"Se o crime é a doença, eu sou a cura". - este slogan acompanhou uma tentativa (dir-se-ia desesperada) de Sylvester Stallone para impôr a personagem de um polícia solitário, brutal e vingativo, de olhar rude e ofensivo.
Mas Mário Cobretti (o herói de "Cobra") não "pegou", e o filme foi um fracasso, apesar do vendaval de violência revanchista que trazia consigo. Talvez devido às cores excessivamente carregadas desta contrapartida urbana de Rambo.
Estavamos nos anos 80. Já não havia lugar para os heróis românticos dos anos 30 e 40. Os novos justiceiros do cinema policial mais banalizado carregam armas de calibre imenso, são exércitos de um só homem, dizimam criminisos com uma facilidade que sugere serem eles próprios os donos do mundo. Charles Bronson, Chuck Norris, Sylvester Stallone e, em alguns dos seus filmes, da série Dirty Harry, Clint Eastwood forneceram, ao lado de actores menores, personagens vagamente carismáticas, de vingadores de arma em punho, que excitavam plateias quando perseguiam traficantes de droga, criminosos ou simples drogados alucinados.
Felizmente que à violência banal o cinema também soube se meter por outros caminhos, para o qual foi necessária a contribuição - inteligente e artisticamente inovadora - de realizadores mais sensíveis, e com idéias próprias. É assim que nascem, mesmo que assentes em padrões que tendem a banalizar-se, os heróis perturbados de "O Ano do Dragão", "48 horas", "Viver e Morrer em Los Angeles" e "Chuva Negra". O cinema consegue sugerir sempre uma réstea de esperança de que melhores dias hão de vir, quanto mais não seja, quando o público se cansar da banalidade.
A seleção desta semana, puramente pessoal, é a minha lista dos melhores policiais dos anos anos 80, no que refere ao cinema de Hollywood. Espero que valha a pena.
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