológica ou da miséria em que vivem, mas, sem a ciência, o homem não tem meios de resistir à doença. Fora deste desiquilibrio social um líder chamado "Boss" surge, um senhor da guerra que é tanto pomposo como violento. O desempenho de Ralph Richardson atraiu a ira de Mussolini, que acreditava que o personagem era baseado em si próprio.
"Things to Come" é um filme fascinante de se ver, especialmente considerando o seu período histórico. Os temas abordam todas as questões que preocupavam Wells; o possível início da guerra e as consequências devastadoras de uma guerra mundial. Outros filmes da época, como Frankenstein (1931), perpetuavam a imagem do cientista louco que era uma ameaça para a sociedade. Aqui, o cientista é o herói e a sua ciência é a resposta para os males do mundo. Ele é extremamente optimista. No filme, o mais racional é o mais moral. Realizado por William Cameron Menzies.
  
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