sábado, 8 de junho de 2013
A Bela E o Monstro (La Belle et la Bête) 1946
Jean Cocteau talvez seja conhecido como um poeta, e um escritor que ficou fascinado por cinema. Uma das suas primeiras tentativas de fazer um filme, Sangue de um Poeta (1930) foi uma coleção aleatória, sem argumento, de imagens bizarras com dicas de Luis Buñuel na sua inspiração. Dezesseis anos depois, Cocteau percebeu que o público poderia estar mais disposto a entregar-se à poesia, se a história assim o transportasse.
Baseando-se fortemente no trabalho de câmera de Henri Alekan (que mais tarde iria fotografar "Roman Holiday" e "Wings of Desire") e de compositor Georges Auric, Cocteau adapta a famosa história de Jeanne-Marie Leprince de Beaumont como uma espécie de mundo de dupla face.
A acção começa numa pequena cabana onde Belle (Josette Day) vive com o pai, as duas irmãs vãs e gananciosas, e o irmão inútil. O irmão tem um amigo, Avenant (Jean Marais, amante de Cocteau na vida real), que propõe casamento a Belle. Um dia, o pai perde-se na floresta e entra num estranho castelo. Pega numa rosa para levar para Belle e com isto, o dono do castelo, um monstro meio humano, meio animal, surge para ver quem invadiu a sua propriedade. A fera sentencia o comerciante à morte, a não ser que uma das suas filhas o substitua na prisão. Bella sacrifica-se pelo pai e vai ao castelo, onde descobre que a fera não é tão selvagem e desumana como parece.
Cocteau joga com as diferenças entre o mundo ultra-realista da casa de campo de Belle - com os enormes lençóis brancos pendurados a secar no quintal - e do castelo do Monstro, com as suas estátuas vivas com olhos que nos seguem onde quer que vamos. Quando Belle entra pela primeira vez no castelo, ela move-se em num movimento lento, como se estivesse num sonho.
Embora conte a mesma história, e embora sejam dois grandes filmes, a versão de Cocteau não poderia ser mais diferente da versão da Disney de 1991. A Disney concentra-se no calor e no conforto enquanto Cocteau filtra a história através da estranheza dos sonhos, mas "La Belle et la Bête" também invoca magia por toda a sua narrativa.
Cocteau começa o filme com um pedido por escrito para o público, pedindo-nos para vermos o filme com a inocência de uma criança. Isto não é difícil de fazer, o que é realmente difícil é ver os adultos, as tendências eróticas do filme, como o olhar no rosto de Belle quando antecipa o chegada diária da Besta na mesa do jantar, ou o olhar de perplexidade citado quando o Monstro se torna num homem.
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