quarta-feira, 12 de junho de 2013
A Conspiração do Silêncio (Bad Day at Black Rock) 1955
A execução modesta mas forte em propósito exibida por "Bad Day at Black Rock" onde John J. Macreedy (Spencer Tracy), um misterioso veterano da Segunda Guerra Mundial expõe um segredo xenófobo da cidade do título, espelha a imagem de John Sturges, um grande realizador esquecido na maior parte das vezes, realizador de filmes de grande orçamento cujas obras foram diversas vezes definidas pela sua habilidade eficiente e pela forte preocupação com a masculinidade. Realizador semelhante a Robert Aldrich ou John Huston, dois cineastas com interesses semelhantes em clássicos, géneros com figuras masculinas centrais, Sturges sabia como movimentar uma história a partir do ponto A para o ponto B, fazendo um mínimo de barulho. Meio século depois, a sua estética limpa e evocativa, e firme uso de widescreen permanecem extremamente subvalorizados, e o seu elevado número de trabalhos, desde épicos como "The Great Escape" e "The Magnificent Seven", até à sua adaptação de Hemingway em "O Velho e o Mar" ou "Joe Kidd", é caracterizada por uma competente robustez, que permanece por demais ausente na moderna era de Hollywood.
"Bad Day at Black Rock" foi o primeiro filme da MGM rodado em Cinemascope, e Sturges, seria nomeado para um Oscar de Melhor Realizador, transforma o vazio expansivo do seu corpo num personagem onipresente. Depois de uma sequência de abertura em que um comboio atravessa o deserto vazio (uma imagem agressiva de um contemporâneo 1945, cuja cultura era invadinda pelo antiquado Velho Oeste), chega o Macreedy (de Tracy) a Black Rock, e a sua presença inesperada e enigmática imediatamente coloca a cidade em alerta. Black Rock não teve visitantes nos últimos quatro anos, e esta falta de acções de turismo servia ao fazendeiro Reno Smith (Robert Ryan) ao seu capanga Coley (Ernest Borgnine) e a Hector (Lee Marvin) muito bem, uma vez que lhes permitia manter o controle sobre a comunidade, tomada pela culpa sobre a morte de um agricultor japonês chamado Komoko. Macreedy procura Komoko, ainda antes de encontrar os seus anfitriões pouco hospitaleiros, e Sturges apresenta-o numa posição perigosa na cidade através de sequências em ecrã largo, opressivo contra a vasta paisagem. Um homem civilizado de Los Angeles fora do seu elemento natural, Macreedy, cujo fato preto e deficiência (não tem a mão esquerda) marcam-no como um outsider, que é regularmente colocado no ecrã em contraste espacial com os seus inimigos, é ameaçado não só por Smith, mas pelo mundo em si, que o envolve como uma serpente envolvendo as mandíbulas à volta da sua presa.
O argumento de Millard Kaufman, adaptado do conto de Howard Breslin "Bad Time at Hondo", de Don McGuire, é fiel aos moldes de "High Noon", tanto no que diz respeito à sua narrativa superficial sobre um homem decente em pé de guerra contra um bando de vilões e, em termos do seu confronto alegórico da lista negra de Hollywood. Durante a sua estadia de 24 horas em Black Rock, Macreedy, um intruso intrometido compara Smith a uma doença, e que ele desesperadamente quer destruir - descobre uma cidade atormentada pelo ódio, pela culpa, cobardia e hipocrisia, em que os homens (e uma mulher, Anne Francis) ou incentivados ou vergonhosamente permitem que Smith haja violentamente com o seu fanatismo. O silêncio nominal das personagens "boas" como Doc (Walter Brennan) e o bêbado xerife Tim Horn (Dean Jagger) são tão condenáveis como a brutalidade da Smith e dos seus capangas.
Filmado em 1955, "Bad Day at Black Rock" foi uma das primeiras produções de Hollywood a enfrentar directamente a Segunda Guerra Mundial e o internamento de cidadãos japoneses-americanos, um incidente de preconceito e paranóia alimentada pela desconfiança. E embora o filme astutamente se recuse a transformar o seu herói num mártir,Macreedy pode estar determinado a desvendar o crime da cidade, mas ele está preocupado principalmente com a tentativa de não sofrer o mesmo destino fatal de Komoko).
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